domingo, 21 de agosto de 2022

CORAÇÃO DE PEDRO VISITA O BRASIL

 

Por JOSÉ CARLOS GENTILI *
 

Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Gabriel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, Dom Pedro I  (Queluz/ Portugal - 12.10.1798 - 24.9.1834)



 
Dia 22 de agosto do corrente ano chegará ao Brasil, vindo de Portugal, o coração do primeiro monarca brasileiro, como parte integrante dos festejos do Bicentenário da Independência. 
 
Permanecerá cerca de uma vintena de dias para visitação em Brasília, no Itamaraty. 
 
Dom Pedro I, mais tarde Dom Pedro IV, do Reino lusitano, constitui-se no mais importante marco independentista da terra brasilis, responsável cívico pelo destemido ato declaratório contra as Cortes portuguesas, que desejavam o retorno do jovem monarca, data que ficou designada como Dia do Fico, celebrada em 9.1.1822.
 
Ao feitio de Caio Júlio Cesar, Cônsul da Província da Gália Cisalpina, ao atravessar o Rubicon, limite da Roma Imperial, afirmou de forma peremptória e desafiadora: alea jacta est (a sorte está lançada), em 11.1.49 (a.C). 
 
O Senado Romano proibia que generais romanos e suas tropas assim procedessem. 
 
A similitude comportamental desses dois futuros imperadores é regida pela coragem, pelo destemor e, sobretudo, pelo amor a valores transcendentais. 
 
O nosso Guatimozim maçônico, a rememorar o último imperador asteca Cuauhtemoc, verdadeiro Ricardo Coração de Leão, foi homem de grandeza estelar, ao afirmar no Paço Real, no Dia do Fico
Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto. Digam ao povo que fico.
Os librianos, seres do signo de Libra (balança), do zodíaco astrológico, são tidos como criaturas empolgadas com as conquistas amorosas, quando o coração prepondera à racionalidade de costumes rígidos. 
 
Dos segredos dos desabridos amores, apenas o fiel escudeiro Chalaça (Franscisco Gomes da Silva) conhecia bem e os levou para o túmulo. 
 
Feliz foi o procedimento do Itamaraty ao estabelecer as tratativas do trazimento do coração gigantesco desse libriano, como parte integrante dos festejos do bicentenário da Independência do Brasil. 
 
Seus ossos integram o Monumento da Independência, em São Paulo, em companhia das Imperatrizes Leopoldina e Amélia de Leuchtenberg. 
 
Ouso sugerir que o Primeiro Mandatário do Brasil, no dia 7 de setembro de 2022, simbolicamente, deposite uma coroa de louros no jazigo do Monumento da Independência. 
 
Memória deve ser algo imperecível no contexto de uma nação, de um povo. 
 
Seja bem-vindo o coração desse personagem que nasceu e morreu em Queluz, mas que viveu intensamente no Brasil. 
 
Salve o Dia da Independência brasileira!
 
José Carlos Gentili, jornalista

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

JUNTO AO TÚMULO DE BENIGNO PARREIRA


Por Francisco José dos Santos Braga 
 
Réquiem ætérnam dona eis, Dómine: et lux perpétua lúceat eis. Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno: e sobre eles brilhe a luz eterna. 
In paradísum dedúcant te Ángeli: in tuo advéntu suscípiant te Mártyres, et perdúcant te in civitátem sánctam Jerúsalem... Que ao paraíso te conduzam os Anjos: à tua chegada te recebam os Mártires, e te introduzam na cidade santa, Jerusalém... (Missa de Réquiem)
 Benigno Parreira, acompanhado de seu irmão José Lourenço Parreira, na Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar, durante a Semana Santa de 2015.

 

Convidado para fazer uso da palavra, nesta data dirigi as seguintes breves e singelas palavras acerca do colega, amigo e músico são-joanense Benigno Parreira, que aos 91 anos de longa existência se entrega às mãos do Criador: 
 
Parece que foi ontem que comparecemos minha esposa Rute Pardini e eu à residência do aniversariante Benigno Parreira para lhe prestarmos nossa homenagem pelo transcurso de seu 90º aniversário, comemorado em 13/02/2021. 
Também esteve presente o Comandante do Regimento Tiradentes, o Ten Cel Sérgio Ricardo Reis Matos, à frente de uns 30 músicos integrantes da Banda do 11º Batalhão de Infantaria de Montanha, da qual o Cap Benigno Parreira era seu “regente honorário”. 
Emocionaram-nos a todos as peças musicais executadas e o discurso do comandante e, especialmente ao homenageado, ouvir “Amigo”, de Roberto Carlos, interpretado pela sua querida Banda. 
 
Quem diria que hoje estaríamos aqui novamente em tristíssimo cortejo fúnebre para acompanhar o corpo de nosso dileto amigo ao Campo Santo, a morada apenas provisória de seus restos mortais, já que sua alma já está sendo recepcionada no céu por seus colegas músicos já falecidos, além dos Anjos e Santos. 
Hoje, forçoso é constatar, São João del-Rei perde um de seus mais ilustres cidadãos, formador e descobridor de talentos musicais, além de arranjador e compositor insigne de marchas para banda, com destaque para sua marcha Saudades (hoje a mais tocada no Estado de Minas Gerais) e para sua autoria do hino oficial do Serviço de Assistência Religiosa (SAREx) do Exército Brasileiro, instituição militar que coincidentemente comemora seu aniversário em 13 de fevereiro, data natalícia de seu patrono Frei Orlando, capitão capelão do Exército Brasileiro, e do próprio Benigno Parreira, além de ser o dia em que, no Calendário Litúrgico da Igreja, se comemora o mártir São Benigno, do qual nosso conterrâneo foi fervoroso e fiel seguidor. 
 
Não poderia eu deixar passarem despercebidas a direção e colaboração do regente e cantor Benigno, aos domingos, nas missas de 8h35min na Igreja de Nossa Senhora do Rosário e das 10h na Igreja de Nossa Senhora das Mercês, integrando a Orquestra e Coro Lira Sanjoanense. 
Memorável também foi a sua participação como baixo solista em várias novenas e ofícios litúrgicos, bem como nos concertos da Sociedade de Concertos Sinfônicos, templo da música sinfônica são-joanense, não só no Theatro Municipal local, mas também noutras cidades mineiras e em outros Estados brasileiros. 
 
Minha mãe Celina dos Santos Braga, já falecida, costumava narrar a passagem de Benigno Parreira junto a ela na sacristia da Igreja de Nossa Senhora das Mercês antes do início da missa dominical das 10h, quando aquela lhe dirigia o respeitoso cumprimento: 
“Maestro, o que o Sr. preparou de bom para nós hoje?” 
Ele, em resposta, citava o repertório previsto para aquele domingo, acrescentando: 
“Para a Sra. vou dedicar tal música (declinando o título da peça).”
Para ela a distinção que recebia do Maestro era motivo de honra e profunda alegria. 
 
Ainda inesquecível para nossa família foi a Missa de Réquiem que Benigno regeu em memória e para o descanso eterno de Gil Amaral Campos, meu estimado cunhado, falecido em dezembro de 1999 em São Paulo e também sepultado aqui, neste cemitério de Nossa Senhora das Mercês.
 
Devo ainda lembrar nesta fala a inesquecível saudação que Benigno fazia a todos os presentes em qualquer reunião, por mais simples que fosse: “A paz de Cristo esteja com todos vocês.” 
Também digno de nossa lembrança era seu cumprimento aos músicos de uma banda ou orquestra e coro, antes de iniciar um ensaio: “Eu confio em Nosso Senhor com fé, esperança e amor.” 
 
Por todas essas razões que guardo em meu coração e, em nome da quase tricentenária Orquestra e Coro da Lira Sanjoanense e da Banda do 11º Batalhão de Infantaria de Montanha, bem como dos familiares e amigos do Cap Benigno Parreira, aqui compareço com vocês para juntos reverenciarmos a memória do Maestro Benigno Parreira e trazermos nosso último adeus a ele que, nesta data, deixa nossa cidade de São João del-Rei órfã de sua presença sempre afável e de seu trabalho profícuo em prol da Música são-joanense. 
Que sua alma alcance a misericórdia divina, caro amigo Benigno Parreira! 
Até breve!


 
II. REFERÊNCIAS  BIBLIOGRÁFICAS

 

BRAGA, Francisco José dos Santos: Homenagem do Regimento Tiradentes aos 90 anos do Capitão Benigno Parreira”, postado no Blog de São João del-Rei em 13/02/2021
 
_____________________________: Missa Festiva pelos 90 anos do estimado Maestro Capitão Benigno Parreirapostado no Blog de São João del-Rei em 17/02/2021
 
___________________________: Homenagens ao são-joanense Capitão Benigno Parreira, postado no Blog de São João del-Rei em 13/03/2014