quarta-feira, 25 de maio de 2016

O CINQUENTENÁRIO DA INAUGURAÇÃO DA EFOM-ESTRADA DE FERRO OESTE DE MINAS


Por Djalma Tarcísio de Assis


Djalma Tarcísio de Assis (☆ São João del-Rei, 14/01/1910 ✞ 21/08/1993)


Um acontecimento que não passou despercebido, foi o Cinquentenário da inauguração da EFOM, cujo programa, planejado e executado pelos sanjoanenses, constituiu-se num preito de mais justa e significativa homenagem aos conterrâneos, operários construtores dessa empresa que continua sendo grande parcela responsável pelo desenvolvimento e progresso de nossa cidade, e do Brasil.

A direção da Estrada, colaborando, concedeu durante o período das comemorações um desconto de 50% nas passagens de ida e volta, cuja validade se estendia de 23 a 27, ida, e de 29 de agosto a 5 de setembro para volta.

Dia 27 de agosto, em trem especial, chegou à nossa cidade o Dr. José Bretas Bhering, Diretor da EFOM e sua comitiva e entre outras pessoas, estavam Dona Odila Garcia de Lima, Marianita Neves, Ofélia Veloso Novais, saudando os visitantes o Sr. Mozart Novais.

Na Estação local, mais de 3 mil pessoas aguardavam a chegada da comitiva, que foi saudada pelo Dr. Elói dos Reis e Silva em nome da cidade. Dr. Bretas Bhering hospedou-se na casa do Dr. Augusto Viegas.


Estação da EFOM de São João del-Rei em 1931 - 
Crédito pela cessão da imagem: historiador Silvério Parada


DIA 28 DE AGOSTO (DE 1931)

Dia 28 de agosto, tiveram início as solenidades, com Missa festiva na Igreja de São Francisco, e grande orquestra, sendo celebrante Monsenhor Felisberto Edmundo da Silva, seguindo-se uma visita aos Mausoléus dos primeiros diretores da EFOM, falando em nome dos ferroviários o Sr. Antônio Raposo.

Uma imponente parada escolar, com mais de 3.500 alunos, se realizou em homenagem ao Dr. Noraldino de Lima, Secretário da Educação, convidado especial, falando no momento o Prof. Antônio Avelar, que o representou.

Notícias de 50 anos da EFOM em São João del-Rei em 1931 / 
Crédito pela cessão da imagem: historiador Silvério Parada

Em seguimento, na Estação realizou-se a inauguração de uma placa comemorativa, falando o Dr. Fausto das Neves, Presidente da Comissão de festas.

No jardim da av. Rui Barbosa, em prosseguimento ao programa, procedeu-se a inauguração do busto de Antônio Francisco da Rocha, oferta dos ferroviários à cidade, discursando o operário Eduardo Câncio. ¹

Em nome da municipalidade falou o Dr. Augusto Viegas, agradecendo a homenagem o Dr. Leite de Castro, genro do homenageado.

Descerraram o pano que encobria o busto, o Dr. Bretas Bhering, Dr. Leite de Castro, e os dois mais antigos operários da Estrada, Srs. Manoel Rola e Felipe Marquetti.

Presente uma compacta massa de mais de 6.000 assistentes na av. Rui Barbosa, um soberbo e esplêndido programa sinfônico foi executado por músicos da cidade Belo Horizonte, com mais de 130 exímios professores, vivamente aplaudidos.

Gôndolas venezianas no 50º aniversário da EFOM em São João del-Rei
 em 1931 / Crédito pela cessão da imagem: historiador Silvério Parada

Como fecho dos festejos populares nessa noite, seguiu-se uma festa veneziana. À altura da queda d’água, abaixo da Prefeitura fizeram uma represa com sacos de areia, inundando toda a área debaixo da ponte da Cadeia. Barcos com lanternas coloridas deslizavam mansamente pelas águas. Nas margens laterais, toda decorada com lanternas davam o cunho veneziano e o povo delirava com estes festejos, seguindo-se grande queima de fogos de artifício.

Na sede do Athletic Club que recebeu uma decoração especial, foi oferecido pela Prefeitura um banquete aos Drs. Caetano Lopes e Bretas Bhering servido por senhoritas de nossa sociedade, participando os homenageados e mais os Drs. Paes Leme, David Mourão Nascimento Teixeira, J. D. Leite de Castro, representantes dos municípios vizinhos e mais autoridades; oferecendo o banquete, falou Dr. Elói dos Reis e Silva, agradecendo o Dr. Bretas Bhering. O brinde de honra foi levantado pelo Sr. Nascimento Teixeira ², em honra ao Interventor Dr. Olegário Maciel.

Após o banquete, no suntuoso salão da Prefeitura, luxuosamente ornamentado, a alta sociedade sanjoanense recebeu os ilustres visitantes para um animado baile que se prolongou alta madrugada.

DIA 29 DE AGOSTO (DE 1931)

Em vários especiais da Estrada, mais de 3.000 pessoas foram conduzidas, às 10:00 horas, para a casa de Pedra, onde se realizou um delicioso convescote.

Às 12:00 horas: – Parte esportiva no campo do Esparta.

Às 22:00 horas, o Clube Artur Azevedo apresentou um belíssimo espetáculo no Teatro Municipal, estando presente toda a administração da Estrada. ³

 DIA 30 DE AGOSTO (DE 1931)

Os festejos prolongaram-se pelo dia 30 de agosto e na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, às 9:00 horas, foi celebrada a Santa Missa, com acompanhamento de grande orquestra.

Um programa de visita aos templos, estabelecimentos de ensino e indústrias ocupou a parte da manhã.

Às 15:00 horas, no campo do Athletic Club, houve uma disputa entre esse time e o time do Atlético de Belo Horizonte.

Outro concerto sinfônico, pela Sociedade de Concertos Sinfônicos , se realizou às 19:00 horas, no Teatro Municipal, como espetáculo de gala. Como fecho do programa das comemorações, o Athletic Club ofereceu em seus salões um animado baile.

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Em vários coretos montados na Av. Rui Barbosa, as nossas bandas e de cidades vizinhas, durante as três noites, executaram peças musicais.


Participaram de várias comissões, entre outros, os Srs. Dr. Fausto das Neves, Dr. José Vítor Barbosa, Dr. Antônio Viegas, José de Assis Sobrinho, Dr. Elói dos Reis e Silva, Dr. Carlos Velasco, Octávio Neves, Felipe Marquetti, Eduardo Câncio, Antônio Raposo.

FonteJORNAL DO COMÉRCIO, órgão oficial da Associação Comercial, Ano IV, 28/08/1981, Edição Especial , São João del-Rei, p. 3 


II.  COMENTÁRIOS POR FRANCISCO JOSÉ DOS SANTOS BRAGA
Comemoração dos 50 anos da inauguração da EFOM em São João del-Rei



¹  [CINTRA, 1982: 359] relata: 
"Inaugura-se, festivamente, na Av. Rui Barbosa o busto de Antônio Francisco da Rocha, um dos mais operosos da Estr. de Ferro Oeste de Minas. Foi oferecido à Cidade de S. João del-Rei pelo funcionalismo da citada ferrovia." 
²  Trata-se do Prefeito Municipal José do Nascimento Teixeira, cuja atuação política em São João del-Rei é unanimemente admirada. Por exemplo, [CINTRA, 1994: 192-3] registra que 
"Em decorrência de acordo político para a pacificação política de São João del-Rei, foi eleito a 17/04/1927 para integrar a Câmara Municipal, sob a presidência do Dr. Antônio de Andrade Reis. Depois exerceu a vice-presidência da Câmara e os cargos de Prefeito e Vereador, atividade político-administrativa que se encerrou a 10/11/1937, quando se implantou no Brasil a ditadura getuliana. (...)  
Dr. Antônio Fernandes Pinto Coelho, Juiz de Direito da Comarca, a 19/12/1930 empossou Nascimento Teixeira no cargo de Prefeito Municipal de São João del-Rei. A 30/01/1931 o Prefeito citado assinou o Decreto nº 1, nomeando Carlos Luiz Guedes, Alfredo Luiz Ratton, José de Assis Sobrinho, Dr. Eloi Reis e Silva e Geraldo Ribeiro de Resende para constituírem o Conselho Administrativo da Prefeitura de São João del-Rei. (...)"
³  [GUERRA, 1968: 180] registra na data de 29/8/1931: 
"Pelo CLUBE TEATRAL ARTUR AZEVEDO, como parte do programa oficial da comemoração do 50º aniversário da fundação da Estrada de Ferro Oeste de Minas. Notava-se a presença da administração da Rêde, autoridades estaduais, municipais, eclesiásticas e federais. Foi representada a deslumbrante ópera-cômica de J. Pevel e A. Liorat, em tradução livre de Moreira Sampaio, com música de autoria do maestro Luiz Varney, intitulada O AMOR MOLHADO, com Aura Nogueira, no papel de Carlo (Príncipe de Siracusa) – Glorinha Osório, na Princesa Laureta – Juca Lopes, no Pampinelli, – Alberto Nogueira, no Ascânio – Francisco Veloso, no Cascarino. Tomaram parte ainda as amadoras Conceição Leal, Ruth Neves, Marta Ribeiro, Cleusair Monteiro, Isaura Sena, Dagmar Gomes, Dulce de Oliveira. Guarda-roupa confeccionado especialmente para a peça, pela modista Mme. Carolina Nogueira. Maquinaria de Américo Teixeira e Diógenes Rodrigues – Efeitos de luzes de João Fabiano e Braz Beraldo. Orquestra de 20 professôres sob a regência do maestro Antônio Albuquerque." 

[GUERRA, 1968: 180-1] registra na data de 30/8/1931: 
"A SOC. DE CONCERTOS SINFÔNICOS dedica seu 6º concerto ao Sr. Dr. Caetano Lopes e Dr. José de Bretas Bering, ilustres diretores da E. de Ferro Oeste de Minas, em seu 50º aniversário de inauguração, com um escolhido programa em grande orquestra com regência dos maestros João E. Pequeno e Tenente João Cavalcanti."  

⁵  Esta histórica Edição Especial do Jornal do Comércio, em 28 de agosto de 1981, foi dedicada a homenagear o Centenário da Inauguração da EFOM-Estrada de Ferro Oeste de Minas e devidamente patrocinada pela Associação Comercial e Industrial de São João del-Rei, cuja presidência era ocupada exatamente por Djalma Tarcísio de Assis. Este, seguindo seu tino de historiador, fez a pesquisa acima, descrevendo as festividades que transcorreram por ocasião do Cinquentenário da Inauguração da EFOM, isto é, exatamente 50 anos antes.


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Passo agora a reproduzir a 1ª página da histórica Edição Especial datada de 28/8/1981:


A nossa homenagem aos construtores da EFOM
Nas comemorações do Centenário da Estrada de Ferro Oeste de Minas, a Associação Comercial e Industrial de São João del-Rei rende um tributo de homenagem aos construtores desta grandiosa obra, orgulho do povo de São João del-Rei.

A Diretoria

Djalma Tarcísio de Assis, Presidente; Edison Baeta Barbosa, 1º Vice-Presidente; Olavo Chitarra, 2º Vice-Presidente; Ney Braz Reis, 1º Secretário;  Cleto Pellegrinelli, 2º Secretário; Antônio R. Haddad, 1º Tesoureiro; Jorge Haddad, 2º Tesoureiro; José Walter Vieira, Procurador; Ignácio Zózimo de Castro, Bibliotecário; João Bosco Dangelo Alves, Dir. Social; Carlos de A. Costa, Dir. Patrimônio; Ibrahim G. Tayer, Dir. Rel. Públicas; William José El-Corab, Diretor SPC; Eduardo de Araujo Brito, Redator.
Conselho Fiscal: Jamil Tufik Resgalla, Moacyr Guimarães, Antônio de Souza, Airton Melo, Jesus Murilo da Silva, João Bosco Isaac.

A Associação Comercial e Industrial de S. João del-Rei, agradece ao Ministro Dr. Eliseu Resende a instalação do Museu Ferroviário

ADMINISTRAÇÃO DA RFFSA EM S. JOÃO DEL-REI
Engenheiro Residente – RCV 8.3 e da Inspetoria de Tração – IRT 3.3 Dr. Antônio Furtado de Oliveira Neto
Supervisor Grupo Administrativo RCV 8.3 – Vicente Fernandes Rodrigues
Agente de Administração – Djalma de Souza
Agente de Administração – José Santana Marques
Supervisor Grupo Administrativo – Vitório Montrezor Filho
Agente de Administração – Antônio Rios, Guilherme Pereira Carriço
Chefe de Estação – Moacir Milton Rabelo
Agente de Estação – Francisco de Paula Júnior
Agente de Estação – Antônio Guedes Rabelo
Agente de Estação – João Araujo
Agente de Estação – José Francisco de Freitas Neto
Agente de Estação – Josino Ramalho do Nascimento
Operador de Telecomunicação – Paulo R. De Miranda
Operador de Telecomunicação – Rubens Raul Rabelo
Operador de Telecomunicação – Itamar Luiz S. Campos
Operador de Telecomunicação – José Alcides da Costa
Supervisor de Estações – Newton Pedrosa
Supervisor de Trem – Geraldo Luiz do Nascimento

Firmas que colaboraram na montagem do Museu Ferroviário
Contrutora Sanjoanense Ltda; Sociedade Mercantil Lombardi; Antonio Agostini e Filhos Ltda; Jacarandá Móveis Ltda; Serraria e Oficina Santo Antonio (Lavras).

Câmara Municipal
A Câmara Municipal de São João del-Rei presta homenagens.

Convivendo, no dia a dia, ano após ano vendo passar dez decênios, quando em 28 de agosto de 1881, aqui chegara a Caravana Imperial de D. Pedro II, puxada pela máquina histórica nº 1 e o vagão especial, para inauguração da Estrada de Ferro Oeste de Minas, trecho Antônio Carlos (Ex-Sítio) a São João del-Rei.


Hoje, 28 de agosto de 1981, a cidade histórica com nova fisionomia comemora essa data festiva com a presença das autoridades federais, estaduais e municipais, e sua Câmara Municipal assim constituída: José Pedro Leite de Carvalho, Presidente da Câmara; Sebastião Otávio de Moura, Vice-Presidente; Fernando Felix Vera Cruz, Secretário; Altamiro Braga, Antônio Fraga, Mário Avila Atiglio Possidonio Giarola, Jorge Salomão, Ranulfo José Ferreira, João Gonzaga Teixeira, Celso Isaac, Antônio Francisco Gonçalves, Renato Macedo Nogueira, Luiz Ezequiel da Silva, Mauro Carlos D’Assunção Figueiredo.

Até aqui reproduzi a 1ª página da histórica Edição Especial datada de 28/8/1981.



III.  AGRADECIMENTO DO COMENTARISTA


Gostaria de deixar registrada minha gratidão aos funcionários do Museu Regional de São João del-Rei por sua colaboração no desenvolvimento da presente pesquisa, quando utilizei o seu acervo de livros, periódicos e revistas.



IV. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA PARA OS COMENTÁRIOS



CINTRA, Sebastião de Oliveira: Efemérides de São João del-Rei, Belo Horizonte: Imprensa Oficial de Minas Gerais, 1982, 2 vol., 622 p.

                   — Galeria das Personalidades Notáveis de S. João del-Rei, [S.l. : s.n.]-FAPEC, 1994, 270 p.

GUERRA, Antônio Manoel de Souza: Pequena História de Teatro, Circo, Música e Variedades em São João del-Rei - 1717 a 1967, Juiz de Fora: Sociedade Propagadora Esdeva-Lar Católico, 1968, 327 p.

JORNAL DO COMÉRCIO, órgão oficial da Associação Comercial, São João del-Rei, Ano IV, 28/08/1981, Edição Especial, 6 pp.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

NOTAS SOBRE O MUNICIPIO DA OLIVEIRA (publicadas em 1882), por Francisco de Paula Leite e Oiticica


Por Francisco José dos Santos Braga




I.  INTRODUÇÃO



O colecionador e antiquário oliveirense José Augusto Oliveira Silva, sabedor de meu pendor por assuntos históricos, oportunizou-me ter em mãos a publicação de "NOTAS SOBRE O MUNICIPIO DA OLIVEIRA" - Organizadas a pedido da câmara do mesmo município e por esta mandadas publicar pelo Bacharel Francisco de Paula Leite e Oiticica - Advogado, natural da Provincia das Alagôas, publicadas em 1882, Rio de Janeiro: Matheus Costa & Cia., Rua da Quitanda 120, contendo 37 páginas.

Buscando na Internet o nome do autor e o título da obra, constatei a não existência de referências a essa obra. Consultando a biografia do autor, como se verá abaixo, constatei que Francisco de Paula Leite e Oiticica de fato estava na cidade de Oliveira na ocasião da publicação de sua obra em questão (1882), mesmo ano em que nasceu seu filho José Oiticica, portanto natural de Oliveira-MG. ¹

Igualmente não consegui localizar qualquer referência à outra obra de sua lavra intitulada "A Lavoura em Minas", cujo conteúdo ele próprio fornece no indigitado trabalho sobre o município "da" Oliveira, reconhecendo [LEITE E OITICICA, 1882, 4] que o opúsculo apresenta "deficiencia e lacunas", mas que seriam "de futuro suppridas com um estudo" mais abrangente : 
"Talvez que a deficiencia e lacunas do presente trabalho, que eu mesmo qualifiquei de "Notas, breves apontamentos", reconhecendo quão incompleto é, sejão de futuro suppridas com um estudo que fiz com o titulo "A Lavoura em Minas", cartas aos agricultores da provincia das Alagôas; esse estudo, escrito para ser publicado em um dos jornaes dessa provincia, não o foi por haver cessado a publicação o jornal a que o remetti, e receio muito tenha se extraviado, sendo-me preciso escrevel-o de novo por uma ruim cópia que me ficou. Então procurarei suprir, embora mal, o muito que ficou por fazer."  ²
De posse desse opúsculo original sobre a cidade de Oliveira, dirigi-me à Biblioteca Municipal Baptista Caetano de Almeida, de São João del-Rei, cujos funcionários providenciaram a sua digitalização e compactação que tornassem possível a leitura virtual por parte dos leitores do Blog de São João del-Rei, da mesma forma que fizeram com as Obras Raras e Antigas da mesma Biblioteca Municipal ³. Do meu especial agradecimento são merecedores os funcionários Elisabeth de Oliveira Braga Aquino, pela digitalização, e Vagner Rodrigues Costa, pela compactação. 


II.  QUEM FOI FRANCISCO DE PAULA LEITE E OITICICA?



Nasceu no engenho de Mandaú, em Santa Luzia do Norte (AL), no dia 2 de abril de 1853, filho de Manuel Rodrigues Leite e Oiticica e Francisca Hermínia do Rego Leite e Oiticica. Diplomado pela Faculdade de Direito do Recife em 1872, com 19 anos, regressou a Alagoas e tornou-se promotor público na comarca de Anadia, tendo sido deputado provincial na legislatura 1874-1875. Passou em seguida um período em Oliveira (MG) como juiz municipal, tendo regressado a Maceió em 1884. Nomeado chefe de polícia interino pelo presidente da província José Moreira Alves da Silva, lançou campanha pela criação de um asilo para os loucos, que até então eram recolhidos em condições desumanas à cadeia pública. O asilo foi inaugurado em 27/03/1887 sob sua direção, e em seguida começaram os esforços para a construção de um prédio próprio. O Asilo Santa Leopoldina seria inaugurado em 10/02/1889. Proclamada a República, foi mais uma vez nomeado chefe de polícia de Alagoas, no governo de Pedro Paulino da Fonseca. Em 15/09/1890 foi eleito deputado por Alagoas ao Congresso Nacional Constituinte, e tomou posse em 15 de novembro. Após a promulgação da Constituição, em 24/02/1891, passou, em junho, a ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados, com mandato até dezembro de 1893. Eleito senador na vaga de Floriano Peixoto (que em novembro de 1893 assumiu a presidência da República), exerceu o mandato de maio de 1894 até janeiro de 1900, tendo participado da Comissão de Finanças do Senado. Quando, em 1906, J. J. Seabra tentou eleger-se senador por Alagoas, Leite e Oiticica rebelou-se contra essa candidatura e apresentou a sua própria, mas o resultado final foi a anulação do pleito.

Cabe ainda mencionar que meu biografado foi pai de José Rodrigues Leite e Oiticica, mais conhecido por José Oiticica (Oliveira, 1882 - Rio de Janeiro, 1957). 

No campo cultural destacou-se pelas seguintes funções que desempenhou:
- membro fundador da Academia Alagoana de Letras, como primeiro ocupante da cadeira nº 38;
- sócio do Instituto Arqueológico e Geográfico de Alagoas, tendo sido seu presidente, de 8/12/1922 até 16/07/1925 ;
- membro da Sociedade Alagoana de Agricultura.

Foi professor catedrático de Alemão no Liceu Alagoano e professor no Liceu de Artes e Ofícios, no Rio de Janeiro.

Escreveu nos seguintes jornais: O Rebate (SP), Diário da Manhã e Diário de Pernambuco (PE), Jornal do Comércio (RJ) e Correio de Maceió (AL).

Além de inúmeros artigos publicados na Revista do Instituto Arqueológico e Geográfico de Alagoas, publicou, entre outros trabalhos: D. Clara Camarão (1877), drama; Pai (s.d.), drama; Discurso pronunciado na sessão comemorativa da emancipação política de Alagoas, em 16/9/1898. Rio de Janeiro: Tip. da Papelaria União, 1898; Manifesto político dirigido aos eleitores do estado de Alagoas para a eleição de uma senador da República, a realizar-se em 1º de setembro de 1906. Rio de Janeiro: Tip. do Jornal do Comércio, 1906; A situação financeira (males e remédios). Rio de Janeiro: Livraria Leite Ribeiro, 1923; "A arte da renda do Nordeste" (Livro do Nordeste, comemorativo do primeiro centenário do Diário de Pernambuco, 1925 (existe uma 2ª edição. Recife: Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, 1967); Messias de Gusmão (discurso pronunciado na Academia Alagoana de Letras sobre o patrono de sua cadeira, na sessão solene de 7/9/1925. Maceió: Casa Ramalho, 1926).   

Faleceu no Rio de Janeiro em 15/7/1927.

[DIÉGUES JR., 2006, 198] relata um fato curioso na vida de Leite e Oiticica: a sua recusa de tornar-se Ministro da Fazenda para manter, no Senado, seus pontos de vista doutrinários em matéria financeira, verbis
"Todos três sobrenomes (Oiticica, Pitanga, Gejuíba) incorporaram-se à descendência, espalhada em engenhos ou propriedades rurais do vale do Mundaú, de Anadia, das vizinhanças, e tiveram sua grande expressão na figura erudita e ilustre do Senador da República Dr. Francisco de Paula Leite e Oiticica, financista, cronista, orador, que como bom Leite Rodrigues, num dos seus assomos de dignidade e altivez, deixou de ser Ministro da Fazenda para manter, no Senado, seus pontos de vista doutrinários em matéria financeira."
Infelizmente o autor não esclareceu quando, onde e a convite de quem se deu isso. É possível imaginar que tudo se passou durante o governo de Floriano Peixoto.


III.  PARTES CONSTITUTIVAS DO TRABALHO



O trabalho é composto dos seguintes tópicos ou "capítulos":

1. Aspecto geral: serras, rios e lagôas, salubridade, mineraes, madeiras, fructas silvestres, animaes silvestres, curiosidades naturaes
2. Historia
3. Topografia
4. População
5. Agricultura, industria fabril, commercio
6. Instrucção
7. Divisão ecclesiastica
8. Obras publicas
9. Distancias


A título apenas exemplificativo, vou tecer comentários aos dois primeiros "capítulos", intitulados Aspecto Geral e Historia. Para maiores informações sobre esses capítulos e os outros, remeto o leitor ao texto original do autor, bastando-lhe clicar no link constante da nota explicativa nº 3 abaixo. Como tudo o que ele escreveu sobre o município de Oliveira desperta interesse e é de alto significado histórico, fica difícil selecionar o que poderia ser mais interessante, para fins de descrição, mesmo considerando que ele próprio se julgue "o menos autorisado para se encarregar do presente trabalho".




IV.  ASPECTO GERAL



O autor esclarece que o município de Oliveira é "montanhoso", basicamente formado de "morros" (portanto, destituído de "chapadões"). O seu terreno em sua maior parte é de campos, que a população aproveita para a criação do "gado vaccum, cavallar e ovelhum", prevalecendo os cerradões,  
"especies de mattas implantadas nos campos, nas abas de algum morro, para sul e oeste, as mattas que fizerão dar o nome ao districto "Carmo da Matta", na freguezia de S. Francisco de Paula, mattas que se estendem pelo districto de Claudio até as margens do rio Pará; são tambem encontradas mattas na freguesia do Japão e parte da do Passatempo." 
Informa ainda neste tópico que "possue o municipio a bacia do Jacaré, formada pelo rio d'este nome que o atravessa de norte a sul, em toda a estensão". 

Além disso, esclarece que 
"parte não pequena do terreno está inutilisada pelos chamados "desbarrancados", grandes excavações e profundissimas, formadas pelas enxurradas que deslocão a terra dos morros e levão-na para a terra, os regatos, ordinariamente em lugares de vallos, outras tantas excavações feitas pelos fazendeiros para cercar os limites destas fazendas e pastos onde não querem que penetrem outros animaes. D'estes desbarrancados ha alguns que têm impedido a viação, tornando-se preciso mudar a estrada." 

Essa é a sua descrição para as atualmente chamadas voçorocas.


V.  HISTORIA




 [LEITE E OITICICA, 1882, 15] inicia o seu tópico denominado Historia com a seguinte observação:  
"Os primeiros colonisadores da provincia de Goyaz, em demanda das paragens das quaes havia noticia de que possuião ouro e brilhantes, abrirão uma picada por onde transitavão as tropas do seu commercio. Attrahidos, não se sabe ao certo, se pela bondade da agua que jorra das suas fontes naturaes, se pela belleza da localidade ou pela salubridade dessa collina, fazião na chapada pequena, formada por tres morros, a leste, norte e sul e uma esplanada a oeste, ponto de pouso às tropas, e denominavão a esse lugar 'a picada de Goyaz'. Os primeiros annos da vida da cidade de Oliveira, séde do municipio, estão envoltos nas sombras de um passado longinquo, do qual resta apenas este nome."   
 E continua: 
"Sabe-se que os arraiaes de Santo Antonio do Amparo, Passatempo e Japão são de data anterior à povoação, primeiro, quando picada de Goyaz, e depois arraial, villa e hoje cidade ¹ da Oliveira, não se sabendo a que attribuir este nome."
A explicação para "a vida e progresso da cidade, que tornou-se depois o centro de povoações visinhas, a séde do municipio e posteriormente cabeça da comarca" foi o "descobrimento de ouro à margem do riacho da Lavrinha", tendo "algumas familias de exploradores avidos de lucro alimentado um commercio para o centro e provindo d'ahi o desenvolvimento que hoje se nota."

A seguir, [LEITE E OITICICA, 1882, 16-17] faz excelente resumo da história da Oliveira, especialmente no que se refere às instituições jurídicas presentes no nascimento da vila, na cidade, bem como na cidade cabeça da comarca do rio Lambary, verbis:

"Elevada a villa pela lei provincial nº 134 de 16 de Março de 1839, teve posse a 8 de Junho de 1840 com as freguezias do Amparo e Passatempo; teve depois, para formar o municipio, os arraiaes de S. Francisco de Paula, S. Antonio do Amparo, Japão, Passatempo e Claudio, outras tantas freguezias, com as povoações da Ermida ou Carmo da Matta e Sant'Anna do Jacaré, que ainda hoje lhe pertencem, e mais a villa, hoje cidade do Bom-successo, e arraiaes de Perdões, Cana-verde e S. João Baptista. O municipio é hoje formado com os arraiaes primeiro mencionados, sendo a cidade cabeça da comarca do rio Lambary unida ao termo de Campo-Bello.  

A cidade da Oliveira, quando elevada a villa, formando o municipio d'este nome, teve como primeiro juiz municipal o bacharel padre João Honorio de Magalhães Gomes, em 1841; seguirão-se-lhe os bachareis: Luiz Francisco da Silva que servio em 1850, Francisco Antonio de Borba Junior, em 1858, Augusto Fausto  Guimarães Alvim, em 1862, Gabriel Caetano dos Guimarães Alvim, em 1863, Benedicto Marques da Silva Acauan, em 1868, Francisco Ignacio Werneck, em 1870, Fernando Leite Ribeiro de Faria, em 1875, o autor do presente estudo que servio de 1877 a 81, estando nomeado o bacharel Antonio Carlos de Castro Madeira que ainda não entrou em exercicio.  

Elevada a comarca do rio Lambary teve como primeiro juiz de direito o bacharel Gabriel Caetano dos Guimarães Alvim que servio de 1868 a 1870, anno em que foi supprimida a comarca passando o municipio para a comarca do rio das Mortes. Restaurada em 1873 teve como juiz de direito o bacharel Miguel Augusto do Nascimento Feitosa de 1873 a 75, bacharel Antonio Luiz Ferreira Tinoco de 1875 a 81, sendo actualmente juiz de direito o bacharel Gabriel Caetano dos Guimarães Alvim, que já havia exercido o cargo em 1868."



NOTAS EXPLICATIVAS





¹  O meu biografado era pai de José Rodrigues Leite e Oiticica, mais conhecido por José Oiticica (Oliveira, 1882 - Rio de Janeiro, 1957), professor, dramaturgo, poeta parnasiano e filólogo, além de notável anarquista brasileiro – foi um dos articuladores da Insurreição Anarquista de 1918 que, inspirada na Revolução Russa, pretendia derrubar o governo central na capital do País  e vegetariano.

² Observe que nenhuma das fontes pesquisadas (Reynaldo de Barros, ABC das Alagoas e outros) fazem referência a esses dois trabalhos produzidos por Francisco de Paula Leite e Oiticica, nesta sua fase de juiz municipal da comarca de Oliveira.

³ Cf. in http://saojoaodel-rei.blogspot.com.br/2015/12/baptista-caetano-de-almeida-e-seus.html


 
Clique aqui para ter acesso ao livro "Notas sobre o município da Oliveira" , devidamente digitalizado e compactado por funcionários da Biblioteca Baptista Caetano de Almeida, de São João del-Rei, a meu pedido. 

 Informação constante do site do IHGAL-Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, disponível in http://www.ihgal.al.org.br/expediente/presidentes.htm (consulta em 15/05/2016). O site do IHGAL  informa que ele foi o seu 5º presidente (8/12/1922-16/7/1925). ABC das Alagoas informa que continuou presidente até seu falecimento em 15/7/1927.
Cabe lembrar que o IHGAL sucedeu o IAGA-Instituto Arqueológico e Geográfico Alagoano, cuja fundação se deu em 1869.

  Resumo feito do verbete "OITICICA, Francisco de Paula Leite e", por Reynaldo de Barros, no CPDOC da FGV-Fundação Getúlio Vargas, disponível  na Internet in http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/OITICICA,%20Francisco%20de%20Paula%20Leite%20e.pdf (consulta em15/05/2016).

O ABC das Alagoas completa a lista de obras do advogado e político Leite e Oiticica com as seguintes, não mencionadas por Reynaldo de Barros: Comissão ao Rio de Janeiro Para a Organização do Banco do Estado de Alagoas, Maceió: Tip. de O Gutemberg, 1890;  Sustentação dos Embargos. Embargantes: DD. Margarida A. de Santa Maria e Thereza de Santa Maria. Embargados: Adão Pantaleão de Oliveira e sua mulher, Maceió: Tip. da Livraria Fonseca, 1913; Alagoas - Discurso pronunciado pelo Dr. Leite e Oiticica. Orador oficial na sessão magna da Associação Alagoana de Beneficência, em 16 de setembro de 1899. Rio de Janeiro: Moreira Maximino, 1899. 
Cita ainda os seguintes artigos publicados em revistas: 
1) na Revista do IHAA (sic) publicou: A Vida do Instituto; 
2) na Revista do IAGA, publicou Discurso na sessão comemorativa da Emancipação Política de Alagoas, em 16 de setembro de 1898, Revista do IAGA, v. IV, nº 4, dez. 1913, p. 40-52; A Igreja de N. S. da Ajuda no Engenho Mundaú, Revista do IAGA, v. V, nº 1, dez. 1913, p. 44-53; Calabar, Revista do IAGA, v. V, nº 01, dez. 1913, p. 54-63; O Professor Nicodemos Jobim, Revista do IAGA, v. V, nº 01, dez. 1913, p. 66-70; O Asilo de Loucos em Maceió, Crônica dos Tempos Modernos de Maceió, Revista do IAGA, v. VI, nº 1, jan/jun 1915, Maceió: Livraria Fonseca, 1915, p. 19-49; Centro Alagoano no Rio de Janeiro, discurso pronunciado na Associação Alagoana de Beneficência em 16/9/1889, Revista do IAGA, v. VI, nº 1, jan/jun 1915, Maceió: Livraria Fonseca, 1915, p. 74-95; Memorial Biográfico do Comendador José Rodrigues Leite Pitanga, lido na sessão do Instituto Archeologico e Geographico Alagoano em 5/5/1915, Revista do IAGA, v. VI, nº 2, abr/jun 1915, Maceió: Livraria Fonseca, p. 140-204, 1915; Memorial Biográfico do Comendador José Rodrigues Leite Pitanga, segundo período, Revista do IAGA, v. VII, nº 3, jul/set 1915, Maceió: Livraria Fonseca, 1915, p. 18-69; Discurso no 46º Aniversário do Instituto Archeologico e Geographico Alagoano e Posse da Nova Diretoria, Revista do IAGA, v. VII, nº 4, out/dez 1915, Maceió: Livraria Fonseca, 1916, p. 108-122; Memorial Biográfico do Comendador José Rodrigues Leite Pitanga, terceiro período, 1848-1850, Revista ddo IAGA, v. VII, nº 4, out/dez 1915, Maceió: Livraria Fonseca, 1916, p. 145-179; Memorial Biográfico do Comendador José Rodrigues Leite Pitanga, quarto período, Revista do IAGA, v. VIII, nº 01, jan/mar 1916, p. 7-47; Memorial Biográfico do Comendador José Rodrigues Leite Pitanga, quinto período, Revista do IAGA v. VIII, nº 2, abr/jun 1916, p. 145-166; Investigações Históricas. Tentativa da Introdução da Indústria da Seda em Maceió, Revista do IAGA, v. VIII, nº 2, abr/jun 1916, p. 167-187; Discurso pronunciado na sessão magna de 16/09/1923, Revista do IAGA, v. 9, ano 52, 1924, p. 93-105; Discurso na sessão magna do Instituto em 02/12/1924, Revista do IAGA, v. 10, Ano 53, 1925, p. 97/105; O Diário de Pernambuco, Revista do IAGA, v. 11, Ano 54, 1926, p. 68-77.
Cf. in http://www.abcdasalagoas.com.br/verbetes/index/O/page:2
(consulta em 17/5/2016)

   DIÉGUES JR., Manuel: O BANGÜÊ NAS ALAGOAS: traços da influência do sistema econômico do engenho de cana de açúcar na vida e na cultura regional, Maceió: EDUFAL-Editora da Universidade Federal de Alagoas, 3ª ed., 2006, 341 p.

A meu ver, este último título aparece deslocado de sua sequência lógica.

  Logo no "prefácio" da obra, o autor tece comentário sobre esses capítulos, a saber: 
"Adstricto ao programma enviado pelo director da bibliotheca nacional, entendi, não obstante, ser de utilidade para o municipio, dar maior desenvolvimento aos artigos indicados, approveitando-se a occasião de tornar conhecido esse grande, rico e florescente municipio da provincia, considerando a indicação do programma uma limitação para menos e nunca para mais. Esse conhecimento do municipio torna-se tanto mais necessario quando está em projecto a estrada de ferro da Oliveira e ha necessidade, para os capitaes que tenhão de ser empregados de saber quaes os elementos com que poderá contar a empreza."  (grifos meus)
¹   O arraial da Oliveira pertencia à Vila de São José do Rio das Mortes (mais tarde, cidade de São José del Rei e atual Tiradentes) e já possuía uma capela em 1758. O arraial foi elevado à condição de freguesia em 14 de julho de 1832, elevada à categoria de vila, em 16 de março de 1839 pela lei provincial nº 134. Foi a sede elevada à categoria de cidade em 19 de setembro de 1861, pela Lei nº 1.102. A comarca do rio Lambary (ou comarca de Lambari) foi criada em 1862. Em 1870 foi extinta, sendo restaurada pela Lei nº 2.002, de 15 de novembro de 1873. O nome foi mudado para Comarca de Oliveira pela Lei nº 11, de 13 de novembro de 1891. Atualmente, é de 3ª entrância e sua jurisdição abrange, também, os termos de São Francisco de Paula e Carmópolis de Minas.