Por Marcelo Nóbrega da Câmara Torres
O escritor, pianista e compositor, além de meu ex-colega na Consultoria Legislativa do Senado Federal, Francisco Braga, indaga-me se, por acaso, sou
parente do Cardeal Jaime de Barros Câmara, arcebispo do Rio de Janeiro e
autor do Compêndio de Teologia Pastoral oferecido aos Seminaristas do Brasil (Petrópolis-RJ: Editora Vozes, 1948, 400 p.). Além disso, informa que o exemplar que possui pertenceu ao saudoso são-joanense Pe. Pedro Teixeira Pereira, SDB, com a anotação "ad usum".
Sim, prezado Braga, Dom Jaime é meu parente. Durante toda a minha vida, eu e minha
família sempre estivemos certos, e continuamos certos, de que o cearense
Dom Hélder Câmara era nosso primo. E é, continua sendo. Nisto nunca
houve dúvida. Entretanto, sempre foi curioso, até surpreendente,
observar que o contraponto religioso e político de Dom Hélder aqui no
Rio, o catarinense Cardeal Dom Jaime de Barros Câmara, na Igreja e na
Política, um conservador e reacionário respectivamente, tivesse o mesmo
patronímico do nosso primo Dom Hélder. Isto porque a raiz brasileira dos
Câmara é uma só: Natal-RN, no início dos Setecentos. A origem de tudo:
Ilha da Madeira. João Gonçalves Zarco foi descobridor e colonizador do
arquipélago a partir de 1425. Depois, por decreto do Rei de Portugal
passou a assinar João Gonçalves Zarco Câmara dos Lobos. Isto porque ao
chegar às ilhas, deparou-se com uma câmara de lobos marinhos. O "dos
Lobos" caiu no século XVI. A investigar o porquê. Eu, Dom Hélder e
"Cascudinho" deveríamos ser chamados de: Marcelo Câmara dos Lobos, Dom
Hélder Câmara dos Lobos e Luís da Câmara dos Lobos Cascudo.
Pois bem,
meu pai, José Augusto da Câmara Torres, confrade que antecedeu a Francisco Braga na
Academia Valenciana de Letras-RJ (estou a lhe dever a oração de posse),
descobriu, na velhice, que Dom Hélder e Dom Jaime eram também primos
entre si e nossos primos, portanto. O pai de Dom Jaime, Joaquim Xavier de Oliveira Câmara, potiguar, foi lutar na
Revolução Federalista no RS e SC, e lá nasceu Jaime. Assim, tenho dois
cardeais na Família, um no limiar da Santidade.
Importa dizer ainda que sou descendente direto de Santo Antônio de Lisboa, o casamenteiro (nome civil: Fernando de Bulhões), isto por parte da minha mãe, Gertrudes Nóbrega, também potiguar, ela pertencente ao tronco dos Bulhões, de Sto. Antônio, que chegaram à Paraíba com a colonização, e dos Nóbrega, também lusitanos do Minho, cujo nome mais importante e ilustre é, para mim, depois de minha mãe, avós e bisavós maternos, o republicano e revolucionário Janúncio da Nóbrega, intelectual e líder político no RN no final do século XIX.
Importa dizer ainda que sou descendente direto de Santo Antônio de Lisboa, o casamenteiro (nome civil: Fernando de Bulhões), isto por parte da minha mãe, Gertrudes Nóbrega, também potiguar, ela pertencente ao tronco dos Bulhões, de Sto. Antônio, que chegaram à Paraíba com a colonização, e dos Nóbrega, também lusitanos do Minho, cujo nome mais importante e ilustre é, para mim, depois de minha mãe, avós e bisavós maternos, o republicano e revolucionário Janúncio da Nóbrega, intelectual e líder político no RN no final do século XIX.
10 comentários:
Tive o privilégio de interessar-me pelo possível parentesco entre duas notáveis personalidades eclesiásticas, Dom Helder Câmara, arcebispo de Recife e Olinda, e Dom Jaime Câmara, arcebispo do Rio de Janeiro.
Para dirimir essa minha dúvida, decidi recorrer a Dr. Marcelo Câmara, colaborador do Blog de São João del-Rei, certo de colher uma resposta definitiva e abalizada, já que se trata de exímio genealogista.
A resposta não tardou, nem bem a dúvida tinha sido formulada. Ao indagar ao genealogista, esclareci que a dúvida fora suscitada pela presença de um livro em minha biblioteca, da autoria de Dom Jaime de Barros Câmara, intitulado Compêndio de Teologia Pastoral, que me fora doado, há tempos, pelo saudoso são-joanense Pe. Pedro Teixeira Pereira, SDB.
Espero que o leitor deste blog se delicie com a resposta do escritor Dr. Marcelo Câmara.
Valeu a pena, ler essa matéria de suma importância nos estudos genealógicos. Me envie no word, para que possa republicar.
Amanhã estarei aí na reunião do IHG de São João del-Rei, se não estiver chovendo muito por aqui.
Grande abraço,
Passos de Carvalho
Muito interessante.
Dois grandes bispos, embora tivessem linhas de atuação diversas. Mas rígidos apóstolos do Senhor.
Abs. Grato,
Rogério
Interessante!
Bom domingo para vcs!
Beijos,
Elizabeth
Realmente, Braga, uma resposta que expressa a qualidade intelectual do genealogista que a elaborou. Abraço do amigo e confrade Fernando Teixeira. Em tempo: Cumprimente a sua esposa por mim.
Caro amigo e Confrade Francisco Braga
Quero lhe felicitar por mais essa interessante pesquisa – que contou com o apoio do Genealogista Dr. Marcelo Nóbrega da Câmara Torres – sobre duas personalidades eclesiásticas de renome nacional. Agradeço pelas preciosas informações que me enviou.
Eu e Beth fizemos uma pesquisa sobre o pai do Dr. Marcelo, José Augusto da Câmara Torres, e constatamos que ele pertenceu à Academia Valenciana de Letras como um de seus mais ilustres Membros Correspondentes.
Ele foi o segundo ocupante da Cadeira nº 27, Classe de Ciências, patronímica de José Lopes da Silva Trovão (1847/1925), tendo sucedido a Deoclécio de Paranhos Antunes (04/07/1902 a 18/08/1962), o primeiro ocupante da Cadeira.
O Dr. José Augusto – Advogado, professor, jornalista e político – tomou posse na AVL em 23/11/1965, sendo saudado pelo Dr. Dayl de Almeida.
Apreciaria, se possível, que por ocasião do recebimento da “oração de posse” do Dr. José Augusto, conforme lhe prometeu o Dr. Marcelo, o Ilustre Confrade Braga pudesse encaminhar-nos uma cópia, por e-mail, para arquivo em sua Pasta na Academia, pelo que lhe agradeço por mais essa gentileza.
Com o meu abraço fraterno,
O amigo Mario.
Prezado:
Sabe que Dom Jaime Câmara visitava de vez em quando a sede da Paróquia dos Católicos Alemães, situada na Rua do Bispo, na Tijuca, Rio. Minha tia, Clara Fröhlich, que falava fluentemente o alemão, secretariava o Pe. Otto (não lembro o sobrenome), que era o pároco. Isso foi na década de 1960.
Uma vez perguntei a minha tia se Dom Jaime falava alemão. Ela me respondeu...
---Falava... falava.
Do jeito que me respondeu, pareceu-me que não falava muito bem. Bem, de qualquer maneira muito pouca gente falava bem o alemão para ela. Mesmo assim fiquei impressionado, pois minha tia conhecia pessoalmente e conversava com o Cardeal do Rio.
Abçs
Com meu abraço ao prezado amigo e companheiro,
retribuo com minha modesta nota semanal.
D. Hélder Câmara, sempre muito lembrado politicamente aqui no RJ, onde finalmente emprestou seu nome à uma extensa artéria de tráfego ligando diversos bairros da capital.
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