domingo, 24 de maio de 2020

TRIBUTO AO PADRE JOSÉ TEIXEIRA PEREIRA, MEU SAUDOSO MESTRE E AMIGO


Por Dimas Luiz do Carmo

Crédito pela foto: Gil Amaral Campos (✰ 28/6/1939-✞ 3/12/1999)



MIL VEZES, PADRE EU SERIA 

Se eu nascesse mil vezes,
Mil vezes, padre eu seria!
Falar de José (Padre José Teixeira Pereira)
Sem recordar tais palavras,
É inibir a compreensão
Da personalidade que ficou vívida
Nas almas de quem teve a alegria
De com ele conviver,
Em afetivas pessoalidades
E enquanto seus tutelados na fé.

Seu caráter era o reflexo de sua própria voz
– Grave, tonitruante e austera –
A propagar enfaticamente sua fé
Na Santíssima Trindade,
Em Maria Auxiliadora,
Na sua amada Igreja Católica
– Princípio e Fim de sua existência –
E em João Bosco,
O santo de sua maior inspiração.

Ficara muitos anos distante
De sua amada terra natal
– São João del-Rei –
Para os seus estudos vocacionais e depois,
A trabalho, em sua obediente missão.
Teve enfim,
Seu feliz
E definitivo retorno.

Logo em sua chegada,
Assumiu sensibilizado, como se seu fosse,
O ideal de um pequeno grupo de jovens
E fundou a “Associação dos Coroinhas de Dom Bosco”,
Que assim passou a se intitular
Alguns anos após.

Desde sua origem foi integrada exclusivamente por meninos.
Mais adiante e num mesmo ímpeto,
Assumiu como Diretor Espiritual,
Um grupo de meninas e moças,
Intitulado “Legião de Maria”,
Que já existia há algum tempo na diocese,
Mas que carecia de uma atenção especial.

A partir daí, as duas instituições passaram a ter
Um estreito relacionamento de participação
Em atividades paroquiais e de simpáticas amizades.
(Discorrerei aqui somente sobre a primeira,
Onde tive maiores vivências
E a qual fez parte de minha rotina de vida
Por longos anos.)

A ambas, passou a dedicar,
De coração entusiasmado,
Seus mais frutíferos momentos
Da vida sacerdotal:
Ora ensinando catequese e estudos bíblicos,
Ora ensaiando cânticos para as missas,
(Com o apoio musical de sua mais dedicada colaboradora,
Amiga e companheira,
Durante muitos anos e mesmo após sua morte:

A querida Professora “Dona Irene Sacramento”),
Ou preparando acólitos e leitores
Para as funções eclesiásticas
– Procissões e outras cerimônias.
Noutros momentos, acompanhava alegremente seus jovens
Na prática esportiva do futebol,

Deslocando-se incansável junto deles
De um local a outro da cidade,
Em busca de campos disponíveis,
Que atendessem suas necessidades prementes.
Num determinado momento
(E o vejo como uma festiva lembrança),
Ele foi agraciado com o campo de esportes

Do XI Batalhão de Infantaria,
Ao mesmo tempo em que lá exercia,
Como militar, a função de “capelão”.
Nesse intento,
Valia-se sempre da grande popularidade que alcançara
Em seu admirado empreendimento,
Afiançado por sua sacramental posição social.

Num momento ainda mais importante pois,
Iniciava piedosamente tais jovens no exercício da oração,
Recitando seu fiel rosário de contas-de-lágrimas,
Ou noutras vezes,
Com seu quase imperceptível tercinho de dedo,
No formato de um anel.
Esta imagem é a que mais trago em meus olhos!

O esporte veio mesmo a ser um grande aliado
No seu trabalho pastoral para atrair mais jovens
E tirá-los das “ocasiões de pecado”,
Segundo suas próprias palavras.
E os livrava mesmo, sou testemunha,
Desde que o aceitassem, livremente.

Pois seus olhos pairavam,
Sempre amorosamente vigilantes,
Nesta afetuosa acolhida.
Era assim que eles encontravam ali
Um local de amizades saudáveis e pacíficas,
Bem diferente dos sedutores e ultrajantes ambientes
De sua comum convivência.

Eram jovens oriundos
De diversas camadas sociais,
Mas sua grande maioria era mesmo
Das comunidades mais carentes.
Então, seu zelo se revelava ainda maior.
A primeira ferramenta utilizada
Para esse fim, foi a música,
Com menção muito especial ao “canto gregoriano”,

Que despertava nos seus jovens um fervor maior,
Ao participarem nas missas
E noutras celebrações litúrgicas,
Tendo como um ponto culminante
Os Ofícios de Trevas da Semana Santa,
Da Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar,
Onde trabalhava como vigário paroquial.

Com o tempo foram incluídos alguns instrumentos musicais
Com aulas teóricas e práticas;
Muitos que por ali passaram,
Levaram essa atividade para a vida
Como profissão,
E nisso eu me incluo.
Seus coroinhas participavam ainda,
Em outras paróquias,

Quando havia um convite qualquer de seus admiradores,
E para maior alegria desses jovens;
Sobremaneira quando tais convites envolviam
Viagens curtas, a pequenas cidades da região.
E assim, cantavam ainda mais vigorosamente nessas ocasiões.

Foi assim que experimentei
As primeiras viagens e melhores emoções
De minha vida juvenil.
Hoje, impressiona-me avaliar
Como deve ter sido difícil para ele
Assumir tão grande responsabilidade,
No cuidado desses jovens,
Tamanha era a confiança
Que os seus pais lhe depositavam.

Sim, sua preocupação com a juventude era grande
E mesmo com sua saúde bastante abalada,
Renunciava aos seus horários de repouso
Para prestar maior acompanhamento aos seus jovens.

Ele não agradou a todos,
Como o próprio Jesus Cristo,
E não se perturbava com isso,
Ciente que onde há condescendência a tudo e todos,
Falta compromisso com verdades de fé.

Era mesmo especial sua capacidade de empatia
Com o sofrimento dos que lhe recorriam,
Ansiosos simplesmente por alguma atenção e aconselhamento,
E quem recebeu sua acolhida nessas condições,
Sabe bem do que digo e do conforto que oferecia;
O que nos deixa a todos,
Realmente saudosos na ausência que ficou.

Lembro-me ainda
Que a arte cênica
Também teve seu breve uso
Como ferramenta de catequese,
E ainda guardo algumas poucas peças
A que assisti no aconchegante, mas extinto “Teatro da Congregação Mariana”,
Demolido em detrimento
A outros empreendimentos paroquiais.

Depois disso, aconteceram quase que regularmente,
Algumas encenações e apresentações musicais
No novo salão paroquial,
Inaugurado algum tempo após.
Carrego ainda vivas em minha memória,
Algumas cenas emocionantes e surpreendentes,
Interpretadas por alguns colegas.

No auge de sua existência,
Aquela associação chegou a ter
Uma praça de esportes de uso exclusivo,
Cuidadosamente equipada com:
Campo de futebol “society”,
Quadras de futebol de salão, basquete, voleibol
E de peteca;

Um amplo salão para atividades diversas,
E até uma pequena casa para o repouso dele,
Quando o cansaço o importunasse
Além de suas resistências.
Ela fora construída num grande terreno
Doado pelo Poder Público Municipal,
Mas com recursos angariados de forma
Filantrópica e voluntária,

Com laboriosos esforços
De muitos colaboradores e colaboradoras, em quermesses
Ou doações dos pais e simpatizantes.
Foram investidos inclusive,
Recursos próprios de seu fundador,
Em situações diversas.

Que tempos realmente ricos em nossas vivências,
E a saudosa lembrança que ficou,
Comprova sua grande importância para muitos de nós.
Aquela associação ainda sobrevive nesses dias,
Com heroicas coordenações de alguns antigos coroinhas
Que como eu, são testemunhas oculares
Do que aqui exponho.

Não mencionarei nomes,
Embora muito o mereçam,
Pela garra e comprometimento
Com que têm conduzido os trabalhos até aqui,
Mas o faço, apenas
Para não cometer injustiça com algum deles,
Em minha falha memória.

Nosso querido “Padre Zé”
Manteve suas atividades por ali,
Até seus derradeiros dias,
Vitimado pela “Síndrome de Alzheimer”
Que lhe varreu as lembranças, a comunicação
E por fim, seus movimentos.

Tal enfermidade havia manifestado seus duros sinais,
Já bem antes,
Quando durante algumas celebrações
Incluía frases soltas em latim ou grego (ao que parecia),
Em nítida confusão mental, ainda que brevemente;
Logo retomava suas funções.

Por diversas vezes ele manifestou
Seu maior conforto,
Quando era auxiliado nas celebrações
Pelos coroinhas “maiores” – assim denominados
Aqueles acólitos de mais maturidade
E que como diferenciação, usavam “batina”
– Uma veste litúrgica – na cor preta;
Os “menores” usavam a vermelha.

Por fim, ainda mais poderia eu incluir
Nesse meu simples relato,
Mas encerrarei aqui essas linhas,
Na expectativa de ter conseguido honrar,
Ainda que com modestas palavras, a memória
Desta pessoa que tanto se dedicou
Ao acolhimento do próximo,

Num exemplo do real valor de nossas existências,
Quando fazemos a diferença em nossas comunidades.
Assim, espero ter contribuído em parte
Para manter viva
A doce chama de sua passagem entre nós.

Deixo então registrado,
Como obrigação e afeto
Que há muito transporto comigo,
Esse meu terno depoimento em seu favor,
Caso lhe exija O Tribunal dos Justos,
Meu grande mestre e amigo,
A pessoa mais importante em minha vida,
Depois de meus amados pais.

Pois lançando um olhar sobre meu passado
E o caminho que trilhei,
Não sei qual outra possibilidade me ocorreria,
Não fosse seu precioso direcionamento.
Que o bom Jesus lhe conceda o melhor lugar
Em seu reino de glória,
Sob o manto cerúleo da Mãezinha Auxiliadora,
O olhar paterno de outro José,

O Santo de sua particular devoção,
E o cuidado do seu maior intercessor,
São João Bosco.

Muito obrigado por tudo!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
(Como era costume cumprimentá-lo.)

Colaborador: DIMAS LUIZ DO CARMO

DIMAS LUIZ DO CARMO nasceu em São João del-Rei/MG em 1963. Iniciou seus estudos musicais no Conservatório Estadual de Música “Padre José Maria Xavier”, de sua cidade natal. Foi da primeira turma da Associação dos Coroinhas de Dom Bosco da Catedral Basílica de N. Sra. do Pilar, que completará seus 50 anos de existência em 2022. 
É bacharel em Canto Lírico pela Faculdade de Artes “Alcântara Machado”, de São Paulo. 
É músico/cantor, membro do Coral Lírico do Theatro Municipal de São Paulo, desde 1996.

quarta-feira, 13 de maio de 2020

PELAS MÃOS DE MARIA


Por Rute Pardini
Homenageio com este texto memorial D. Maria da Conceição Silva, que se incumbiu durante muitos anos do ensino e da orientação de centenas de "anjos" que abrilhantavam a Coroação da Padroeira na Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, do bairro Porto Velho em Divinópolis.


 
I. INTRODUÇÃO


A Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, do bairro Porto Velho em Divinópolis, surgiu por desmembramento da Paróquia do Senhor Bom Jesus, criada por decreto do Bispo Dom Cristiano Portela Araújo Pena, em 1º de março de 1964, conforme protocolo 2947 – registro 21 no livro de decretos. Para nortear os rumos da recém-criada, foi nomeado o Reverendíssimo Padre Altamiro de Faria, conforme protocolo número 2948, registro número 663 do livro de provisões. 
Nos primórdios da Paróquia, havia um espírito fraternal que perpassava toda a comunidade, havendo uma união entre os primitivos beneméritos para mostrar quem mais e melhor realizava em prol de sua fé e da comunidade de fiéis. Era principalmente nas festividades do mês de Maio (mês da celebração da Padroeira) que eles tinham a maior oportunidade de mostrar seus talentos e suas realizações para arrecadar fundos para a Paróquia. Inseriam-se nas atividades daquele distante Maio de 1971, mês das flores e dos casamentos, principalmente o Dia das Mães, a cerimônia de Coroação de Nossa Senhora de Fátima no dia 13 e o encerramento do mês no dia 31. 
A homenageada por mim com este texto memorial é Maria da Conceição Silva, então minha orientadora, atualmente com 80 anos de idade. A narrativa aqui é de uma daquelas centenas de "anjos", que contava então com a idade de 5 anos quando participou da sua primeira Coroação. 
A Coroação de Nossa Senhora de Fátima ocorria no fim das missas das 19h, celebradas nos sábados e domingos, bem como no dia das Mães, no dia dedicado à Padroeira e no último dia de Maio, logo após a Comunhão. 
Por volta das 18h, a aglomeração já era intensa no adro da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, devido à presença massiva de fiéis, que ali se acumulavam em busca de leilões e a fim de participarem das famosas barraquinhas. Por sua vez, a fila dos anjos começava a se formar no meio daquela multidão. Maria, preocupada em separar os anjinhos do tumulto, segregava-os no salão paroquial para formar uma fila ordenada. Então, na hora programada para a entrada dos anjos, todos perfilados impecavelmente, Maria, com sua autoridade e dedicação, retirava de dentro de uma caixa os símbolos ou tesouros que seriam ofertados à Nossa Senhora. Todas as meninas (anjinhos) entravam na igreja de mãos postas com seus cestinhos cheios de pétalas de flores diversas. Entre os referidos anjinhos, havia os que iam colocar os quatro símbolos na Virgem Maria – véu, palma, coroa da Nossa Senhora de Fátima e flores – e os integrantes do coro de anjinhos. Desde a tenra idade de três, quatro anos, as meninas já iam aprendendo os passos do cerimonial, que durava até a idade de doze anos. Após a Comunhão dada pelo padre Altamiro, os anjos adentravam o templo em procissão, em fila dupla no centro da nave, cantando o canto da entrada "Regina coeli, laetare. Alleluia!" (Trad. Rainha do céu, alegrai-vos. Aleluia!) até os pés do altar, onde, um a um, subiam as escadas de cada lado dele, até preencherem-no todo com o cortejo total de anjinhos.


Maria da Conceição Silva, a minha homenageada  
acompanhada por alguns anjinhos










































OS 5 SÍMBOLOS OU TESOUROS


O véu representa a virgindade e pureza da mãe de Deus: "Minha mãe, eu bem quisera / Possuir imenso tesouro / Para dar-te neste dia: / Um véu bordado de ouro."

A palma na mão representa a “a rainha dos mártires, de todos os que derramaram sangue por Jesus” e a pureza de Nossa Senhora: "Neste dia festivo e sublime / Aceitai, eu vos peço, / Essa palma tão singela. / Ao todo, ela exprime o amor / Que inflama a minha alma."

A coroa de Nossa Senhora mostra que ela é a rainha do céu e da terra, mãe de toda a humanidade: "Queremos de Maria / A fronte coroar / És digna de mãe pia / Dai flores aceitai / Dai flores aceitai / Aceitai."

As flores representam louvor e graça a todo momento: "Flores mil, flores louvemos / Ao trono de Maria / A ela nos entreguemos / Só ela é nossa alegria."

O terço representa a religiosidade do povo: "Eu vou levar meu terço / Cantar com alegria / No céu, no céu, no céu / Espero ver Maria."

Obs. No dia da Padroeira (13) e no último dia de coroação (31), os seis personagens do terço conduzem o cortejo de anjos. Com isso, o ritual é mais longo, pois requer a participação de mais 6 solistas.

O anjo de asa na primeira fila, a primeira à esquerda, sou eu.

II. Entrevista de Rute Pardini ao editor Nêudon Bosco Barbosa, do Jornal de Minas, de São João del-Rei





 











J.M.: Rute, o que você tem a relatar sobre a sua experiência de ter participado ativamente na vida religiosa de sua paróquia em Divinópolis?
Rute Pardini: Vou falar aqui das minhas mais tenras lembranças dos meus tempos de criança:
Abril. Assim que vejo que vão terminando as festividades da Semana Santa, da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, vem à minha memória um movimento enorme dentro da Igreja de Nossa Senhora de Fátima do bairro Porto Velho em Divinópolis. Era um prédio que para mim era imenso, porque eu era criança, um prédio plano que no início comportava um coro e três portas, voltadas duas para o Norte e uma para Leste. Por necessidade de espaço e colocação de novos bancos, foram eliminados o coro e uma das portas (a da direita). As duas portas para a frente ainda existem. O terreno que dava para esta antiga porta foi quase todo utilizado para nova construção da Matriz, ocupando uma extensa área, indo do Jardim da Infância em que estudei, até a ponta da quadra.
O antigo prédio modesto, que para mim era imenso, foi usado como igreja até 1986, quando houve a inauguração da nova Matriz, grande, alta, toda exuberante, que hoje acolhe todos os seus paroquianos e seus convidados quando em plena lotação. A igrejinha antiga passou a ser utilizada como centro catequético da Paróquia.
Era, então, dentro daquela antiga igrejinha que a gente ensaiava, cantava e celebravam-se as Missas e as festividades religiosas. Em abril começavam os ensaios: Maria, que devia ter cerca de 30 anos de idade, começava os ensaios com as meninas, nos sábados à tarde e, às vezes, nas quintas-feiras. Aquele bando de anjos era levado por suas mães ou familiares.
Próximo à porta da esquerda, confeccionava-se um grande altar de madeira, ao mesmo tempo que as crianças eram ensaiadas. Durante o ensaio, marteladas nos pregos e ranger de madeiras misturavam-se às vozes dos anjos. Quer dizer, uma balbúrdia inaudita!
Maria dizia: "Todo mundo em silêncio, prestando bastante atenção."
Fecho os olhos. Está tudo gravado na minha memória. Doce lembrança.
Os ensaios eram meio leves porque quase tudo estava decorado. Já conhecíamos as melodias devido ao fato de que nos precederam nossas irmãs e vizinhas que já tinham coroado.
A alegria era imensa por chegar abril e a gente poder assim ensaiar com a profissional Maria e enfim coroar de verdade. A coroação era o ápice daquela igrejinha no mês de maio com suas barraquinhas, leilões e Missa festiva.

J.M.: Rute, fale-nos sobre essa coroação que - espero - você lembra com muita fidelidade.
Rute Pardini: Maria abria um caixa de papelão, tipo caixa de chapéu, e dali retirava os tesouros: um véu, uma coroa e duas palmas. Esses objetos eram usados somente para ensaio, porque, para os dias da nossa apresentação, Maria levava outra caixa com tesouros mais novos, incluindo um véu alvíssimo, uma coroa esplendorosa branca com muitos detalhes prateados que se moviam à menor brisa e que brilhavam o máximo com o mínimo de luz possível. As palmas, que eu tantas vezes coloquei, eram maravilhosas, todos confeccionadas por Irene Florista que sempre tinha um carinho imenso pelo trabalho de Maria, confeccionando os mais belos enfeites para N. Sra. de Fátima.

J.M.: Rute, Informe-nos sobre a encenação da coroação na sua época de criança.
Rute Pardini: A Cena. Entrávamos naquela porta principal cantando o canto de entrada por exemplo: "Regina coeli, laetare. Alleluia!" (Trad. Rainha do céu, alegrai-vos. Aleluia!), repetindo esse canto ou outro escolhido pela Maria para aquele dia por toda a extensão da nave até chegarmos todas aos pés do altar. Aquela procissão de anjos com as suas mãozinhas postas, cada uma portando seu cestinho cheio de pétalas de flores no braço. Fazíamos várias marcações desta entrada para todas guardarem seus lugares na fila. Chegando à frente ao altar, as primeiras meninas que subiam juntas, uma de cada lado, eram: a menina com o véu e a com a coroa que se postavam atrás da Nossa Sra.; em seguida as meninas das palmas, uma de cada lado, se postando do lado da santa; depois disso, todos os demais anjos subiam e se postavam exatamente nos seus lugares programados antecipadamente por Maria que exigia correção. Isso se passava nos dias comuns, porque nos dias especiais, dia das mães, 13 de Maio e 31 de Maio, os primeiros que subiriam ao altar seriam os seis que colocavam o terço (3 pastorzinhos no papel de Lúcia, Jacinta e Francisco + 3 anjinhos), cada um deles portando o seu mistério do terço, mas Francisco é que fechava o elo do terço com a cruz. Então, somando esses seis anjos do terço mais os quatro anjos portando os outros símbolos (véu, duas palmas e coroa), temos 10 anjos que vou denominar de solistas. Os demais anjos constituíam o coro. Para mim, temos aqui os fundamentos de uma miniópera. Acho que, mais tarde, quando eu me formei em canto lírico, não tive dificuldade de encenar porque, desde que nasci, já era familiarizada com a cena de palco. Já existia nessa ópera em miniatura o palco, os recitativos, as árias, o coro, o contracanto e a cena.

J.M.: Mas, em que dia mesmo se iniciava a coroação tão esperada?
Rute Pardini: Tudo começava no dia 1º de Maio. Nesse primeiro dia de coroação, já chegávamos todas com nossos vestidos limpos, passadinhos, com os cestinhos repletos de pétalas das mais variadas flores escolhidas por nossas mães. Imagine um cestinho com pétalas de rosas, outros tantos com margaridas, crisântemos, dálias, etc. Imagine então o perfume que rescendia por todo aquele ambiente.
O meu vestido e de minha irmã caçula eram verdes, de cetim, muito lindo com a pala do vestido bordado com miçangas e vidrilhos, ambos confeccionados pela minha irmã mais velha, Suzana. Sempre fui o anjo da palma e, às vezes, coincidia cantar junto com minha irmã caçula Sueli, com a outra palma. Imagine dezenas de anjos com vestidos confeccionados pelas suas famílias. Formávamos assim, com aquele perfume das flores, uma legião de anjos preparados para irem para o céu, simbolizado pela subida naquele altar.

J.M.: E como é que vocês guardavam na memória as letras das músicas e tanta coisa?
Rute Pardini: A vontade que a gente tinha de coroar Nossa Sra. era a vontade de ficar no céu. As letras das musiquinhas ensinadas por Maria ficavam em nossa cabeça dia e noite. Todas nós, além dos ensaios na igreja, ensaiávamos em casa, colocávamos palma, coroa e véu em casa, uma coroando a outra. Que clima era esse? Era o de ir para o céu mesmo. Uma cantoria infindável dentro de casa. Papai disse: "Vou fazer asas para essas meninas."

J.M.: Mas seu pai era especialista em fazer asas de anjos?
Rute Pardini: Não. Meu pai tinha um talento incrível para fazer tudo o que quisesse, por ser um profissional capaz. Então confeccionou o molde com arame e entregou para minha irmã mais velha fazer o acabamento. Esta, após receber a asa pura moldada em arame, cobriu-a por sua volta com papel crepom branco e encapou os dois pares de asas com filó branquíssimo e ainda colocou pequenas penas tipo plumas brancas. No corpo das asas foram coladas pequenas estrelas com papel brilhante. Enfiávamos os braços pelas alças de elástico , como se faz com mochilas, e assim vestíamos as asas.
Então, retomando o assunto, hoje eu chego à igreja e vejo a imagem de N. Sra. e a vejo pequena, mas na minha época ela era maior do que eu. Olho para ela e penso: "Quantos anos olhei para os seus olhos, ó Maria Minha Mãe, e com que encantamento."

J.M.: Ô Rute, quando é que vocês entravam?
Rute Pardini: A gente entrava cantando, assim que acabava a Comunhão, antes da bênção final. O celebrante avisa que a tão aguardada Coroação ia começar. Ali, Maria nos entregava os símbolos brilhantes novos retirados daquela outra caixa nova, cada uma com o seu. Eu sempre ensaiava com a palma na mão. Todos os anjos entravam então conforme ensaiaram, todos perfilados com seus vestidos coloridos, cada qual com a sua cor. Íamos cantando em procissão de anjos, com nossas mãozinhas postas. Eu procurava estar sempre na fila da esquerda para, quando subir no altar, ficar à mão direita de N. Sra. Ali eu me sentia confortável para depositar a palma na mão da santa com a minha mão direita, conforme ensaiado, ao mesmo tempo que a outra menina depositava a sua palma na mão esquerda da santa. A comunidade participava também cantando, porque muitas mães ali presentes ouviam e treinavam junto com as suas filhas durante a semana. Os anjos seguiam cantando, enquanto subiam no altar.

J.M.: Como eram colocados os símbolos na N. Sra.?
Rute Pardini: O primeiro a ser colocado era o véu. A solista que colocava o véu cantava, por exemplo, "Minha mãe, eu bem quisera". Havia várias cantigas para cada símbolo. Para cada um dos símbolos a serem colocados na N. Sra. havia umas seis canções diferentes que a Maria escolhia para cada dia de coroação. Havia igualmente vários motivos para os diferentes símbolos: o véu, a palma, a coroa, etc.

J.M.: Mas você só colocava palma?
Rute Pardini: Bem, às vezes eu coloquei o véu. Lembro-me também de ter colocado uma única vez um dos mistérios do terço.

J.M.: Quando é que vocês usavam as flores do cestinho?
Rute Pardini: Depois da minha cena da colocação da palma, a menina responsável pela coroa cantava o seu solo. Estes solos da coroa geralmente eram os mais bem elaborados. Colocados todos os símbolos, N. Sra. era ovacionada, com uma chuva de pétalas de flores do cestinho. Essas músicas sobre flores cantávamos em uníssono ou poderia haver uma solista lá em cima do altar fazendo um solo, ao qual todos os demais anjinhos respondiam em coro, jogando flores à N. Sra.
Uma vez fui escalada para fazer o solo da chuva de flores: "Do trono em que refulgem". O gesto de jogar as flores devia ser aos poucos, com toda a delicadeza, sem ofender o rosto de N. Sra. Também devíamos observar outros cuidados com a colocação dos símbolos: a começar pela colocação do véu que precisava ter a posição exata para não cobrir o rosto da santa; depois, a coroa para não cair para trás da cabeça; as palmas deveriam ficar na posição frontal e as flores, como vimos, deveriam ser jogadas com delicadeza, conforme o treinamento nos ensaios.
Quero relatar um detalhe importante: a maioria dessas canções infantis foi composta pelos paroquianos. Às vezes, o compositor mostrava a sua composição para Maria verificar se dava para ensaiar com as crianças com determinado tema (véu, palma, etc.). Outras vezes, chegava outro com duas ou três letras diferentes para o mesmo tema musical. Por isso é que, quando mostro o Repertório ao final que guardo em minha memória, às vezes eu exponho a canção, uma atrelada a outra.

J.M.: E se não saísse como planejado?
Rute Pardini: Aquele era um trabalho em equipe, organizado. Nada podia ser feito com exagero nem com grosseria ou gestos bruscos, pois éramos simplesmente anjos. Após toda aquela encenação no altar, que durava mais ou menos uns 30 minutos, os anjinhos de baixo começavam a se perfilarem novamente em duas fileiras para se retirarem. Fazíamos a mesma procissão para sairmos pela porta principal, todas cantando a uma só voz. Por exemplo, no dia 31 de Maio, saíamos acenando o nosso lencinho e cantando: "Adeus Maio tão formoso". Neste momento o padre se levantava de sua cadeira e dava a bênção final à assembleia, desejando a todos uma boa barraquinha. Lembro-me neste momento de estar novamente na fila, mas agora era para receber meu cartucho de amêndoas, ofertadas pelas mães dos anjinhos solistas que coroavam naquele dia.

J.M.: Estou curioso para saber sobre o terço que não apareceu na sua narrativa.
Rute Pardini: Ah, meu Deus! O terço é mais bonito ainda, algo apenas para os dias de gala. Enfim, chegou o 13 de Maio. Como disse lá no início, nesse dia a Coroação era diferente e mais demorada. Subiam primeiro os personagens do terço que eram seis: 3 anjos + 3 pastorzinhos (Lúcia, Jacinta e Francisco).

J.M.: Como é que era colocado o terço?
Rute Pardini: Entrávamos na igreja cantando "A 13 de Maio na cova da Iria", que se prolongava até a chegada ao altar. Então, apenas os seis personagens subiam no altar com mais uns poucos anjos alados, enquanto os outros anjinhos ficavam parados.

J.M.: Por que somente esses?
Rute Pardini: Porque era necessário terem espaço suficiente para se movimentarem.
Era assim: Quando os seis já estavam posicionados em volta da N. Sra., três de cada lado, o coro começava a cantar: "Eu vou levar meu terço".
A seguir, o primeiro personagem cantava "Louvemos minha gente", depositando nas mãos de N. Sra. a voltinha do terço que era o 3º mistério. Logo em seguida, vinha o coro alternadamente com os outros 4 mistérios, completando o terço.
O segundo personagem solava: "Ai como vivem tristes".
E o coro respondia: "Eu vou levar meu terço".
O terceiro personagem solava: "No céu não há tristeza".
E o coro respondia: "Eu vou levar meu terço".
O quarto personagem solava: "Se querem pecadores".
E o coro respondia: "Eu vou levar meu terço".
O quinto personagem solava: "Tão saborosas águas". E o coro respondia: "Eu vou levar meu terço".
Finalmente, o sexto personagem, que é o pastorzinho Francisco, trazia consigo a cruz com a junção do terço, encaixando a cruz e cantando "No céu os anjos cantam".
Dessa forma, completava-se o rosário de N. Sra. de Fátima.

J.M.: Este terço nos emociona mesmo, mas também é um pouco complicado.
Rute Pardini: Era complicado mesmo, mas era muito emocionante a cena do terço. Repare o texto muito voltado para o chamamento do dever dos cristãos de rezar o rosário. A responsabilidade dos seis personagens era tão grande que eu nunca vi uma de nós, anjos, errar uma parte do texto.
Observe que daí para frente seguia a Coroação normal, conforme já descrita, com coroa, palma, véu e flores. Subiam todos os anjos e completavam o altar. Parecia que estávamos todas no céu cercando N. Sra. no centro, já com o rosário nas palmas de suas mãos.

J.M.: E no dia 31 de Maio? Como era a despedida?
Rute Pardini: Ah, meu amigo. Chegou o momento em que vivenciávamos a maior emoção, nós anjinhos e os fiéis na igreja.

J.M.: Por que?
Rute Pardini: Vou lhe contar com meu mais profundo sentimento de carinho e doces lembranças. Nesse dia, a emoção era total. Ao terminarmos aquelas cenas descritas para todo o mês de Maio, tínhamos que cantar o canto da despedida e era empregado o último símbolo de N. Sra.: o nosso lencinho branco, com o qual dávamos adeus a ela. Tínhamos que dar adeus à N. Sra. com o canto "Adeus, Maio". A gente ia coroar no último dia, já chorando, lembrando que não ia ter mais, que tinha acabado o céu, a festa tinha terminado. Então era aquela despedida. Enquanto cantávamos, acenávamos para a Virgem:
"Adeus, Maio tão formoso,
Adeus mês venturoso,
Teu perfume há de ficar
Para nossa alma alentar".
Aqui acenávamos para a assembleia com nossos lencinhos: Adeus, Maio...
"Maria, ó Mãe de bondade,
Um adeus ao vosso altar,
Os nossos ramalhetes
Pequeninos aceitai."
E íamos embora, deixando N. Sra. sozinha lá no altar, e nós, dando adeus para ela, acenando-lhe, olhando para trás, com rios de lágrimas em nossas faces. Íamos embora, soluçando. Todo o rito desse dia era repleto de emoção.
Roubavam-nos o céu duramente conquistado depois de um mês de luta.
Não havia o que fazer: tínhamos que sair do altar, conduzir-nos para a porta de saída em fila.

J.M.: Mas que cena emocionante! Estou emocionado... E você chora até hoje?
Rute Pardini: Choro sim. Os anjos não queriam descer lá de cima. Esse era o porém. A coroação acabou, a festa acabou, aquele quadro, aquela aura estava se esvaindo e tínhamos que descer dali de cima e ir embora. Só no outro ano, só no próximo maio.
Nossa! Me veio uma musiquinha aqui agora.

J.M.: Então canta!
Rute Pardini:
"E no outro ano assim se Deus quiser,
Eu volto a cantar..."
Nossa! Essa é a música de Entrada. Me veio agora a música certa:
"Maio ostenta tanta alegria,
Tantos encantos, tantos fulgores,
Louvemos maio, mês de Maria,
Louvemos maio, mês de alegria."


III. REPERTÓRIO DE ALGUMAS MÚSICAS ESCOLHIDAS POR MARIA 


ENTRADA 

Regina coeli, laetare. Alleluia! (Trad.: Rainha do céu, alegrai-vos. Aleluia!)

♧        ♧       ♧ 

A treze de maio na cova da iria
No céu aparece a Virgem Maria
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria

Há três pastorinhos cercada de luz
Visita a Maria, mãe de Jesus
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria (...)

♧       ♧       ♧ 

Maio ostenta tanta alegria,
Tantos encantos, tantos fulgores,
Louvemos maio, mês de Maria,
Louvemos maio, mês de alegria.

TERÇO 















Coro:
Eu vou levar meu terço
Cantar com alegria
No céu, no céu, no céu
Espero ver Maria.

1º anjo:
Louvemos minha gente
Louvemos a Maria
Sem seu Divino Filho
De nós o que seria?

2º anjo:
Ai como vivem tristes
As almas de hoje em dia
Porque rezar não querem
O terço de Maria

3º anjo:
No céu não há tristeza
Há lá só alegria
Os anjos rezam e cantam
O terço de Maria.

Lúcia:
Se querem pecadores
Fugir da tirania
Do fogo eterno rezem
O terço de Maria

Jacinta:
Tão saborosas as águas
Na terra não havia
Brotaram todas, todas
Do terço de Maria.

Francisco:
No céu os anjos cantam
Na terra nós também
O terço de Maria
Agora e sempre, amém!



COROA 

Queremos de Maria
A fronte coroar
És digna de mãe pia
Dai flores aceitai
Dai flores aceitai
Aceitai.

Nossa Senhora de Fátima
A flor da caridade
Esta linda rubra flor
Aceitai esta coroa,
Esta linda coroa,
Minha mãe.

♧       ♧       ♧

Queremos de Maria a fronte coroar.
És digna de, Mãe Pia, aceitar esta coroa,
Esta linda coroa, minha mãe,  Nossa Senhora
de Fátima, a flor da caridade,
Esta linda e rubra flor
Aceitar com bondade.

PALMAS 

Pequenas são nossas prendas,
Imenso é o meu amor...

♧       ♧       ♧

Dupla das palmas:
As flores que nós trazemos
São flores de querubins
Para ofertar estas palmas
Eternamente sem fim.

♧       ♧       ♧

Recebe, ó mãe querida,
As nossas lindas flores.
Por elas seus favores,
Queremos alcançar.

♧       ♧       ♧

No jardim fui colher estas flores
Para ornar, minha Mãe, vosso altar;
Escolhi os mais belos primores,
E com eles eu vos venho coroar.

Coro:
Salve ó Mãe carinhosa,
Não deixeis de ouvir minha voz
Lá no céu onde estás radiosa
A Jesus intercedei por nós.

♧       ♧       ♧

Pequenas são nossas prendas,
Imenso é o meu amor...

♧       ♧       ♧

Neste dia festivo e sublime
Aceitai, eu vos peço,
Essa palma tão singela.
Ao todo, ela exprime o amor
Que inflama a minha alma.

VÉU 

Minha mãe, eu bem quisera
Possuir imenso tesouro
Para dar-te neste dia:
Um véu bordado de ouro.

♧       ♧       ♧

Ave Maria cheia de graça...

INTERMEZZOS 

Ave Maria puríssima,
Cheia de graça e divina,
Contigo está o Senhor
Que mais e mais te ilumina (bis)

♧       ♧      ♧

Mês de Maio, mês de alegria
Vimos do céu, mês de Maria
Fulgente aurora, fulgente o dia
Cantai conosco, mês de Maria.

Formoso botão de rosa
Que nasce ao romper do dia
Ó Virgem cheia de graça
Nós vos saudamos Maria.

SOLO/CORO 

Virgem te saudamos, vem nos amparar,
Nós te suplicamos, vem nos amparar.
Ó Maria, ó mãe de Deus, vem salvar os filhos teus!

Em qualquer perigo, vem nos amparar
Dai-nos seu abrigo, vem nos amparar.
Ó Maria, ó mãe de Deus, vem salvar os filhos teus!

Cheia de bondade, vem nos amparar,
Guarda a humildade, vem nos amparar.
Ó Maria, ó mãe de Deus, vem salvar os filhos teus!

FLORES 

Do trono em que refulgem
Junto a Jesus no céu
O amor contempla, ó Virgem,
Os ternos filhos teus,
O belo mês das flores (bis)
Sacramentos a ti. (bis)
Estrela Dalva santa,
Seu rosto me sorri.

♧       ♧       ♧

Unidas joguemos flores a Maria
Alegres cantemos nesta noite
De alegria.

♧       ♧       ♧

Vinde! vamos todas
Com flores à porfia
Com flores à Maria
Que é a nossa Mãe do céu.

♧       ♧       ♧

Flores e flores a Maria
Para ornar o teu altar
Flores e flores tão lindas
Para a seus pés desfolhar

Maria, Maria, ó mãe de Deus,
Ó mãe pura,
Que nossa luz, nossa vida
Conserve a nossa candura.

 ♧       ♧       ♧

Flores mil, flores louvemos
Ao trono de Maria
A ela nos entreguemos
Só ela é nossa alegria.

♧       ♧       ♧

Fui ao campo colher flores
Encontrei Virgem Maria
Ficam filhas de joelhos
Para coroar Virgem Maria.

♧       ♧       ♧

Vamos meninas com fé e com fervor
Jogar estas flores à mãe do Salvador
Jogar estas flores à mãe do Salvador
À mãe do Salvador.

♧       ♧       ♧

Do trono em que refulgem
Junto a Jesus no céu
O amor contempla, ó Virgem,
Os ternos filhos teus,
O belo mês das flores (bis) 
Sacramentos a ti. (bis)
Estrela Dalva santa,
Seu rosto me sorri.

♧       ♧       ♧

Flores e flores a Maria
Para ornar o teu altar
Flores e flores tão lindas
Para a seus pés desfolhar
Maria, Maria, ó mãe de Deus,
Ó mãe pura,
Que nossa luz, nossa vida
Conserve a nossa candura.

DESPEDIDA (com lenços brancos, APENAS NO DIA 31)

Adeus Maio tão formoso,
Adeus mês venturoso,
Teu perfume há de ficar
Para nossa alma alentar.

Maria, ó Mãe de bondade,
Um adeus ao vosso altar,
Os nossos ramalhetes
Pequeninos aceitai.


Crédito pelas imagens antigas de coroação: Fátima Aparecida Silva.