sábado, 16 de maio de 2015

Tempos felizes no GINÁSIO SANTO ANTÔNIO de São João del-Rei


Por Lúcio Flávio Baioneta


Li com o coração (e não com os olhos) as páginas do Blog do Braga, homenageando o transcurso dos 105 Anos da Presença Franciscana em São João del-Rei, da autoria de Francisco José dos Santos Braga.

Vi-me no início do ano de 1953, atravessando, com meus pais, uma ponte metálica para pedestres sobre o córrego do Lenheiro, numa manhã de domingo em que éramos guiados pelo som dos sinos em busca de uma igreja.

Extasiados nos quedamos frente aos trabalhos em pedra-sabão que adornam a porta principal da maravilhosa Igreja de São Francisco de Assis. Finda a missa, perguntamos a alguém, onde ficava o Ginásio Santo Antonio e ele disse, apontando com o dedo: " É ali, naquele portão."


Começava, exatamente naquele momento, a mais emocionante, fantástica e proveitosa aventura de minha vida. Tinha 11 anos de idade.



Ginásio Santo Antônio de São João del-Rei

Ao ler aquele texto, sentei-me novamente nas carteiras daquele educandário, onde vivi durante cinco anos como aluno interno, e relembrei carinhosamente cada um de meus mestres.

A eles, Profª Da. Carmita, Prof. Thomaz Perilli, Prof.Geraldo Silva, Prof. Domingos Horta, Prof. Elpídio Antonio Ramalho, meu paraninfo, Frei Conrado Goumans, Frei Seráfico Schluter, Frei Salésio Heskes, Frei Feliciano van Sambeek, Frei Metelo Geeve, Frei Beno van Buijtenen, Frei Jordano Noordemeer, Frei Jaime Steneker, Frei Geraldo de Reuver, Frei Felicíssimo Mattens, meu diretor, devo os pilares de minha humilde sabedoria. Àqueles educadores devo os pilares da moral, da honra, da dignidade e da humildade sem subserviência.

Aprendi a ter orgulho sem ser prepotente: ser homem e respeitar outros homens dignos; lutar pela liberdade e pela democracia; defender os humildes e os esquecidos; ser justo, sendo juiz de mim mesmo; ver os bens materiais como forma de poder ajudar alguém. Jamais a cobiça.

Quando, no princípio de dezembro de 1957, na noite de minha formatura, desci as escadas do palco do nosso cine-teatro, ladeado pelos meus orgulhosos pais, tinha no peito a medalha de ouro daquele educandário e trazia na alma a vontade e o preparo para enfrentar a vida.

Quadro de fomatura da turma de 1957 - Curso Ginasial do 
Ginásio Santo Antônio - São João del-Rei

Guardei aquela medalha por 57 anos e dentro das paredes sagradas do Instituto Histórico e Geográfico de São João Del Rey, na frente de seus ilustres membros, entreguei-a ao meu filho, para que ele um dia a ofertasse ao meu neto. Não lhe passava uma medalha, repassava-lhe o simbolismo de como se deve educar um cidadão, e disse as seguintes palavras, a todos os presentes naquela inesquecível reunião : 
"Nós só nos tornaremos uma nação, quando elegermos a educação de nossos filhos, de todos os brasileiros,  como a mais importante missão de nossas vidas. Deixaremos de aparecer nas páginas policiais dos noticiários estrangeiros e apareceremos nas cerimonias de entrega do Prêmio Nobel. Transformaremos os risos do deboche em aplausos pela estatura intelectual que alcançarmos."

Obrigado, amigo Braga, por ter me levado de volta a um passado que nunca irei esquecer até o final de meus dias, e do qual muito me orgulho.

Não posso encerrar, sem antes agradecer ao povo de São João Del Rey, que durante cinco anos me acolheu e que, durante toda a minha vida, sempre que lá retornei, fui recebido de braços abertos. 

São João Del Rey é a minha segunda terra natal.

9 comentários:

Dr. Rogério Medeiros Garcia de Lima (desembargador, escritor e membro da Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

ÓTIMO! A MEMÓRIA, FONTE DA VIDA E DA SABEDORIA.


ROGÉRIO

Prof. Fernando Teixeira (professor universitário, escritor e membro da Academia Divinopolitana de Letras, onde é Secretário Geral) disse...

Gratíssimo pelo envio do precioso texto. Abraço do amigo e recomendações para a esposa. Fernando Teixeira

Blog do Tachinha disse...

Braga, bela lembrança.
Eu também estudei como seminarista lá no Colégio em 1964. Tenho uma página sobre os ex-seminaristas franciscanos e um álbum com algumas fotos do colégio.
As duas páginas são: www.gregoriano.org.br e https://www.flickr.com/photos/seminario/sets/72157602542984832

Um abraço e parabéns pelo seu blog.
Altair Costa (Tachinha)

Francisco José dos Santos Braga (colaborador e gerente do Blog de São João del-Rei) disse...

Prezado leitor do Blog de São João del-Rei,
Como gerente deste blog, tenho a alegria de anunciar a colaboração de Dr. LÚCIO FLÁVIO BAIONETA com dois textos: um, em que relembra o Ginásio Santo Antônio e seus diletos mestres no período de 1953-1957; o outro, com o seu currículo valioso, que se pode dizer que é seu verdadeiro Credo, página que todo brasileiro deveria ler.

O Instituto Histórico de São João del-Rei teve a honra da visita do ilustre palestrante, Dr. Lúcio Flávio Baioneta, em duas ocasiões: a primeira vez em 5 de agosto de 2012, por ocasião do Discurso de Defesa do Patrono a convite do confrade orador Paulo Chaves Filho, ocupante da cadeira nº 34 patroneada por EDUARDO CANABRAVA BARREIROS, quando Dr. Lúcio Flávio foi instado a dar seu testemunho sobre a vida e a obra do seu amigo Eduardo, o que fez com brilhantismo e maestria, cativando todos os presentes.
Mais recentemente, no dia 7 de setembro de 2014, brindou o nosso IHG com a palestra intitulada "Semicírculo, o Google e eu". Indagado sobre o porquê do título, explicou que:
a) "Semicírculo: recordações, quase memórias" era o título de um livro que Eduardo escrevera relatando a primeira parte de sua vida, a mais difícil e a mais sofrida;
b) o Google, apesar de ser a mais importante ferramenta de busca atualmente na rede, com praticamente todas as respostas para nossas dúvidas, para surpresa dele não tinha nada escrito sobre as conversas que ele e Eduardo mantinham;
c) por isso, decidiu falar sobre essas coisas que não estavam nos livros e no Google, que só ele e Eduardo sabiam, e isto constituía o seu Eu.
Nessa palestra, também ficamos sabendo que Dr. Lúcio Flávio tinha conhecido pessoalmente todas as figuras que contribuíram com sua presença para a caracterização dos personagens de Guimarães Rosa: Juca Bananeira, "Seu" Lino, Manuelzão e seu principal informante, Zé Fuminho, que nas barrancas do São Francisco contava casos para Rosa, cuidadosamente anotados por este.

Contando com outros textos deste colaborador para enriquecimento do Blog de São João del-Rei, fico com meu abraço cordial,
Francisco Braga
Gerente do Blog de São João del-Rei

Dr. Lúcio Flávio Baioneta (conferencista e proprietário da Análise Comercial Ltda em Belo Horizonte) disse...

Meu prezado amigo, FJSBRAGA,
agradeço-lhe mais uma vez a honra de participar como colaborador de seu blog. Tentarei não decepcioná-lo. Agradeço também pelas elogiosas palavras sobre o meu currículo.Vou creditar aquelas palavras mais à sua amizade que ao conteúdo de minha vida..
Procuro, diuturnamente, deixar aos meus filhos o orgulho de me terem como pai.
Aos amigos, o sorriso, a sinceridade e a certeza de que poderão sempre contar comigo e nesta lista o inclúo com muita honra.
Muito obrigado mais uma vez.
Abraços do Lúcio Flavio.

Dr. Lúcio Flávio Baioneta (escritor, conferencista e proprietário da Análise Comercial Ltda) disse...

Meu prezado amigo FJSBRAGA, de repente eu me vi, no inicio do ano de 1953, com 11 anos de idade, saindo do Hotel Espanhol, com meus pais em busca de uma igreja para assistirmos a missa dominical. Resolvemos seguir os sinos cujo badalar mais nos agradava e chegamos na monumental igreja de São Francisco de Assis.
Depois da missa conhecemos o Ginásio. Fiz o exame de admissão e não voltei para minha Curvelo, fiquei naquele imenso prédio que durante 5 anos tornou se a minha segunda casa.
Vi. com imensa emoção, todos os videos. Os alunos daquele encontro não foram meus contemporâneos. Revi o prédio, os dormitórios, os laboratórios, os salões de estudos, os refeitórios, os pátios, os campos de futebol e revi o que para mim foi o mais importante:-os mestres e os frades franciscanos que com seus ensinamentos fizeram de mim um homem. Caráter, honra , humildade .
Não vou esconder que cheguei as lágrimas, triste é se eu não tivesse chorado.
Guardo este Ginásio, estes frades e estes mestres no meu coração, até o final de meus dias. Vou guardar estes videos para sempre.
Muito obrigado por ter se lembrado de mim.
Abraços do Lúcio Flávio.

Jose L. DeCamargo disse...

Sou Jose Laudo de Camargo interno no ano de 1967, com Frei Augusto (me puxava orelha), Frei Jordano (fumava cigarro de palha) Frei Feliciano, que nos acordava falando que eramos "Geraçao Coca-Cola" etc Seu Zito era encarregado dos esportes. Bom ano. Educativo. Sou Carioca e vivo no Kentucky(USA) fazem 30 anos. Se alguém souber como ter fotos desta época, relação dos alunos, ou o que seja recordativo, seria legal saber, ou de algum ex-aluno que recordar de meu nome. Que Deus nos abençoe. Jose Camargo

Unknown disse...

Excelente, vale recordar entrei no Ginásio em 1953, permanecendo até 1954.Dos citados salvo confusão pelo tempo, não vi Frei Aristides. Era aluno do terceiro ano ginasial com mais dois de Teresópolis. Muito bom.Recordar é viver.

Unknown disse...

De Teresópolis. Eu, Helio de Souza Paim,outros, Adalberto Maurício de Abreu, e um descendente de Arthur Bernardes.