quarta-feira, 13 de maio de 2020

PELAS MÃOS DE MARIA


Por Rute Pardini
Homenageio com este texto memorial D. Maria da Conceição Silva, que se incumbiu durante muitos anos do ensino e da orientação de centenas de "anjos" que abrilhantavam a Coroação da Padroeira na Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, do bairro Porto Velho em Divinópolis.


 
I. INTRODUÇÃO


A Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, do bairro Porto Velho em Divinópolis, surgiu por desmembramento da Paróquia do Senhor Bom Jesus, criada por decreto do Bispo Dom Cristiano Portela Araújo Pena, em 1º de março de 1964, conforme protocolo 2947 – registro 21 no livro de decretos. Para nortear os rumos da recém-criada, foi nomeado o Reverendíssimo Padre Altamiro de Faria, conforme protocolo número 2948, registro número 663 do livro de provisões. 
Nos primórdios da Paróquia, havia um espírito fraternal que perpassava toda a comunidade, havendo uma união entre os primitivos beneméritos para mostrar quem mais e melhor realizava em prol de sua fé e da comunidade de fiéis. Era principalmente nas festividades do mês de Maio (mês da celebração da Padroeira) que eles tinham a maior oportunidade de mostrar seus talentos e suas realizações para arrecadar fundos para a Paróquia. Inseriam-se nas atividades daquele distante Maio de 1971, mês das flores e dos casamentos, principalmente o Dia das Mães, a cerimônia de Coroação de Nossa Senhora de Fátima no dia 13 e o encerramento do mês no dia 31. 
A homenageada por mim com este texto memorial é Maria da Conceição Silva, então minha orientadora, atualmente com 80 anos de idade. A narrativa aqui é de uma daquelas centenas de "anjos", que contava então com a idade de 5 anos quando participou da sua primeira Coroação. 
A Coroação de Nossa Senhora de Fátima ocorria no fim das missas das 19h, celebradas nos sábados e domingos, bem como no dia das Mães, no dia dedicado à Padroeira e no último dia de Maio, logo após a Comunhão. 
Por volta das 18h, a aglomeração já era intensa no adro da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, devido à presença massiva de fiéis, que ali se acumulavam em busca de leilões e a fim de participarem das famosas barraquinhas. Por sua vez, a fila dos anjos começava a se formar no meio daquela multidão. Maria, preocupada em separar os anjinhos do tumulto, segregava-os no salão paroquial para formar uma fila ordenada. Então, na hora programada para a entrada dos anjos, todos perfilados impecavelmente, Maria, com sua autoridade e dedicação, retirava de dentro de uma caixa os símbolos ou tesouros que seriam ofertados à Nossa Senhora. Todas as meninas (anjinhos) entravam na igreja de mãos postas com seus cestinhos cheios de pétalas de flores diversas. Entre os referidos anjinhos, havia os que iam colocar os quatro símbolos na Virgem Maria – véu, palma, coroa da Nossa Senhora de Fátima e flores – e os integrantes do coro de anjinhos. Desde a tenra idade de três, quatro anos, as meninas já iam aprendendo os passos do cerimonial, que durava até a idade de doze anos. Após a Comunhão dada pelo padre Altamiro, os anjos adentravam o templo em procissão, em fila dupla no centro da nave, cantando o canto da entrada "Regina coeli, laetare. Alleluia!" (Trad. Rainha do céu, alegrai-vos. Aleluia!) até os pés do altar, onde, um a um, subiam as escadas de cada lado dele, até preencherem-no todo com o cortejo total de anjinhos.


Maria da Conceição Silva, a minha homenageada  
acompanhada por alguns anjinhos










































OS 5 SÍMBOLOS OU TESOUROS


O véu representa a virgindade e pureza da mãe de Deus: "Minha mãe, eu bem quisera / Possuir imenso tesouro / Para dar-te neste dia: / Um véu bordado de ouro."

A palma na mão representa a “a rainha dos mártires, de todos os que derramaram sangue por Jesus” e a pureza de Nossa Senhora: "Neste dia festivo e sublime / Aceitai, eu vos peço, / Essa palma tão singela. / Ao todo, ela exprime o amor / Que inflama a minha alma."

A coroa de Nossa Senhora mostra que ela é a rainha do céu e da terra, mãe de toda a humanidade: "Queremos de Maria / A fronte coroar / És digna de mãe pia / Dai flores aceitai / Dai flores aceitai / Aceitai."

As flores representam louvor e graça a todo momento: "Flores mil, flores louvemos / Ao trono de Maria / A ela nos entreguemos / Só ela é nossa alegria."

O terço representa a religiosidade do povo: "Eu vou levar meu terço / Cantar com alegria / No céu, no céu, no céu / Espero ver Maria."

Obs. No dia da Padroeira (13) e no último dia de coroação (31), os seis personagens do terço conduzem o cortejo de anjos. Com isso, o ritual é mais longo, pois requer a participação de mais 6 solistas.

O anjo de asa na primeira fila, a primeira à esquerda, sou eu.

II. Entrevista de Rute Pardini ao editor Nêudon Bosco Barbosa, do Jornal de Minas, de São João del-Rei





 











J.M.: Rute, o que você tem a relatar sobre a sua experiência de ter participado ativamente na vida religiosa de sua paróquia em Divinópolis?
Rute Pardini: Vou falar aqui das minhas mais tenras lembranças dos meus tempos de criança:
Abril. Assim que vejo que vão terminando as festividades da Semana Santa, da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, vem à minha memória um movimento enorme dentro da Igreja de Nossa Senhora de Fátima do bairro Porto Velho em Divinópolis. Era um prédio que para mim era imenso, porque eu era criança, um prédio plano que no início comportava um coro e três portas, voltadas duas para o Norte e uma para Leste. Por necessidade de espaço e colocação de novos bancos, foram eliminados o coro e uma das portas (a da direita). As duas portas para a frente ainda existem. O terreno que dava para esta antiga porta foi quase todo utilizado para nova construção da Matriz, ocupando uma extensa área, indo do Jardim da Infância em que estudei, até a ponta da quadra.
O antigo prédio modesto, que para mim era imenso, foi usado como igreja até 1986, quando houve a inauguração da nova Matriz, grande, alta, toda exuberante, que hoje acolhe todos os seus paroquianos e seus convidados quando em plena lotação. A igrejinha antiga passou a ser utilizada como centro catequético da Paróquia.
Era, então, dentro daquela antiga igrejinha que a gente ensaiava, cantava e celebravam-se as Missas e as festividades religiosas. Em abril começavam os ensaios: Maria, que devia ter cerca de 30 anos de idade, começava os ensaios com as meninas, nos sábados à tarde e, às vezes, nas quintas-feiras. Aquele bando de anjos era levado por suas mães ou familiares.
Próximo à porta da esquerda, confeccionava-se um grande altar de madeira, ao mesmo tempo que as crianças eram ensaiadas. Durante o ensaio, marteladas nos pregos e ranger de madeiras misturavam-se às vozes dos anjos. Quer dizer, uma balbúrdia inaudita!
Maria dizia: "Todo mundo em silêncio, prestando bastante atenção."
Fecho os olhos. Está tudo gravado na minha memória. Doce lembrança.
Os ensaios eram meio leves porque quase tudo estava decorado. Já conhecíamos as melodias devido ao fato de que nos precederam nossas irmãs e vizinhas que já tinham coroado.
A alegria era imensa por chegar abril e a gente poder assim ensaiar com a profissional Maria e enfim coroar de verdade. A coroação era o ápice daquela igrejinha no mês de maio com suas barraquinhas, leilões e Missa festiva.

J.M.: Rute, fale-nos sobre essa coroação que - espero - você lembra com muita fidelidade.
Rute Pardini: Maria abria um caixa de papelão, tipo caixa de chapéu, e dali retirava os tesouros: um véu, uma coroa e duas palmas. Esses objetos eram usados somente para ensaio, porque, para os dias da nossa apresentação, Maria levava outra caixa com tesouros mais novos, incluindo um véu alvíssimo, uma coroa esplendorosa branca com muitos detalhes prateados que se moviam à menor brisa e que brilhavam o máximo com o mínimo de luz possível. As palmas, que eu tantas vezes coloquei, eram maravilhosas, todos confeccionadas por Irene Florista que sempre tinha um carinho imenso pelo trabalho de Maria, confeccionando os mais belos enfeites para N. Sra. de Fátima.

J.M.: Rute, Informe-nos sobre a encenação da coroação na sua época de criança.
Rute Pardini: A Cena. Entrávamos naquela porta principal cantando o canto de entrada por exemplo: "Regina coeli, laetare. Alleluia!" (Trad. Rainha do céu, alegrai-vos. Aleluia!), repetindo esse canto ou outro escolhido pela Maria para aquele dia por toda a extensão da nave até chegarmos todas aos pés do altar. Aquela procissão de anjos com as suas mãozinhas postas, cada uma portando seu cestinho cheio de pétalas de flores no braço. Fazíamos várias marcações desta entrada para todas guardarem seus lugares na fila. Chegando à frente ao altar, as primeiras meninas que subiam juntas, uma de cada lado, eram: a menina com o véu e a com a coroa que se postavam atrás da Nossa Sra.; em seguida as meninas das palmas, uma de cada lado, se postando do lado da santa; depois disso, todos os demais anjos subiam e se postavam exatamente nos seus lugares programados antecipadamente por Maria que exigia correção. Isso se passava nos dias comuns, porque nos dias especiais, dia das mães, 13 de Maio e 31 de Maio, os primeiros que subiriam ao altar seriam os seis que colocavam o terço (3 pastorzinhos no papel de Lúcia, Jacinta e Francisco + 3 anjinhos), cada um deles portando o seu mistério do terço, mas Francisco é que fechava o elo do terço com a cruz. Então, somando esses seis anjos do terço mais os quatro anjos portando os outros símbolos (véu, duas palmas e coroa), temos 10 anjos que vou denominar de solistas. Os demais anjos constituíam o coro. Para mim, temos aqui os fundamentos de uma miniópera. Acho que, mais tarde, quando eu me formei em canto lírico, não tive dificuldade de encenar porque, desde que nasci, já era familiarizada com a cena de palco. Já existia nessa ópera em miniatura o palco, os recitativos, as árias, o coro, o contracanto e a cena.

J.M.: Mas, em que dia mesmo se iniciava a coroação tão esperada?
Rute Pardini: Tudo começava no dia 1º de Maio. Nesse primeiro dia de coroação, já chegávamos todas com nossos vestidos limpos, passadinhos, com os cestinhos repletos de pétalas das mais variadas flores escolhidas por nossas mães. Imagine um cestinho com pétalas de rosas, outros tantos com margaridas, crisântemos, dálias, etc. Imagine então o perfume que rescendia por todo aquele ambiente.
O meu vestido e de minha irmã caçula eram verdes, de cetim, muito lindo com a pala do vestido bordado com miçangas e vidrilhos, ambos confeccionados pela minha irmã mais velha, Suzana. Sempre fui o anjo da palma e, às vezes, coincidia cantar junto com minha irmã caçula Sueli, com a outra palma. Imagine dezenas de anjos com vestidos confeccionados pelas suas famílias. Formávamos assim, com aquele perfume das flores, uma legião de anjos preparados para irem para o céu, simbolizado pela subida naquele altar.

J.M.: E como é que vocês guardavam na memória as letras das músicas e tanta coisa?
Rute Pardini: A vontade que a gente tinha de coroar Nossa Sra. era a vontade de ficar no céu. As letras das musiquinhas ensinadas por Maria ficavam em nossa cabeça dia e noite. Todas nós, além dos ensaios na igreja, ensaiávamos em casa, colocávamos palma, coroa e véu em casa, uma coroando a outra. Que clima era esse? Era o de ir para o céu mesmo. Uma cantoria infindável dentro de casa. Papai disse: "Vou fazer asas para essas meninas."

J.M.: Mas seu pai era especialista em fazer asas de anjos?
Rute Pardini: Não. Meu pai tinha um talento incrível para fazer tudo o que quisesse, por ser um profissional capaz. Então confeccionou o molde com arame e entregou para minha irmã mais velha fazer o acabamento. Esta, após receber a asa pura moldada em arame, cobriu-a por sua volta com papel crepom branco e encapou os dois pares de asas com filó branquíssimo e ainda colocou pequenas penas tipo plumas brancas. No corpo das asas foram coladas pequenas estrelas com papel brilhante. Enfiávamos os braços pelas alças de elástico , como se faz com mochilas, e assim vestíamos as asas.
Então, retomando o assunto, hoje eu chego à igreja e vejo a imagem de N. Sra. e a vejo pequena, mas na minha época ela era maior do que eu. Olho para ela e penso: "Quantos anos olhei para os seus olhos, ó Maria Minha Mãe, e com que encantamento."

J.M.: Ô Rute, quando é que vocês entravam?
Rute Pardini: A gente entrava cantando, assim que acabava a Comunhão, antes da bênção final. O celebrante avisa que a tão aguardada Coroação ia começar. Ali, Maria nos entregava os símbolos brilhantes novos retirados daquela outra caixa nova, cada uma com o seu. Eu sempre ensaiava com a palma na mão. Todos os anjos entravam então conforme ensaiaram, todos perfilados com seus vestidos coloridos, cada qual com a sua cor. Íamos cantando em procissão de anjos, com nossas mãozinhas postas. Eu procurava estar sempre na fila da esquerda para, quando subir no altar, ficar à mão direita de N. Sra. Ali eu me sentia confortável para depositar a palma na mão da santa com a minha mão direita, conforme ensaiado, ao mesmo tempo que a outra menina depositava a sua palma na mão esquerda da santa. A comunidade participava também cantando, porque muitas mães ali presentes ouviam e treinavam junto com as suas filhas durante a semana. Os anjos seguiam cantando, enquanto subiam no altar.

J.M.: Como eram colocados os símbolos na N. Sra.?
Rute Pardini: O primeiro a ser colocado era o véu. A solista que colocava o véu cantava, por exemplo, "Minha mãe, eu bem quisera". Havia várias cantigas para cada símbolo. Para cada um dos símbolos a serem colocados na N. Sra. havia umas seis canções diferentes que a Maria escolhia para cada dia de coroação. Havia igualmente vários motivos para os diferentes símbolos: o véu, a palma, a coroa, etc.

J.M.: Mas você só colocava palma?
Rute Pardini: Bem, às vezes eu coloquei o véu. Lembro-me também de ter colocado uma única vez um dos mistérios do terço.

J.M.: Quando é que vocês usavam as flores do cestinho?
Rute Pardini: Depois da minha cena da colocação da palma, a menina responsável pela coroa cantava o seu solo. Estes solos da coroa geralmente eram os mais bem elaborados. Colocados todos os símbolos, N. Sra. era ovacionada, com uma chuva de pétalas de flores do cestinho. Essas músicas sobre flores cantávamos em uníssono ou poderia haver uma solista lá em cima do altar fazendo um solo, ao qual todos os demais anjinhos respondiam em coro, jogando flores à N. Sra.
Uma vez fui escalada para fazer o solo da chuva de flores: "Do trono em que refulgem". O gesto de jogar as flores devia ser aos poucos, com toda a delicadeza, sem ofender o rosto de N. Sra. Também devíamos observar outros cuidados com a colocação dos símbolos: a começar pela colocação do véu que precisava ter a posição exata para não cobrir o rosto da santa; depois, a coroa para não cair para trás da cabeça; as palmas deveriam ficar na posição frontal e as flores, como vimos, deveriam ser jogadas com delicadeza, conforme o treinamento nos ensaios.
Quero relatar um detalhe importante: a maioria dessas canções infantis foi composta pelos paroquianos. Às vezes, o compositor mostrava a sua composição para Maria verificar se dava para ensaiar com as crianças com determinado tema (véu, palma, etc.). Outras vezes, chegava outro com duas ou três letras diferentes para o mesmo tema musical. Por isso é que, quando mostro o Repertório ao final que guardo em minha memória, às vezes eu exponho a canção, uma atrelada a outra.

J.M.: E se não saísse como planejado?
Rute Pardini: Aquele era um trabalho em equipe, organizado. Nada podia ser feito com exagero nem com grosseria ou gestos bruscos, pois éramos simplesmente anjos. Após toda aquela encenação no altar, que durava mais ou menos uns 30 minutos, os anjinhos de baixo começavam a se perfilarem novamente em duas fileiras para se retirarem. Fazíamos a mesma procissão para sairmos pela porta principal, todas cantando a uma só voz. Por exemplo, no dia 31 de Maio, saíamos acenando o nosso lencinho e cantando: "Adeus Maio tão formoso". Neste momento o padre se levantava de sua cadeira e dava a bênção final à assembleia, desejando a todos uma boa barraquinha. Lembro-me neste momento de estar novamente na fila, mas agora era para receber meu cartucho de amêndoas, ofertadas pelas mães dos anjinhos solistas que coroavam naquele dia.

J.M.: Estou curioso para saber sobre o terço que não apareceu na sua narrativa.
Rute Pardini: Ah, meu Deus! O terço é mais bonito ainda, algo apenas para os dias de gala. Enfim, chegou o 13 de Maio. Como disse lá no início, nesse dia a Coroação era diferente e mais demorada. Subiam primeiro os personagens do terço que eram seis: 3 anjos + 3 pastorzinhos (Lúcia, Jacinta e Francisco).

J.M.: Como é que era colocado o terço?
Rute Pardini: Entrávamos na igreja cantando "A 13 de Maio na cova da Iria", que se prolongava até a chegada ao altar. Então, apenas os seis personagens subiam no altar com mais uns poucos anjos alados, enquanto os outros anjinhos ficavam parados.

J.M.: Por que somente esses?
Rute Pardini: Porque era necessário terem espaço suficiente para se movimentarem.
Era assim: Quando os seis já estavam posicionados em volta da N. Sra., três de cada lado, o coro começava a cantar: "Eu vou levar meu terço".
A seguir, o primeiro personagem cantava "Louvemos minha gente", depositando nas mãos de N. Sra. a voltinha do terço que era o 3º mistério. Logo em seguida, vinha o coro alternadamente com os outros 4 mistérios, completando o terço.
O segundo personagem solava: "Ai como vivem tristes".
E o coro respondia: "Eu vou levar meu terço".
O terceiro personagem solava: "No céu não há tristeza".
E o coro respondia: "Eu vou levar meu terço".
O quarto personagem solava: "Se querem pecadores".
E o coro respondia: "Eu vou levar meu terço".
O quinto personagem solava: "Tão saborosas águas". E o coro respondia: "Eu vou levar meu terço".
Finalmente, o sexto personagem, que é o pastorzinho Francisco, trazia consigo a cruz com a junção do terço, encaixando a cruz e cantando "No céu os anjos cantam".
Dessa forma, completava-se o rosário de N. Sra. de Fátima.

J.M.: Este terço nos emociona mesmo, mas também é um pouco complicado.
Rute Pardini: Era complicado mesmo, mas era muito emocionante a cena do terço. Repare o texto muito voltado para o chamamento do dever dos cristãos de rezar o rosário. A responsabilidade dos seis personagens era tão grande que eu nunca vi uma de nós, anjos, errar uma parte do texto.
Observe que daí para frente seguia a Coroação normal, conforme já descrita, com coroa, palma, véu e flores. Subiam todos os anjos e completavam o altar. Parecia que estávamos todas no céu cercando N. Sra. no centro, já com o rosário nas palmas de suas mãos.

J.M.: E no dia 31 de Maio? Como era a despedida?
Rute Pardini: Ah, meu amigo. Chegou o momento em que vivenciávamos a maior emoção, nós anjinhos e os fiéis na igreja.

J.M.: Por que?
Rute Pardini: Vou lhe contar com meu mais profundo sentimento de carinho e doces lembranças. Nesse dia, a emoção era total. Ao terminarmos aquelas cenas descritas para todo o mês de Maio, tínhamos que cantar o canto da despedida e era empregado o último símbolo de N. Sra.: o nosso lencinho branco, com o qual dávamos adeus a ela. Tínhamos que dar adeus à N. Sra. com o canto "Adeus, Maio". A gente ia coroar no último dia, já chorando, lembrando que não ia ter mais, que tinha acabado o céu, a festa tinha terminado. Então era aquela despedida. Enquanto cantávamos, acenávamos para a Virgem:
"Adeus, Maio tão formoso,
Adeus mês venturoso,
Teu perfume há de ficar
Para nossa alma alentar".
Aqui acenávamos para a assembleia com nossos lencinhos: Adeus, Maio...
"Maria, ó Mãe de bondade,
Um adeus ao vosso altar,
Os nossos ramalhetes
Pequeninos aceitai."
E íamos embora, deixando N. Sra. sozinha lá no altar, e nós, dando adeus para ela, acenando-lhe, olhando para trás, com rios de lágrimas em nossas faces. Íamos embora, soluçando. Todo o rito desse dia era repleto de emoção.
Roubavam-nos o céu duramente conquistado depois de um mês de luta.
Não havia o que fazer: tínhamos que sair do altar, conduzir-nos para a porta de saída em fila.

J.M.: Mas que cena emocionante! Estou emocionado... E você chora até hoje?
Rute Pardini: Choro sim. Os anjos não queriam descer lá de cima. Esse era o porém. A coroação acabou, a festa acabou, aquele quadro, aquela aura estava se esvaindo e tínhamos que descer dali de cima e ir embora. Só no outro ano, só no próximo maio.
Nossa! Me veio uma musiquinha aqui agora.

J.M.: Então canta!
Rute Pardini:
"E no outro ano assim se Deus quiser,
Eu volto a cantar..."
Nossa! Essa é a música de Entrada. Me veio agora a música certa:
"Maio ostenta tanta alegria,
Tantos encantos, tantos fulgores,
Louvemos maio, mês de Maria,
Louvemos maio, mês de alegria."


III. REPERTÓRIO DE ALGUMAS MÚSICAS ESCOLHIDAS POR MARIA 


ENTRADA 

Regina coeli, laetare. Alleluia! (Trad.: Rainha do céu, alegrai-vos. Aleluia!)

♧        ♧       ♧ 

A treze de maio na cova da iria
No céu aparece a Virgem Maria
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria

Há três pastorinhos cercada de luz
Visita a Maria, mãe de Jesus
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria (...)

♧       ♧       ♧ 

Maio ostenta tanta alegria,
Tantos encantos, tantos fulgores,
Louvemos maio, mês de Maria,
Louvemos maio, mês de alegria.

TERÇO 















Coro:
Eu vou levar meu terço
Cantar com alegria
No céu, no céu, no céu
Espero ver Maria.

1º anjo:
Louvemos minha gente
Louvemos a Maria
Sem seu Divino Filho
De nós o que seria?

2º anjo:
Ai como vivem tristes
As almas de hoje em dia
Porque rezar não querem
O terço de Maria

3º anjo:
No céu não há tristeza
Há lá só alegria
Os anjos rezam e cantam
O terço de Maria.

Lúcia:
Se querem pecadores
Fugir da tirania
Do fogo eterno rezem
O terço de Maria

Jacinta:
Tão saborosas as águas
Na terra não havia
Brotaram todas, todas
Do terço de Maria.

Francisco:
No céu os anjos cantam
Na terra nós também
O terço de Maria
Agora e sempre, amém!



COROA 

Queremos de Maria
A fronte coroar
És digna de mãe pia
Dai flores aceitai
Dai flores aceitai
Aceitai.

Nossa Senhora de Fátima
A flor da caridade
Esta linda rubra flor
Aceitai esta coroa,
Esta linda coroa,
Minha mãe.

♧       ♧       ♧

Queremos de Maria a fronte coroar.
És digna de, Mãe Pia, aceitar esta coroa,
Esta linda coroa, minha mãe,  Nossa Senhora
de Fátima, a flor da caridade,
Esta linda e rubra flor
Aceitar com bondade.

PALMAS 

Pequenas são nossas prendas,
Imenso é o meu amor...

♧       ♧       ♧

Dupla das palmas:
As flores que nós trazemos
São flores de querubins
Para ofertar estas palmas
Eternamente sem fim.

♧       ♧       ♧

Recebe, ó mãe querida,
As nossas lindas flores.
Por elas seus favores,
Queremos alcançar.

♧       ♧       ♧

No jardim fui colher estas flores
Para ornar, minha Mãe, vosso altar;
Escolhi os mais belos primores,
E com eles eu vos venho coroar.

Coro:
Salve ó Mãe carinhosa,
Não deixeis de ouvir minha voz
Lá no céu onde estás radiosa
A Jesus intercedei por nós.

♧       ♧       ♧

Pequenas são nossas prendas,
Imenso é o meu amor...

♧       ♧       ♧

Neste dia festivo e sublime
Aceitai, eu vos peço,
Essa palma tão singela.
Ao todo, ela exprime o amor
Que inflama a minha alma.

VÉU 

Minha mãe, eu bem quisera
Possuir imenso tesouro
Para dar-te neste dia:
Um véu bordado de ouro.

♧       ♧       ♧

Ave Maria cheia de graça...

INTERMEZZOS 

Ave Maria puríssima,
Cheia de graça e divina,
Contigo está o Senhor
Que mais e mais te ilumina (bis)

♧       ♧      ♧

Mês de Maio, mês de alegria
Vimos do céu, mês de Maria
Fulgente aurora, fulgente o dia
Cantai conosco, mês de Maria.

Formoso botão de rosa
Que nasce ao romper do dia
Ó Virgem cheia de graça
Nós vos saudamos Maria.

SOLO/CORO 

Virgem te saudamos, vem nos amparar,
Nós te suplicamos, vem nos amparar.
Ó Maria, ó mãe de Deus, vem salvar os filhos teus!

Em qualquer perigo, vem nos amparar
Dai-nos seu abrigo, vem nos amparar.
Ó Maria, ó mãe de Deus, vem salvar os filhos teus!

Cheia de bondade, vem nos amparar,
Guarda a humildade, vem nos amparar.
Ó Maria, ó mãe de Deus, vem salvar os filhos teus!

FLORES 

Do trono em que refulgem
Junto a Jesus no céu
O amor contempla, ó Virgem,
Os ternos filhos teus,
O belo mês das flores (bis)
Sacramentos a ti. (bis)
Estrela Dalva santa,
Seu rosto me sorri.

♧       ♧       ♧

Unidas joguemos flores a Maria
Alegres cantemos nesta noite
De alegria.

♧       ♧       ♧

Vinde! vamos todas
Com flores à porfia
Com flores à Maria
Que é a nossa Mãe do céu.

♧       ♧       ♧

Flores e flores a Maria
Para ornar o teu altar
Flores e flores tão lindas
Para a seus pés desfolhar

Maria, Maria, ó mãe de Deus,
Ó mãe pura,
Que nossa luz, nossa vida
Conserve a nossa candura.

 ♧       ♧       ♧

Flores mil, flores louvemos
Ao trono de Maria
A ela nos entreguemos
Só ela é nossa alegria.

♧       ♧       ♧

Fui ao campo colher flores
Encontrei Virgem Maria
Ficam filhas de joelhos
Para coroar Virgem Maria.

♧       ♧       ♧

Vamos meninas com fé e com fervor
Jogar estas flores à mãe do Salvador
Jogar estas flores à mãe do Salvador
À mãe do Salvador.

♧       ♧       ♧

Do trono em que refulgem
Junto a Jesus no céu
O amor contempla, ó Virgem,
Os ternos filhos teus,
O belo mês das flores (bis) 
Sacramentos a ti. (bis)
Estrela Dalva santa,
Seu rosto me sorri.

♧       ♧       ♧

Flores e flores a Maria
Para ornar o teu altar
Flores e flores tão lindas
Para a seus pés desfolhar
Maria, Maria, ó mãe de Deus,
Ó mãe pura,
Que nossa luz, nossa vida
Conserve a nossa candura.

DESPEDIDA (com lenços brancos, APENAS NO DIA 31)

Adeus Maio tão formoso,
Adeus mês venturoso,
Teu perfume há de ficar
Para nossa alma alentar.

Maria, ó Mãe de bondade,
Um adeus ao vosso altar,
Os nossos ramalhetes
Pequeninos aceitai.


Crédito pelas imagens antigas de coroação: Fátima Aparecida Silva.

37 comentários:

Fátima disse...

Eu participei desde criança juntamente c minha mãe. Maria e Fátima, pr sinal nasci dia 13 de maio. Obg Rute pr disppnibil8zar de seu tempo em h9menagem a minha mãe q tanto se dedicou e c carinho a um trab tão abençoado! Deus lhe abençoe!

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...

Envio-lhe  PELAS MÃOS DE MARIA, de RUTE PARDINI, o relato vivenciado pela autora em festa passada de Nossa Senhora de Fátima.

https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2020/05/pelas-maos-de-maria.html

Cordial abraço,
Francisco Braga
Gerente do Blog de São João del-Rei

Ana Maria de Oliveira Cintra (É membro do Instituto Histórico e Geográfico de SJDR, possui mestrado em Psicologia e doutorado em Saúde Pública) disse...

Que emoção!!!! Chorei.
Quantas lembranças da minha infância. Das coroações da minha infância. De coroar Nossa Senhora no Colégio Nossa Senhora das Dores. As músicas vieram e me fizeram muito bem.
Todos os meus filhos participavam da coroação e tiveram oportunidade de coroar.
Parabéns, Rute. Gostei demais!!!

Merania Oliveira disse...

Belas lembranças. Como o pai da Rute era habilidoso e também a sua irmã.
Obrigada por compartilhá-las conosco.
Merania de Oliveira

José Carlos Hernández Prieto disse...

Meus parabéns à Ruth pela dádiva com que nos presenteia, ao lembrar, com extremos detalhes, a festa de coroação nos diversos maios de sua vida enquanto anjinha de Maria. Linda a letra de despedida, mas, também, de esperança, já prelibando, com certeza, as festividades de um próximo ano:

"Adeus Maio tão formoso,
Adeus mês venturoso,
Teu perfume há de ficar
Para nossa alma alentar."

Diamantino Bártolo (professor universitário Venade-Caminha-Portugal, gerente de blog que leva o seu nome http://diamantinobartolo.blogspot.com.br/) disse...

Muito obrigado meu amigo.Abraço.
Cuide-se
Diamantino

Parabéns, confrade, paz, amor e saúde, gratidão. disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Gustavo Dourado (escritor, poeta de cordel e presidente da Academia Taguatinguense de Letras) disse...

Parabéns, confrade, paz, amor e saúde, gratidão.

Massuê e Ângela (mãe e filha, minhas massagistas de São Paulo) disse...

🙏🏻🥰Tem toda uma preparação para homenagem. Gostei da entrevista explica direitinho, parabéns.

Pe. SAULO JOSÉ ALVES disse...

Parabéns por tão brilhante trabalho, trazido pelo nobre confrade.
De um lado, ao insigne jornalista Nêudon Bosco Barbosa; de outro, com meu respeito e admiração, Rute Pardini, sempre impecável em suas apresentações.
Abraços do amigo e confrade.
Pe. Saulo José Alves

Dr. Rogério Medeiros Garcia de Lima (professor universitário, presidente do TRE/MG, escritor e membro do IHG e da Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

BELO!
JÁ FUI TRÊS VEZES A FÁTIMA.
ABS

Anizabel Nunes Rodrigues de Lucas (flautista, professora de música e regente são-joanense) disse...

Lindas lembranças. Tb participei de algumas coroações por isso entendo a emoção da Ruth. Abraços

Betânia Maria Monteiro Guimarães (pesquisadora e revisora nas instituições em que trabalhou, membro da Academia de Letras e do IHG de SJDR) disse...

Querida Rute:
como são preciosos esses momentos de nossa infância, nos causaram tanta emoção que estão sempre claros em nossa memória e você descreveu-os lindamente. Ainda me recordo do meu choro quando fui colocar o véu em Nossa Senhora de Fátima e ele escorregou de sua cabeça. Como chorei! Mas me lembro ainda de muitas outras coroações, inclusive a Nossa Senhora das Graças da fachada do Colégio Nossa Senhora das Dores. Como tudo era importante para nossas almas de criança. Obrigada por nos fazer reviver esses instantes de nossas vidas.

Nair (professora do DF) disse...

Muito bom! Eu TB participei da coroação de Maria, qdo criança.

Só saudades do tempo feliz da minha infância!!

Laura Maria Lopes de Oliveira (prima) disse...

Muito bonito o relato!!! Me transportei aos tempos de minha infância, quando, também, participávamos das
Coroações ...
A nossa orientadora
(que me recordo) era
Lourdinha Ferreira, minha prima.
Muito organizada, fazia Coroações lindas... E nós, muito
emocionadas, adorávamos as festividades.
Meus filhos, quando alunos dos Colégios
Católicos, também
participaram das festas, junto com as
meninas.
Até hoje, a participação é unissex.
Sua descrição foi
magnífica...
Parabéns!
Beijos. Boa noite!

Ana Braga Lovatto (prima) disse...

Tb participei de várias coroações aqui na Matriz, era tão bom, tb já coloquei a flor na mão de Nossa Senhora.
Tinha q saber as músicas de cor. Muito legais os ensaios, eu adorava.

Prof. José Luiz Celeste (ex-professor da EAESP-Fundação Getúlio Vargas e tradutor) disse...

Abç à Rute, li o relato dela sobre sua mestra. São essas coisas q ficam na memória da gente, como pedra angular. Pedra é palavra mto dura. Mas ela entenderá.

Celeste

Prof. Cupertino Santos (professor aposentado da rede paulistana de ensino fundamental) disse...

Caro professor Braga;
Em primeiro lugar, interessante relato faz a D. Rute como registro de um culto originário no século XX que evidencia as influências da civilização portuguesa - seja através da nossa formação colonial, seja através da ulterior imigração - fenômeno cujo "vetor" passou, não obstante e gradativamente, a ter trajetória inversa, ou seja, hoje se fazendo sentir mais a presença brasileira em Portugal. Entre outros elementos, a enorme penetração dos produtos culturais do Brasil e mesmo das suas igrejas ditas neo pentecostais naquela sociedade, a partir do último quartel desse mesmo século.
Em seguida, é um depoimento marcante como experiência pessoal e comunitária, chamando a atenção pela força afetiva de sua expressão. Um linda homenagem, enfim, ao culto da milagrosa Nossa Senhora de Fátima e pessoalmente à querida orientadora D. Maria. Parabéns.
Cumprimentos.
Grato,
Cupertino.

Profª Dra. Patrícia Ferreira dos Santos Silveira (pesquisadora, escritora e doutora em História Social-USP e pós-doutora em História Social da Cultura-UFMG) disse...

Dr. Braga,

Muito boa noite!
Os meus cumprimentos pela sensibilidade em publicar um relato tão belo e sensível!
Sou fã do seu blog!
Continue me mantendo informada, por favor.

Perdoe por alguma demora nas respostas, mas estou em dia com as leituras.
Um forte abraço, desde Mariana.

Patrícia

Prof. Fernando de Oliveira Teixeira (professor universitário, escritor, poeta e membro da Academia Divinopolitana de Letras) disse...

Prezado Braga, bom dia. Maio sempre foi diferente, mais suave, mais Maria, mesmo nestes tempos de relativismo religioso.
Rute teve uma boa lembrança, recordar estes maios de outrora, um pouco mais santos e mais puros. Mais crianças, talvez.
Cumprimente-a por mim.
Que Maria esteja conosco num maio de codiv-19 protegendo-nos, dando-nos segurança e, com a Trindade Santíssima, nos garantindo a paz.
Fernando Teixeira

Pe. Dr. Zdzislaw Malczewski SChr (escritor e redator da Revista Polonicus, revista de reflexão Brasil-Polônia) disse...

Caro Sr. Francisco,

Mui agradecido pelo texto para leitura e meditação!
Um grande abraço da fresquinha capital gaúcha - pe. Zdzislaw

Licurgo Leão Silveira (regente de coral em Divinópolis) disse...

Boa tarde.
Li todo o relato. Muito bom.
Bons tempos.

Orlando Vilela Pardini (ex-ferroviário) disse...

Gostei muito dos seus escritos sobre a nossa Paróquia de Nossa Senhora de Fátima.
Fiquei muito emocionado: fez me voltar ao meu tempo de adolescente quando também participava ativamente ajudando nossos saudosos avós, na barraquinha de churrasco que acontecia após as celebrações.
Que bons tempos foram aqueles!
Ai que saudade!
Parabéns!
De seu irmão Orlando.

Prof. José Lourenço Parreira (capitão do Exército, professor de música, violinista, maestro, historiador e escritor, além de redator do "Evangelho Quotidiano") disse...

Caríssimo amigo Braga, salve Maria!
O mês de maio, o sublime MÊS DE MARIA que encanta e envolve nossos corações quando, no milagre da retrospectiva da memória, nos vemos em São João del-Rei, ainda crianças puras e marianas, correndo da Matriz de Nossa Senhora do Pilar para a Igreja de São Francisco de Assis, céleres, acompanhando a Luzia, minha irmã, e amigas suas para vermos a Coroação que ocorria nos dois belos Templos, com pequena diferença de horário, às quintas-feiras e aos domingos! Após a Coroação, havia a Bênção do Santíssimo Sacramento!

QUE PENA! Acabaram com a beleza transcendental do MÊS DE MAIO tão caro à Santa Igreja e aos Santos!

Toda essa santa poesia aflorou no meu coração ao ler o belo, eloquente, vivo, terno e envolvente texto da lavra de sua esposa, a soprano RUTE PARDINI com seu texto PELAS MÃOS DE MARIA!
Falta-me eloquência para explicitar, traduzir em palavras o que sinto. Envolto nessa pobreza de expressão para agradecer-lhes, prometo que
falarei com a VIRGEM MARIA que os cubra de bênçãos tão abundantes como são as gotas de orvalho, à noite! SALVE, MARIA!

Orlando Vilela Pardini (ex-ferroviário) disse...

Rute: mais uma lembrança boa.
Me vieram nitidamente mais lembranças sobre as festas da nossa paróquia.
Como você se lembrou de coisas que nem eu me lembrava mais, menina?
Engraçado: me lembrei também que naquelas barraquinhas supermovimentadas, com seus churrascos, as sopas, os caldos; tanto doce.
Num daqueles leilões, nossa casa estava marcada para ser uma das festeiras, então teríamos que mandar a prenda do leilão.
Nosso Pai pegou um facão, desceu pelo quintal e escolheu o maior e mais belo galho de laranjeira repleto de laranjas madurinhas. Eu e mais um irmão tivemos que sustentar aquele imenso galho lotado de laranjas maduras. Naquela noite eu assisti ao imenso galho ser leiloado.
Impressionante os detalhes voltarem à nossa memória.
Foi muito cativante ver seu relato. E o mais impressionante foi ver tantos anjinhos e, quando reparei melhor, vi minha filha, Marisa.
Você sabia que ela está aí na sétima fotografia? Cantando com as mãozinhas postas e vestido rosa. Um anjinho.
Hoje com 18 anos.
Olha; eu e Arineia ficamos muito emocionados e felizes ao ver tanto amor e lembrança de sua infância junto de Nossa Senhora de Fátima.
Parabéns, irmã!

Sueli Pardini (professora) disse...
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Marinês Vilela Alves (fisioterapeuta em Divinópolis, especializada em trato tráqueo-pulmonar pós-cirúrgico) disse...

Tia Rute,
Boa noite!
Que saudades de coroar, trajar meu vestido de anjo, cantar e representar a pastorinha!
Que saudades de barraquinha!
Marinês

Sueli Pardini (professora) disse...

Boa noite, minha irmã.
Acabei de ler a sua entrevista. Que emoção!
Não sei porque sempre me emociono em coroações de Nossa Senhora. E quem viveu aquele época, tempo mágico, é que sente dentro do peito um calor que chega a queimar. Chorei de saudades de tudo. Nossa infância, graças a Deus, foi linda.
Herança de nossa mãezinha que tanto amou a Virgem Maria!

O dia mais triste era o de se despedir daquela atmosfera maravilhosa que tínhamos vivenciado.
Obrigada, querida, por nos fazer relembrar de cada detalhe.
Um beijo no seu coração!
Sua irmã que te ama,
Sueli

Maria Auxiliadora Muffato (poetisa são-joanense) disse...

Encantada com os relatos de Rute que bem soube falar por aquelas meninas que, vestidas de Anjos e Virgens, coroaram Nossa Senhora, nos longínquos maios de sua existência. Assim era o canto de entrada que entoávamos para a cerimônia da Coroação:"Neste mês de alegria tão lindo mês de flores, queremos de Maria celebrar os louvores". Lá no Dom Bosco, no meu santuário querido. Grata, Rute, por sua afável lembrança. Gina

Dr. Mário Pellegrini Cupello (escritor, pesquisador, presidente do Instituto Cultural Visconde do Rio Preto de Valença-RJ, e sócio correspondente do IHG e Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

Caro amigo Braga

Agradecemos pela gentileza do envio.

Abraços, Mario e Beth.

Paulo Roberto de Sousa Lima (escritor, gestor cultural e presidente eleito do IHG de São João del-Rei para o triênio 2018-2020) disse...

Li e adorei: fiz uma viagem ao meu passado de coroinha na Matriz de Nossa Senhora e São José em Montes Claros-MG.
Parabéns a Rute Pardini, com todo nosso apreço.
Paulo Roberto de Sousa Lima
Presidente

Prof. Mário Celso Rios (presidente da Academia Barbacenense de Letras) disse...

Gostei sim. Parabéns!

Minha avó materna era portuguesa, com certeza!
Entao, N Srª de FÁTIMA sempre foi querida e louvada!

É singela e convincente!

Obrigado 🙏🏻

🙏🏻

MCR

José Ribas da Costa Filho (militar da reserva da Aeronáutica) disse...

Muito interessante o relato. Obrigado.

Unknown disse...

Canto de coroação a N. Sra. de Fátima em Orizona, Goiás. Dona Zulmira Gonçalves preparava as crianças. Hoje ela se encontra no céu junto com Deus. Flores e flores à Maria. Cuja a glória e salvação. Nesta noite de alegria, enche o nosso coração. Que ti podemos ofertar mãe pura. Ôvirgem Sta, mãe de Jesus,fonte de graça, amor e luz, folhinhas tuas, vimos sorrindo, trazei te o nosso afeto infindo(2×). Que te podemos ofertar mãe pura, com expressão de filial ternura. Recebe pois, já que outros bens não temos, a humilde palma que te oferecemos(2×). Flores, flores.... Ô virgem pura, maternal e boa, entrelaçadas,vão está coroa, a nossas almas, pequeninas rosas, que ao teu olhar se tornam mais viçosas, que ao teu olhar, se tornam mais viçosas. Flores, flores à Maria............. Capelinha N. Sra. de Fátima, cidade de Orizona Goiás.

Nilton Gomes Paz (ex-professor da FGV e atualmente proprietário da DEHONPLAST, uma firma de produtos plásticos em Tubarão-SC) disse...

Oi, Francisco/Rute,
Foi legal ler estas recordações; mais legal ainda porque estão registradas.
Hoje nosso bisneto completa 6 meses.
Um grande abraço pra vocês.

Eliza Maria Dias dos Santos disse...

Rute e Francisco, vocês resgataram nossa história com muita clareza,detalhes e beleza . Foi uma volta ao tempo deliciando da magia e inocência da infância mais linda e abençoada que tivemos Um trabalho digno de ser apreciado por todos. Parabéns!

Carlinhos (ex-proprietário do Cine Popular de Divinópolis e atual proprietário do Hotel Lucape, em Barbacena) disse...

A coroação era um ato religioso muito lindo que trazemos na nossa memória, nos envolvia em um estado de graça, fé e admiração à nossa Mãe Maria.