Por Francisco José dos Santos Braga
BIOGRAFIA DE ANTÔNIO AMÉRICO DA COSTA por Átila Alves e Costa
Capa do livro de Átila Alves e Costa, homenageando 50 anos da morte de Anônio Américo da Costa |
ANTÔNIO AMÉRICO DA COSTA, filho de José Estêvão Marques da Costa e Tertuliana de Carvalho, nasceu em 23/3/1867, em Prados-MG, onde iniciou seus estudos nas antigas Cadeiras de Instrução do 1º grau. Passou depois a cursar a Escola Normal em São João del-Rei, formando-se em 17/8/1889. De volta à terra natal, lecionou nas chamadas Escolas Isoladas, mantidas pelo Governo do Estado, até a inauguração da Escola Estadual Dr. Viviano Caldas, em 1908.
Casou-se em 17/12/1890 com a Professora Maria José Rodrigues Teixeira Valle, filha de Antônio Rodrigues Teixeira Valle e Maria Cândida de Jesus, com quem teve 14 filhos.
Professor por excelência, Antônio Américo foi um dos mais respeitados pedagogos do ensino primário de Minas Gerais. Fez de sua casa uma escola, onde educou, gratuitamente, várias gerações de pradenses, que ali buscavam não só o aprimoramento das matérias curriculares, como também os segredos da música, da literatura e de línguas estrangeiras. Primeiro diretor do Grupo Escolar de Prados, foi professor por longos anos neste mesmo estabelecimento de ensino. Aposentou-se em 15/12/1927, deixando imensa lacuna no magistério público mineiro. Mestre incansável, continuou com sua escola doméstica, instruindo e educando a mocidade pradense ainda por muitos anos.
Reverenciado pelos conterrâneos, Antônio Américo sempre recebia manifestações de carinho, apreço e gratidão. Seu ex-aluno e ex-Prefeito de Prados, Getúlio Silva, homenageou-o com um discurso em 1927. Nele, a síntese das virtudes do mestre:
“O seu talento privilegiado não se revela somente em uma só matéria, como é mais comum se ver entre os intelectuais de todos os tempos. A sua inteligência límpida reflete brilhantemente várias das cintilações do gênio; é ele o nosso melhor gramático, hábil manejador da língua; é o cronista consciente; o causeur perspicaz; o mestre perfeito... .”
Músico exímio, esteve à frente da banda de música e da orquestra Lira Ceciliana por 55 anos. Além de virtuoso instrumentista e cantor, foi inspirado compositor. Deixou um precioso acervo musical com mais de 100 composições dos mais variados gêneros. É de sua autoria A Porfia das Flores, uma bela opereta de Natal, estreada em 1925 e que vem sendo encenada por várias gerações até hoje. Tocava violino, piano e bombardino e no coral era um “baixo” afinado e altissonante. Coube a Antônio Américo continuar a obra de seu pai, José Estêvão Marques da Costa, falecido em 15/5/1889, fundador da Lira Ceciliana e seu professor de música. Com obcecado esforço e dedicação, aprimorou esa corporação musical de que hoje Prados tanto se orgulha. Depois de sua morte, seus filhos João Américo, Paulo Américo e Martha Costa assumiram a direção da música em Prados. Atualmente, rege a Lira Ceciliana o seu neto Adhemar Campos Filho, famoso compositor e maestro.
Antônio Américo era um músico sublime, segundo as palavras de Getúlio Silva no mesmo discurso em que lhe exaltava as qualidades:
“... e, no que muito nos desvanece, esse músico sublime que nós, os pradenses, com justa ufania já cognominamos – o maestro – cujas composições musicais, como saídas das mãos de mestre, são emocionantes como as belezas de seu coração puro! Vozes d’ alma é a valsa inspirada de seu estro de moço; Santa Cecília, missa lindíssima, é um belíssimo conjunto de preces em harmonias sentimentais cantadas à linda padroeira da música, santa de sua comovente devoção; Arthur Oscar, quadrilha em honra a um bravo general do nosso exército, é o amor à Pátria, traduzido em sons puríssimos e marciais.”
Participante ativo e assíduo da vida social pradense, destacado jornalista, Antônio Américo exerceu, ainda, a advocacia criminal gratuitamente, sempre na defesa dos mais humildes e necessitados. Católico fervoroso, foi membro proeminente da Conferência São Vicente de Paulo e da Irmandade do Santíssimo Sacramento. Grande patriota, deu tudo de si para o engrandecimento de sua cidade e de seu país.
O escritor e Professor Antônio de Lara Resende, em artigo publicado no jornal Estado de Minas de 10/12/1944, o chamou de
“... a luz de sua pequena terra. Lumen civitatis (...). Mestre de letras, mestre de música, mestre de virtudes, era todo bondade, idealismo e desprendimento. Tudo que sabia ele ensinava, não para ganhar, mas apenas para dar, para servir, para ser bom.”
Fotografia da pág. 227 do livro da lavra de Átila Alves e Costa |
Antônio Américo da Costa faleceu em Prados, aos 77 anos, no dia 5/12/1944, de uremia. Deixou esposa, 8 filhos, 33 netos e 9 bisnetos.
Sua morte causou grande comoção em toda a região. Contrita, Prados parou para homenagear o venerando mestre. O enterro foi dos mais pungentes de toda a história do município. O jornal Diário do Comércio de São João del-Rei, de 20/12/1944, relatou:
“A 6 do corrente, a cidade assistiu a um espetáculo jamais sinalado nos anais de sua história cívica.
Uma apoteose, foram as exéquias de Antônio Américo da Costa.
Das cidades vizinhas, de S. João del-Rei, de Dores de Campos, da vila de Coroas e de todas as circunvizinhas de Prados, acorreram comissões representativas para as cerimônias do enterramento.
Às 11 horas, na Matriz local, cantou-se solene missa de requiem, de corpo presente, na qual a Lira Sanjoanense, aqui vinda a convite, executou tocante e pungente “Libera Me”.
Findo o santo sacrifício, foi o féretro levado ao cemitério, num verdadeiro préstito, a que se congregaram, além de enorme massa popular, todas as irmandades e associações religiosas da paróquia.
A banda de música, de que o extinto fora, tanto tempo, dedicado maestro, acompanhou também o corpo à última morada, prestando-lhe a sua homenagem póstuma.
O grupo escolar Dr. Viviano Caldas, de que fora o morto preclaro diretor e insigne lente, homenageou sua memória depondo no seu túmulo custosa coroa de flores.
À borda da sepultura, falaram o Revmo. Padre Francisco Eduardo de Assis, vigário da paróquia, o Sr. Getúlio Silva, Prefeito Municipal, Dr. Francisco das Chagas, Srs. Hélio Márcio Lopes e Leôncio Ferreira da Silva, Professor Antônio Ribeiro de Avelar, representante oficial do governo do Estado e do Sr. Secretário da Educação, e o Dr. Antônio das Chagas Viegas, Prefeito de São João del-Rei.
(Do Correspondente)
Diário do Comércio
São João del-Rei, 20/12/44.”
Fonte: ALVES E COSTA, Átila: “Reminiscências - Antônio Américo da Costa - 50 Anos depois de sua Morte”, Belo Horizonte: [s.n.], 1995, p. 17-19.
2 comentários:
Tenho o prazer de entregar ao leitor do Blog de São João del-Rei meu ensaio intitulado PORFIA DAS FLORES, OPERETA DE ANTÔNIO AMÉRICO DA COSTA, que, além de analisar a obra musical em questão, ainda apresenta um estudo da literatura que versa sobre os Autos Pastoris no Brasil.
Link: https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2020/01/a-porfia-das-flores-opereta-de-antonio.html
O Blog de São João del-Rei ainda acolhe a notável colaboração de ÁTILA ALVES E COSTA, com a biografia de seu bisavô ANTÔNIO AMÉRICO DA COSTA, o músico que homenageamos no período natalino por sua enorme contribuição à Arte Musical com a composição de uma opereta durante o ciclo natalino, intitulada PORFIA DAS FLORES.
Link: https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2020/01/colaborador-atila-alves-e-costa.html
Cordial abraço,
Francisco Braga
Gerente do Blog de São João del-Rei
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