quarta-feira, 20 de novembro de 2024

A GLÓRIA DE CÉSAR E O PUNHAL DE BRUTUS


Por ÁLVARO LINS (Caruaru-PE, 1912-Rio de Janeiro-GB, 1970
Comentários por Francisco José dos Santos Braga
 
Capítulo 17: Símbolo Político e Histórico no Dualismo Brutus-César: ideias políticas, situações históricas e questões do nosso tempo-ENSAIOS e ESTUDOS (1939-1959)
 
A morte de Júlio César (1798) por Vincenzo Camuccini, óleo sobre tela

 
Capítulo 17: SÍMBOLO POLÍTICO E HISTÓRICO NO DUALISMO BRUTUS-CÉSAR 
 
I - O César autêntico e os “Césares de carnaval”
 
Quando acaba a obra de um homem de ação — ou pela morte ou pela renúncia — as palavras que havia pronunciado sobre o seu próprio destino adquirem então todo o seu sentido. Há nelas uma como ressonância que já é histórica. Iluminam a glória ou tornam mais cruel a humilhação. Após a queda de Mussolini, andei lendo alguns papéis a respeito do ditador. Veja-se que estranha significação toma agora esta frase com que ele encerrou uma entrevista: 
Cada homem tem o fim que corresponde ao seu caráter
 
Depois de vinte anos de poder, situado num cenário de dramas históricos, todos esperavam que fosse trágico, e não banal, o fim de Mussolini. Seria um mínimo de coerência em que tomara como lema a frase de Nietzsche: viver perigosamente. E dissera mais de uma vez: 
Quero dramatizar a minha vida, quero fazer da minha vida uma obra de arte
 
Se esta vida fora detestável no plano político, estava nas suas mãos fazê-la heróica no plano pessoal. 
 
Erguia-se em Roma o espetáculo de César, tornado simbólico e tradicional através dos séculos. Mussolini nunca escondera que César representava o seu modelo, que se julgava um representante moderno do cesarismo romano. Atingia-o em certo lado fraco a famosa apóstrofe — “César de carnaval” — que lhe foi dirigida de uma tribuna do Parlamento francês. E quando interrogado por Emil Ludwig, acerca das suas afinidades com Napoleão, ele respondeu prontamente: 
O meu modelo não é Napoleão: é César
 
Há os que sustentam que nada existe de comum entre César e Mussolini. Mas isto, que é um erro ao mesmo tempo de perspectiva histórica e de visão política, não amesquinha Mussolini, e exalta César. A verdade é que em César está o conteúdo de todos os regimes totalitários. Mussolini era um pequeno César; e só lhe faltou a morte em pequena tragédia, como o grande César enfrentara a morte em grande tragédia.
 
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Ora, tanto César como Brutus são figuras que se tornaram simbólicas, que aparecem como representações de duas tendências. O episódio dos punhais na destruição do corpo físico — isso tem um sentido secundário; foi um fato em acordo com os costumes da época, porém que não podemos tratar com horror, farisaicamente, apenas porque hoje a justiça, teoricamente, pareça mais completa e perfeita nos tribunais. Aliás, o mesmo Brutus, talvez compreendendo o simbolismo histórico do seu gesto, procurou retirar dele o que continha de material, contingente, para o definir e situar na ordem espiritual e política. 
A História moderna, contemporânea, tem olvidado, em Marcus Brutus, a grandeza do seu papel simbólico. E isto porque vem atribuindo a César todas as grandezas. Desde a escola, nos compêndios de aula, começamos a ver em Brutus um ingrato, um traidor. Da frase Tu quoque, Brute? tira-se o sentido de um grito de desprezo contra a traição, quando pode ser interpretada como a surpresa de César, ou a desesperada consciência do seu erro, ao ver entre os inimigos a figura de Brutus, considerado o mais puro, o mais honesto, o mais incorruptível de todos os romanos do seu tempo. 
Depois, na leitura dos historiadores, encontramos a condenação de Brutus ao lado da exaltação de César. De Salústio até Gundolf — tem sido este em geral um julgamento histórico. Uns falam diretamente, outros lançam conclusões indiretas. A Brutus, os mais serenos — os que acreditam em Plutarco — concedem a honestidade, a pureza, o desinteresse, mas sob as linhas da mediocridade. Teria sido um bem-intencionado sem grandeza, um honesto com pobreza de espírito. 
Julgamento que encontramos até nos liberais, nos democráticos, nos que vieram lutando, através dos tempos, contra a herança de César, contra os pequenos Césares. Uma confusão inexplicável; mas que se vai desfazendo nos dias de hoje. Sim, os partidários dos sistemas totalitários são os que devem tomar o partido de César; os partidários dos sistemas democráticos são os que devem tomar o partido de Brutus. 
Portanto, é significativo que Brutus tenha sido considerado herói e grande homem pelas figuras mais representativas do Renascimento e da Revolução Francesa, pois estes movimentos históricos, efetivamente, souberam ver em Brutus um símbolo da luta revolucionária — a fazer e a recomeçar todos os dias  contra as tiranias e as ditaduras. 
 
 
II. O “Brutus” de Miguel Ângelo no Bagello 
 
O Brutus de Miguel Ângelo tem um aspecto heróico em conformidade com um sentimento político contra a tirania.

 
Vista lateral do rosto de Brutus, com olhar frontal / Crédito: https://en.wikipedia.org/wiki/Brutus_(Michelangelo)

 
E isto não se verificou por acaso. Explica-se. A Renascença foi um movimento revolucionário; e de caráter revolucionário, tanto em literatura como em política foi, por sua vez, o Romantismo. Via-se a si próprio o espírito do Romantismo na contemplação do espírito da Renascença. Encontraram-se assim os dois movimentos na raiz de uma ideologia ou de um vocabulário de substância revolucionária. O conteúdo revolucionário do Romantismo correspondia ao revolucionarismo da Renascença. E pelas aproximações entre os dois movimentos históricos e ideológicos — isto provocava o debruçar-se de homens da revolução romântica sobre as vidas, as obras, os exemplos de homens da revolução renascentista, que a todos ainda parecia recente com as suas vibrações a interferirem no ritmo da nova revolução. 
Sentiam-se os homens do Romantismo atraídos, chamados, fascinados pelos homens da Renascença — esta uma revolução, por sinal, feita por entre requintes estéticos, pompas, fortunas, ostentações, com muito menos ou bem poucos sacrifícios. Uma das revoluções, a da Renascença, operou-se ordenadamente nos espíritos; a outra revolução, o Romantismo, misturara-se tumultuosamente com o sangue da Revolução Francesa e das guerras napoleônicas em todo o continente europeu. 
A este respeito, o exemplo por excelência é Brutus. Tão desconhecida, ou sucessivamente condenada, nas épocas mornas, reacionárias e estabilizadas — quando a César se reservam todas as glorificações e se dirigem todos os entusiasmos — a figura de Brutus cresce e magnifica-se, torna-se compreendida, valorizada, exaltada nos ambientes das sociedades em crise revolucionária. 
Uniram-se Renascença e Revolução, uma vez mais, no culto de Brutus. De Miguel Ângelo é um busto de Brutus, no Bagello, de Florença, em que a perfeição do trabalho artístico está iluminada por indisfarçável sentimento pessoal. Cumpria que o artista fizesse um conceito extraordinário e não convencional do caráter de Brutus — mais ainda: que se houvesse colocado, diante dele, em estado de Paixão, tendo uma compreensão sem reservas do seu papel histórico, como também uma admiração irrestrita à sua figura humana — para que insuflasse no “seu” Brutus aquela “força” na máscara e aquele “caráter” na fisionomia. Era assim, realmente, que o via e imaginava Miguel Ângelo. Era também assim, pelos mesmos padrões, que julgavam e valorizavam Brutus os homens da Renascença. Na visão e na arte de Shakespeare, ele avulta e se imortaliza, naturalmente, por efeito da inteligência e da consciência do poeta. Veja-se Julius Caesar: o plano de concepção altera-se, em Shakespeare, no momento da elaboração artística; e Brutus passa a ocupar a principal posição no drama. Ascende, cenicamente, ao lugar de César; e eleva-se às proporções de herói, tanto no sentido usual como no da tragédia clássica.
Pois bem: o outro período histórico de compreensão, valorização e engrandecimento de Brutus foi a Revolução Francesa, que corresponde exatamente, como se sabe, ao Romantismo, pois a Revolução Francesa é o Romantismo que se exprimiu e ampliou em termos de ideologia política e ações de guerras libertadoras, assim como o Romantismo é a Revolução Francesa posta em termos de revolucionarismo cultural. E apaixonados de Brutus, por exemplo, no mesmo fervor de compreensão e exaltação, foram os românticos da Revolução Francesa; foram-no até os líderes tidos por duros e ferozes: um Danton, um Robespierre, um Saint-Just. 
 
 
III. O “Brutus” de Shakespeare 
 
Sim, houve uma visão genial que interpretou o simbolismo de Brutus, a sua grandeza na continuidade histórica: a de Shakespeare. Sobretudo, ele compreendeu de Brutus a psicologia, a estrutura espiritual. Retirou-o do Inferno, onde Dante o colocara na companhia de Cássio. A começar pelo título da peça — Julius Caesar — vê-se que o personagem principal deveria ser César, mas a admiração de Shakespeare pelo homem justo e honrado, ao mesmo tempo que a intuição do que havia nele de personagem trágico, faz com que Brutus ocupe o primeiro plano na imaginação do poeta e do leitor ou espectador. E a grandeza pessoal de Brutus atravessa toda a peça como uma grande sombra dominando o poderio político e militar de César. 
Deste modo, é em Shakespeare, e não nos historiadores, que devemos buscar o conteúdo do gesto de Brutus. O poeta não doutrina, mas oferece sugestões e elementos interpretativos. E a sua dramatização em nada alterou a verdade, uma vez que os fatos concretos de Julius Caesar foram extraídos de Plutarco.
Lembrei-me, por isso, de coordenar e oferecer ao leitor alguns trechos de Shakespeare que explicam a atualidade de César e de Brutus, o simbolismo histórico no dualismo Brutus-César. 
Dualismo que principia no sentimento da ambição. César havia dito que preferia ser o primeiro na última aldeia a ser o segundo em Roma. Pois colocava a sua pessoa no centro do seu sentimento de ambição, e na sua obra, realmente tão grande, pusera antes de tudo, o gosto de exibir a sua mesma personalidade. Shakespeare pôs na boca de Brutus uma frase de sentido oposto: dissera que preferia ser um aldeão a intitular-se filho de Roma nas duras condições daqueles dias. Dispunha, pois, a sorte da pátria no centro do seu sentimento. Quando se convence da necessidade da morte de César, também está convencido de que tal desígnio só tem fundamentos de vida pública, pois nada pessoal existe para o lançar contra César:
It must be by his death: and, for my part, 
I know no personal cause to spurn at him, 
But for the general. 
 
Tudo aceita como sacrifício; e faz a oferenda deste sacrifício à sua cidade: “Ó Roma, eu te prometo que obterás de Brutus tudo o que pedires se for para reconquistar a tua liberdade!” —: 
O Rome! I make thee promise 
If the redress will follow, thou receivest 
Thy full petition at the hand of Brutus!
 
É a causa do espírito, da liberdade do espírito contra a força, o que movimenta Brutus, de acordo com estas palavras de um dos conspiradores: “Nada pode subjugar o poder do espírito — nem as torres de pedra, nem as muralhas de bronze, nem as prisões subterrâneas, nem as vigorosas cadeias de ferro. Porque a vida, quando se cansa destes obstáculos materiais, não perde jamais a capacidade de libertar-se a si própria”: 
Nor stony tower, nor walls of beaten brass, 
Nor airless dungeon, nor strong links of iron, 
Can be retentive to the strength of spirit: 
But life, being weary of these worldly bars, 
Never lacks power to dismiss itself. 
 
 
IV - Significado do punhal de Brutus 
 
Sente-se em toda a peça o horror com que Brutus se inclina para a ideia do crime, uma vez que o seu desejo seria destruir o espírito político de César sem matar fisicamente a César: 
Oh, that we then could come by Caesar's spirit, 
And not dismember Caesar.
 
A sua generosidade logo se revela quando se opõe ao projeto de matar também Antônio: 
Let us be sacrificers, but not butchers.
 
E diz: Estamos levantados tão-somente contra o espírito de César; e no espírito de homens não há sangue.
We all stand up against the spirit of Caesar, 
And in the spirit of men there is no blood. 
  
Sim, precisamente esta frase, este verso é que deve ser colocado em relevo. Brutus não vai matar um homem, não é um assassino; o que ele pretende é a destruição de um “espírito” que estava transformando as instituições romanas, que estava aniquilando a República, a democracia. Perante a História, perante a sua consciência, explica-se e justifica-se nesta frase que o poeta construiu num verso de extraordinária ressonância: E no espírito de homens não há sangue. 
Dir-se-ia que foi César, com a sua política, quem se matou a si mesmo. De resto, Brutus não estava cego nem pelo ódio nem pela inveja. Estimava a personalidade de César e admirava sua obra. Dirá ao povo romano que amava a César no momento mesmo em que o feria: 
And then we will deliver you the cause, 
Why I, that did love Caesar when I struck him 
Have thus proceeded; 
 
explica que o seu gesto não significava que amasse menos a César, porém que amava mais a Roma: 
Not that I loved Caesar less, but that I loved Rome more; 
 
por fim, exalta o afeto pessoal, o destino feliz, a bravura de César, mas se declara do lado oposto ao da sua ambição: 
As Caesar loved me, I weep for him; 
As he was fortunate, I rejoice at it; 
As he was valiant, I honour him; 
But, as he was ambitious, I slew him. 
 
César realizara, na verdade, uma obra genial dentro da República, mas quisera ultrapassar os limites desta mesma República com o sonho da realeza pessoal. Assim, cometera os erros fatais: a crueldade na guerra civil, destruindo a família do grande romano Pompeu; a tolerância diante da corrupção e dos crimes dos seus correligionários; o ouvido aberto somente para os bajuladores, para os que lhe falavam como Antônio: “Quando César diz — faça-se isto — já está feito”. Realizava atos bons ou generosos como uma dádiva de clemência, não como um dever de homem de governo. E não havia senão um meio de garantir os seus domínios e poderes: o estado permanente da guerra no interior ou no exterior. Ele se iludia — informa Plutarco — como todos os que se julgam com direitos mais ou menos divinos ao Poder, atribuindo, exclusivamente, aos seus adversários as responsabilidades dos horrores da guerra, quando certa vez se comoveu na contemplação de algumas das suas devastações. 
Mas, afinal, para o drama que atraiu a atenção de Shakespeare, a coragem não abandonou César no momento do sacrifício. Dissera ele que os covardes morrem muitas vezes, enquanto que o homem bravo experimentava a morte uma só vez. De todas as maravilhas do mundo a que lhe parecia mais estranha era que os homens tivessem medo. E são pequenos e inferiores Césares aqueles que imitam César na vida, sem acompanhá-lo na sua coragem diante da morte. 
Indica-nos Shakespeare, e isto é decisivo, em que sentido ressurge, em todos os tempos, o espírito de César: o da guerra. Antônio adverte que o espírito de César clamará por vingança, lançará o grito de morte e desencadeará as danações da guerra: 
And Caesar's spirit, raging for revenge 
With Ate by his side, come hot from hell, 
Shall in these confines, with a monarch's voice, 
Cry "Havock!" and let slip the dogs of war. 
 
V - A bandeira de Brutus: “Paz, Independência e Liberdade”
 
Completa-se o simbolismo da peça com a morte de Brutus, a respeito da qual diz Estrato: “Brutus só foi vencido por si mesmo; e ninguém tem a glória da sua morte”. ¹
And no man else hath honour by his death. 
 
O seu elogio foi feito para sempre pelo mais próximo dos amigos de César, Antônio, no final da peça: “Brutus era o mais nobre de todos os romanos. Todos os conspiradores ², menos ele, agiram por inveja do grande César. Ele foi o único guiado por um honrado pensamento patriótico, pois agia no interesse do bem público. A sua vida era pura; e os elementos constitutivos dela se harmonizaram de tal modo que a natureza, erguendo-se, poderia proclamar: “Este era um homem”.
This was a man: eis a legenda de Brutus. Ele não foi um traidor, nem foi um medíocre. Parece pequeno ante César porque César dispunha de todos os poderes ³, enquanto que Brutus não contava senão com a sua consciência de cidadão. Mas não será verdade — e este era o pensamento do católico Charles Péguy — que um movimento da consciência moral tem mais valor do que todos os poderes da Terra? Brutus acha-se tão vivo quanto César. São duas linhas que se alongam na continuidade histórica. Não há de ser preciso que se repita a cena dos punhais erguidos no Senado Romano. A significação de Brutus encontra-se em qualquer oposição aos sistemas ditatoriais. Em qualquer cidade, em qualquer aldeia, em qualquer casa onde um cidadão livre diz “não” aos Césares, aí estará presente o espírito de Brutus — simbolicamente: o punhal de Brutus — como também as palavras da sua bandeira de luta: “Paz, Independência e Liberdade”. Sim, estas foram as suas palavras; e palavras caracterizadoras de Brutus na tragédia shakespeariana: Peace, Freedom and Liberty. 
 
Outubro de 1943. 
 
Fonte: LINS, Álvaro: A glória de César e o Punhal de Brutus (1939-1959), Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira S.A., 1962, pp. 174-182.

 
II. NOTAS EXPLICATIVAS por Francisco José dos Santos Braga

¹ SHAKESPEARE: Júlio César, Ato V, Cena V. O trecho se encontra no diálogo entre Messala e Estrato, a quem o primeiro indaga sobre a localização de seu amo. Sua resposta foi: [Encontra-se] livre dos elos, Messala, que vos pesam. Cinza, apenas, poderão fazer dele os vencedores. Bruto só foi vencido por si mesmo: ninguém mais se gloria com sua morte”, ou seja, suicidou-se.
Link: http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/cesar.html

² Os conspiradores, por sua vez, alegavam que o assassinato era necessário para restaurar a liberdade e a República romanas. No entanto, a consequência da brutal morte de César resultou em uma série de guerras civis, que progressivamente deram fim à República  dando início ao Império Romano, fase que se estendeu de 27 a.C. a 476 d.C. Com o assassinato do líder romano, quem ascendeu ao posto de líder de Roma foi Otaviano, seu sobrinho-neto e filho adotivo. Ele tornou-se o primeiro imperador de Roma e passou a se chamar César Augusto (de 27 a.C. a 14 d.C.). O reinado de Augusto marcou o fim da República Romana e o início do Império Romano.

³ O confronto entre César e a facção liderada por Pompeu culminou em uma guerra civil no Império Romano. César emergiu como vencedor, após uma série de batalhas, incluindo a famosa Batalha de Farsália (48 a.C.). Sua vitória consolidou seu poder em Roma, levando-o a se tornar o ditador vitalício.
Em trabalho anterior, o qual intitulei O PATRIOTISMO DE CATÃO, tratei do encontro de Brutus e Catão, numa ocasião em que ambos lutavam ao lado de Pompeu, contra César.  O diálogo está exposto no  Livro II do poema épico Guerra Civil (Farsália) de Lucano (Fars. II, 286-307), em minha tradução para o português. 
Relembrando, o poema épico Guerra Civil (Farsália) conta a história das guerras civis que precederam a queda da República romana, travadas entre os partidários de César e Pompeu e que terminou com a vitória de César, definida na batalha em Farsalos, Tessália. 
No seu poema épico, Lucano (39 d.C.-65 d.C.) posiciona-se como fortemente republicano, pintando César com cores sombrias ao mesmo tempo em que retrata Catão de Útica como herói político. Nele o poeta demonstra também pessimismo quanto ao futuro de Roma, uma vez que os defensores da República foram derrotados.
Voltando a Catão, veja-se a sua resposta às indagações de Brutus. Lembre-se que Catão era um romano e exemplo vivo da Virtude romana, que responde com palavras sagradas tiradas do fundo do coração.
 

 
III. BIBLIOGRAFIA 
 

BRAGA, F. J. S.: O patriotismo de Catão na Farsália de Lucano, ensaio publicado no Blog do Braga em 23/01/2023.
 
LINS, Álvaro: A glória de César e o Punhal de Brutus (1939-1959), Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira S.A., 1962, 322 p.
 
SHAKESPEARE, William: Julius Caesar, em português.