domingo, 16 de fevereiro de 2025

O MUNDO INSONE


Por STEFAN ZWEIG (1881-1942)
Quando em 28 de junho de 1914 soube do assassinato do arquiduque Francisco Fernando, herdeiro do Império austro-húngaro, e sua mulher, Stefan Zweig passava uma espécie de lua de mel rural com Friderike von Winternitz, sua primeira mulher, nos arredores de Viena. O otimismo europeísta não permitiu que interrompesse a rotina anual de visitar o mestre Verhaeren. Um mês depois, conseguia tomar um dos últimos trens que deixaram a Bélgica antes que os alemães a invadissem.
Nos primeiros dias do conflito vibrou com a vibração dos austríacos e alemães, mas logo começou a duvidar, dividido, inquieto  mergulhara na primeira crise existencial. Saiu dela amparado pela força de Friderike, pelas cartas de Romain Rolland e transformado num pacifista integral.
Para diminuir a ansiedade começou a escrever com mais frequência no folhetim do Neue Freie Presse. Um mostruário de cinco artigos (praticamente um a cada ano de conflito) foi incluído no primeiro livro de ensaios, enfeixados com o título "Durante a Primeira Guerra Mundial" (estava certo de que logo haveria outra guerra).
Zweig apresenta o conjunto com breves linhas: “A publicação na íntegra [destes textos] comprova que mesmo em meio à guerra era possível tomar uma atitude independente contra a maior das catástrofes europeias, não obstante a rigorosa censura.”
O mundo insone”, o primeiro dos textos, foi publicado no dia 18 de agosto de 1914, três semanas depois de iniciado o conflito. O instigante título um clássico zweiguiano tem sido utilizado com frequência nas coletâneas de ensaios publicados no pós-guerra.                                                                                             Alberto Dines

                                                                                                                    

************************ 
 
 
 
Corrigindo: sua primeira passagem pelo Brasil foi em 1936

Há menos sono no mundo agora, as noites são mais longas e mais longos os dias.
Em cada país da infinita Europa, em cada cidade, cada ruela, cada casa, cada aposento, a respiração tranquila do sono tornou-se curta e febril, e o tempo ardente abrasa as noites e confunde os sentidos, tal qual uma noite de verão abafada e sufocante. Quantas pessoas, aqui e ali, que normalmente deslizavam da noite para o dia no negro barco do sono, embandeirado de sonhos coloridos e palpitantes, escutam agora os relógios andando, andando e andando todo o terrível caminho entre o claro e o claro, sentindo por dentro as preocupações e os pensamentos a corroer-lhes o coração, até este ficar ferido e doente! Toda uma humanidade arde agora em febre, noite e dia, uma vigília terrível e poderosa cintila pelos sentidos agitados de milhões de pessoas, o destino penetra, invisível, por milhares de janelas e portas e espanta de cada leito o sono, espanta o esquecimento. Há menos sono no mundo agora, as noites são mais longas e mais longos os dias. 
 
Ninguém mais está a sós com o seu destino, todos espreitam ao longe. À noite, hora em que se está sozinho e acordado na casa protegida e trancada, os pensamentos voam até os amigos e os que estão distantes. Quem sabe a essa mesma hora se cumpre alguma parte do nosso destino, uma invasão em uma aldeia da Galícia, um ataque em alto-mar, tudo o que acontece nesse mesmo segundo a milhares e milhares de milhas de distância está relacionado com nossas vidas. E a alma sabe disso, ela se expande e, em seu pressentimento, em seu anseio, quer captar algo disso, o ar queima de desejos e rezas que agora vão e voltam voando de um lado do mundo para o outro. Milhares de pensamentos se movimentam, inquietos, das cidades silentes até as fogueiras de campanha, do solitário sentinela de volta à pátria; entre os que estão próximos e os distantes flutuam fios invisíveis de amor e de preocupação, um tecido do sentimento, infinito, encobre agora o mundo, de noite e de dia. Quantas palavras são sussurradas, quantas orações ditas ao espaço impassível, quanto amor saudoso flutua através de cada hora da noite! A atmosfera estremece continuamente em ondas misteriosas cujos nomes a ciência desconhece e cujas oscilações nenhum sismógrafo é capaz de registrar: mas quem poderia dizer se esses desejos são impotentes, se esse incomensurável querer, que irrompe ardente a partir das camadas mais profundas da alma, também não percorre distâncias como a vibração dos sons e o estremecimento elétrico? Onde antes havia sono, repouso imaterial, agora há o afã imaginativo: a alma não cessa de ver, através da escuridão, os ausentes que lhe são caros, e na imaginação cada um deles vive múltiplos destinos. Milhares de pensamentos escavam o sono, cuja construção oscilante desmorona sempre, e por cima do homem solitário ergue-se vazia a escuridão povoada de imagens. Mais vigilantes à noite, as pessoas também se tornam mais vigilantes de dia: nas pessoas mais simples que encontramos está vivo nessas horas algo do poder do orador, do poeta, do profeta, é como se o que há de mais misterioso nos homens tivesse sido vertido para fora pela incomensurável pressão dos fatos, cada pessoa potencializada em sua vitalidade. Assim como lá no campo, nos simples camponeses, que a vida toda aravam sua lavoura quietos e pacíficos, nessa hora inquieta subitamente se inflama o heróico, assim se inflama em pessoas normalmente opacas e torpes a capacidade da visão; todos vivenciam dentro de si uma visão que transcende a esfera normal de sua existência, e quem antes só tinha olhos para o seu trabalho diário vê agora realidade e imagens animadas em cada notícia. As pessoas revolvem constantemente com preocupações e visões a gleba árida da noite, e quando enfim se rendem ao sono, têm sonhos estranhos. Porque o sangue circula mais quente em suas veias, e nesse calor florescem plantas tropicais de terror e preocupação, sonhos dos quais é uma bênção acordar e sentir que não passaram de pesadelos inúteis e que só aquele mais terrível sonho da humanidade é uma verdade aterradora: a guerra de todos contra todos. 
 
Os mais pacíficos sonham agora com batalhas, colunas se precipitam e atravessam o sono, o sangue ruge, escuro, com o tronar dos canhões. Acordando num sobressalto, ouvimos ainda o estrondo dos carros que passam, o bater dos cascos. Escutamos atentamente, inclinado-nos da janela  e, de fato, ali embaixo passam as longas fileiras de carros e cavalos pelas ruas desertas. Alguns soldados levam um bando de cavalos no cabresto; pacientes, eles trotam com seus passos pesados e sonoros pelo calçamento ruidoso. Também eles, os animais que normalmente descansam à noite do trabalho, quietos em seus estábulos quentes, foram privados do sono habitual, as parelhas pacíficas foram separadas, as fraternais também. Nas estações [de trem] escutam-se as vacas mugindo mansas nos vagões; retiradas de seus pastos cálidos e macios de verão para o desconhecido, até elas, as apáticas, tiveram o sono perturbado. E os trens partem para a natureza adormecida, que também se sobressalta com a agitação das pessoas. Tropas da cavalaria galopam à noite cruzando campos que desde a eternidade descansavam no escuro, por sobre a negra superfície do mar faíscam em milhares de pontos os faróis, mais claros que a luz da lua e mais ofuscantes que o sol, até mesmo lá no fundo a treva das águas está perturbada pelos submarinos à caça de presas. Disparos soam e ressoam através das montanhas caladas, acordando os pássaros, tontos, em seus ninhos; em nenhum lugar o sono é seguro, e mesmo o éter, desde sempre intocado, é atravessado pela pressa assassina dos aeroplanos, os fatídicos cometas do nosso tempo. Nada, nada mais pode ter sossego e descanso nesses dias: a humanidade arrastou animais e natureza em sua batalha assassina. Há menos sono no mundo agora, as noites são mais longas e mais longos os dias. 
 
Mas pensemos e repensemos, mais uma vez, a amplitude do tempo e que isso que acontece agora não tem precedente na história. Vale ficar insone, sempre vigilante. Nunca o mundo, desde que é mundo, esteve tão agitado em sua totalidade, nunca tão excitado em sua comunidade. Uma guerra, até agora, nunca passou de uma inflamação no imenso organismo da humanidade, um membro purulento e que era cauterizado para sarar enquanto todos os outros ficavam desimpedidos e livres em suas funções vitais. Sempre houve pessoas que não participavam, em algum lugar ainda havia aldeias às quais não chegavam notícias daquela agitação e que dividiam calmamente sua vida em dia e noite, em trabalho e repouso. Em algum lugar ainda havia o sono e o silêncio, gente que acordava cedo, risonha, e que dormia sem sonhar. Mas a humanidade, quanto mais conquistou a Terra, mais unida ficou: uma febre sacode agora todo o seu organismo, um terror sacode o cosmo inteiro. Não existe nenhuma oficina na Europa, nenhuma granja solitária, nenhum casario de bosque de onde não tenham arrancado um homem para participar dessa luta, e cada um desses homens, por sua vez, está unido a outros através de vínculos de sentimento. Até o mais humilde emana tanto calor que, quando desaparece, tudo se torna mais frio, mais solitário, mais vazio. Cada destino forma outros destinos a partir de si, pequenos círculos que se dilatam em ondas no mar das emoções e se ampliam; em enorme união e mútua determinação da experiência, ninguém se precipita no vazio ao morrer: cada um arrasta algo dos demais consigo. Cada um é acompanhado de olhares, e esse olhar e ansiar, multiplicado por milhões e entrelaçado com o destino de nações inteiras, cria a inquietação de um mundo inteiro. Toda a humanidade escuta, e através do milagre da técnica recebe simultaneamente a mesma resposta. Os navios transmitem mensagens uns aos outros através de incontáveis ondas, das torres de telégrafos de Nauen e Paris uma mensagem é transmitida em questão de minutos para as colônias da África Ocidental e para o lago Chade, os hindus da Índia leem as decisões em suas folhas de cânhamo e de tela à mesma hora que os chineses em seus papéis de seda  a excitação se propaga até as últimas terminações nervosas da humanidade e afugenta a letargia. Cada qual espia pela janela dos seus sentidos em busca de notícias, sugando tranquilidade das palavras dos corajosos e terror e dúvida das dos desesperados. Os profetas, verdadeiros e falsos, voltaram a ter ascendência sobre a massa que agora escuta e escuta, caminhando e repousando no delírio da febre, dia e noite, os longos dias e as noites infinitas desse tempo digno de ser vivido na vigília. 
 
Pois esses tempos não aceitam que alguém deixe de participar, e estar distante dos campos de batalha não significa estar de fora. Cada um de nós tem sua existência revolvida, ninguém mais tem o direito de dormir em paz em meio à tremenda exaltação. Nessa transformação das nações e dos povos, nós também nos transformamos, não importa que aprovemos ou não; cada um está enredado nos acontecimentos, ninguém permanece frio na febre de um mundo. Não há como ficar indiferente às realidades transformadas, hoje ninguém mais está a salvo em uma rocha, olhando com um sorriso para as ondas agitadas. Cada qual, querendo ou não, é arrastado pela maré, sem saber para onde está sendo levado. Ninguém pode se isolar, pois com nosso sangue e nosso intelecto giramos na correnteza de uma nação, e cada aceleração nos impulsiona, cada parada em seus pulsos barra o ritmo de nossa própria vida. Quando a febre ceder, tudo terá um novo valor para nós, e justo o igual será diferente. As cidades alemãs: com que sentimento as veremos depois dessa luta! E Paris: como terá se tornado diferente, estranha ao nosso sentimento! Sei desde agora que não poderei ficar na mesma casa hospitaleira em Liège com o mesmo sentimento, com os mesmos amigos, depois que as granadas alemãs caíram sobre a cidadela; entre tanto amigos, de um lado e outro da fronteira, estarão as sombras dos mortos, absorvendo com respiração fria o calor da palavra. Todos teremos que nos reorientar, do ontem para o amanhã, atravessando esse impenetrável hoje, cuja violência apenas percebemos agora, horrorizados, e teremos que chegar a uma nova forma de vida em meio a essa febre que agora torna nossos dias tão abrasadores e nossas noites tão sufocantes. Depois de nós surge uma nova geração cujos sentimentos foram forjados nesse fogo. Eles serão diferentes  eles, que viram vitórias naqueles anos em que nós só vimos retrocesso, lamento e lassidão. Da confusão desses dias surgirá uma nova ordem, e nossa primeira preocupação terá que ser nos sujeitar a ela com força e solidariedade. 
 
Uma nova ordem  pois essa febre insone, a inquietude, a esperança e a expectativa que consomem a tranquilidade dos nossos dias e das nossas noites não podem continuar. Por mais que toda a destruição agora pareça se estender de forma terrível sobre o mundo aniquilado, ela é diminuta em comparação com a energia muito mais impetuosa da vida, que depois de cada tensão sempre consegue um repouso para sair transformada, mais pujante e mais bela. Uma nova paz  oh!, quão distantes brilham ainda suas asas luminosas através da poeira e da fumaça de pólvora  haverá de reerguer a velha ordem da vida, o trabalho de dia e o repouso à noite. O silêncio voltará com o sono reparador aos mil lares que agora estão despertos na excitação e no medo, e estrelas tranquilas voltarão a olhar do alto para uma natureza que respira felicidade. O que agora ainda parece ser horror será então, em sublime transformação, grandeza. Sem lamento, quase com nostalgia, lembraremos essas noites intermináveis, durante as quais, em ampliação maravilhosa, percebíamos no sangue o destino em gestação e a cálida respiração do tempo sobre nossas pálpebras despertas. Só quem viveu a doença conhece a felicidade completa da cura, só o insone conhece a doçura do sono reconquistado. Os que regressaram e aqueles que ficaram em casa estarão mais contentes com sua vida do que os que se foram, saberão apreciar seu valor e sua beleza com mais seriedade e mais justiça, e quase ansiaríamos pela nova conformação se hoje  como nos dias antigos  o chão do templo da paz não estivesse regado com o sangue sacrificado, se esse novo e feliz sono do mundo não fosse comprado à custa da morte de milhões de seus filhos mais nobres.
 
FonteZWEIG, Stefan: O mundo insone e outros ensaios, tradução de Kristina Michahelles; organização e textos adicionais de Alberto Dines, Rio de Janeiro: Zahar, 2013, pp. 197-203.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

PORQUE ESCREVI ESTE LIVRO ¹

Por ROGÉRIO MEDEIROS GARCIA DE LIMA *

 
Sou nascido em Minas Gerais. 
Se concordarmos com Alceu Amoroso Lima, todo mineiro é romancista, contista e piadista de nascença:
Mais do que isso  é contador de histórias, de casos verídicos, de situações pitorescas e estranhas. Com aquele sense of humour, tão típico do mineiro, sabe ele ver sempre o lado cômico ou ridículo das coisas. De modo que, a todo propósito, tem sempre um exemplo a dar, um caso a contar. (...) A naturalidade do mineiro, a sua ausência de pose, o seu desajeitamento, fornecem amplo material para essa antologia natural de contos anônimos, de onde os verdadeiros escritores vão tirar os elementos para suas obras. Os romancistas e contistas mineiros são apenas vocações particulares de uma grande inclinação geral do seu povo.
Ingressei no universo das redes sociais em 2014. 
Primeiro, criei uma conta no Facebook; posteriormente, no Instagram
Foi muito bom reencontrar parentes, amigas e amigos. 
Com alguns, não falava havia anos  inclusive os residentes em estados ou países distantes. 
Percebi, contudo, o volume de postagens fúteis ou agressivas no ambiente virtual. 
A agressividade, especialmente, subiu de tom aos poucos. 
A ponto de promover discursos de ódio no Brasil e mundo afora. 
Eu refletia: em meio a futilidades e ódios, haverá espaço para a leveza? 
As redes sociais comportariam pitadas de literatura? 
Poderiam ser veículos propagadores da cultura e da fraternidade? 
Penso que sim. 
Comecei então a veicular, nas minhas contas, pétalas literárias. 
Em forma de reminiscências, narrativas, gracejos e poesia. 
Prosa e verso. 
Prosa, sobretudo. 
De poeta tenho só boas intenções... 
Uma mini-literatura adequada aos limites espaciais e temporais da web
A internet é o território da concisão e ligeireza. 
Passei a me adestrar na produção de posts concisos e de leitura rápida. 
Todavia, de conteúdo reflexivo  mesmo quando cômicos ou irônicos. 
Textos à moda de Fernando Sabino, um gênio da crônica já citado aqui. Trabalhosos para escrever, mas de simples assimilação. Levam à crença de que foram facilmente escritos. 
Novas tecnologias não dispensam a leitura de obras clássicas, apontou o filósofo francês Roger-Pol Droit. Mesmo os mais eficientes técnicos, empresários ou gestores, precisam ler os clássicos. Ler as tragédias de Sófocles, a moral de Epicuro ou as estratégias da Guerra do Peloponeso, tanto quanto ou mais do que estudam a trigonometria e o cálculo diferencial. 
Um mundo sem romances será incivilizado, bárbaro, órfão de sensibilidade, pobre de palavra e ignorante. 
Um mundo privado do espírito. 
Um mundo composto por uma humanidade resignada de robôs, que abdicaram da liberdade. 
Busco transmitir importante mensagem aos usuários das redes sociais: se bem usadas, elas propagarão a paz, cordialidade, encantamento e cultura. 
Reuni neste livro algumas postagens selecionadas. 
Com o devido burilamento, mas sem alteração essencial dos conteúdos. 
Agradeço aos leitores e leitoras pela paciência de me acompanhar até aqui. 
Vamos em frente: doravante o caminho será menos tortuoso.
 
* Rogério Medeiros Garcia de Lima, natural de São João del-Rei/MG,  é bacharel e doutor em Direito Administrativo pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais. Magistrado de carreira há 35 anos, é desembargador do Tribunal de Justiça de Minas Gerais em 2008. Professor, conferencista e escritor. Autor de várias obras de Direito, ocasionalmente publica livros alheios ao mundo jurídico. 

 
NOTAS EXPLICATIVAS


¹  N.T.: O livro de sua autoria a que o autor se refere é Redes Sociais em Prosa e Verso, Belo Horizonte: Del Rey, 2024, 314 p.

² DROIT, Roger-Pol. Voltar a Ler os Clássicos, Lisboa: Temas e Debates/Círculo de Leitores, tradução de Pedro Vidal, 2011, pp. 19-20
 
³ LLOSA, Mario Vargas. Em defesa do romance, Revista Piauí, edição nº 37, outubro de 2009, Questões Literárias. Disponível em https://piaui.folha.uol.com.br/materia/em-defesa-do-romance/. Acesso em 06/12/2020.


domingo, 2 de fevereiro de 2025

Da tradução de textos de Marcos e João, pelo helenista Frederico Lourenço


Por Pe. WOLFGANG GRUEN, SDB
O gerente do Blog de São João del-Rei dedica este artigo ao ilustre tradutor e helenista português por sua obra de divulgação de grandes obras escritas em grego. A publicação deste artigo tem por objetivo contribuir para uma próxima e esperada reedição de sua tradução do Novo Testamento que  espero venha contemplar as sugestões do grande e experiente helenista salesiano, sem absolutamente desqualificar a sua atual edição, conforme afinal já o fizeram também outros estudiosos como José Augusto Ramos e Anderson de Oliveira Lima, de conhecimento deste gerente, com vista a um aperfeiçoamento do texto.  

 

Pe. Wolfgang Gruen (1927-2024)

Alguns dos livros da autoria de Wolfgang Gruen

I. Observação preliminar. 

Para traduzir “do grego”, convém verificar primeiro qual o dialeto grego do original: homérico, jônico, dórico, eólico, ático; se for um texto de filósofo, é preciso ter em conta o alcance de seus termos específicos; etc. 

Ora, o Novo Testamento (NT) foi escrito no grego espalhado e vulgarizado por Alexandre Magno, chamado koiné diálektos, que variava um pouco conforme a região. No caso da Bíblia, era a koiné alexandrina, pois foi em Alexandria do Egito que, nos séculos 3-2 a.C., se fez a primeira tradução completa do Antigo Testamento (AT), para uso dos numerosos judeus da diáspora. Quando os primeiros escritores do NT começaram a escrever para judeus da diáspora e pagãos de língua grega, é compreensível que recorressem em grande parte a essa koiné

No caso de tradutor do NT, não basta que ele seja helenista: tem que ter familiaridade com o vocabulário da koiné alexandrina e particularidades de sua gramática. Muito importante: tem que estar familiarizado com o assunto e seu espírito. Não basta invocar a etimologia de uma palavra para justificar a preferência por determinada tradução: a etimologia não esclarece o significado posterior de um termo: apenas diz seu significado originário, muitas vezes bem diferente do atual. O que esclarece o sentido de um termo ou uma expressão é seu uso pelo povo em determinada época, atual ou passada (cf. WITTGENSTEIN: Investigações Filosóficas). Aliás, uma mesma etimologia pode resultar em sentidos diferentes. Cf. em português: percalço, privar, competente e petulante; candidato, marechal, infantaria, prestígio, escola, idiota, trabalho. Para casos discutíveis, o tradutor terá que consultar um bom dicionário de Grego do NT: recomenda-se o de BAUER/DANKER: Greek-English Lexicon of the New Testament and early Christian literature (1.156 p.). 

II. Vamos aos textos apresentados como amostras.  

Quanto a Mc 1,5: “E eram batizados por ele no rio Jordão, reconhecendo os seus erros”, conforme Frederico Lourenço. As nossas traduções do original grego geralmente dizem confessando seus pecados (Nova Vulgata, CNBB, BJ, TEB, Peregrino, nova tradução das Paulinas; João Ferreira de Almeida (Revista e Atualizada), da Sociedade Bíblica do Brasil. A Tradução do Novo Mundo, das Testemunhas de Jeová, diz: confessando abertamente os seus pecados.)  

Comecemos pelo verbo exomologéo [> exomologoúmenoi]: além de outros sentidos, tem o de admitir, confessar, reconhecer abertamente, professar. O termo hamartía pode ser traduzido por pecado, culpa, falta, erro. À primeira vista, trata-se de sinônimos. Na verdade, sinônimos nunca o são totalmente. No nosso caso, temos uma boa pista: a junção dos dois termos corresponde à expressão confessar os próprios pecados – na oração pública ou particular, e na liturgia. Detalhe: a imersão (em grego: báptisma) na água era muito usada em Qumrân, como em outros lugares, para designar o gesto de confissão dos próprios pecados e seu perdão. O fato de João Batista usar o rito é um dos detalhes pelos quais se costuma afirmar que João Batista, provavelmente, passou uns tempos no ”mosteiro” de Qumrân, logo ali perto. 

Em vez de pecados, convém aceitar a tradução erros? Reconheço que, já bem antes do Vaticano II, principalmente na Igreja católica começou lamentável inflação do termo e do próprio conceito pecado; a inflação teve como resultado, entre outros, a sua desvalorização: “tudo era pecado”. Daí a tão difundida preferência pelo termo mal. Concordo com o saneamento; mas não com a mudança no texto bíblico: isso pertence à interpretação. Em tempos e lugares diferentes, o mesmo texto deverá levar a aplicações e atuações diversas; inclusive, a superar a inflação do conceito pecado: mesmo na área da ética, há males que não são pecados – por falta de conhecimento, de intenção, etc. Posso errar uma citação bíblica e reconhecer o meu erro; mas ele não implica em pecado a ser confessado

Em síntese: não vou dizer que, neste texto, reconhecendo seus erros seja tradução errada; mas ela desconhece importantes conotações dos termos usados no rito do batismo e, com isso, empobrece o que o texto quer dizer. Prefiro o divulgado “confessando seus pecados”. 

Quanto a Jo 1,1. “O Verbo estava em Deus, e Deus era o Verbo.” Algo a questionar nessa tradução? Penso que sim. 

1. “O Verbo estava em Deus?” Se o autor quisesse dizer isso, era só escrever en to Theó . Mas o texto diz prós ton Theón. A preposição prós com acusativo pode significar com Deus, ou junto / perto dele, ou voltado para ele. Note que em Deus dá a impressão de algo fechado, abrigado em. Junto com, perto de, voltado para indica relacionamento e até dinamismo. Em todo caso, na koiné as preposições são mais livres que no grego clássico; por isso, em Deus é aceitável, mas não recomendável. 

2. Deus era o VERBO ou O VERBO era Deus? Em português, dizer que Pedro ama Maria é diferente de Maria ama Pedro: a posição do sujeito da frase faz a diferença. Em latim, tanto faz dizer Petrus amat Mariam como Mariam amat Petrus, Petrus Mariam amat, Mariam Petrus amat. É que o latim e o grego têm sufixos flexionais (desinências) que, acrescentados ao radical da palavra, fornecem seus vários significados gramaticais. Ainda no exemplo acima, o sujeito da frase, Petrus, está no nominativo, enquanto o objeto direto, Mariam, no acusativo; isso basta: a posição na frase é opcional. Em português, nosso sistema de desinências nominais é mais reduzido; não dá certas liberdades, mas em compensação, é mais simples. Até aqui, não há como resolver o problema: o 4º Evangelho diz que Deus era o VERBO, como defende Frederico Lourenço, ou que O Verbo era Deus, de acordo com a grande maioria das traduções? Vejamos. 

3. Tomemos a frase que estamos analisando: o grego é: Theòs en ho Lógos, em latim Deus erat Verbum: temos um sujeito da frase (em grego e latim no caso nominativo), com um verbo de ligação (verbo ser, estar), seguido de um predicativo, também ele no caso nominativo: dois nominativos, um do sujeito, outro do predicativo. (Em latim, há uma “pegadinha” para o iniciante: verbum é neutro, com desinência idêntica no nominativo e no acusativo singular: verbum.) Nessa frase, não temos uma prova de que o sujeito é o VERBO, mas uma probabilidade: quando, numa frase grega, temos um sujeito e um predicativo, ambos no nominativo, mas um com artigo e outro sem, normalmente, aquele que tem artigo é o sujeito. É justamente o caso da frase Theòs en ho Lógos: ho Lógos, sujeito, Theòs, predicativo; a posição na frase não muda o sentido. Estamos na área da probabilidade; mas ainda não dá para resolver o problema. Felizmente, há ainda outros indicadores, que podem ajudar. Vejamos. 

4. Diante das ambiguidades provocadas nos pontos acima, como podemos saber, então, qual o sujeito gramatical, e portanto a tradução correta, de Jo 1,1 “kai Theòs en ho Lógos“: “Deus era o Verbo” ou, “o Verbo era Deus”? O texto grego diz: kaì Theòs en ho logos – literalmente: e Deus era o Verbo. É também a tradução da Nova Vulgata Latina: “et Deus erat Verbum”, ambígua como o original grego, porque, em ambas, a ordem das palavras não altera o sentido da frase. Aliás, a versão latina é mais ambígua, porque o latim não tem artigo definido. Isso já pode acarretar uma diferença. Também em português: Jesus é o filho de Maria é diferente de Jesus é filho de Maria. O grego pode expressar essa diferença num texto, o latim não. 

5. Jo 1,1-5 constitui um monobloco literário e teológico, cujo ponto alto é justamente o final do v.1: kai Theòs en ho Lógos. O actante central desse bloco é o VERBO, citado 10 vezes, embora só 3 com a denominação própria, VERBO. “Ele estava no princípio – ele estava junto de Deus – [ele] era Deus; (resumindo) ele estava no princípio junto de Deus. Tudo foi feito por ele; nada apareceu sem ele. Nele havia vida; esta vida era a luz das pessoas; esta luz brilha (mesmo) nas trevas; as trevas não a venceram.” A denominação VERBO só aparece 3 vezes, sempre com artigo e no nominativo. 

E Theós? De acordo com a tradição judeu-cristã, no NT esse termo é mais usado com artigo – naturalmente no singular. Em Jo 1,1-5, nunca é subentendido; é nomeado 3 vezes, sempre junto do VERBO; nessas 3 vezes, só uma vez é usado sem artigo: no fim do versículo 1, que é o texto que estamos examinando. Que nos diz essa análise linguística? É inegável que o VERBO domina a cena, de ponta a ponta: ele é o sujeito gramatical desse primeiro monobloco. Pede a coerência que se leia assim também esse final do primeiro versículo do Cântico do Verbo. 

Com essa leitura, compreendemos a aparente “exceção” que aparece na frase: Lógos, que domina a cena nesse monobloco, vem sempre acompanhado de artigo, como era de esperar; Theós, que no NT tem preferência pelo artigo (no singular, referindo-se ao Deus único e verdadeiro), se fosse o sujeito da frase, teria mais um motivo para ser acompanhado de artigo; mas, justamente porque não é o sujeito da frase, para evitar o mal-entendido, aqui, e só aqui nesse monobloco, está sem artigo. 

Complementando: dizer que Deus era o VERBO é algo inaudito na Bíblia. Positivamente, temos numerosos comprovantes na Bíblia desse posicionamento: a Palavra de Deus realiza as tarefas: Gn 1, 1-31: Deus disse; Sl 34,6-9; Sb 9,1; Eclo 42,15, etc. Particularmente importante é a comparação desse “Hino ao VERBO” com sua retomada na 1.Jo 1,1-4.5-7. Lembra a nossa profissão de fé, cantada. Poderia ser o motivo pelo qual o autor optou por kaì Theòs en ho Lógos em vez de kaì ho Lógos en en Theõ

Para tudo o que ponderei vale o “salvo melhor juízo”!  

W. Gruen, Belo Horizonte, março 2018. 

 

II. AGRADECIMENTO


O gerente do Blog agradece à sua amada esposa Rute Pardini Braga pela formatação do registro fotográfico utilizado neste trabalho.

 

Colaborador: WOLFGANG GRUEN


Por Francisco José dos Santos Braga
 

Wolfgang Gruen e Dom Bosco
Pe. WOLFGANG GRUEN, SDB, nasceu em 29 de abril de 1927, em Niederfinow, Brandemburgo - Alemanha, filho de Erich Gruen e Herta Gruen, uma família de ascendência judaica. Durante sua infância, a ascensão de Hitler e as políticas antissemitas e totalitárias forçaram a família a buscar refúgio em outros países. Na Itália, a família se converteu à Igreja Católica.
Mas, ao observar a aliança entre Hitler e Mussolini, seu pai optou por transferir a família para a Inglaterra, priorizando a liberdade religiosa. Ainda durante sua permanência na Inglaterra, Wolfgang iniciou sua trajetória na Congregação Salesiana, entrando para o aspirantado em Londres, em 1938. 
Em 1940, depois de obter autorização, a família emigrou para o Brasil, onde se estabeleceu definitivamente. Já no Brasil, fez a primeira profissão religiosa em 31 de janeiro de 1944, em Pindamonhangaba (SP). 
Entre 1944 e 1949, estudou Filosofia no Instituto Salesiano de Pedagogia e Filosofia em Lorena (SP) e, entre 1950 e 1953, completou os seus estudos no Instituto Teológico Pio XI, em São Paulo (SP), onde aprofundou seu interesse pelo ensino religioso e pelas ciências humanas. 
Foi ordenado presbítero a 08 de dezembro de 1953, em São Paulo (SP). Além de sua formação religiosa, Padre Gruen concluiu a Licenciatura Plena em Letras Anglo-Germânicas (1969-1972). 
Em 2006, recebeu o título de Doutor honoris causa em Teologia e Ciências Bíblicas pela Università Pontificia Salesiana de Roma (UPS), em reconhecimento às suas contribuições para o ensino religioso e os estudos bíblicos. 
Ao longo de sua vida, Pe. Gruen construiu uma carreira acadêmica notável. Foi professor da primeira graduação em Ciências da Religião no Brasil, introduzida na década de 1970, na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). 
Sua abordagem inovadora do Ensino Religioso, desvinculada da catequese, tornou-se um marco. Influenciado por pensadores como Hugo Assmann, Rudolf Karl Bultmann, Hubertus Halbfas, Paul Tillich e outros teólogos, ele propôs um modelo de Ensino Religioso com enfoque antropológico, que dava centralidade à busca humana por sentido e se distanciava de uma perspectiva estritamente confessional. 
Essa proposta, voltada à educação básica pública, trazia uma visão aberta e crítica, que considerava as necessidades de uma sociedade plural e secular. 
Além de sua carreira no ensino superior, Padre Gruen exerceu papel relevante no Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais, onde contribuiu para a regulamentação do Ensino Religioso no estado. 
Sua atuação ampliou o entendimento da disciplina, promovendo um Ensino Religioso que, em suas palavras, "oferecesse abertura para a diversidade cultural e religiosa". Autor de diversas obras, uma de suas publicações mais conhecidas é "O Tempo Que Se Chama Hoje", em que condensa o Antigo Testamento em uma linguagem acessível e profunda. O livro, destinado ao estudo em grupo, catequese e uso pessoal, convida o leitor a "entrar no espírito do Antigo Testamento", fornecendo esquemas, mapas e pontos para revisão. Seguramente, Padre Gruen compunha a “segunda geração de salesianos: aqueles que, embora não tenham conhecido Dom Bosco, conviveram com salesianos da primeira geração, que, por sua vez, tiveram contato direto com o santo fundador dos Salesianos. 
Ele sempre se recordava com carinho de figuras como o padre Eneias Tozzi, ex-aluno de Dom Bosco e seu primeiro inspetor no Salesian College em Londres, e do padre Frederico Gioia, com quem se confessava semanalmente no colégio Santa Rosa de Niterói. 
Padre Gruen sempre será lembrado por sua coerência na opção preferencialmente pelos mais pobres, tendo se dedicado pastoralmente ao atendimento espiritual e no socorro aos clamores dos mais pequeninos do Reino. Com efeito, sua trajetória, marcada pelo desejo de educar e pela busca incessante pelo entendimento das religiões, deixou um legado duradouro na educação religiosa e na Ciência da Religião, promovendo uma visão que ainda inspira educadores e estudiosos no Brasil e no exterior.
Pe. Wolfgang Gruen, SDB faleceu em 30 de outubro de 2024, aos 97 anos de idade.
 
 
 
************************ 
 
De um artigo intitulado "Padre Wolfgang Gruen: Um Amigo e Educador Dedicado aos Jovens", colheu o gerente do Blog algumas informações sobre Pe. Gruen, escritas por S. Antonio Martins, SDB, à Inspetoria São João Bosco e publicadas no seu site em 04/11/2024, portanto cinco dias após sua páscoa definitiva, que passo a expor: 
Padre Wolfgang Gruen dedicou sua vida ao trabalho incansável em prol dos jovens, refletindo o espírito de Dom Bosco em cada gesto e palavra. Atraído pelo carisma salesiano desde a juventude, ele entendeu que a missão junto aos jovens era não apenas uma vocação, mas um verdadeiro compromisso com o futuro, a educação e a dignidade de cada um deles. (...) Nas escolas e universidades onde lecionou, deixou um marco: um modelo de ensino que valorizava o respeito e a escuta, formando jovens com senso crítico, responsabilidade social e abertura ao diálogo inter-religioso. (...) 
Com uma vida de fidelidade ao sonho salesiano, Padre Gruen foi muito mais que um educador: ele foi um amigo e mentor para os jovens, lembrando a cada um deles que eram amados por Deus e que o conhecimento, a fé e a bondade poderiam transformar o mundo. Sua memória permanece viva em cada jovem que tocou, ecoando ainda hoje como um exemplo de entrega e amor verdadeiro. (...) 
São as importantes contribuições de Padre Gruen para a Catequese no Brasil, membro do Grupo de Reflexão Catequética (Grecat) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), participou ativamente na elaboração de documentos fundamentais, como o “Catequese Renovada”, em 1983, e o atual “Diretório Nacional de Catequese”, de 2007.
 
 
Finalmente, o gerente do Blog deu um passeio pela Internet, onde colheu o seguinte acervo de alguns livros publicados por Pe. Gruen: 
1) Didática do Grego Clássico, livro que foi adotada pelo Ministério da Educação e Cultura dentro da Campanha de Aperfeiçoamento e Difusão do Ensino Secundário (C.A.D.E.S.), Rio de Janeiro: Irmãos Di Giorgio & Cia, 1960, 94 p. 
2) O Tempo que se chama Hoje: Uma introdução ao Antigo Testamento, São Paulo: Edições Paulinas, 6ª edição, 1985, 275 p.
3) Pequeno Vocabulário da Bíblia, São Paulo: Edições Paulinas, 1984, 76 p.
4) A Bíblia na Escola: Subsídio para pais e educadores, São Paulo: Edições Paulinas, 50 p.
5) Nossos irmãos protestantes. Manhumirim: O Lutador, 1965
6) Catecismo Católico, São Paulo: Ed. Herder, 1965, 60 p.
7) O Ensino Religioso na Escola, Petrópolis: Ed. Vozes, 1995, 162 p.
8) O Profeta Elias - Homem de Deus, Homem do Povo, por Carlos Mesters e Wolfgang Gruen, São Paulo: Ed. Paulinas, 1987, 92 p.
9) Bíblia e Catequese. São Paulo: Ed. Sales, 1987 
10) Catecismo da Igreja Católica e a nossa Catequese,  Petrópolis: Ed. Vozes, 1995, 101 p.
11) Uma Igreja que acredita: Evangelho segundo João. São Paulo: Ed. Paulinas, 2000
12) Educação Religiosa e confessionalidade no Colégio Salesiano. Belo Horizonte: ISJB/DEPS, 1995
13)  A história de José, por Gruen & Cantarela - São Paulo: Paulinas, 1980
14)  Carta aberta de Tiago, por Gruen & Cantarela - São Paulo: Paulinas, 1981
+
Compacto vinil - Bíblia e Migrações por Pe. Wolfgang Gruen, São Paulo: Edições Paulinas, 1980
 
************************ 
 
 
COMUNIDADES SALESIANAS EM QUE RESIDIU / TRABALHOU

1954 - 1959 Comunidade São João (São João del-Rei - Colégio Dom Bosco)

1960 - 1961 Comunidade São José (São João del-Rei - Escola Agrícola Pe. Sacramento)

1962 - 1972 Comunidade São João (São João del-Rei - Colégio Dom Bosco e FDB-Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras)

1973 Comunidade São João Bosco (São João del-Rei - Estudantado Filosófico)

1974 Comunidade São João Bosco (Belo Horizonte)

1975 - 2010 Comunidade Santo Tomás de Aquino (Belo Horizonte)

2011 - 2012 Comunidade São Domingos Sávio (Belo Horizonte)

2013 - 2021 Comunidade São José (Belo Horizonte)

2022 Comunidade Beato Miguel Rua (Belo Horizonte)

FORMAÇÃO ACADÊMICA 

1) Graduação em Letras (1969-1972) na Faculdade Dom Bosco-Campus Mercês
2) Graduação em Filosofia (1970-1971) na FDB-Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras
3) Graduação em Teologia (1950-1953) no Instituto Teológico Pio XI
 
Formação Complementar
1946-1946 Extensão Universitária em Biblioteconomia no Instituto Salesiano de Filosofia
1950-1950 O grego da koiné sírio-alexandrina - Instituto Teológico Pio XI
1950-1951 A primitiva literatura greco-cristã - ibidem
1951-1951 Biblioteconomia - ibidem
1967-1967 Didática de línguas - Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras e Campus Mercês
1968-1968 Extensão universitária em O Adolescente, ibidem
1971-1971 Extensão universitária em dinâmica de grupo, ibidem
1984-1986 Língua Hebraica na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, PUC Minas 

Atividades
1) Na Universidade Federal de Juiz de Fora: professor de Ciência da Religião: matéria Introdução ao Mundo Bíblico I e II - Nível: pós-graduação
2) Na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais: 
- professor de Cultura Religiosa - Nível: graduação 
- professor de Ensino Religioso: matéria Leitura do Livro Sagrado - Nível: pós-graduação
- professor de Teologia: matéria Introdução ao Antigo Testamento, Exegese Bíblica e Grego Bíblico - Nível: graduação
- membro de Conselhos, Comissões e Consultoria no Núcleo de Estudos em Teologia