Por Gentil Palhares
I. INTRODUÇÃO, por Francisco José dos Santos Braga
Tenho a grata satisfação de hoje estampar neste espaço virtual um texto histórico, profundamente humano e sensível, da autoria de Gentil Palhares, intelectual íntegro, dotado de qualidades extraordinárias, como se há de ver através da leitura desta sua página.
Honra-me sobremodo destacar nesta figura ímpar das letras são-joanenses, especialmente o fato de me ter precedido nos quadros da Academia Barbacenense de Letras.
Apresenta-se aqui a oportunidade de reconhecer que essa egrégia Academia, ao acolhê-lo e a mim, demonstra a importância que dá aos nossos valores culturais e históricos regionais, valorizando o que nos distingue a ambos: nosso amor à Liberdade, o culto da nossa tão desprezada Língua Portuguesa e a defesa intransigente dos valores éticos, religiosos e culturais dos Campos das Vertentes.
Apresenta-se aqui a oportunidade de reconhecer que essa egrégia Academia, ao acolhê-lo e a mim, demonstra a importância que dá aos nossos valores culturais e históricos regionais, valorizando o que nos distingue a ambos: nosso amor à Liberdade, o culto da nossa tão desprezada Língua Portuguesa e a defesa intransigente dos valores éticos, religiosos e culturais dos Campos das Vertentes.
II. INTRODUÇÃO DO LIVRO "SÃO JOÃO DEL-REI NA CRÔNICA" DA AUTORIA DE GENTIL PALHARES
Quando neste livro eu falo das pessoas e das coisas da legendária, histórica e sempre querida São João del-Rei, minha TERRA ADOTIVA, eu levo o meu pensamento até VOCÊ, MEU SAUDOSO BERÇO NATAL, a VOCÊ que me viu nascer, a VOCÊ onde primeiro eu vi luz do sol iluminando essas montanhas que a rodeiam e onde, ao lado de meus pequenos amigos, meninos do meu tempo, corri desenfreadamente por essas ruas e essas praças das nossas lembranças e das nossas imorredouras saudades.
Nossa infância foi deveras dividida entre VOCÊ, BERÇO NATAL e esta São João del-Rei, BERÇO ADOTIVO. Mas não se pode, jamais, olvidar o pedacinho de terra que ouviu os nossos primeiros vagidos, os nossos primeiros choros e os nossos primeiros sorrisos para a vida, como não podemos olvidar, jamais, aquele Templo de São Vicente Ferrer, onde entramos conduzido no colo para o batismo e para recebermos um nome.
Suas manhãs claras e alegres, seus cantos e recantos de ruas que nos viram nas nossas primeiras travessuras, para depois ouvirmos o cantar da passarada pelos fundos das hortas da rua Municipal, onde nascêramos, nada disso se nos desbota do pensamento, pois não aceitamos a INGRATIDÃO. E ingrato seríamos se, ao falarmos da GLORIOSA TERRA ADOTIVA, olvidássemos esse querido pedaço de chão, onde veio ao mundo o nosso saudoso pai e onde, ao lado deste, na mesma faixa de terra, dorme o sono eterno do corpo a nossa sempre lembrada mãezinha, que nos embalou na infância.
FORMIGA, Terra querida! Não me esqueci de VOCÊ! Não, porque meu coração, meu pobre coração possui, todavia, uma riqueza: a de não conhecer a ingratidão e de conservar, sempre, embora distante, SUA IMAGEM QUERIDA, sua paisagem, suas ruas, suas casas, suas montanhas, sua gente, que é a minha gente!
Quando, pois, ouço falar de São João del-Rei e de VOCÊ e quando eu mesmo, agora neste livro, falo desta minha TERRA ADOTIVA, meu coração balança, sacode todo e em espírito me prosterno a seus pés!...
São João del-Rei, 1974.
EXPLICANDO...
"SÃO JOÃO DEL-REI NA CRÔNICA" é um livro que nos fala de pessoas e coisas desta legendária cidade, meu BERÇO ADOTIVO. São crônicas, na sua maioria, publicadas no extinto "DIÁRIO DO COMÉRCIO", em épocas sucessivas e, ultimamente, outras tantas que aparecem no "JORNAL DO POSTE", folha editada pelo jornalista Joanino Lobosque e na qual colaboro há alguns anos já.
Não sabemos se este livro, escrito com a melhor das intenções, irá agradar, por isso que a época hodierna sofre uma profunda influência psicológica de dispersão de pensamentos e de ações. Nas artes, nas ciências, nas letras e em todos os setores, enfim, que requerem meditação e estudo, análise e julgamento, se observa como que uma revolução de idéias e como que certo ceticismo, descambando tudo para o vulgar, para as sínteses, sobretudos para estas.
"SÃO JOÃO DEL-REI NA CRÔNICA" nada mais é do que retalhos de alguns de nossos fatos aqui verificados e debilmente descritos nestas páginas que se vão ler, as quais retratam, sobretudo, algumas facetas de vários vultos que se notabilizaram em nosso meio, honrando e enobrecendo a vida desta cidade das lendas e dos sinos.
Aparecem, outrossim, nestas linhas, pessoas de vida humilde, modestas, tipos populares de nossas ruas e que ostentaram como galardão material, apenas e tão-somente a singeleza de seus corações e a humildade santa de seus propósitos. Alguém nos advertiu, sob o manto de inexplicável escrúpulo, em que pese, todavia, a boa intenção, o inconveniente de alinharmos, neste volume, alguns vultos proeminentes do cenário são-joanense, com algumas singelas figuras que, na humildade de suas vidas, aqui, entretanto, viveram carregando a sua cruz. Não abonamos o pensamento evocado e sugerido, antes de tudo e sobretudo, tangido pelo sentimento humano e cristão. E temos certeza absoluta de que os vultos eminentes que aparecem nestas páginas que se vão ler, pensam como nós, por isso que também humanos e cristãos, compreensivos e incapazes de olvidarem as palavras do MANSO RABI DA GALILÉIA:
"Amai-vos uns aos outros, tanto quanto eu vos amei!"
O autor.
AO ABRIRMOS AS PÁGINAS DESTE LIVRO...
Ao abrirmos as páginas deste livro, para evocar o TEU passado, ó São João del-Rei, eu TE saúdo!
TU és um relicário de acervos sagrados e inolvidáveis, e em TEU seio amigo e hospitaleiro, acodes um povo lhano, afável, bom e profundamente cristão!
Saúdo-TE, ó TERRA GENEROSA, pela fé que TE anima e pela recordação dos TEUS primeiros passos ajudando a formar a história de Minas e do Brasil!
Saúdo-TE, ó cidade dos sinos, das flores e da música, TU que recebeste de DEUS a predestinação de seres o BERÇO de vultos imortais da nossa história e daqueles que, no presente, têm elevado e dignificado o TEU venerando nome, pela força da inteligência e da cultura!
Ao TEU regaço, num desses altos desígnios do SUPREMO ARQUITETO DO UNIVERSO, veio ao mundo JOAQUIM JOSÉ DA SILVA XAVIER, plantando a semente da LIBERDADE na Terra do Cruzeiro!
São João del-Rei querida e amiga! — quando passamos por TUAS ruas estreitas e tortuosas, as quais o progresso de foice em punho vai maculando na ânsia da perfeição; quando contemplamos as TUAS igrejas de pedra bordada; quando pisamos esses becos esconsos e essas pontes centenárias, sobre as quais passaram os inconfidentes; quando escutamos a sinfonia eterna do Córrego do Lenheiro, que TE banha como se numa purificação e numa bênção; quando, enfim, nos chega aos ouvidos e aos corações o som maravilhoso e retumbante de TUAS orquestras, nós sentimos, ó São João del-Rei! — que TU és, verdadeiramente, uma Terra abençoada pelas mãos de DEUS. Porque TU és a legendária cidade que não sabes fechar TUAS portas aos que TE procuram cansados da luta em terras outras e que desejam fazer de TI a morada definitiva para o seu labor e seu derradeiro sono!
Eis porque, São João del-Rei, abrindo as páginas deste livro que é TEU, da TUA gente e da TUA história,
eu TE saúdo!...
III. NOTA DO GERENTE DO BLOG DO BRAGA
¹ Esta foto histórica está postada em Nova Imprensa Online no seguinte endereço eletrônico: http://www.novaimprensa.inf.br/passadas/501/geral.html
9 comentários:
MUITO BEM!
TENHO DELE A BIOGRAFIA DE FREI ORLANDO.
ABS.
ROGÉRIO
Caríssimo amigo Braga, paz! Quanta emoção ao ler os textos da lavra do grande Tenente Gentil Palhares! Maior emoção, vê-lo fardado, postura altiva, elegante, após um desfile! Lembro-me muito bem dele, já na Reserva, sentado junto à janela de sua residência, à rua Resende Costa, 224, hoje Rua Ten Gentil Palhares, que, ao me ver, saudava-me, sorrindo:"Bom dia, está bonzinho?". Eu era,adolescente e, sinceramente, não tinha ideia de estar passando diante de um gigante. Já em Campo Grande, há 23 anos, quando escrevi sobre Frei Orlando, buscando dados nas obras de Gentil Palhares, é que meus olhos e coração se abriram para o insigne escritor. Prestei-lhe, singela homenagem, no CONVERTEI-VOS. Enviei-lhe um exemplar, mas ele já estava muito alquebrado! Em 1964, ele que lutara na Segunda Guerra mundial, na Itália, apresentou-se ao Comando do 11, desejoso de lutar contra os comunistas!
Gentil Palhares é padrinho de Crisma de meu querido irmão, Benigno. Ele era muito amigo de meu pai e seu vizinho, José Venâncio Parreira. Quando Benigno Parreira, Capitão e maestro, foi promovido a Subtenente, Gentil Palhares, ao escrever uma de suas belas obras, 'SÃO JOÃO DEL-REI NA CRÔNICA', dedicou uma de suas crônicas ao meu irmão com o título 'SUBTENENTE BENIGNO PARREIRA".
Ó terra querida, como Deus a abençoa dando-lhe tão ilustres filhos ao longo dos séculos... Tiradentes, Nhá Chica, Abgar Antonio Campos Tirado (meu professor), Luís França (meu primeiro professor de violino), Aluízio José Viegas (meu irmão do coração), Monsenhor Sebastião Raimundo de Paiva, Francisco José dos Santos Braga, Benigno Parreira, Maria Stella Neves Vale (minha saudosa professora) e tantos outros que, ainda que não citados, formam um grande luzeiro a iluminar a História da Pátria!
Muito obrigado, Braga!
Prezado Senhor,
Gentileza incluir no seu mailing o endereço do maestro Lindomar Gomes
lindomar.gomes@cultura.mg.gov.br
Atenciosamente,
Elisa Heilbuth Verçoza
--------------------------------------------------------------------------
Assessora da Superintendência de Ação Cultural
Secretaria de Estado de Cultura
Cidade Administrativa - Edifício Gerais - 5º andar
Rodovia Prefeito Américo Gianetti, s/n
31630-901 - Belo Horizonte - MG
Querido Francisco,
Estamos a mil, organizando o Carnaval de antigamente - tomara que dê para vcs irem...
Publiquei o seu artigo. Veja como ficou. Qq coisa me diga que alteramos, super obrigada por mais esta colaboração preciosa,
abs
Alzira
Caro amigo Braga
Parabéns por sua obra literária de apresentação do Ten Gentil Palhares. Por tudo o que li, ele foi uma personalidade de destaque. Eu teria muito prazer se pudesse ter convido e aprendido dele o grande amor à sua "Terra Adotiva", SJDRei, pela qual também eu tenho uma grande estima.
Em relação à cidade mineira de Formiga, berço natal do Tenente, meu tio Francisco Cupello, através de sua firma "Cinemas Cupello Formiga Ltda.", construiu naquela cidade um belo cinema, no ano de 1960.
Com as renovadas felicitações, receba o abraço,
Do amigo Mário.
Caro amigo Francisco Braga, boa noite!
Será uma honra e alegria compartilhar de seus importantes trabalhos.
Desejo-lhe muito sucesso.
Um grande abraço,
Lindomar Gomes
Gentil Palhares teve um valor inestimável quanto às efemérides e dados de nossa cidade no tocanto ao teatro, cultura, religião etc.
Li algum artigo dele sobre Frei Orlando. Muito bom!
João Bosco
Muito bom
Obrigada
Meu prezado amigo FJSBRAGA, li abraçado com a saudade o seu email sobre Gentil Palhares. Guardei os escritos sobre a nossa São Joao Del Rey.
Eu disse, perante os presentes, no IHG de SJDR que eu tenho esta cidade como a minha segunda terra natal.
Aí cheguei em fevereiro de 1953 e fiquei ate dezembro de 1957. Parti para continuar meus estudos e levei São João Del Rey no meu coração e nele ficará até chegar o fim de meu tempo.
Parabens mais uma vez.
Seu amigo, Lúcio Flávio.
PS Desculpe me pela demora na resposta deste emai, deixei o dormindo em meu coração.
Postar um comentário