terça-feira, 11 de maio de 2021

8 de maio de 1945: DIA DA VITÓRIA


Por José Lourenço Parreira 
 
HOJE, O DIA DA VITÓRIA (Correio da Manhã-RJ, edição de 08/05/1945)
 
No claro-escuro do caminhar na história nesta vida, celebramos hoje, dia 8 de maio de 2021, o Dia da Vitória! 

O século XX entrou para a história como aquele que viu surgir dois monstros assassinos que levaram a morte às nações, ceifando milhões de vidas: o nazismo e seu irmão siamês, o fascismo! 

Por ter sido covardemente atacado em seu litoral pelo inimigo nazi-fascista, o Brasil declarou guerra às nações que haviam se unido contra o mundo, desencadeando a Segunda Guerra Mundial. Submarinos alemães afundaram 31 navios mercantes brasileiros e um de guerra, acarretando a morte de 374 tripulantes e 398 passageiros, inclusive idosos e crianças! Uma Unidade de Artilharia inteira e seus familiares, a bordo do navio de passageiros Baependi, e todos os demais foram mortos porque esse navio foi um dos torpedeados pelo inimigo! 

Em 2 de julho de 1944 ocorreu a viagem do primeiro contingente da Força Expedicionária Brasileira, sob o comando do general Zenóbio da Costa. O país entrou oficialmente na guerra e a cobra fumou”.
 

Inimaginável foi o esforço de guerra para mandarmos vinte e cinco mil combatentes à Itália, em 1944.

O Comandante da Força Expedicionária Brasileira foi o General João Batista Mascarenhas de Moraes. 

Em 1937, pouco antes de ser promovido a General, como brilhante Coronel, Mascarenhas de Moraes comandou a gloriosa 9ª Região Militar, sediada em Campo Grande, no atual Mato Grosso do Sul.  

Compondo a Força Expedicionária Brasileira (FEB), partiram quatro mil homens do 11º Regimento de Infantaria, hoje 11º Regimento de Infantaria de Montanha ou 11º BI Mth ("Regimento Tiradentes"). 

Antes de seguirem para o teatro de operações de guerra na Itália, os soldados assistiram à Santa Missa celebrada para o Regimento, em que o Monsenhor José Maria Fernandes, disse, dentre outras sentenças, no seu Sermão: 

... O Soldado protege a honra nacional, protege a Pátria. E a Pátria o que é? A Pátria é o passado glorioso onde brilham figuras como Tiradentes, os Bonifácios, os Caxias, os Osórios... 
O Exército dá exemplos de virtudes cívicas e morais. O Soldado pratica a humildade na obscuridade.... 
São João del-Rei sabe que os Soldados do seu Regimento são valentes, não voltarão as costas ao inimigo e trarão como provas do seu valor, as cicatrizes das batalhas..... 
No dia 8 de maio de 1945, o General Mascarenhas de Moraes, proclamou a nossa vitória nos seguintes termos: 
A ORDEM DE CESSAR FOGO ACABA DE SER DADA A TODAS AS TROPAS QUE COMBATEM NA ITÁLIA. GLÓRIA A DEUS NAS ALTURAS E PAZ ENTRE OS HOMENS DE BOA-VONTADE NA TERRA!
Era noite quando a notícia chegou a São João del Rei. Conforme relato do memorialista Capitão Benigno Parreira, Maestro da Orquestra Lira Sanjoanense, todos os templos católicos da cidade abriram suas portas, ao som do festivo bimbalhar dos sinos! A FEB escrevera, com sangue e heroísmo, indelével página em defesa da honra da Pátria e glória para o Brasil. Basta citar a rendição ao Brasil da 148ª Divisão Alemã e de parte da 90ª Divisão Motorizada alemã e da Divisão Itália: cerca de 14.779 homens, 4.000 cavalos, 1.500 veículos a motor, 80 canhões! Fato rememorado por nós, no dia 28 de abril, com a Batalha de Fornovo di Taro, glória do Regimento de Caçapava! 

Conforme o historiador, polemólogo, advogado, Luiz Eduardo Silva Parreira, citando Frank McCann, historiador americano, o Brasil foi convidado pelo Comando Aliado a marchar em direção à Áustria e nela permanecer como tropa de ocupação. 

Dispúnhamos de 10.000 homens para efetuarmos essa ocupação. 

Não sabemos o porquê de o Brasil ter-se abstido de ter mais essa glória na sua História, na Segunda Guerra Mundial. Que pena! 

 

A HISTÓRIA DA MÃE DE ARLINDO 

 

Em pleno combate, três brasileiros do 11º Regimento de Infantaria se destacaram pelo seu heroísmo. Não se sabe o que houve. O testemunho de sua bravura foi encontrado numa cruz que o inimigo deixou sobre a sepultura deles com a inscrição em alemão: “DREI BRASILIANISCHE HELDEN

AQUI JAZEM TRÊS HERÓIS BRASILEIROS. 

São eles: Geraldo Baeta da Cruz, Arlindo Lúcio da Silva e Geraldo Rodrigues de Souza. 

À entrada do Regimento Tiradentes, à esquerda de quem entra, há um monumento composto de 4 pedras, guarnecendo um belo jardim, ao lado de um fuzil fincado ao solo com um capacete de aço, símbolo da morte ocorrida em combate. Nas pedras individuais frontais foi colocada uma placa com o nome dos "três heróis brasileiros".

 
Placa comemorativa no 11º BI Mth






Crédito pela imagem: Pedro Paulo Torga da Silva
 

 

RETORNO TRIUNFANTE DA FEB 

 

Quando o Regimento voltou a São João, toda a população, em festa, foi para as ruas. Armou-se um Arco do Triunfo! 

Lá do morro, conhecido como Morro da Forca, viera uma senhora, muito pobre e que sobrevivia lavando roupas dos soldados - efetivo de guerra... Com lágrimas no rosto, aquela mulher pobre ficara louca! Tudo o que ela sabia fazer era mostrar o retrato do seu único filho. 

Viúva, ela vira seu filho, o ARLINDO, partir para a guerra. Ao saber que ele estava morto, a punhalada foi forte demais para seu solitário coração materno: ficou louca! 

O que essa mãe nunca soube é que seu filho ARLINDO é um dos três brasileiros que o próprio inimigo chamou de HERÓI

Uma banda heavy metal sueca, Sabaton, há alguns anos, prestou homenagem aos Três Heróis Brasileiros. Caso o leitor queira ouvi-la na sua bela página musical, eis o vídeo no YouTube, intitulado Sabaton - Smoking Snakes (legendado). 

Link: https://www.youtube.com/watch?v=1M7sUCElJK0


9 comentários:

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...
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Heitor Garcia de Carvalho (graduado em Pedagogia pela Faculdade Dom Bosco (1968), mestre em Educação UFMG (1982), Ph.D em Educational Technology - Concordia University (1987 Montreal, Canada); MBA Gestão Tecnologia da Informação, Fundação Getúlio Vargas (2004); pós-doutorado em Políticas de Ensino Superior na Faculdade de Psciologia e Ciências da Informação na Universidade do Porto, Portugal (2008); professor associado do CEFET-MG) disse...

Muito importante comemorar!!!!
Que não se repita o horror da II Guerra, do Nazismo e do Fascimo..

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...



No dia 8 de maio de 1945, portanto há 76 anos atrás, o mundo ocidental celebrava o Dia da Vitória que anualmente é relembrado como o fim da Segunda Guerra Mundial, com a derrota da Alemanha Nazi e a vitória do grupo de países conhecidos por Aliados. Na mesma data, chegava ao fim o terrível período de seis anos que durou a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), com a derrota dos nazistas que dominavam grande parte do continente europeu na época.

A Rússa celebrou no último dia 9 de maio o 76º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazista, principal feriado do país (em russo: День Победы).

O mundo ocidental, especialmente os Estados Unidos da América, ainda celebra o V-J Day, data que marca a grande vitória sobre o Império do Japão durante a Segunda Guerra Mundial, em 15 de agosto de 1945.
No presente trabalho, o colaborador JOSÉ LOURENÇO PARREIRA novamente participa do Blog de São João del-Rei com matéria empolgante sobre os Três Heróis Brasileiros (Drei Brasilianische Helden), intitulada 8 de maio de 1945: DIA DA VITÓRIA.

https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2021/05/8-de-maio-de-1945-dia-da-vitoria.html

Cordial abraço,

Francisco Braga

Gerente do Blog de São João del-Rei

Prof. Cupertino Santos (professor aposentado da rede paulistana de ensino fundamental) disse...

Caro professor Braga
Tão triste quanto a tragédia das milhares de vítimas brasileiras, direta ou indiretamente afetadas pela catástrofe humanitária que foi a última Grande Guerra, ou comparativamente pior que esta, é também a que vivemos neste momento, a depender ainda de cálculos e evidências. Há, entretanto, fortes suspeitas de que o chamado "Negacionismo" nesta Pandemia, propagado por setores "seduzidos" por uma forma atualizada de "Nazifascismo" em nossa sociedade, poderá estar relacionado a uma política que terá agravado o quadro horroroso do mortícinio que se verifica no Brasil.
Excelente e oportuna rememoração.
Cupertino

Eudóxia de Barros (insigne pianista, concertista e membro da Academia Brasileira de Música) disse...

Excelente!
Obrigada, cordial abraço,
Eudóxia.

Frei Joel Postma o.f.m. (compositor sacro, autor de 5 hinários, cantatas, missas e peças avulsas) disse...

Olá, Francisco e Rute!
O Senhor ilumine bem as mentes do nosso povo nas próximas eleições!
Paz e Bem, amigos!

Unknown disse...

Preciosas informações.
Eu não sabia da história dos três soldados mortos e condecorados.Muito menos da pobre mãe de um deles enlouquecida pela dor. Maria Auxiliadora Muffato

Mario Pellegrini Cupello disse...

Mario Pellegrini Cupello, Arquiteto, Escritor, Presidente do Instituto Cultural Visconde do Rio Preto, na cidade de Valença RJ; Membro Correspondente do IHG e da Academia de Letras de São João del-Rei; Membro Correspondente da Fundação Oscar Araripe, em Tiradentes, disse:

Caro amigo Braga
Nossas felicitações ao colaborador de seu Blog, José Lourenço Parreira, pelo importante trabalho memorialista, “Três Heróis Brasileiros”, bem como a você pela divulgação deste fato histórico.
Por se tratar de heróis de guerra, peço licença ao amigo Maestro Braga, para reportar aqui a participação de soldados de Valença RJ no palco de operações militares na Itália.
Na época da 2ª Guerra Mundial, mais de uma centena de soldados valencianos – do 1º Batalhão de Saúde Expedicionário – saíram de Valença RJ em direção ao Rio de Janeiro, para se juntarem ao efetivo militar que o Brasil enviou à Itália, onde foram incorporados ao V Exército dos EEUU.
Não obstante as batalhas sangrentas que lá ocorreram, muitos de nossos jovens, felizmente, retornaram e como heróis. Poucos tombaram em solo italiano.
Em artigo de minha autoria, veiculado pela “Revista Chafariz, Fonte de Informação” (Ano II nº 05 de dez/1992), editada em Valença RJ – em que eu e minha esposa Elizabeth éramos seus Redatores – publiquei um trabalho sob o título “Força Expedicionária Brasileira na II Guerra – Participação de Valença” (págs. 12 a 17) relatando: desde os antecedentes históricos que motivaram a participação do Brasil no cenário de operações militares na Itália; passando pela formação e importância da Força Expedicionária Brasileira; e contando um pouco do histórico daquela guerra e de seus heróis. Em um trecho desse trabalho falei sobre a “Participação de Valença na FEB”:
(...) “Embora a Portaria Ministerial que criou a 1ª DIE (Divisão de Infantaria Expedicionária) fosse de agosto de 1943, o enquadramento efetivo da FEB só ocorreu em 07.10.1943, quando foi designado como seu comandante, o General de Divisão João Batista Mascarenhas de Moraes. A participação de Valença na formação desse contingente militar, deu-se na área da Saúde, uma vez que o 1º Batalhão de Saúde – proveniente das Formações Sanitárias (1ª e 2ª) das cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo – foi organizado na cidade de Valença RJ, na 1ª Formação Sanitária, então sediada no local onde hoje se encontra instalado o 1º Esq de Cavalaria Leve – Esquadrão Ten Amaro. O 1º Batalhão de Saúde, que integrou a FEB, era composto de três Companhias e contava com um efetivo de cerca de 600 homens (entre eles 150 valencianos) que aqui receberam os primeiros treinamentos. (...)
Em realidade, honra-nos saber que “Esquadrão Tenente Amaro”, é a única Organização Militar de Cavalaria do Exército Brasileiro que participou da 2ª Guerra Mundial e a única, hoje, de concepção leve. Seu nome histórico é uma homenagem ao 2º TENENTE AMARO Felicíssimo da Silveira, tombado em combate durante a Segunda Guerra Mundial. Na área onde hoje se situa o “Esquadrão Ten Amaro”, em Valença RJ, encontra-se o excelente e histórico “Museu Cap Plínio Pitaluga” que possui um vasto acervo sobre a Força Expedicionária Brasileira (FEB), na 2ª Guerra Mundial. Vale a pena visitar.
Valença homenageou nossos heróis de guerra, não só com uma “Associação de Ex-Combatentes”, como denominando dois logradouros públicos: Rua Expedicionário Arlindo dos Santos e Rua Cabo Fleury Silva.
A bravura dos soldados brasileiros que defenderam o nosso País, sua soberania, a liberdade de seu povo e a honra de seu Exército, arriscando suas vidas pela liberdade mundial, deve ser amplamente divulgada para que as novas gerações tenham conhecimento dessa história, e reverenciem a memória destes valorosos guerreiros.
Que esta glória nacional sempre fique viva em nossa lembrança e em nossa gratidão.
Eterna saudação aos nossos Heróis!
Mario Pellegrini Cupello