Por Gentil Palhares
Sociedade de Concertos Sinfônicos - Crédito pela imagem: http://sinfonicapop.blogspot.com.br/ |
Uma das nossas mais caras tradições é a música, música que fala à nossa alma, música que prende e encanta a todos que a ouvem.
A nossa SINFÔNICA, parte integrante dessas belezas tôdas, vem há 39 anos engrandecendo e elevando o nosso nome na DIVINA ARTE, dando a São João del-Rei, lá fora, em terras outras, o título que ela verdadeiramente conquistou: TERRA DA MÚSICA! E isso constitui, para os são-joanenses, um orgulho e um ponto de honra, por isso que, sem falso bairrismo, podemos dizer que poucas, ou mesmo nenhuma cidade de Minas, possuem um conjunto sinfônico do nosso quilate. Sua vida faz parte de nossa própria história hodierna, porque participou, nos seus 196 concertos, de acontecimentos relevantes da terra são-joanense, homenageando vultos ou datas, acontecimentos nacionais e figuras de relêvo no cenário nacional.
Diversos foram os seus presidentes, alguns vivos e outros já desaparecidos, cada um e todos imortalizados em nossos corações, pelo que fizeram em prol de nossa arte musical-coral.
Vem-nos à lembrança tudo isso, ao assistir, entre comovido e embevecido, ao último concêrto realizado no Teatro Municipal, dia 1º do corrente, em homenagem à Colenda Câmara de Vereadores e ao nosso Prefeito Municipal, Dr. Milton de Resende Viegas, sensibilidade artística que, sem dúvida, deve ter sentido, como nós, as mesmas emoções daquela noite memorável, por isso que a SINFÔNICA, mais do que nunca, nos fêz evocar seus velhos tempos. Devemos tudo isso
— diga-se de passagem
— ao seu atual Presidente, José Costa ¹, alma jovem em plena vibração por tudo que é nosso, que nos toca o coração, amante que é êle das artes, aliando sempre a Música com o Teatro, para essa perpetuação sublime do BELO. José Costa, pelos méritos de que é possuidor e que tanto o recomendam, aflorando o seu sentimento profundamente sensível e entranhadamente humano, é uma figura evidentemente talhada para dirigir, em fase tão difícil, a nossa SOCIEDADE DE CONCERTOS SINFÔNICOS. Difícil, dizemos, porque o nosso público, em que pese a sua cultura, está como que deseducado, indiferente aos nossos concertos sinfônicos, como indiferente está ao nosso Teatro, não por culpa dêsse mesmo público, mas pela escassez de espetáculos, esmorecendo assim os amantes das duas artes. José Costa, temos certeza, vai movimentar a nossa SINFÔNICA, que possui elementos de excepcionais méritos, elevados dotes artísticos, valôres humanos de indiscutíveis méritos, êsses mesmos que, cultores do canto e da música, deram no passado e irão dar, no presente, todo o vigor dos seus conhecimentos artísticos, frutos da inspiração e do gênio, glória eterna desta eterna e gloriosa cidade. Mas, nada disso teríamos, justiça se faça, não tivéssemos à frente da regência da SINFÔNICA a figura ímpar de um Professor Pedro de Souza, capaz entre os mais capazes, filho do saudoso Maestro João Feliciano de Souza, dos meus tempos de menino, daí o estar êle honrando e dignificando a memória do velho Mestre e pai. Também nada teríamos de positivo se não contássemos com a capacidade de um Benigno Parreira, regente do coral, um Aluízio José Viegas, entre outros e entre tantos que, na SINFÔNICA, lhe dão o calor e a fartura dos seus conhecimentos artísticos, músicos e cantores, todos alicerçados num só ideal: engrandecer e elevar a SOCIEDADE, porque sem nenhuma remuneração pecuniária, sem nenhum interêsse, senão de colaborar e, não raro, sob imensos sacrifícios.
Maestro Benigno Parreira |
Musicólogo, pesquisador e regente Aluízio José Viegas (☆ São João del-Rei, 26/03/1941 - ✞ Nova Lima, 27/07/2015) - Crédito pela imagem: Wikipédia, verbete "Aluízio José Viegas" |
Dr. José Viegas |
O nosso atual Presidente da SINFÔNICA ainda vai me permitir uma observação: é que nada poderia fazer se não contasse, na sua diretoria, com vultos da estirpe de um Jorge Sade, Adherbal Malta, Onaldo Passos, Ênio Nascimento, Carmelo Viegas, entre outros que integram a sua diretoria. O Conselho Artístico possui homens da estatura de um José Viegas, José Américo da Costa, Maria do Carmo Hilário, Antônio Moura, Marcondes Neves, e Relações Públicas de elementos do quilate de um Mozart Novaes, Leda Zarur Neto e Célia Montrezor, formando essa plêiade de valôres que, não temos dúvida, escolhidos a dedo, saberão lutar ao lado do atual Presidente, colocando a nossa SINFÔNICA no seu devido lugar, nesta fase da vida em que a música e nela incluímos o canto, faz reviver sentimentos e alegrar as almas, nessa fuga ao materialismo dominante, ao puramente frívolo, convencional e exótico.
Concluindo o meu pensamento, presto, aqui, minha sincera homenagem à Terezinha Maria de Barros Gonçalves, êste soprano revelação, filha dileta do amigo Tenente Hélio Batista Gonçalves e fruto colhido pela inspiração sublime da professôra Jânice Mendonça de Almeida, a quem já tanto passou a dever esta São João del-Rei, Berço das Artes, das Lendas e da História, para ser, de todos nós, a cidade sempre querida e sempre venerada, porque nessa perpetuação de valôres autênticos, os quais se sucedem na dança dos anos, formando a teia do Tempo.
Fonte: A COMUNIDADE, órgão da Prefeitura Municipal de São João del-Rei, Ano II, abril de 1969, nº 8, p. 8
Nota Explicativa de Francisco José dos Santos Braga
¹ José Raimundo Lobato Costa, ou simplesmente José Costa, era excelente tenor, um dos mais prestigiados pela comunidade são-joanense, que foi brindada com sua música até avançada idade. Seu filho, Dr. Luiz Rogério Vallim Costa, conhecido dentista, relatou-me emocionado que a última apresentação do seu pai se deu durante seu casamento com sua esposa Cíntia Moura Coelho Costa, em 30 de julho de 1994, na igreja de Nossa Senhora do Carmo, ocasião em que brindou todos os convidados com o "Panis Angelicus", de César Franck. José Costa participou, como tenor, de todas as operetas montadas e encenadas pela Sinfônica no seu período áureo, podendo ser citadas "A Viúva Alegre", "Sonho de Valsa", "A Princesa das Czardas" e "Conde de Luxemburgo". Grande amante da música são-joanense, dotado de enorme dinamismo e poder de comunicação, é ainda considerado por muitos — em que pese o trabalho realizado com grandes méritos pelos titulares, todos muito operosos, que o precederam ou que o seguiram — como o maior presidente da Sinfônica, porque, segundo aqueles, durante a gestão de José Costa, havia muita produção artística: concertos permanentes, exigindo grande aplicação e esforço por parte dos músicos e dos dois regentes (da orquestra e do orfeão). Prof. Abgar Campos Tirado, no histórico da entidade, menciona que
Fonte: A COMUNIDADE, órgão da Prefeitura Municipal de São João del-Rei, Ano II, abril de 1969, nº 8, p. 8
Nota Explicativa de Francisco José dos Santos Braga
¹ José Raimundo Lobato Costa, ou simplesmente José Costa, era excelente tenor, um dos mais prestigiados pela comunidade são-joanense, que foi brindada com sua música até avançada idade. Seu filho, Dr. Luiz Rogério Vallim Costa, conhecido dentista, relatou-me emocionado que a última apresentação do seu pai se deu durante seu casamento com sua esposa Cíntia Moura Coelho Costa, em 30 de julho de 1994, na igreja de Nossa Senhora do Carmo, ocasião em que brindou todos os convidados com o "Panis Angelicus", de César Franck. José Costa participou, como tenor, de todas as operetas montadas e encenadas pela Sinfônica no seu período áureo, podendo ser citadas "A Viúva Alegre", "Sonho de Valsa", "A Princesa das Czardas" e "Conde de Luxemburgo". Grande amante da música são-joanense, dotado de enorme dinamismo e poder de comunicação, é ainda considerado por muitos — em que pese o trabalho realizado com grandes méritos pelos titulares, todos muito operosos, que o precederam ou que o seguiram — como o maior presidente da Sinfônica, porque, segundo aqueles, durante a gestão de José Costa, havia muita produção artística: concertos permanentes, exigindo grande aplicação e esforço por parte dos músicos e dos dois regentes (da orquestra e do orfeão). Prof. Abgar Campos Tirado, no histórico da entidade, menciona que
"(...) No início de 1971, o então presidente Dr. José Raimundo Lobato Costa, deu início a grande reforma e ampliação da sede, a qual muito lucrou em matéria de espaço e conforto, sendo reinaugurada a 02 de março de 1973. Também foi criado o departamento de Recitais, inciando-se então a apresentação regular dos recitais na sede, denominados recitais-concertos, pela flexibilidade de sua constituição. (...)"Sobre a comemoração do evento noticiado acima, o historiador Sebastião de Oliveira Cintra se alonga na seguinte descrição da efeméride de 02/06/1973:
"Realizam-se as solenidades de inauguração das ampliações e reformas da Sede Social da Sociedade de Concertos Sinfônicos de S. João del-Rei. A diretoria da entidade contou com a valiosa ajuda financeira do Conselho Federal de Cultura-MEC. Cumpriu-se um bem elaborado programa de festividades. Às 19 horas, na Igreja do Carmo, D. Delfim Ribeiro Guedes oficiou missa solene, com a participação do Coral e Orquestra da Sociedade, sendo executado o seguinte programa artístico: Giovanna D'Arco: abertura, de G. Verdi, regência de João Cavalcanti; Ecce Sacerdos Magnus, de Martiniano Ribeiro Bastos, regência de Pedro de Souza; Missa da Imaculada Conceição, de autoria do Maestro Jacinto de Almeida; Hino da Sociedade de Concertos Sinfônicos (1ª audição), música de João Américo da Costa e letra de Maria do Carmo Hilário, regência de João Américo da Costa. Logo após, procedeu-se à bênção da Bandeira da Sociedade, criação do Maestro Adhemar Campos Filho. Concluídos os Atos Litúrgicos, realizou-se a bênção das novas instalações e a inauguração da Galeria de Retratos dos ex-presidentes da entidade. Discursaram, na ocasião: Dr. Francisco Diomedes Garcia de Lima, o Pres. José Raimundo Lobato Costa e o Ten. Gentil Palhares, que falou em nome de Mozart Novaes."
Fonte das citações:
1) TIRADO, A.C.: texto intitulado Histórico da Entidade, in Sociedade de Concertos Sinfônicos de São João del-Rei. Site São João del-Rei Transparente. Acesso em 08 de agosto de 2015. Link: http://saojoaodelreitransparente.com.br/organizations/view/39
2) CINTRA, S.O.: EFEMÉRIDES DE SÃO JOÃO DEL-REI, vol. I, 2ª edição, 1982, pp. 237-8
9 comentários:
Gosto por demais de seguir o seu blog...tenho grande amor por sjdr, terra de meus antepassados!
Muito bom!
Caro BRAGA,
Tudo bem com você e seus queridos?
Obrigado! Trazer GENTIL PALHARES para o nosso tempo é sempre um gesto de valorização sobre o que MG tem de expressivo e também de mais autêntico!
Abraço de Mário Celso, seus amigos de Barbacena e desta ABL
Francisco Braga,
vc é sempre rico nos detalhes, quase nos trazendo no hoje o que era de andantes.
eric ponty
Obrigado por compartir conosco notas nobres de nosso conterrâneo Gentil Palhares. Que a imortalidade esteja acolhida em suas obras! Um grande abraço afoleano Francisco!
Att.,
Paulo José
Gratíssimo pelo envio do mimo. Abraço do Fernando Teixeira
Que encanto, caro Braga.
Uma Orquestra Sinfônica em São João Del Rei, em 1969!
Ela continua viva? Um abraço do Adirson.
Francisco,
Obrigada por nos dar a oportunidade de reviver essa homenagem a meu sogro, José Costa, cujo trabalho à frente da sinfônica há de ser lembrado por muitos anos, como forma de reconhecimento por seu empenho e dedicação à arte. Infelizmente, quando conheci Zé Costa, ele já não mais cantava por causa de sua saúde. No entanto, a homenagem feita em nosso casamento, quando juntou-se à Sinfônica para cantar o "Panis Angelicus" foi ium momento de muita emoção e inesquecível!
Agradeço a gentileza do envio de seus artigos e pesquisas, que merecem minha atenção, ricas de informações e conteúdo raro.
Muito obrigado.
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