sexta-feira, 28 de maio de 2021

A POESIA DA ENCHENTE


Por ÁUREO Macedo Bringel Viveiros de MELLO 
 
Poeta Áureo Mello

 
POESIA DA ENCHENTE 
(Constante do livro INSPIRAÇÃO - POESIAS (publicado em 3 tomos pela Gráfica do Senado, 1989))
 
"— Tu tá veno, cuirão? ¹ Tu tá veno, José? 
Eu num disse qui a inchente esse ano era braba? 
Cadê tua juta ² agora? Eu quero vê cumo é 
Qui vai-se arisurvê! Suco! ³ Água qui nunca acaba!" 
 
E o rio vai galgando as carnes do barranco 
Cobrindo os capinzais, os troncos assediando, 
Seguindo, mata a dentro, em desmedido arranco, 
Aos lagos e igapós as águas germinando... 
 
Estão mortos jutais, as plantações tombadas, 
As casas se-mostrando, à flor do lençol tétrico, 
E hercúleo e caudaloso, o rio, em rabanadas, 
Avança, vale a dentro, o corpo quilométrico... 
 
O Amazonas cresceu, nestes meses pioneiros 
E ainda mais crescerá, nos meses que hão de vir. 
Nesse anseio de criar que estremece os banzeiros
O gigante brutal somente faz destruir... 
 
O rio é largo e belo, é como um canto errante 
Da natureza, entoado em plena tempestade. 
O ventre colossal vibra, enfunado , arfante 
E rola os vagalhões com lenta majestade... 
 
Na superfície, ao sol, balseiros , velhos troncos, 
Em lenta procissão vão demandando o mar. 
O vento é frio, e é forte. As vagas soltam roncos 
E espumam, são cristais se esfacelando no ar... 
 
A selva assiste a marcha eterna da corrente 
E é bela, é moça, é verde, é viva e misteriosa... 
A coma é seiva e luz, mas lôbrego e silente 
É o fundo coração dessa floresta umbrosa... 
 
As aves vêm valsar nas margens, de beleza 
Criando, contra o céu, figurações ideais, 
E segue, assim, vibrando, a enorme correnteza 
Entoando um cantochão entre sons festivais... 
 
O crepúsculo é um sonho, é uma paisagem linda 
De ouro e coral e azul e espelhos de cristal 
A alma se enleva e ajoelha, e esse enlevo não finda 
Quando nos céus se espalha a noite equatorial... 
 
O vento sopra, e soa a inúbia ¹⁰ dos rebojos ¹¹
A água sinfonizando em gorgolões ¹² sombrios... 
O pensamento sobe, em místicos arrojos 
E mergulha depois na esteira dos navios... 
 
Mas... o monstro subiu trinta metros ao todo, 
E as matas invadiu, as várzeas submergindo. 
Terra firme é bem pouca. O gado está no lodo 
Ou triste, a se imprensar ¹³ nas marombas ¹⁴, mugindo... 
 
E o caboclo? ¹⁵ O mongol calado da restinga? ¹⁶
Onde está o oriental do "jaticá" ¹⁷, do arpão? 
Campeão dos matupás ¹⁸, batalhador da aninga ¹⁹
Rei completo do anzol, da rede e do facão? 
 
Onde está o grande herói que na proa da sua 
"Montaria" partiu pra pescar jacaré? 
Onde o veste-de-trapo, o João-ninguém que à lua 
E ao sol trabalha e luta, alentado a "chibé"? ²⁰
 
Onde é que você está, meu bravo amazonense, 
Que mergulha no barro arrancando o jutal? ²¹
Onde é que você está, nordestino, cearense 
Que caboclo ficou nas lides da jangal? ²²
 
Está no pastoreio ao gado? Na caçada? 
Cortando canarana ²³ ou lançando o espinhel? ²⁴
Virando tartaruga à praia? Na queimada? 
Ou foi pro seringal, representando Abel? 
 
Qual o quê! O caboclo, encorujado a um canto 
Está, qual um Noé, sozinho no Dilúvio. 
Sem casa, sem vintém, tendo a vida, se tanto 
Nada pode fazer contra o inimigo plúvio... 
 
Plantar roças sobre água? Impossível! Pescar 
Ele o pode fazer, mas com dificuldade. 
Que lhe resta, afinal? É remar, é remar 
E ir, como outro já fez, mendigar na cidade... 
 
"Vucê, se me ajudá, cumpatrício do sur ²⁵
Vai ganhá de presente umas cuisa incantada ²⁶
Vú mandá pra vucê, já "feito", irapuru ²
E olho de buto ², viu? Suco! Inchente zangada!"
 
 
Fonte: livro INSPIRAÇÃO de Áureo Mello, tomo 3, p. 87-9, Brasília: Centro Gráfico do Senado Federal, 1989.
Crédito: Serviço de Pesquisa e Recuperação de Informações Bibliográficas-SGIDOC da Biblioteca do Senado Federal
 
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Análise literária por Francisco José dos Santos Braga sobre a Poesia da Enchente de Áureo Mello 
 
Aqui ofereço um pequeno glossário para a Poesia da Enchente, cheia de "brasileirismos da Amazônia", como quer o Dicionário Aurélio, mas que, em minha opinião, constituem regionalismos lexicais e semânticos amazonenses, só verificados na Amazônia e praticamente desconhecidos por nós, brasileiros nascidos em outras regiões. 
Não há uma língua portuguesa, há línguas em português”, disse José Saramago em depoimento para o documentário “Língua - Vidas em Português”, que aborda as diferentes nuances do português falado por milhões de pessoas pelo mundo. Quem faz a defesa de línguas em português foi o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura, em 1998, e do Prêmio Camões, em 1995, o mais importante da língua portuguesa.
A frase é fundamentada na própria experiência de Saramago. No documentário, a lusofonia é, sobretudo, fala, surpreendida do cotidiano de personagens ilustres e anônimos de quatro continentes. Em cada um deles, o português amalgamou deuses, melodias, climas, ritmos; misturou-se aos alimentos e às paisagens; foi reinventado centenas de vezes e alimentado sucessivas vezes por colonizadores, imigrantes e descendentes. 
 
Passo então a apresentar um pequeno glossário para esclarecimento do vocabulário muito típico utilizado pelo Amazônida Áureo Mello. 
¹  Cuirão é o nome dado ao menino caboclo do norte da Amazônia. 
²  Juta: fibra grosseira tirada de uma planta tiliácea que se cultiva na Índia, Paquistão e Brasil, e da qual se fazem sacos, especialmente para embalar cereais. A própria planta. 
³  Suco: coisa muito boa (popularmente). 
Igapó: região da floresta amazônica que permanece alagada mesmo na estiagem dos rios. Mata de igapó: vegetação baixa e uniforme dessa região, pobre em espécies, com árvores afastadas e numerosos epífitos. 
⁵  Banzeiro: a sucessão de ondas ou marolinhas provocadas por uma embarcação em deslocamento. 
⁶  Enfunado: cheio de vento, inchado 
Vagalhão: grande vaga ou onda formada em alto-mar, em mar aberto, quando o oceano está bem agitado. 
⁸  Balseiro: aquele que dirige a balsa ou jangada. 
⁹  Coma: cabeleira, juba. 
¹⁰ Inúbia: tipo de trombeta de guerra dos índios tupis-guaranis, feita de dois pedaços ocos de maçaranduba, unidos entre si com cipó; membitarará. 
¹¹  Rebojo: redemoinho de água que se forma no mar ou no rio e leva coisas para o fundo; sorvedouro, turbilhão, voragem. 
¹²  Gorgolão: pequeno jato; golfada, borbotão. 
¹³  Imprensar: apertar muito, como numa prensa (literal); espremer. 
¹⁴ A maromba ou palafita, como é conhecida na Amazônia, é um estrado construído de madeira tendo como pilares troncos de madeira-de-lei para dar suporte à estrutura da construção. Em cima desse estrado são construídos a casa e os currais para receber pessoas e animais durante a cheia dos rios. A vida ribeirinha na Amazônia é assim: no início do ano as águas dos rios sobem sem parar. Nos meses seguintes, o esforço dos ribeirinhos é concentrado em salvar os animais. Às vezes é preciso usar a própria casa para não perder a criação, mas o principal recurso dos ribeirinhos na na época das enchentes é uma construção de madeira, um curral suspenso chamado maromba, uma tábua de salvação onde os animais ficam confinados. O sacrifício é grande, mas renova a esperança de que os animais sobrevivam até a água baixar. A maromba ou palafita, como é conhecida na Amazônia é um estrado construído de madeira tendo como pilares troncos de madeira-de-lei para dar suporte à estrutura da construção. Em cima desse estrado são construídos a casa e os currais para receber pessoas e animais durante a cheia dos rios. 
¹⁵ Caboclo, segundo o dicionário Houaiss (2009), é “o indivíduo nascido de índia e branco (ou vice-versa), de pele acobreada e cabelos negros e lisos”, como também o “caipira”. No Norte do Brasil a palavra “caboclo” está ligada ao homem do campo e dos rios. Muitas vezes colocada de forma pejorativa e preconceituosa da herança europeia. 
¹⁶ Restinga: termo utilizado para definir as diferentes formações vegetais estabelecidas sobre solos arenosos que ocorrem na região da planície costeira. 
¹⁷ Jaticá: arpão de comprida haste, usado na pesca da tartaruga. 
¹⁸ Matupá: termo da língua tupi, que designa uma grande massa de vegetal flutuante ou segmento de barranco que, devido à ação erosiva, se desprende e fica boiando e deslocando-se sobre as águas de um rio. É um fenômeno comum nos rios da região amazônica. 
¹⁹ Aninga ou envira: na região amazônica, planta da família das aráceas, que esculpida serve como barquinhos que bóiam nos rios. 
²⁰ Chibé ou jacuba: espécie de papa de farinha com água, que pode ser consumida sozinha, ou serve de acompanhamento para o peixe. 
²¹  Jutal (masc.): plantação de jutas. 
²² Jangal (fem.): palavra muito comum na expressão "a jangal amazônica", no sentido de floresta tropical da Amazônia. 
Falando sobre o surgimento e o desenvolvimento de Paragominas, [ANDRADE apud Barreto, 2012, 304] assim se referiu: 
"(...) A história de Paragominas é mais ou menos a de tantas outras: em 1959, imperava ali a jangal amazônica; em 1960, com a trilha pioneira sangrada, instala-se ali uma serraria, destinada a fornecer madeira para as pontes provisórias da estrada. Quase que ao mesmo tempo, chega a ela o primeiro fazendeiro: um mineiro jovem de Uberaba (...) Antônio Fernandes declara-se engenheiro para a caboclada que toma conta das balsas, cruza o Tocantins, e instala-se nas terras férteis que cercam a serraria. (...) Em breve, chegam outros: do Pará, de Goiás e de Minas [dando o nome à cidade]: Paragominas. (...)" 
 
²³  Canarana: cana brava, planta gramínea. 
²⁴ Espinhel: aparelho de pesca que consiste numa corda comprida ao longo da qual são fixadas, de distância em distância, linhas munidas de anzóis. O mesmo que espinel e espichel. 
²⁵  Sur: corruptela de sul. 
²⁶  Cuisa incantada: "coisas encantadas", que foram objeto de encantamento ou feitiço. 
²  Irapuru ou uirapuru: nome popular de uma ave, o mesmo que uirapuru-verdadeiro. É muito famosa por seu canto melodioso e agradável, considerado um dos mais belos da floresta. Muitos a consideram a ave mais canora do Brasil. 
² Buto ou boto: mamífero cetáceo da família dos delfinídeos encontrado tanto no mar, ao longo da costa brasileira, quanto nos rios da bacia amazônica. O olho de boto, seco, é considerado um ótimo amuleto para atrair o amor das mulheres indiferentes. Se o homem quiser conquistar uma mulher, dizem que ele deve olhar para ela através de um olho de boto. Desse modo, ela vai ficar perdidamente apaixonada.
 
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De fato, outros poetas brasileiros escreveram com maestria sobre algum quadro pitoresco das enchentes, dentre os quais aqui relembro Cecília Meirelles com o seu poema Enchente de matiz infantil e Thiago de Mello, este amazônida como Áureo Mello. 
 
Em Amazonas: Pátria da Água, de 1980, o amazonense Thiago de Mello critica a modernidade racionalista e expansionista que acaba arrastando uma cosmovisão que separou homem e natureza e seu livro é um grito contra a destruição da jangal amazônica. É verdade que sua poesia está ancorada em uma paisagem que espelha a maior vegetação e o maior rio do mundo — respectivamente, a Amazônia e o Amazonas, — ameaçados, de fato, pelas incursões capitalistas. Em "As Tantas Águas da Água Amazônica", de 2009, o poeta produziu um belo poema, no qual, entretanto, a enchente é um fenômeno en passant na apresentação do quadro geral da importância da água para a sua região. Neste contexto, é a lei das águas que modula o viver das pessoas na Amazônia e suas relações com a a natureza e o imaginário social. 
Bem diferente é a abordagem da enchente em Áureo Mello: ela é supra-real, é maravilha pura, dotada de vida e geradora de vida, uma entidade viva da floresta tropical, embora carregada de destruição muitas vezes, principalmente quando seus efeitos são muito duradouros e devastadores para a população ribeirinha, com seu empobrecimento e de consequências deletérias como a do êxodo social.
 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
ANDRADE, Rômulo de Paula: A Amazônia na Era do Desenvolvimento: Saúde, Alimentação e Meio Ambiente (1946-1966), tese de doutorado apresentada ao Curso de Pós-Graduação em História das Ciências da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz - Fiocruz, Rio de Janeiro, 2012, 364 p.
 
DOURADO, Gustavo: Brasília 5.0 - Antologia de Cordel, Brasília: Art Letras, 2010, 352 p.

Colaborador: ÁUREO MELLO

ÁUREO Macedo Bringel Viveiros de MELLO
nasceu em 15 de junho de 1924, em Santo Antônio do Madeira-MT. Filho de Hugo Viveiros de Mello, maranhense e Elvira Bringel de Mello, cearense. Estudou as primeiras letras em Guajará-Mirim e depois foi morar com a família em Santa Fé, às margens do rio Guaporé. Dali, regressou à Porto Velho e, desta cidade, à Manaus, onde cursou o primário no Grupo Escolar Cônego Azevedo, o secundário e o pré-jurídico no Colégio Dom Bosco e o de Direito na Faculdade de Direito do Amazonas. 
 
Jornalista profissional desde os treze anos, iniciou com uma coluna chamada "Luva de Seda", no Diário da Tarde, de Manaus. Dali, passou a editorialista no jornal de Agnaldo Archer Pinto. Em seguida, foi redator secretário e locutor da Rádio Baré, ambos dos Diários Associados do Amazonas. 
 
Dentre as instituições culturais a que pertenceu, citamos as seguintes: Membro da Academia de Letras de Brasília, Secretário Geral do Sindicato dos Escritores de Brasília, Vice-Presidente da Casa do Poeta Brasileiro (POÉBRAS)-Seção de Brasília-DF, Secretário Geral da Associação de Letras e Música, de Brasília, Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Brasília, membro da Associação de Procuradores Federais do Brasil, representante da União Brasileira de Escritores, em Brasília. 
 
ATUAÇÃO PARLAMENTAR NO SENADO E NA CÂMARA 
 
Eleito Deputado Estadual aos vinte e dois anos, reeleito no quatriênio seguinte, eleito Deputado Federal mais quatro anos depois, sempre pelo PTB, exercendo este último mandato no Rio de Janeiro. Em 1959, foi nomeado Procurador do INIC, hoje INCRA, exercendo este cargo também em Brasília, depois de ter cumprido, ali, o mandato de Deputado Federal pelo Rio de Janeiro, de 1964 a 1967. Eleito Senador pelo Amazonas tomou parte na Constituinte de 1988, concluindo seu mandato em 1995. Tendo ingressado no PRN foi um dos componentes da chamada "tropa de choque" que defendeu o Presidente Collor das acusações que lhe foram formuladas e que culminaram com a cassação do seu mandato, ao lado de Ney Maranhão e Odacir Soares. Aposentado como Procurador e tendo exercido ao todo vinte e quatro anos de mandatos parlamentares, dedica-se hoje à Literatura, tendo publicado livros de prosa e poesia, além de estudos de Direito Agrário e os seus Discursos Parlamentares do tempo em que esteve no Senado. 
 
Proposições e Emendas da autoria de Aureo Mello: Proposição visando punir com elevada multa os pais ou responsáveis pela colocação de nomes ridículos ou humilhantes em qualquer pessoa; Proposição que permite o uso dos elevadores sociais pelas empregadas domésticas, desde que decentemente trajadas; Emenda estabelecendo bondinhos, plano inclinado (charriots) e esteiras rolantes para todos os morros de alta densidade demográfica do Rio de Janeiro. 
 
Leis mais famosas de autoria de Áureo Mello: a que mudou o nome do Guaporé para Rondônia; a que permite o cônjuge funcionário federal ou autárquico ser lotado na mesma cidade aonde o outro cônjuge foi lotado; a que isenta de qualquer tipo de pagamento o material importado ou adquirido para combater incêndios em todo o território nacional; a que restabeleceu a existência do INCRA, que havia sido suprimido e incorporado ao Ministério da Agricultura; a que criou os Estados de Alto Rio Negro e do Solimões, desmembrados do Estado do Amazonas, tornando órgãos federais; a que criou a administração do arquipélago das Anavilhanas, no Rio Negro; a que regulamentou a atividade de Procuradores autárquicos de todo o país; a do sepultamento das cabeças de Lampião, Maria Bonita e outros cangaceiros que estavam expostas no Instituto Nina Rodrigues, da Bahia; a que estabelece a dublagem para o português de todos os filmes estrangeiros por ventura exibidos no país, exceto em cinemas de arte; a que criou o Palácio da Cultura em Brasília para abrigar todas as instituições culturais não-oficiais da capital federal.
 
PRODUÇÃO LITERÁRIA
 
Publicou, entre outros, os livros: Luzes tristes (1945), Claro-escuro (1948),  Presença do estudante Inhuc CambaxirraAs aureonaves (1985), Inspiração em três tomos (1989),  O muito bom sozinho (2000),  Como se eu fosse um cantador (1999), Onde está Gepeto? (1999), Heliotrópios adamantinos lácteos: suco de estrelas (2004).
 
Áureo Mello e Francisco Braga, gerente deste Blog de São João del-Rei, na Casa do Poeta

 
Áureo Mello, mais jovem admiradora e Léa Sayão, filha de Bernardo Sayão


Áureo Mello com intelectuais de Brasília, ladeado por Stela Rodopoulos à direita, e, à esquerda, Ofir Comini, filha do escritor Agripa de Vasconcelos, e pianista Neuza França


 
Escrevi em "Vivas a Léa Sayão", no Blog do Braga, em 1º de agosto de 2015:
"(...) Tínhamos grande afinidade em virtude de ser ele natural de Santo Antônio do Madeira (MT), mas ter vivido boa parte de sua vida no Amazonas e eu ter servido o governo de Rondônia em 1987 na condição de secretário-adjunto da Fazenda, no governo do amigo comum, governador Jerônimo Santana, o "Bengala", que ele então apoiava. Além disso, tínhamos outro amigo comum, o Deputado José Barbosa, figura pitoresca e original, residente em Nova Friburgo-RJ, poeta como ele.
 
Anos mais tarde, em nossas alegres reuniões da Casa do Poeta Brasileiro (Poébras) - Seção de Brasília-DF em que ele atuara como sócio-fundador e então seu vice-presidente, costumávamos pedir-lhe que declamasse "aquele" seu longo poema. Estou a vê-lo ainda enchendo de lágrimas os nossos olhos, declamando sua "Poesia da Enchente". Faleceu em 21/01/2015, deixando em todos enorme saudade, desapontado com o monopólio estatal da Petrobrás, que ele, como "intimorato defensor da grande causa nacional", tanto ajudara a firmar, hoje "desfigurada pela corrupção mais espantosa" e vergonha nacional. (...)"

terça-feira, 11 de maio de 2021

8 de maio de 1945: DIA DA VITÓRIA


Por José Lourenço Parreira 
 
HOJE, O DIA DA VITÓRIA (Correio da Manhã-RJ, edição de 08/05/1945)
 
No claro-escuro do caminhar na história nesta vida, celebramos hoje, dia 8 de maio de 2021, o Dia da Vitória! 

O século XX entrou para a história como aquele que viu surgir dois monstros assassinos que levaram a morte às nações, ceifando milhões de vidas: o nazismo e seu irmão siamês, o fascismo! 

Por ter sido covardemente atacado em seu litoral pelo inimigo nazi-fascista, o Brasil declarou guerra às nações que haviam se unido contra o mundo, desencadeando a Segunda Guerra Mundial. Submarinos alemães afundaram 31 navios mercantes brasileiros e um de guerra, acarretando a morte de 374 tripulantes e 398 passageiros, inclusive idosos e crianças! Uma Unidade de Artilharia inteira e seus familiares, a bordo do navio de passageiros Baependi, e todos os demais foram mortos porque esse navio foi um dos torpedeados pelo inimigo! 

Em 2 de julho de 1944 ocorreu a viagem do primeiro contingente da Força Expedicionária Brasileira, sob o comando do general Zenóbio da Costa. O país entrou oficialmente na guerra e a cobra fumou”.
 

Inimaginável foi o esforço de guerra para mandarmos vinte e cinco mil combatentes à Itália, em 1944.

O Comandante da Força Expedicionária Brasileira foi o General João Batista Mascarenhas de Moraes. 

Em 1937, pouco antes de ser promovido a General, como brilhante Coronel, Mascarenhas de Moraes comandou a gloriosa 9ª Região Militar, sediada em Campo Grande, no atual Mato Grosso do Sul.  

Compondo a Força Expedicionária Brasileira (FEB), partiram quatro mil homens do 11º Regimento de Infantaria, hoje 11º Regimento de Infantaria de Montanha ou 11º BI Mth ("Regimento Tiradentes"). 

Antes de seguirem para o teatro de operações de guerra na Itália, os soldados assistiram à Santa Missa celebrada para o Regimento, em que o Monsenhor José Maria Fernandes, disse, dentre outras sentenças, no seu Sermão: 

... O Soldado protege a honra nacional, protege a Pátria. E a Pátria o que é? A Pátria é o passado glorioso onde brilham figuras como Tiradentes, os Bonifácios, os Caxias, os Osórios... 
O Exército dá exemplos de virtudes cívicas e morais. O Soldado pratica a humildade na obscuridade.... 
São João del-Rei sabe que os Soldados do seu Regimento são valentes, não voltarão as costas ao inimigo e trarão como provas do seu valor, as cicatrizes das batalhas..... 
No dia 8 de maio de 1945, o General Mascarenhas de Moraes, proclamou a nossa vitória nos seguintes termos: 
A ORDEM DE CESSAR FOGO ACABA DE SER DADA A TODAS AS TROPAS QUE COMBATEM NA ITÁLIA. GLÓRIA A DEUS NAS ALTURAS E PAZ ENTRE OS HOMENS DE BOA-VONTADE NA TERRA!
Era noite quando a notícia chegou a São João del Rei. Conforme relato do memorialista Capitão Benigno Parreira, Maestro da Orquestra Lira Sanjoanense, todos os templos católicos da cidade abriram suas portas, ao som do festivo bimbalhar dos sinos! A FEB escrevera, com sangue e heroísmo, indelével página em defesa da honra da Pátria e glória para o Brasil. Basta citar a rendição ao Brasil da 148ª Divisão Alemã e de parte da 90ª Divisão Motorizada alemã e da Divisão Itália: cerca de 14.779 homens, 4.000 cavalos, 1.500 veículos a motor, 80 canhões! Fato rememorado por nós, no dia 28 de abril, com a Batalha de Fornovo di Taro, glória do Regimento de Caçapava! 

Conforme o historiador, polemólogo, advogado, Luiz Eduardo Silva Parreira, citando Frank McCann, historiador americano, o Brasil foi convidado pelo Comando Aliado a marchar em direção à Áustria e nela permanecer como tropa de ocupação. 

Dispúnhamos de 10.000 homens para efetuarmos essa ocupação. 

Não sabemos o porquê de o Brasil ter-se abstido de ter mais essa glória na sua História, na Segunda Guerra Mundial. Que pena! 

 

A HISTÓRIA DA MÃE DE ARLINDO 

 

Em pleno combate, três brasileiros do 11º Regimento de Infantaria se destacaram pelo seu heroísmo. Não se sabe o que houve. O testemunho de sua bravura foi encontrado numa cruz que o inimigo deixou sobre a sepultura deles com a inscrição em alemão: “DREI BRASILIANISCHE HELDEN

AQUI JAZEM TRÊS HERÓIS BRASILEIROS. 

São eles: Geraldo Baeta da Cruz, Arlindo Lúcio da Silva e Geraldo Rodrigues de Souza. 

À entrada do Regimento Tiradentes, à esquerda de quem entra, há um monumento composto de 4 pedras, guarnecendo um belo jardim, ao lado de um fuzil fincado ao solo com um capacete de aço, símbolo da morte ocorrida em combate. Nas pedras individuais frontais foi colocada uma placa com o nome dos "três heróis brasileiros".

 
Placa comemorativa no 11º BI Mth






Crédito pela imagem: Pedro Paulo Torga da Silva
 

 

RETORNO TRIUNFANTE DA FEB 

 

Quando o Regimento voltou a São João, toda a população, em festa, foi para as ruas. Armou-se um Arco do Triunfo! 

Lá do morro, conhecido como Morro da Forca, viera uma senhora, muito pobre e que sobrevivia lavando roupas dos soldados - efetivo de guerra... Com lágrimas no rosto, aquela mulher pobre ficara louca! Tudo o que ela sabia fazer era mostrar o retrato do seu único filho. 

Viúva, ela vira seu filho, o ARLINDO, partir para a guerra. Ao saber que ele estava morto, a punhalada foi forte demais para seu solitário coração materno: ficou louca! 

O que essa mãe nunca soube é que seu filho ARLINDO é um dos três brasileiros que o próprio inimigo chamou de HERÓI

Uma banda heavy metal sueca, Sabaton, há alguns anos, prestou homenagem aos Três Heróis Brasileiros. Caso o leitor queira ouvi-la na sua bela página musical, eis o vídeo no YouTube, intitulado Sabaton - Smoking Snakes (legendado). 

Link: https://www.youtube.com/watch?v=1M7sUCElJK0


sexta-feira, 7 de maio de 2021

A  PRESENÇA DO HOMEM DE BEM 


Por José Lourenço Parreira 
 

Há 1806 anos, partia deste mundo Tito Flávio Clemente, conhecido como "Clemente de Alexandria", grego, natural da cidade de Atenas, vindo ao mundo no ano de 150, formou-se na Escola Catequética de Alexandria.  Aos  65  anos, em 215, na  cidade de   Jerusalém, entregou sua alma ao Senhor. Clemente foi fecundo escritor, apologista e teólogo.  

Sua visão sobre a  verdade   na    filosofia grega  iluminada pela Verdade, que é Cristo Jesus, nos envolve. São Clemente de Alexandria nos diz cristalina verdade: 

A presença do homem de bem, pelo respeito que inspira, torna sempre melhor quem com ele convive...”. 
Realmente, as pessoas de bem que o Altíssimo coloca em nossos caminhos são dons de Deus!

Impõe-se, pois, outra verdade inelutavelmente decorrente desta que ilumina este discurso: quem não é pessoa  de bem torna pior, sempre, o outro que com ele convive, destrói o homem e o mundo. Antigo compêndio de Estudo de Problemas Brasileiros afirma que, se existir ateu honesto, estaremos diante de um feliz paradoxo!

A mídia tem revelado ser retumbante  verdade as afirmações de São Clemente  e do Compêndio!

O Santo Evangelho, desta data, nos faz ouvir as Palavras do Senhor Jesus nos ensinando: 

“É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei.  Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos... Não fostes vós que Me escolhestes; fui Eu que vos escolhi e destinei, para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça...”.  

Sim, nós não seguimos uma filosofia, nós seguimos uma pessoa: Jesus Cristo. 

Há muitos anos, no dia 11 de fevereiro de 1984, o Papa João Paulo II deu ao mundo a Carta Apostólica “Salvici Doloris", o Valor do Sofrimento Humano. Esse documento papal ficou conhecido como o Evangelho do Sofrimento!  Tenho-o na minha biblioteca. Nestes dias de pandemia, a dor, o sofrimento, a morte ficaram cruelmente presentes na civilização, no mundo, no Brasil! O caríssimo leitor, ao meditar o Santo Evangelho e a Salvici Doloris de João Paulo II,  há de concluir que, realmente, neste Vale de Lágrimas, o Espírito Santo é quem nos dá forças para sermos pessoas de bem.  Como se costuma dizer, o Espírito Santo suscita pessoas de bem que fazem a diferença! É também o Divino Espírito Santo quem nos dá o dom do discernimento para conseguirmos separar o joio do trigo: há muitos lobos com pele de ovelha para nos causar males, confundir nossas convicções cristãs, macular nossas famílias! Na linha de frente dos arautos das trevas para combater a civilização cristã, creio, estão alguns programas de televisão, mormente, as encantadoras novelas que teriam elevadíssimo IBOPE nas famosas e pecadoras cidades punidas por Deus, com total destruição: Sodoma e Gomorra!

Jesus Cristo escolheu o caríssimo leitor para dar fruto e fruto perene!  Ser homem, ser pessoa de bem, ser amigo! Como há falta de amigos verdadeiros na ótica cristã!  Sobretudo na hora da dificuldade, os falsos amigos se vão: eram só de aparência para os momentos de alegria!  Por quê admirar? Na Cruz, Cristo Jesus, Verdadeiro amigo que deu a vida pelos amigos, ficou isolado, sozinho... 

Que o Divino Espírito Santo suscite, mais e mais, pessoas de bem no querido Brasil, isto é, pessoas  que amem a Deus, à Pátria e à Família: o homem de bem evocado, há mais de 1800 anos, pelo sábio e santo Clemente de Alexandria! 

À noite ou nos momentos de silêncio ao longo do dia, quanta paz ouvir na alma as Palavras de Cristo Jesus: 

FUI EU QUE VOS ESCOLHI... PARA QUE DEIS FRUTOS E O VOSSO FRUTO PERMANEÇA!” (perícope do Evangelho segundo São João, 15, 12-17, desta data) 

sábado, 1 de maio de 2021

MÊS DE MAIO NOS LEMBRA MONSENHOR ALMIR DE REZENDE AQUINO (1917-2001)


Por Francisco José dos Santos Braga 
 
Pe. Almir de Rezende Aquino (foto de 1950)

 
I. INTRODUÇÃO
 
Vamos aqui falar de outros tempos, do final do 1º meado do século XX. O jornal são-joanense DIÁRIO DO COMÉRCIO reservava então uma coluna para temas católicos. Era a muito visitada COLUNA CATÓLICA. Essa coluna, nos dias 03/04/1948 e 12/05/1948 respectivamente, anunciava que a Paróquia da Matriz de N. Sra. do Pilar teria novo vigário, o Rev. Pe. Almir de Rezende Aquino e que daria início no dia seguinte (13/05/1948) ao Tríduo Eucarístico da paróquia, em preparação ao 5º Congresso Eucarístico Nacional de Porto Alegre. 
 
NOVO VIGÁRIO 
 
Chegou sábado à noite (03/04/1948), pelo trem da Rede, o rev. padre Almir de Resende Aquino ¹, novo vigário da paróquia de N. Senhora do Pilar. O ilustre sacerdote conterraneo teve festiva recepção pelo mundo católico sanjoanense. 
S. Revª, que substitui o estimado rev. padre dr. Mário de Faria, empossou-se no elevado cargo na missa paroquial de domingo último (04/04/1948), falando nessa ocasião o padre Mário transmitindo-lhe a vigararia e agradecendo a saudação o rev. padre Almir. 
A noite, antes da solenidade dominical, ocupou a tribuna sagrada para saudar o novo pároco o rev. monsenhor José Maria Fernandes, o que fez em brilhantes e eloquentes palavras. 
 
Fonte: DIÁRIO DO COMÉRCIO, São João del-Rei, Ano XI, nº 3.049, de 06/04/1948
 
 
Na p. 4, do referido jornal do dia 13/05/1948, tomamos conhecimento de que consistia o Tríduo Eucarístico Paroquial. 
 
DIA 13 DE MAIO 
 
Em comemoração do 100º aniversario da fundação da Associação das Filhas de Maria Imaculada 
Às 6 hs. — Veni Creator, etc. — Abertura do Tríduo — Santa Missa da Oitava da Ascensão de N. S. Jesus Cristo por intenção da Associação das Filhas de Maria — Comunhões pela mocidade sanjoanense.
Às 16 hs. — Sessões de estudos no salão da Casa Paroquial (Programa especial). 
 
SESSÃO SOLENE 
 
Às 19 hs. — Na Matriz de Nossa Senhora do Pilar, dar-se-á a primeira sessão solene do Tríduo Eucarístico Paroquial sob a presidencia do Revmo. Snr. Pe. Osvaldo da Fonseca Torga, Prefeito Municipal. Após a Sessão Solene, Benção Solene do SS. Sacramento. 
I — Orquestra "Lira S. Joanense" sob a regencia do Maestro Fernando Caldas.
I — Abertura da sessão. 
III — Saudação ao SACERDOTE — Dr. Elpidio Antonio Ramalho. 
IV — Hino das Vocações Sacerdotais. 
V — Poesia. 
VI — Hino Eucaristico e orquestra. 
VII — Côro polifonico de meninas — Profª Carlota E. Carvalho. 
VIII — Conferencia: A EUCARISTIA - o maior dom do Amor de Deus a humanidade, pelo Revmo. Snr. Pe. Mario Quintão, d.d. Capelão do Colegio Imaculada Conceição de Barbacena. 
IX — Encerramento e Hino Nacional. 
X — Orquestra. Benção Solene do SS. Sacramento. Fim: Hino oficial do Congresso Eucarístico de Porto Alegre. 
 
Comentário do autor: Mesmo que essas práticas não fossem diárias, é inegável que elas favoreciam uma vida de recolhimento e meditação. 
 
 
II. APONTAMENTOS SOBRE A PRESENÇA DE MONSENHOR ALMIR DE REZENDE AQUINO COMO PÁROCO DA ENTÃO MATRIZ DE NOSSA SENHORA DO PILAR
 

Quando se inicia o mês de Maio em São João del-Rei, os da velha guarda, comovidos, lembramo-nos com muito carinho e saudade de Monsenhor ALMIR DE REZENDE AQUINO, querido pároco da então Matriz de Nossa Senhora do Pilar de sua terra natal de 4/4/1948 a 13/1/1967

Relembra José Lourenço Parreira, no seu Evangelho Cotidiano de hoje (1º de maio): 

“Circundada por montanhas e cortada ao meio pelo lendário Córrego do Lenheiro, São João del-Rei conhece, em maio, as fortes neblinas e baixa temperatura. Lembro-me, criança com pouco mais de 8 anos, ao lado de minha saudosa irmã, Luzia, que de manhã cedinho, cinco horas ou cinco e meia, saía da Matriz de Nossa Senhora do Pilar, a procissão cantando a Ladainha de Nossa Senhora em latim. Ao retornarmos, assistíamos a Santa Missa, também, em latim. (...)”  

No Ano Nacional Mariano de 2017, celebrando o 3º Centenário do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, a Paróquia da Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar da Diocese de São João del-Rei houve por bem, dentro da programação das solenidades da Semana Santa de 2017, nos seguintes termos, prestar 

homenagem ao Revmo. Sr. Monsenhor Almir de Resende Aquino, na passagem dos 100 anos de seu nascimento; grande promotor da solenidade da Semana Santa, destacando-se seu zelo e admiração pelas nossas mais solenes tradições locais, quando Pároco da então "Matriz do Pilar", de 1948 a 1967. 
Descanse em paz!

Se estivesse entre nós, Monsenhor Almir teria completado 104 anos no dia 24 de fevereiro de 2021. Em nome dos historiadores e pesquisadores quero dizer que reverenciamos a memória desse ilustre são-joanense que tantas benemerências trouxe ao arquivo paroquial e à cidade de São João del-Rei.

Em 12 de outubro de 1951, o pároco da então Matriz de Nossa Senhora do Pilar conseguiu a declaração pontifícia de Nossa Senhora do Pilar como Padroeira canônica e litúrgica da primeira Matriz e primeira Paróquia da cidade e do Município de São João del-Rei. (...) 

[CINTRA, 1982, 29] em 12/01/1954 registra ter sido exarado "Breve Pontifício delegando faculdade ao Arcebispo de Mariana para coroar a imagem de N. Sra. do Pilar em nome e com autorização de S. Santidade Pio XII." 

No dia 10/10/1954, dia da festa da Coroação Pontifícia de Nossa Senhora do Pilar, concluído o Pontifical, D. Helvécio, em nome e com autoridade de Pio XII, impõe a coroa de ouro na citada imagem, principal padroeira da Cidade e do Município de S. João del-Rei, por força do Breve Pontifício de 26/1/1951. 

Foi o Monsenhor Almir que, em 1954, pediu autorização ao então Papa Pio XII para coroar a imagem de Nossa Senhora do Pilar em nome dele. O Papa nomeou como seu representante Dom Helvécio Gomes de Oliveira, na época arcebispo de Mariana, que coroou a imagem,  

relembra comovido o atual pároco Pe. Geraldo Magela da Silva em entrevista concedida ao jornal local Gazeta de São João del-Rei

É importante destacar que a Diocese de São João del-Rei só foi instalada a 6 de novembro de 1960, ocasião em que a antiga Matriz (de Nossa Senhora do Pilar) foi elevada à condição de Catedral, tendo na mesma data sido conferida posse canônica a Dom Delfim Ribeiro Guedes, primeiro bispo da Diocese de São João del-Rei, tendo o Cônego Almir, na qualidade de secretário ad-hoc, redigido a ata referente a essa cerimônia. 

A 3/9/1961, realiza-se a instalação do Cabido da Igreja-Catedral da Diocese de S. João del-Rei. De acordo com a Bula Pontifícia lida na ocasião, Cônego Almir foi empossado na dignidade de arcediago do Cabido da Igreja-Catedral da Diocese. 

A 9/2/1963, o Papa João XXIII confere ao Cônego são-joanense Almir de Rezende Aquino, pároco de Nossa Senhora do Pilar, o título de monsenhor, por ter sido um dos maiores batalhadores em prol da Coroação Pontifícia da imagem da Virgem do Pilar e da criação da Diocese de S. João del-Rei. 

Ainda, nos últimos tempos como pároco da Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar, Monsenhor Almir, tomado pela devoção à Virgem do Pilar, teve a ideia de remodelar o entorno da capela do Senhor do Bonfim, erigindo lá no alto da colina um altíssimo pilar encimado com a imagem da padroeira da cidade e do Município de São João del-Rei, concretizado em 2 de janeiro de 1967 e bento por seu idealizador no dia 12 de outubro do mesmo ano. 

Pilar com a imagem de Nossa Senhora do Pilar, padroeira da cidade e do Município de São João del-Rei, elevado no dia 02/01/1967 e inaugurado em 12/10/1967 pelo Monsenhor Almir de Resende Aquino

 

Finalmente se devem a Monsenhor Almir a restauração e conservação dos preciosos arquivos da Matriz do Pilar, cujos livros e registros guardam elementos importantíssimos para a história de Minas Gerais e de S. João del-Rei. 

 

III. NOTA  EXPLICATIVA

 

¹  Pe. Almir de Resende Aquino (⭐︎ 24/02/1917, São João del-Rei  ✞ 31/08/2001, Carmópolis de Minas) realizou brilhante pesquisa intitulada TRAÇOS BIOBIBLIOGRÁFICOS DE JOSÉ SEVERIANO DE REZENDE, publicada na 30ª e última edição do jornal A COMUNIDADE, órgão da Prefeitura Municipal, que foi reproduzida in http://saojoaodel-rei.blogspot.com.br/2015/07/tracos-biobibliograficos-de-jose.html 

 

III. BIBLIOGRAFIA

 

CINTRA, Sebastião de Oliveira. Efemérides de São João del-Rei. v. II, – 2. ed. – Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1982, 622 p. 
 
DIÁRIO DO COMÉRCIO, São João del-Rei, edições de abril e maio/1948.