Por Mário Pellegrini Cupello *
Aos 25 anos de criação do Instituto Cultural Visconde do Rio Preto, a nossa homenagem à pessoa de seu Patrono, Domingos Custódio Guimarães, Visconde do Rio Preto, o são-joanense mais valenciano e de maior benemerência em toda a história de Valença-RJ.
Seu coração magnânimo, que tanto ajudou a nossa cidade, permanecerá para sempre entre nós, repousando ad aeternum em seu imponente mausoléu, na cidade que ele tanto amou.
Domingos Custódio Guimarães nasceu na Fazenda da Rocinha, na Serra das Carrancas, distrito de São João del-Rei, em 23 de agosto de 1802. Embora seja esta a sua data natalícia, ao longo de sua vida sempre comemorou o seu aniversário natalício em 07 de setembro, data de seu registro de batismo.
Movido desde cedo por seu crescimento pessoal, aos 21 anos de idade, deslocou-se para a cidade do Rio de Janeiro, onde constituiu uma firma de fornecimento de carnes, em sociedade com um rico empresário, o Sr. João Francisco Mesquita, que mais tarde se tornaria o Marquês de Bonfim.
Na década de 1820 a cidade do Rio de Janeiro encontrava-se em franco desenvolvimento com o aumento rápido de sua população, exigindo cada vez mais o fornecimento de alimentos, à época escassos. Por essa razão a firma "Mesquita & Guimarães" logo se tornou rentável, especialmente pelo empenho pessoal de Domingos Custódio nos negócios. Com isso, o futuro Visconde do Rio Preto amealhou uma grande fortuna que, inicialmente, aplicou em imóveis no Rio de Janeiro. No entanto, decorrido algum tempo e devido à forte concorrência no negócio de carnes, os sócios Mesquita e Domingos resolveram dissolver a sociedade, mantendo, no entanto, uma sólida amizade.
Já realizado econômica e financeiramente, resolveu investir sua fortuna na área rural, tornando-se fazendeiro, ao adquirir em 1836 duas fazendas vizinhas no então Município de Valença-RJ: a "Fazenda Barra das Flores", hoje "Fazenda Loanda", e a "Fazenda Flores do Paraízo", onde construiu um dos mais belos palacetes de toda a província fluminense, como sede para sua moradia.
Nela, além do bom gosto em sua construção e no belíssimo mobiliário, introduziu na sede a iluminação a gás, pioneira em nosso País, além de um moderno maquinário para o beneficiamento do café.
Nessas duas fazendas dedicou-se ao plantio do café, à criação de gado para corte e ao plantio de produtos hortifrutigranjeiros. Em todas essas atividades foi tão bem sucedido que, além das fazendas de origem, acabou por adquirir mais quatro fazendas na Província de Minas Gerais e mais onze fazendas no Município de Valença. Formou um grande império, tendo sido o segundo maior produtor na região do Vale do Paraíba Fluminense — na época do Ciclo do Café — perdendo apenas para o Município de Campos.
De seu casamento com a Sra. Maria das Dores de Carvalho resultaram dois filhos: Maria Amélia Guimarães (1844-1899) e Domingos Custódio Guimarães Filho (1846-1876), o futuro 2º Barão do Rio Preto.
Paralelamente às suas atividades rurais, dedicou-se ao desenvolvimento da cidade de Valença, então nascente, participando ativamente de sua vida política e administrativa, chegando a ser Provedor da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Valença e Presidente da Câmara Municipal de Valença, entre outras atividades de grande importância para o Município.
Ao afastar-se da Presidência da Câmara, por falecimento, deixou um superávit de 2:103$000 (dois contos e cento e três mil réis) de dinheiro em caixa; 23 apólices no valor de 500$000 (quinhentos mil réis); 23 apólices de 1:000$000 (um conto de réis); 20:000$000 (vinte contos de réis) aplicados a juros de 11% ao ano, depositados na Casa Mesquita, no Rio de Janeiro, para cobrir as despesas mensais da instituição; além de 3 escravos e um terreno no centro da cidade, onde hoje se encontra instalada uma Clínica Médica, à Rua Dom André Arcoverde.
Homem de imensa generosidade, o Visconde ajudava famílias carentes e socorria financeiramente várias instituições valencianas. Só à Santa Casa da Misericórdia, no período compreeendido entre 1864 e 1867, doou uma quantia superior a 21:000$000 (vinte e um contos de réis), o equivalente, em moeda de hoje, a mais de dois milhões de reais. À época, 1$000 (1 mil réis) correspondia a 0,9 gramas de ouro.
Concluiu as obras de vários prédios na cidade, entregando-os, após, à administração pública, como o prédio onde hoje funciona a Câmara Municipal de Valença.
Utilizando recursos próprios, como sempre, abriu uma estrada de rodagem ligando Valença à localidade de Taboas; foi idealizador da construção de uma ferrovia ligando Valença ao distrito de Juparanã; com recursos próprios, instalou uma rede de abastecimento de água potável para o centro da cidade, além da construção de passeios em volta da então Praça D. Pedro II, hoje Praça XV de Novembro, entre outros melhoramentos.
Preocupou-se em projetar o nome da cidade de Valença, como fez no Rio de Janeiro ao contribuir financeiramente para a execução da estátua de D. Pedro I e a execução da estátua de José Bonifácio.
Impediu o desmembramento de Valença (Ipiabas, Santa Isabel e Conservatória); contribuiu para a viagem dos 144 Voluntários da Pátria para o Rio, em 1865; contribuiu para a campanha de "Arrecadação para a Guerra", com 12:460$000 (doze contos e quatrocentos e sessenta réis); contribuiu com 4:000$000 (quatro contos de réis) para a construção do Asilo para os Inválidos da Pátria, entre outras ações beneméritas.
Doou preciosos acervos bibliográficos para a Biblioteca Municipal e a Euterpe Valenciana. Em sua Fazenda do Paraízo, mantinha uma orquestra com instrumentos importados da Inglaterra, composta de 60 escravos, e um coral com 50 meninos cativos. Várias vezes se apresentaram em Valença.
Esse extraordinário são-joanense nascido na Serra das Carrancas, em Minas Gerais, deixou a marca indelével e generosa de sua passagem pela cidade de Valença, como um verdadeiro mecenas.
Domingos Custódio Guimarães, o Visconde do Rio Preto, foi sem dúvida o maior benfeitor da cidade de Valença. Até hoje, nenhum outro conseguiu ombrear-se a ele em benemerência e amor pela cidade de Valença.
Faleceu em sua Fazenda Flores do Paraízo, no então Município de Valença-RJ — hoje Município de Rio das Flores — em 1868, coincidentemente na data de 07 de setembro, durante a realização de uma festa sem precedentes em toda a Província fluminense, em comemoração ao seu aniversário e à inauguração de uma estrada que ligava a sua fazenda à recém-inaugurada Rodovia União e Indústria. Estavam presentes, na ocasião, convidados da mais alta aristocracia da época.
Seu corpo encontra-se sepultado no Cemitério Riachuelo, em Valença, no mausoléu de sua família, uma das mais belas obras de arte daquele Campo Santo. Os valencianos choraram a sua morte. A cidade de Valença sempre ficará a dever um enorme preito de gratidão a Domingos Custódio Guimarães, que, por amar o solo valenciano, o adotou como seu.
A Câmara Municipal de Valença, por sugestão e projeto do Instituto Cultural Visconde do Rio Preto, criou a "Comenda Visconde do Rio Preto", como sendo a maior honraria que o Município concede às personalidades que tenham prestado relevantes serviços à cidade de Valença, nas áreas sócio-econômica ou cultural, ou que tenham contribuído de modo significativo para o engrandecimento da comunidade, fazendo juz ao Mérito.
O Instituto Cultural Visconde do Rio Preto, ao ser criado, prestou-lhe uma homenagem colocando-o como Patrono, perpetuando o seu nome.
De seu casamento com a Sra. Maria das Dores de Carvalho resultaram dois filhos: Maria Amélia Guimarães (1844-1899) e Domingos Custódio Guimarães Filho (1846-1876), o futuro 2º Barão do Rio Preto.
Paralelamente às suas atividades rurais, dedicou-se ao desenvolvimento da cidade de Valença, então nascente, participando ativamente de sua vida política e administrativa, chegando a ser Provedor da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Valença e Presidente da Câmara Municipal de Valença, entre outras atividades de grande importância para o Município.
Ao afastar-se da Presidência da Câmara, por falecimento, deixou um superávit de 2:103$000 (dois contos e cento e três mil réis) de dinheiro em caixa; 23 apólices no valor de 500$000 (quinhentos mil réis); 23 apólices de 1:000$000 (um conto de réis); 20:000$000 (vinte contos de réis) aplicados a juros de 11% ao ano, depositados na Casa Mesquita, no Rio de Janeiro, para cobrir as despesas mensais da instituição; além de 3 escravos e um terreno no centro da cidade, onde hoje se encontra instalada uma Clínica Médica, à Rua Dom André Arcoverde.
Homem de imensa generosidade, o Visconde ajudava famílias carentes e socorria financeiramente várias instituições valencianas. Só à Santa Casa da Misericórdia, no período compreeendido entre 1864 e 1867, doou uma quantia superior a 21:000$000 (vinte e um contos de réis), o equivalente, em moeda de hoje, a mais de dois milhões de reais. À época, 1$000 (1 mil réis) correspondia a 0,9 gramas de ouro.
Concluiu as obras de vários prédios na cidade, entregando-os, após, à administração pública, como o prédio onde hoje funciona a Câmara Municipal de Valença.
Utilizando recursos próprios, como sempre, abriu uma estrada de rodagem ligando Valença à localidade de Taboas; foi idealizador da construção de uma ferrovia ligando Valença ao distrito de Juparanã; com recursos próprios, instalou uma rede de abastecimento de água potável para o centro da cidade, além da construção de passeios em volta da então Praça D. Pedro II, hoje Praça XV de Novembro, entre outros melhoramentos.
Preocupou-se em projetar o nome da cidade de Valença, como fez no Rio de Janeiro ao contribuir financeiramente para a execução da estátua de D. Pedro I e a execução da estátua de José Bonifácio.
Impediu o desmembramento de Valença (Ipiabas, Santa Isabel e Conservatória); contribuiu para a viagem dos 144 Voluntários da Pátria para o Rio, em 1865; contribuiu para a campanha de "Arrecadação para a Guerra", com 12:460$000 (doze contos e quatrocentos e sessenta réis); contribuiu com 4:000$000 (quatro contos de réis) para a construção do Asilo para os Inválidos da Pátria, entre outras ações beneméritas.
Doou preciosos acervos bibliográficos para a Biblioteca Municipal e a Euterpe Valenciana. Em sua Fazenda do Paraízo, mantinha uma orquestra com instrumentos importados da Inglaterra, composta de 60 escravos, e um coral com 50 meninos cativos. Várias vezes se apresentaram em Valença.
Esse extraordinário são-joanense nascido na Serra das Carrancas, em Minas Gerais, deixou a marca indelével e generosa de sua passagem pela cidade de Valença, como um verdadeiro mecenas.
Domingos Custódio Guimarães, o Visconde do Rio Preto, foi sem dúvida o maior benfeitor da cidade de Valença. Até hoje, nenhum outro conseguiu ombrear-se a ele em benemerência e amor pela cidade de Valença.
Faleceu em sua Fazenda Flores do Paraízo, no então Município de Valença-RJ — hoje Município de Rio das Flores — em 1868, coincidentemente na data de 07 de setembro, durante a realização de uma festa sem precedentes em toda a Província fluminense, em comemoração ao seu aniversário e à inauguração de uma estrada que ligava a sua fazenda à recém-inaugurada Rodovia União e Indústria. Estavam presentes, na ocasião, convidados da mais alta aristocracia da época.
Seu corpo encontra-se sepultado no Cemitério Riachuelo, em Valença, no mausoléu de sua família, uma das mais belas obras de arte daquele Campo Santo. Os valencianos choraram a sua morte. A cidade de Valença sempre ficará a dever um enorme preito de gratidão a Domingos Custódio Guimarães, que, por amar o solo valenciano, o adotou como seu.
A Câmara Municipal de Valença, por sugestão e projeto do Instituto Cultural Visconde do Rio Preto, criou a "Comenda Visconde do Rio Preto", como sendo a maior honraria que o Município concede às personalidades que tenham prestado relevantes serviços à cidade de Valença, nas áreas sócio-econômica ou cultural, ou que tenham contribuído de modo significativo para o engrandecimento da comunidade, fazendo juz ao Mérito.
O Instituto Cultural Visconde do Rio Preto, ao ser criado, prestou-lhe uma homenagem colocando-o como Patrono, perpetuando o seu nome.
* O autor é Presidente do Instituto Cultural Visconde do Rio Preto, instituição que criou juntamente com sua esposa Elizabeth Santos Cupello, em 07 de setembro de 1990. Ele é Membro da Academia Valenciana de Letras; Membro Correspondente do IHG e da Academia de Letras de São João del-Rei; Membro da Fundação Oscar Araripe, em Tiradentes-MG; e Membro da Academia de Letras Jurídicas de São João del-Rei e Tiradentes.