domingo, 21 de abril de 2019

Colaborador : JOSÉ CIMINO


Por Francisco José dos Santos Braga


Crédito das fotos: Rute Pardini Braga
JOSÉ CIMINO nasceu em Desterro de Melo, MG. Com uma vida dedicada ao magistério, foi professor de filosofia no ensino superior, principalmente na Faculdade Dom Bosco de São João del-Rei e na Fundação de Ensino Superior de Rio Verde (Fesurv), Goiás, com rápida passagem pela Universidade Presidente Antônio Carlos (Unipac) de Barbacena. Admitido no Serviço Público Federal, por concurso, foi Assessor para Assuntos Educacionais do MEC, Diretor da Escola Agrotécnica Federal de Rio Verde, onde recebeu o título de Cidadão Honorário Rioverdense. 
A partir de 1992, fixou residência em Barbacena, onde, em 1997, fundou a Academia Mantiqueira de Estudos Filosóficos-AMEF, da qual é seu atual presidente. 

Seu livro "INFINITO INSTANTE" é composto de três partes bem distintas: 
1) Meu Ser no Mundo, donde tirei "Tia Inês" (p. 24-26)
2) Marcas Humanas, de que extraí os poemas "Utopia" (p. 102-3), "Liberdade" (p. 99), "Pátria Minha" (p. 107-8) e "Desconcerto" (p. 109)
3) Mundividência, da qual retirei o poema "O Tempo" (p. 137-139), com o qual o livro "Infinito Instante" e o post com os poemas seletos se encerram.

Foto durante evento comemorativo dos 108 anos de Plínio Alvarenga, fundadador da Academia Barbacenense de Letras-ABL. Da esq. p/ dir.: José Cimino e Francisco Braga. Da dir. p/ esq.: presidente da ABL, Mário Celso Rios e Rute Pardini Braga.

Para o autor dos poemas, José Cimino, "Infinito Instante (meio poesia e meio metafísica) foi escrito aos poucos, à margem do rio da alegria, tentando ver o encoberto. (...) O encoberto revelado é meu modo de ver o mundo e as coisas. Infinito Instante vem compartilhar com o leitor uma nesga daquilo que é o caleidoscópio da visão de mundo. Está dividido em três partes: A primeira, Meu Ser no Mundo, enfoca lembranças e fatos vivenciados e ainda nítidos na memória, no que toca a pessoas e detalhes aparentemente banais da vida cotidiana, principalmente o impacto causado por aquilo que ela tem de essencial. Na segunda, Marcas Humanas, põe-se em destaque o momento em que se vive, com sua problemática existencial e ética, procurando-se dar um cunho lírico e concomitantemente crítico às questões abordadas. A última, Mundividência, inclui poemas de cunho mais especificamente filosófico. (...)"

A ideia da capa do livro "Instante Infinito" sugere a transmutação de um botão de rosa numa rosa plenamente desabrochada, segundo o autor, deve a Edson Brandão; igualmente dá crédito ao Prof. Mário Celso Rios por observações e críticas construtivas durante a preparação do livro.

Capa do livro "Infinito Instante" de J. Cimino
Com a temática da metamorfose do botão em rosa, a capa nos leva a Barbacena, no sopé da Mantiqueira, cidade das rosas, centro cultural de grande importância em Minas Gerais, terra natal de Honório Armond, considerado o "Príncipe dos Poetas Mineiros" (escolhido numa eleição realizada por um jornal de Belo Horizonte, pleito que teve à frente o poeta Carlos Drummond de Andrade), e do poeta satírico Padre Mestre Correia de Almeida.

No Preâmbulo do livro, J. Cimino presta uma "homenagem à cidade em que atualmente vive e onde foi fundada a Academia Mantiqueira de Estudos Filosóficos - AMEF, em 06 de junho de 1997", espécie de dedicatória do livro a Barbacena, cidade que viu a obra nascer. Então, o eu lírico do poeta levou-o a inspirar-se no panorama privilegiado barbacenense para compor o poema "Barbacena" (p. 19), do qual retiro os seguintes versos: "Por sobre as montanhas / a gente espia longe / e estende as mãos / para buscar o futuro além das nuvens."

O Blog do Fernando Augusto da Cunha, em Aracaju-SE, reproduziu o que foi publicado pelo Jornal Folha do Sudoeste, ou seja, um registro histórico a respeito da comemoração do 35º aniversário da Escola Agrotécnica Federal de Rio Verde de 6 a 8 de junho de 2002. No dia 7 de junho, uma sexta-feira, registrou a seguinte encenação do livro "Infinito Instante": 
"(...) A cultura foi o fundamento das comemorações da sexta-feira: o Grupo Teatral Boca de Cena, apresentou o espetáculo Infinito Instante, peça baseada na obra literária de José Cimino, ex-diretor da Escola Agrotécnica de Rio Verde. O livro de poemas de Cimino, que também foi lançado em Rio Verde na mesma ocasião, faz uma crítica pesada às crises sociais, problemas ambientais e a perda da identidade cultural de nosso povo, consequências do capitalismo selvagem. Temas muito bem encenados, através de poesia e música, pelos artistas do grupo de Congonhas-MG, a chamada “Cidade dos Profetas”. (...)" 

Também, o crítico literário Luiz Paiva de Castro in Prosas II (Infinito Instante) comenta alguns poemas do filósofo-poeta J. Cimino que hoje reproduzo no Blog de São João del-Rei. Eis alguns de seus comentários: 
"O autor de Infinito Instante, o professor J. Cimino, conheci pessoalmente durante as festividades dos 50 anos da EPCAer, de Barbacena, em maio de 1999. (...) 
J. Cimino está atento a seu passado, à Tia Inês posta em sossego (“Estavas, linda Inês, posta em sossego, de teus anos colhendo doce fruito...”). Doce como a Inês camoniana, a Inês, Tia Inês, é bela: “As dores lembradas do tronco não te acendem o ódio.” (p. 24). 
Como Camões lírico aparece com enorme força no épico Os Lusíadas, J. Cimino alcança estas alturas de por a Pátria em versos libertários, que Cecília Meireles trouxe em “Romanceiro da Inconfidência”. Em “Desconcerto” (p. 109), o filósofo-poeta se apruma na concisa defesa da Pátria brasileira, terra e gente: 
“Roda gigante de minério-economês/ sufoca a raiz dos ideais. Sobre a lousa/ dos patriotas, pousam coroas de cravos/ e a Nação ostenta um rosto frio e pálido.// O horizonte é fechado e obtuso./ Um vento corrosivo talha a verde planta./ O ímpeto alado de ousadas aves/ maça na fonte os anseios do homem ético.// O povo é tesouro soterrado. Dores/ impostas do alto descem e os que beijam/ o Pendão de outras terras suas entranhas/ alienam na arena do festim global.// No campo e na cidade, donos do poder/ costuram a política de linhas tortas./ Baixa sobre a Pátria a sombra do desânimo/ que imêmore vive à margem de sua história.//”. 
Mas o filósofo não está determinado pela História. Isto acabou: “O Tempo”, poema final do livro, p. 139 - final do poema: “Só ele é tempo./ Fora dele,/ o que há/ é um agora de ser fluindo/ sempre para o novo./ Ou não seria/ também ele,/ um 'instante'/ passageiro do imenso comboio/ da evolução do cosmos?”. 

10 comentários:

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Salomea Gandelman (professora universitária, autora do livro "36 Compositores Brasileiros-obras para piano (1950-1988)) disse...

Obrigada, boa Páscoa! Salomea

Dr. Rogério Medeiros Garcia de Lima (professor universitário, desembargador do TJMG, escritor e membro da Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

MUITO BOM!

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...

Venho, através desta publicação no Blog de São João del-Rei, comemorar os 227 anos da morte na forca do Patrono Cívico da Nação Brasileira, com poemas alusivos ou referências implícitas àquela data (21 de abril de 1792) e ao herói Joaquim José da Silva Xavier, constantes do livro "INFINITO INSTANTE" (2001), da autoria do filósofo-poeta JOSÉ CIMINO, presidente da Academia da Mantiqueira de Estudos Filosóficos-AMEF, de Barbacena.

Cordial abraço,
Francisco Braga
Gerente do Blog de São João del-Rei

LuDias (proprietária do site VÍRUS DA ARTE & CIA, especializado em arte e cultura) disse...

Parabéns, Braga, pela publicação!

Prof. Fernando de Oliveira Teixeira (professor universitário, escritor, poeta e membro da Academia Divinopolitana de Letras, onde é Presidente) disse...

Prezado Braga, obrigado pelo envio da matéria. Saudação também para a esposa. Fernando Teixeira

Prof. Mário Celso Rios (presidente da Academia Barbacenense de Letras) disse...

Caro BRAGA e RUTE,
Um abraço especial de Páscoa!
Também nossos mais sinceros agradecimentos por estarem sempre a resgatar e valorizar a cultura brasileira e dessa vez isso ocorre ao promoverem e divulgarem a obra INFINITO INSTANTE de J. CIMINO, poeta e filósofo, e também muito ligado a SJDR, a MG, ao Brasil e ao que seja universal!
Parabéns !
Mário Celso Rios

Prof. José Maurício de Carvalho (professor titular aposentado da UFSJ e do Centro Universitário Presidente Tancredo Neves - UNIPTAN, membro do Instituto de Filosofia Brasileira, do Instituto de Filosofia Luso-brasileira com sede em Lisboa, da Academia de Letras de São João del-Rei e da Academia Mantiqueira de Estudos Filosóficos) disse...

Muito bem, abraços, Maurício

João Pinto de Oliveira (presidente do Sicoob Credivertentes, membro correspondente do Instituto Histórico e Geográfico e membro efetivo da Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

Caro confrade Prof. Braga

Muito grato pela remessa dos Poemas Seletos de "Infinito Instante". Fui
aluno de Pe. José Cimino, disciplina Metodologia Cientifica. Muito ligado ao teatro. Uma figura excepcional!

Abs.
João Pinto de Oliveira

Prof. Cupertino Santos (professor aposentado da rede paulistana de ensino fundamental) disse...

Caro professor Braga.
Comoventes os poemas do professor Cimino, sem dúvida merecedor do destaque que lhe dá em sua página. A "Inconfidência", o "Desconcerto", a "Pátria Minha", a "Liberdade" e a "Utopia", assim como a própria "Tia Inês", dialogam com o eixo do "Tempo". Lê-se, por exemplo, que "o povo é tesouro soterrado" e "baixa sobre a Pátria a sombra do desânimo"; o autor parece ter vaticinado Brumadinho e o momento pelo qual passa o país, no qual a sua soberania parece claudicar.
Parabéns pelo destaque e muito agradecido.
Cupertino.