terça-feira, 23 de junho de 2020

CORDEL DO SÃO JOÃO


Por Francisco GUSTAVO de Castro DOURADO

Cordel do São João




No S. João de hoje em dia
Tudo está muito mudado
Show de festança em clube
E perdeu o bom rebolado
Saudade do São João
No terreiro e no roçado

São João é arrasta-pé
Forró, fogueira e baião
Xote, xaxado e quadrilha
Foguetes, bombas, balão
Caruaru-Campina Grande
S. João bom é no Sertão

Arraiá, queima de espada
Cará, milho e animação
Festa junina e joanina
No Brasil é tradição
É Sto. Antônio, S. Pedro
Quentura é no São João

Foguete, sorte, adivinhas
Com simpatia e acalanto
Pai-Nosso, Salve-Rainha
 Bela festa, é um encanto
Santo de cabeça pra baixo
Atrás da porta no canto

Crisma, batismo de fogo
Dançar e pular fogueira
 Assar batatas na brasa
Cantar a Mulher Rendeira
Baião de Luiz Gonzaga
Com forró à noite inteira

E tem pamonha e canjica
Mel, cuscuz e macaxeira 
A cachaça de alambique
Cana quente de primeira
São João só no Nordeste
Pra curar a pasmaceira

Mês de junho
 Nosso Dia de São João
É festa da cristandade
Bem antiga tradição
E desde o Antigo Egito
Faziam celebração

Pular fogueira e dançar
Em tão linda celebração
Sortilégio e buscapé
Tem chuva de ouro, rojão
Pistolágrimas nos céus
Nas noites de São João

Tem bandeirolas, balões
Claridades no Sertão
Barraquinhas de comida
Mungunzá, licor, quentão
Balinhas e amendoim
Como é bom o São João

São João, Minas Gerais
 São João del-Rey ilumina
Ouro Preto e Sabará
No coração da menina
Fogueiras em Tiradentes
Libertas Quae Será Mina.

São João pelo Cerrado
Do povo trabalhador
Taguatinga e Ceilândia
Também no Rodeador
No São João de Brasília
Sanfonarte, luz, calor

Meu São João de garoto
Nas festas do interior
Em Recife dos Cardosos
Ibititá e Tombador
Lá no sertão de Irecê
São João de paz e amor

S. João na minha infância
Não tinha eletricidade
A luz era só da lua
Só tinha estrelicidade
Do S. João de eu menino
Sempre fico na saudade
 
Viva o São João...

                                                                            24 de junho de 1980

17 comentários:

  1. Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei)24 de junho de 2020 às 08:03

    O colaborador do Blog de São João del-Rei, GUSTAVO DOURADO, vem enriquecer novamente o nosso ponto de encontro virtual com o seu poema de cordel, intitulado CORDEL DO SÃO JOÃO, e comemorar conosco a Festa de São João simbolizando o nascimento de São João (Batista), o Padroeiro da festa.

    O Poema
    https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2020/06/cordel-do-sao-joao.html

    Breve notícia sobre o Autor
    https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2018/11/colaborador-francisco-gustavo-de-castro.html

    Cordial abraço,
    Francisco Braga
    Gerente do Blog de São João del-Rei

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  2. Elízio Nilo Caliman24 de junho de 2020 às 11:39

    Em tempo de coronavírus, o Cordel do São João, saudosamente, versejado pelo poeta mineiro Gustavo de Castro Dourado, só pode ser celebrado e cantado, em noite de pandemia, por meio de fogos de artifício, fazendo coroa ao Palácio da Justiça, sob os olhares protegidos da estátua da Justiça, vigiando, de soslaio, a pátria ultrajada.

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  3. Prof. Fernando de Oliveira Teixeira (professor universitário, escritor, poeta e membro da Academia Divinopolitana de Letras)24 de junho de 2020 às 14:12

    Prezado Braga, boa tarde. Agradeço o envio com a cortesia de sempre. Abraço para você e Rute. Muita paz no Senhor da paz. Fernando Teixeira

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  4. Prof. Cupertino Santos (professor aposentado da rede paulistana de ensino fundamental)24 de junho de 2020 às 14:14

    Caro professor Braga;
    Somente a saudade e a falta dão a uma pessoa o verdadeiro sentido das coisas, em particular das tradições que vivenciávamos com a mais pura intuição.
    Lindíssimo poema!
    Grato por divulgá-lo.
    Saudações,
    Cupertino

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  5. Pe. Dr. Zdzislaw Malczewski SChr (escritor e redator da Revista Polonicus, revista de reflexão Brasil-Polônia)25 de junho de 2020 às 06:22

    Estimado Sr. Francisco,

    Admiro sua produção literária! Por acaso o Senhor nao tem tempo de sobra? Pois para mim nao há de mais; bem ao contrário falta... ou compromissos demais..!

    Uma saudação respeitosa do RS - pe.Zdzislaw

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  6. José Fernando Souza e Silva (especialista em estudos sobre folclore e membro da Comissão Nacional de Folclore)26 de junho de 2020 às 05:48

    Braga, amigo

    Agradeço as informações que costumeiramente me remete.
    Estou, no momento, envolvido com uma coleta de informações sobre autores do cordel e aproveito a oportunidade para indagar:

    local e data de nascimento de Gustavo Dourado
    onde reside
    se possível email e zapp.
    quantos poemas tem publicados na mídia tradicional?
    quantos em mídia eletrônica?
    permite que eu produza um folheto tradicional para distribuição gratuita entre colecionadores? (Nuppo UFPB, Dep Cultura UFPE, Biblioteca Amadeu Amaral (Rio), Fonds Cantel (Univ. Poitiers), IEB USP, Univ. Londrina PR, Casa de Rui RJ, Museu Theo Brandão (Maceió AL), Nucleo de Cultura Popular UF Bahia, Fundação Joaquim Nabuco, Campus Laranjeiras UFSergipe, Dep Cultura Prefeitura Aracaju etc.)

    Fico ao seu dispor e lhe agradeço muito.

    José Fernando Souza
    (da Comissão Nacional de Folclore)

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  7. Gracioso e colorido,como tudo que lembra festas juninas.Dá vontade de dançar quadrilha e comer pastel de barraquinha.

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  8. Paulo Roberto de Sousa Lima (escritor, gestor cultural e presidente eleito do IHG de São João del-Rei para o triênio 2018-2020)27 de junho de 2020 às 16:15

    Parabéns, confrade Braga. Muito oportuno estas lembranças que ativam memórias gostosas.
    Abraços fraternos,
    Paulo Sousa Lima

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  9. Boas e simples lembranças
    de um tempo em que se podia
    compartilhar a canção da inocência.
    Louvemos o poeta.

    Aidenor Aires

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  10. Gustavo Dourado (escritor, poeta de cordel e presidente da Academia Taguatinguense de Letras)24 de junho de 2021 às 11:17

    Parabéns, gratidão.
    Viva São João.

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  11. Mario Pellegrini Cupello24 de junho de 2021 às 15:02

    Caro amigo Braga
    Muito interessantes os 13 sextetos do “Cordel de São João” do inspirado Poeta mineiro Gustavo Dourado!
    A cada leitura de um verso, vinha-me à lembrança de eu menino, nas festas alegres de São João. Em meio ao frio da noite todos ficávamos próximos ao calor da fogueira, esquentando uma batata doce próximo às brasas, em meio a muita música,danças e fogos de artifício...
    Surpreendi-me, ao final do Poema, com o que eu já vinha sentido, e com saudade:

    São João em minha infância
    Não tinha eletricidade
    A luz era à luz da lua
    Tinha estrelicidade
    Do São João de eu menino
    Lembro e morro de saudade.

    Obrigado, amigo Braga, por esta terna lembrança.
    Receba o meu abraço e o de Beth.
    Mario Cupello.

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  12. Dr. Rogério Medeiros Garcia de Lima (professor universitário, desembargador, ex-presidente do TRE/MG, escritor e membro do IHG e da Academia de Letras de São João del-Rei)24 de junho de 2021 às 17:14

    Muito bem.
    Minhas raízes paraibanas me remetem ao São João festivo.

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  13. Bernardo Diniz (professor da rede de ensino fundamental do Governo do Distrito Federal)24 de junho de 2021 às 21:17

    Muito bom.
    Abraços a vc e Rute. Estou com saudades.

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  14. Betânia Maria Monteiro Guimarães (escritora, pesquisadora, professora universitária e membro do IHG e da Academia de Letras de São João del-Rei)25 de junho de 2021 às 05:27

    Parabéns, confrade Braga, por publicar em seu blog este cordel de um "mestre da cultura popular", Gustavo Dourado!
    Muito oportuna tal publicação. Pena que atualmente fica somente na lembrança, na saudade.

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  15. José Fernando Souza e Silva (especialista em estudos sobre folclore e membro da Comissão Nacional de Folclore)25 de junho de 2021 às 08:34

    Braga, meu distinto

    Seu comentário sobre Gustavo Dourado diz tudo o que uma boa amizade contém. Excelente!

    Abraços

    JF

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  16. Parabéns a Gustavo Dourado pelo Cordel do São João.Repito o que comentei ano passado: ...gracioso e colorido, como tudo que lembra festa junina.Dá vontade de dançar quadrilha,comer pastel de barraquinha. Grata, Francisco.Maria Auxiliadora Muffato

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