Por Francisco José dos Santos Braga
Réquiem ætérnam dona eis, Dómine: et lux perpétua lúceat eis. Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno: e sobre eles brilhe a luz eterna.
In paradísum dedúcant te Ángeli: in tuo advéntu suscípiant te Mártyres, et perdúcant te in civitátem sánctam Jerúsalem... Que ao paraíso te conduzam os Anjos: à tua chegada te recebam os Mártires, e te introduzam na cidade santa, Jerusalém... (Missa de Réquiem)
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Benigno Parreira, acompanhado de seu irmão José Lourenço Parreira, na Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar, durante a Semana Santa de 2015.
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Convidado para fazer uso da palavra, nesta data dirigi as seguintes breves e singelas palavras acerca do colega, amigo e músico são-joanense Benigno Parreira, que aos 91 anos de longa existência se entrega às mãos do Criador:
Parece que foi ontem que comparecemos minha esposa Rute Pardini e eu à residência do aniversariante Benigno Parreira para lhe prestarmos nossa homenagem pelo transcurso de seu 90º aniversário, comemorado em 13/02/2021.
Também esteve presente o Comandante do Regimento Tiradentes, o Ten Cel Sérgio Ricardo Reis Matos, à frente de uns 30 músicos integrantes da Banda do 11º Batalhão de Infantaria de Montanha, da qual o Cap Benigno Parreira era seu “regente honorário”.
Emocionaram-nos a todos as peças musicais executadas e o discurso do comandante e, especialmente ao homenageado, ouvir “Amigo”, de Roberto Carlos, interpretado pela sua querida Banda.
Quem diria que hoje estaríamos aqui novamente em tristíssimo cortejo fúnebre para acompanhar o corpo de nosso dileto amigo ao Campo Santo, a morada apenas provisória de seus restos mortais, já que sua alma já está sendo recepcionada no céu por seus colegas músicos já falecidos, além dos Anjos e Santos.
Hoje, — forçoso é constatar, — São João del-Rei perde um de seus mais ilustres cidadãos, formador e descobridor de talentos musicais, além de arranjador e compositor insigne de marchas para banda, com destaque para sua marcha Saudades (hoje a mais tocada no Estado de Minas Gerais) e para sua autoria do hino oficial do Serviço de Assistência Religiosa (SAREx) do Exército Brasileiro, instituição militar que coincidentemente comemora seu aniversário em 13 de fevereiro, data natalícia de seu patrono Frei Orlando, capitão capelão do Exército Brasileiro, e do próprio Benigno Parreira, além de ser o dia em que, no Calendário Litúrgico da Igreja, se comemora o mártir São Benigno, do qual nosso conterrâneo foi fervoroso e fiel seguidor.
Não poderia eu deixar passarem despercebidas a direção e colaboração do regente e cantor Benigno, aos domingos, nas missas de 8h35min na Igreja de Nossa Senhora do Rosário e das 10h na Igreja de Nossa Senhora das Mercês, integrando a Orquestra e Coro Lira Sanjoanense.
Memorável também foi a sua participação como baixo solista em várias novenas e ofícios litúrgicos, bem como nos concertos da Sociedade de Concertos Sinfônicos, templo da música sinfônica são-joanense, não só no Theatro Municipal local, mas também noutras cidades mineiras e em outros Estados brasileiros.
Minha mãe Celina dos Santos Braga, já falecida, costumava narrar a passagem de Benigno Parreira junto a ela na sacristia da Igreja de Nossa Senhora das Mercês antes do início da missa dominical das 10h, quando aquela lhe dirigia o respeitoso cumprimento:
“Maestro, o que o Sr. preparou de bom para nós hoje?”
Ele, em resposta, citava o repertório previsto para aquele domingo, acrescentando:
“Para a Sra. vou dedicar tal música (declinando o título da peça).”
Para ela a distinção que recebia do Maestro era motivo de honra e profunda alegria.
Ainda inesquecível para nossa família foi a Missa de Réquiem que Benigno regeu em memória e para o descanso eterno de Gil Amaral Campos, meu estimado cunhado, falecido em dezembro de 1999 em São Paulo e também sepultado aqui, neste cemitério de Nossa Senhora das Mercês.
Devo ainda lembrar nesta fala a inesquecível saudação que Benigno fazia a todos os presentes em qualquer reunião, por mais simples que fosse: “A paz de Cristo esteja com todos vocês.”
Também digno de nossa lembrança era seu cumprimento aos músicos de uma banda ou orquestra e coro, antes de iniciar um ensaio: “Eu confio em Nosso Senhor com fé, esperança e amor.”
Por todas essas razões que guardo em meu coração e, em nome da quase tricentenária Orquestra e Coro da Lira Sanjoanense e da Banda do 11º Batalhão de Infantaria de Montanha, bem como dos familiares e amigos do Cap Benigno Parreira, aqui compareço com vocês para juntos reverenciarmos a memória do Maestro Benigno Parreira e trazermos nosso último adeus a ele que, nesta data, deixa nossa cidade de São João del-Rei órfã de sua presença sempre afável e de seu trabalho profícuo em prol da Música são-joanense.
Que sua alma alcance a misericórdia divina, caro amigo Benigno Parreira!
Até breve!
II. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAGA, Francisco José dos Santos: “Homenagem do Regimento Tiradentes aos 90 anos do Capitão Benigno Parreira”, postado no Blog de São João del-Rei em 13/02/2021
_____________________________: “Missa Festiva pelos 90 anos do estimado Maestro Capitão Benigno Parreira”, postado no Blog de São João del-Rei em 17/02/2021
___________________________: “Homenagens ao são-joanense Capitão Benigno Parreira”, postado no Blog de São João del-Rei em 13/03/2014