sábado, 22 de novembro de 2014

MARECHAL ANTÔNIO JOSÉ COELHO DOS REIS, glória do Exército Brasileiro e ilustre filho de São João del-Rei


Por Sebastião de Oliveira Cintra

Marechal Antônio José Coelho dos Reis (☆ 29/04/1898, em São João del-Rei ✞ 09/11/1974, no Rio de Janeiro)

A 29 de abril de 1898 nasceu em São João del-Rei, à antiga Praça Visconde de Ibituruna, filho do professor e solicitador de causas Antônio Leôncio Coelho ¹, natural de Lavras-MG, onde nasceu a 18-06-1858, e da sanjoanense Sofia Ernestina Coelho, que se casaram em São João del-Rei a 31 de março de 1892. Neto paterno de Francisco Joaquim Coelho e de Maria Altina Fidelis do Bonfim; neto materno do Alferes João Inácio Coelho, pintor, dourado e músico talentoso, e de Maria Balbina Teixeira Coelho. O estimado casal comemorou Bodas de Ouro matrimoniais a 26 de fevereiro de 1909. O Alferes João Inácio foi o 1º Violino da Orquestra Lira Sanjoanense.

Nosso biografado foi registrado com o nome de Antônio Leôncio Coelho Júnior. Por despacho judicial de 1910 seu nome foi retificado para Antônio José Coelho dos Reis, providência tomada por seus padrinhos, residentes em Prados-MG.

O Marechal Antônio José Coelho dos Reis freequentou parte do curso primário na vizinha cidade de Prados, depois de ter sido, em São João del-Rei, aluno de Dª Amélia Ferreira. Depois estudou em Juiz de Fora e em Belo Horizonte.

A 2 de maio de 1918 verificou praça, voluntariamente, na forma da lei em vigor, na Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro. A 18 de janeiro de 1921 foi declarado aspirante a oficial, sendo em fevereiro seguinte incluído no 12º Regimento de Infantaria, em Belo Horizonte. Em maio do mesmo ano foi promovido ao posto de 2º Tenente, alcançando em novembro de 1922 o posto de 1º Tenente.

Em 29 de novembro de 1924 o Coronel Comandante "elogiou-o pela bravura, denodo e tenacidade nas ações que tivera contra os rebeldes em São Paulo".

Foi público em 30 de junho de 1927, conforme parte do General Tito Vilas Lobo, dirigido ao general Artur Sócrates (em 1913 comandou, em São João del-Rei, o 51º Batalhão de Caçadores), comandante de Divisão de Operações no Estado de São Paulo, em setembro de 1924 "ter sido louvado pela bravura, abnegação, zelo, entusiasmo, disciplina e lealdade à causa da lei; capacidade de resistência e ardorosa atividade com que tomou parte na expedição contra os revoltosos em São Paulo, ali permanecendo sem vacilações, conhecendo os perigos a que esteve exposto, suportando sem murmúrios as fadigas e incômodos, cumprindo, sem falhas, seus árduos e penosos deveres".

Antes, fora elogiado pelo General Estanislau Vieira Pamplona, ao deixar, em dezembro de 1926, o Comando da 4ª Região Militar.

Em 1930 o Comandante da 8ª Brigada de Infantaria elogiou o Tenente Antônio José Coelho dos Reis, que serviu no Quartel-General, "ora como assistente, ora como ajudante de ordens". Declarou ainda: "Faço público o elevado critério e inteligência em que sempre exerceu aquelas funções, tornando-se merecedor da consideração e estima dos seus superiores e camaradas, pelo seu valor moral, inteligência e cultura".

Em 12 de outubro de 1930 foi transferido do 12º Regimento de Infantaria para o 10º Regimento de Infantaria; pelo decreto de março de 1932 foi promovido a Capitão.

A 24 de dezembro de 1936 concluiu o Curso do Estado Maior, classificando-se em 1º lugar.

Por decreto de janeiro de 1957 foi nomeado adido militar junto à Embaixada do Brasil em Washington, deixando a Chefia do Gabinete do Ministro da Guerra, General Henrique Batista Duffles Teixeira Lott, que exarou o elogio seguinte (resumido): "A personalidade desse digno general caracteriza-se pela lealdade com que serve ao Exército e aos chefes. Sua cultura humanística e profissional é das mais completas. Conhecedor profundo do vernáculo e ambientado no estudo dos expoentes da intelectualidade, redige com invulgar perfeição, ornando-se de estilo próprio em que a clareza e a beleza da forma se conjugam com a profundidade dos conceitos que emite".

Dignificou o exercício do cargo de Diretor do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) ².

Foi distinguido com numerosas comendas do Mérito Militar e condecorações, nacionais e estrangeiras.

Foi o único sanjoanense nato, na República, a atingir o posto de Marechal.

Foi casado com Dª Maria Amália Drumond Coelho dos Reis, falecida em 20 de outubro de 1994. São cinco os filhos do casal:
F1 - Maria Vitória Drumond coelho dos Reis, solteira, professora e tradutora.
F2 - General Paulo Taunay Coelho Reis, que casou com Heloisa Pires Coelho dos Reis. Filhos do casal:
N1  - Heloisa
N2  - Patrícia
N3  - Denise
N4  - Luciana
F3 - Dr. Saul Toné Drumond coelho Reis (advogado). Consorciou-se com Maria de Lourdes Abelha Coelho dos Reis. Descendem do casal:
N5  - Maria Aparecida
N6  - Conceição
N7  - Cristiano
F4 - Francisca Drumond Coelho de Castro, casada com Francisco de Castro. São oito os filhos do casal:
N8  - Tarcísio
N9  - Angela Maria
N10- Inês
N12- Cecília
N13- Francisco de Paulo
N14- Margarida
N15- Isabel
F5 - Dr. José Francisco Drumond Reis, engenheiro arquiteto. Casou com Celene Carvalho Drumond. São dez os filhos do casal:
N16- Verônica
N17- Marcelo
N18- Fernando (falecido)
N19- Helena
N20- Lúcia
N21- Mariana
N22- Marília
N23- Ana Paula
N24- José Francisco
N25- Rose

O Marechal Antônio José Coelho dos Reis faleceu no Rio de Janeiro a 9 de novembro de 1974.

Numa singela síntese biográfica, assinalamos os valores morais e intelectuais do ilustre conterrâneo Marechal Antônio José Coelho dos Reis, que conquistou com respeitabilidade, como cidadão e militar, a láurea de figurar na Galeria das Personalidades Notáveis de São João del-Rei.
 

 NOTA DO AUTOR


¹  O professor Antônio Leôncio Coelho e esposa eram parentes em 4º grau da linha colateral, conforme consta do registro do casamento civil.
Cursou com bom aproveitamento o seminário, recebendo ordens até a tonsura, tendo abandonado a carreira eclesiástica.
Quando chegou da Holanda o utilíssimo relógio que enfeita o frontispício da Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar, a direção dos trabalhos de montagem do mesmo foi entregue ao professor Antônio Leôncio Coelho, que cumpriu a referida missão com êxito total.
Exerceu com eficiência o cargo de Escrivão da Paróquia de Nossa Senhora do Pilar, única naquela época, durante a vigararia de seu irmão e amigo Monsenhor Gustavo Ernesto Coelho (1853-1924), cooperando para a criação da "Medicina Vegetal Padre Gustavo", que sempre beneficiou sobremaneira a pobreza. Também foi músico, tendo participado da bicentenária Orquestra Lira Sanjoanense.
Por mais de 20 anos exerceu com integridade o cargo de Juiz de Paz, prestando relevantes serviços à coletividade. Dignificou, algumas vezes, o exercício do cargo de Juiz de Direito da Comarca.
Lecionou na extinta Escola João dos Santos, criada e mantida pelo médico Dr. João Batista dos Santos, Visconde de Ibituruna, filho de São João del-Rei.
A 23 de março de 1968 foi inaugurada a placa da Rua Antônio Leôncio Coelho, situada à Vila Lobosque. Discursaram na ocasião Dr. Milton de Resende Viegas, Prefeito Municipal de São João del-Rei, e o Marechal Antônio José Coelho dos Reis.
O culto professor Antônio Leôncio Coelho faleceu a 29 de junho de 1917, sendo sepultado no cemitério da Ordem de São Francisco de Assis.
Além do Marechal, deixou os filhos:
1 - José Leôncio Coelho, cirurgião-dentista, que se mostrava honrado quando chamado pela alcunha de "Zé do Padre". Casou-se com a estimadíssima Sra. Dª Juracy de Almeida coelho, que nasceu a 10 de novembro de 1900 e continua, graças a Deus, plenamente lúcida. Dª Juracy é filha do major Aurélio Afonso de Almeida e de Dª Alice Gomes da Cunha Almeida. Meu saudoso amigo Major Aurélio, grande estimulador de meus estudos no Colégio Santo Antônio, era irmão de Dª Arminda, casada com Mário Ribeiro da Silva, oficial da Marinha, falecido na explosão do Aquidabã. Pais do grande historiador brasileiro Hélio Silva, entre outros.
2 - Dª Maria José Coelho Melo, que se casou com José Gonçalves de Melo Júnior.
3 - Eulália das Dores Coelho Carneiro, que se casou com Washington Carneiro ("Nonô").
Os citados irmãos de nosso biografado foram alunos pioneiros do então Grupo Escolar João dos Santos, pois, a 26 de julho de 1908, quando se instalou o citado estabelecimento de ensino, estavam matriculados no mesmo.

Fonte: TRIBUNA SANJOANENSE, São João del-Rei, edição de 27 de maio de 1997


NOTA DO GERENTE DO BLOG


²  O major Antônio José Coelho Reis foi nomeado, por decreto do Presidente Getúlio Vargas, diretor geral do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) em 17 de julho de 1942, substituindo Lourival Fontes, exonerado a pedido. 
(Fonte: A NOITE, Ano XXXI, Rio de Janeiro, 17/07/1942, edição de nº 10.931)

7 comentários:

KK Freitas disse...

Adoro ler estas histórias de nossos ilustres conterrâneos! Obrigada por compartilhar!

Prof. José Lourenço Parreira (violinista, professor, regente e escritor) disse...

Caro amigo Braga, estou numa viagem à Colônia Militar de Dourados. Viagem Cultural com o Comando Militar do Oeste. Retornando, lerei a importante crônica. Grato! Lourenço

Ana Maria de Oliveira Cintra (professora universitária, psicóloga e membro da Academia de Letras e do Instituto Histórico de São João del-Rei) disse...

Meu prezado confrade Francisco Braga,
Tenho acompanhado com interesse e admiração a sua produção em seu blog.
Desta fez fiquei ainda mais feliz com a divulgação de crônica de meu pai.
Agradeço e o cumprimento com um forte abraço fraterno.
Ana Cintra

Prof. Fernando Teixeira (professor universitário, escritor e Secretário Geral da Academia Divinopolitana de Letras) disse...

Um ótimo trabalho, amigo. O que, para mim, apenas confirma seu talento de pesquisador e homem de cultura. Abraço do Fernando Teixeira

Prof. Ulisses Passarelli (folclorista, escritor, gerente do Blog Tradições Populares das Vertentes e Membro da Academia de São João del-Rei) disse...

Meu caro,

mais um grande nome são-joanense passa por sua abordagem. Terra de destaques! Você aliás é também um destaque, um grande semeador de cultura! Difundindo antigos textos e estudos você lhes confere nova visibilidade, através dos meios hodiernos que a web proporciona. Tanto mais, vem temperados muito bem com suas notas e observações, sempre enriquecedoras.

Com gratidão deixo meus parabéns e um abraço fraterno.

UP.

Unknown disse...

Sou tataraneta dele.. Vcs esqueceram um dos meus tios kk
Dona Francisca e vo Vovo chiquinho tiveram mais um filho chamado Antônio🙂

Anônimo disse...

Saul tone Drummond casou com Maria de Lourdes Salles Coelho dos Reis em 8 de dezembro de 1960