sábado, 23 de outubro de 2021

MAESTRO SÃO-JOANENSE TELÊMACO VICTOR NEVES NA PAUTA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS


Por Francisco José dos Santos Braga  

I. APRESENTAÇÃO 
 
No dia 8 de abril de 1998, na Sessão Extraordinária da Câmara dos Deputados, o Deputado Aécio Neves prestou uma homenagem pelo transcurso dos cem anos de nascimento do maestro Telêmaco Victor Neves (12/04/1898-24/06/1950), sendo aparteado pelos Deputados Manoel Castro e Leur Lomanto, que se uniram ao Deputado Aécio na homenagem. 
O Deputado Aécio Neves, ao prestar sua homenagem ao maestro Telêmaco Neves, salientou a importância do músico mineiro na preservação das partituras das músicas setecentistas e oitocentistas, como também a continuidade do espírito musical por meio de seus seguidores na Orquestra Ribeiro Bastos, inclusive sua filha, a Maestrina Maria Stella Neves Valle, e seu filho, o Maestro José Maria Neves, recipiendários do seu legado: a fé católica e a sublime interpretação da música sacra. 
 
Crédito pelo opúsculo: D. Elza Rosa Neves Lombello, filha do Maestro Telêmaco Victor Neves

 
 
II. HOMENAGEM AO CENTENÁRIO DE NASCIMENTO DO MAESTRO TELÊMACO VICTOR NEVES PELA CÂMARA DOS DEPUTADOS 
 
1ª página do opúsculo

 

O SR. PRESIDENTE (Hélio Rosas) - Concedo a palavra ao nobre Deputado Aécio Neves para uma Comunicação de Liderança, pelo PSDB. 

O SR. AÉCIO NEVES (PSDB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, serei bastante breve. Costumeiramente, não venho a esta tribuna prestar homenagens pessoais, por mais que algumas sejam extremamente legítimas. 
Sr. Presidente, hoje não poderia me furtar em fazer aqui um registro acessório a um pronunciamento que certamente também ficará gravado nos Anais desta Casa no momento em que se comemora não apenas no Estado de Minas Gerais, mas também em todo o País, o centenário do nascimento de um dos mais importantes músicos do Brasil, originário da minha cidade, São João del-Rei. 
 
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, 
venho hoje a esta tribuna, para prestar uma homenagem a um importante maestro e grande divulgador da música em nosso país. 
Trata-se do Maestro Telêmaco Victor Neves, cujo centenário de nascimento será celebrado no próximo dia 12 de abril em sua cidade natal, São João del-Rei. 
Esta celebração merece ultrapassar os limites municipais e estaduais, por tratar-se de um brasileiro que representa um dos mais significativos exemplos de Mestre de Música dentro das nossas tradições.
Músico completo, Telêmaco Neves, aliava as atividades de compositor, de regente e de professor, a mais importante das missões como Mestre de Música, a de renovar o repertório, atividade que por si mesma era a primeira garantia de sobrevivência do fato cultural. Os manuscritos da Orquestra Ribeiro Bastos e de vários outros arquivos mineiros mostram a enorme quantidade de obras antigas recopiadas pelo Maestro, assim como de adaptações de músicas para atender aos instrumentistas da época, que chegaram até nossos dias como um dos mais preciosos acervos musicais do período setecentista e oitocentista. 
A vida de Telêmaco Neves, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é um exemplo de abnegação e de dedicação à música. Católico convicto e praticante, deixou registrado o seu toque sublime na música sacra em sua época. 
Filho do músico e Oficial de Sapateiro Antônio Bernardino, pertencente ao mesmo ramo familiar do Comendador José Antônio das Neves, nascido nos Açores, cuja descendência tornaria o Maestro Telêmaco Neves primo do pai do saudoso Presidente Tancredo Neves. 
Antônio Bernardino, que foi pai de quatro filhos no primeiro casamento com a Sra. Maria Silvéria do Nascimento, teve em seus filhos Altamiro e Marcondes dois proeminentes precursores do movimento teatral em São João del Rei, participando da fundação do Teatro Artur Azevedo e contribuindo para o desenvolvimento de um dos mais importantes movimentos culturais em Minas Gerais. 
Ao ficar viúvo, Antônio Bernardino casou-se novamente com a Sra. Eugênia Malaquias da Cunha e com ela teve apenas mais um filho, Telêmaco. 
Antônio Bernardino faleceu em 1910, aos cinqüenta anos de idade, deixando Telêmaco Neves ainda criança, o que obrigou a sua mãe a encaminhá-lo a exercer uma atividade profissional, iniciada como aprendiz em oficina de sapateiro. Desde então, o menino sapateiro passa a prover o sustento de sua mãe, e vai com muito esforço galgando os degraus da profissão, passando ainda muito jovem de aprendiz a oficial, indo atuar então na principal sapataria da cidade, a tradicional Casa Dilascio. 
 
Profª Margarida Alacoque Moreira
Maestro Telêmaco Victor Neves
Em 1924, Telêmaco casou-se com a professora Margarida Alacoque Moreira, que teve o cuidado de registrar a única anotação sobre a formação musical do Maestro Telêmaco, que fez seus primeiros estudos como Prof. Japhet Maria da Conceição, o grande violinista, discípulo do Mestre Martiniani Ribeiro Bastos, que certamente complementou e apurou o primoroso aprendizado de Telêmaco Neves, conforme os depoimentos de músicos como Emílio Viegas e Carmélio de Assis Pereira, que foram discípulos do Maestro Martiniano ao mesmo tempo que Telêmaco. 
A importância da obra de Telêmaco Neves, Sr. Presidente, tem início a partir de 1912, por ocasião do falecimento do maestro Martiniano Ribeiro Bastos, cuja tradição musical foi recebida do Mestre Francisco José das Chagas, que foi o mais notável intérprete e divulgador em Minas das músicas do período oitocentista. O ainda adolescente Telêmaco teve a sensibilidade e a dedicação de resgatar e manter viva esta esplêndida tradição e técnicas musicais. 
O Mestre Telêmaco Neves, além de ter reescrito estas belíssimas obras musicais dos séculos dezessete e dezoito, proporcionou entretenimento aos cidadãos de São João del Rei, trabalhando como músico do cinema mudo e ao atuar como excelente trombonista e depois violinista na Orquetra Ribeiro Bastos. Participou da Sociedade de Concertos Sinfônicos e também como músico do Clube Teatral Artur Azevedo, onde atuavam seus irmãos mais velhos Altamiro e Marcondes, tendo, sob a liderança de Nequinha Guerra, o apogeu do movimento teatral sanjoense na primeira metade do século XX. 
A versatilidade do Mestre Telêmaco Neves ia muito além de suas atividades de compositor e de regente de música para o teatro, pois compunha também músicas de operetas e para revistas encenadas pelo Clube Teatral. Dedicava ainda todo o seu tempo disponível a preparar elementos para a Orquestra Ribeiro Bastos e instrumentar músicas para melhorar sua disciplina. 
As preocupações do Mestre Telêmaco pela preservação da corporação dos músicos e de seu acervo musical estão registradas de forma indelével nas ações do professor dedicado e competente que foi, e tendo a consciência de que dele dependia a formação de novos músicos, em uma época em que não existiam as estruturas formais de ensino musical, os conservatórios e as escolas de música. Através da ação pedagógica do Mestre, dava-se a transmissão do conhecimento musical. 
Da adolescência até 1941, o já consagrado músico mineiro atuou como Oficial de Sapateiro, para prover o sustento de sua família, não sendo reconhecido como Mestre de Sapateiro por não possuir oficina própria onde pudesse receber aprendizes. 
A grande mudança em sua vida verificou-se no dia 31 de julho de 1942, quando o Prefeito Antônio das Chagas Viegas concedeu-lhe o título de Bibliotecário Efetivo da Prefeitura Municipal de São João del Rei, o que lhe permitiu dividir seu tempo entre os coros das igrejas coloniais, onde a Orquestra Ribeiro Bastos tocava sob sua regência, e a Biblioteca Municipal, com o seu importante acervo de publicações. 
Ao assumir em 1940 a direção e a regência da Orquestra Ribeiro Bastos, Telêmaco passou a formar muitas dezenas de músicos, que iriam suprir as necessidades da cidade durante as décadas seguintes. Foi o responsável pela reestruturação formal da corporação musical setecentista, conseguindo aprovar os primeiros estatutos modernos do grupo de músicos, que passaram a funcionar como associação civil. 
Telêmaco, sempre imbuído em resgatar o passado da música e com os olhos voltados para o futuro, entendeu que seria preciso um espaço próprio para a Orquestra Ribeiro Bastos, pois as velhas corporações musicais não tinham sede própria e os ensaios eram feitos em coros de igrejas, sendo que os acervos e manuscritos eram conservados nas residências dos diretores de cada grupo, o que freqüentemente levava à dispersão de valiosas coleções de manuscritos, principalmente por ocasião do falecimento de antigos maestros, cujas famílias não se preocupavam em transferir a totalidade da documentação musical a seus sucessores. 
A preocupação do Maestro em assegurar um espaço definitivo para dar continuidade ao trabalho de conservação da música pela Orquestra Ribeiro Bastos propiciou a construção de sua sede, a partir da compra de um terreno na rua Santo Antônio, em 1947, com a sala de ensaios sendo inaugurada em 22 de novembro de 1948 e com a finalização das obras em junho de 1949, que contou com a presença do ilustre compositor francês Fernand Jouteux. A inauguração definitiva do prédio só ocorreu em 1952, após o falecimento do Mestre Telêmaco Neves em 24 de junho de 1950. 
Ao sepultamento do Maestro Telêmaco Neves, contam os registros da época, compareceram todos os sacerdotes e irmandades religiosas, que prestaram suas homenagens ao fervoroso católico e magistral intérprete de música sacra, em cortejo acompanhado por banda de música que tocava um de seus belíssimos arranjos musicais. 
A profícua obra deste músico, que nos deixou um dos mais importantes acervos musicais de Minas Gerais, foi prosseguida por dois de seus filhos, que o seguiram como músicos na mesma orquestra. Hoje, quase cinqüenta anos após sua morte, temos à frente da Orquestra Ribeiro Bastos a Maestrina Maria Stella Neves Valle e o Maestro José Maria Neves. 
Telêmaco Victor Neves viveu cinqüenta anos e não assistiu à realização de tudo aquilo que plantou, mas a sua semente foi abençoada por Deus e frutificou em esplendor, deixando seus seguidores na música, através de seus filhos maestros e na fé religiosa de seu filho primogênito, o Cardel Arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil, D. Lucas Neves. 
Era o que tinha a dizer.
 
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O SR. MANOEL CASTRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Hélio Rosas) - Tem V.Exa. a palavra.
O SR. MANOEL CASTRO (PFL-BA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero associar-me a esta singela, mas significativa homenagem do Deputado Aécio Neves pelo transcurso do centenário de nascimento do Maestro Telêmaco Victor Neves.
Como baiano, como católico, como amigo pessoal do eminente Cardeal Primaz do Brasil e Presidente da CNBB, Dom Lucas Moreira Neves, estou habituado a ler os artigos publicados pela imprensa nacional, assim como os livros que trazem uma coletânea desses artigos. Hoje, leio no Correio Braziliense artigo escrito por Dom Lucas Moreira Neves sobre o centenário de nascimento do Maestro. 
Estou vivamente impressionado com as referências pessoais feitas pelo Deputado Aécio Neves, que já havia comentado comigo sobre o assunto e sobre o artigo de Dom Lucas. O Maestro teve um sonho de vida extremamente interessante, formou gerações de músicos e foi muito importante, sobretudo, para a preservação de partituras musicais, num momento em que o País não tinha uma orientação quanto ao arquivo e à memória, que é muito importante para a cultura brasileira. Por cerca de dez anos, foi maestro de uma importante orquestra de São João del-Rei, a Orquestra Ribeiro Bastos, além de membro da Orquestra Sinfônica daquela cidade.
Impressionou-me sobremaneira o fato de esse maestro tão importante para o cenário musical brasileiro ter sido oficial de sapataria. Como tal, trabalhava de dia muito intensamente e, nos horários vagos, dedicava-se não só à música, mas também à escola. Mais tarde, foi nomeado bibliotecário da Biblioteca Municipal e, ainda assim, continuou exercendo forte influência na mocidade de São João del-Rei e na formação musical de dezenas, talvez, centenas de pessoas que contaram com a sua orientação, com a sua sensibilidade.
Fico feliz também por saber da sua profunda fé católica, que compartilhava com a sua esposa, D. Margarida, o que permitiu que o primeiro de seus dez filhos, o primogênito, se tornasse padre tempos depois. Refiro-me a Dom Lucas Moreira Neves, hoje Cardeal Primaz do Brasil.
Portanto, em meu nome e em nome do povo baiano, quero prestar uma homenagem muito sincera a Dom Lucas Moreira Neves, não só pelo pastor que é, mas também pela memória de seu pai, que foi um maestro que honra a tradição e a cultura musical brasileiras.
Sr. Presidente, peço que o artigo publicado seja incorporado ao pronunciamento do Deputado Aécio Neves. 
Era o que tinha a dizer.  
 
CENTENÁRIO DO MAESTRO 
 
Por Dom Lucas Moreira Neves * 
 
Por ser a Quinta-feira o aniversário litúrgico da instituição da Eucaristia e do Sacerdócio, faz mais de dez anos que, na véspera desta data, este artigo tem sido consagrado aos padres. 
Hoje uma circunstância toda particular leva-me a evocar, com natural ternura, um homem a quem, depois de Deus, mais devo o ser padre. Ele desejou apaixonadamente ter um filho padre mas teve a sabedoria de jamais, de modo algum, forçar-me a vocação. Seu modo de ajudar-me no caminho para o sacerdócio foi ensinar-me, pelo seu exemplo, os valores morais e religiosos, sobretudo um imenso amor a Cristo e à Igreja. 
Falo de meu pai. Na véspera de mais uma Quinta-feira Santa agradeço-lhe ter-me levado até ao limiar do sacerdócio, entregando a Deus sua alma 15 dias antes que a imposição das mãos do querido Dom Alexandre Gonçalves Amaral, arcebispo emérito de Uberaba, até hoje vivo naquela cidade, me fizesse padre. 
A circunstância peculiar que me faz focalizar nesta coluna a imagem do maestro Telêmaco Victor Neves é a passagem, no próximo Domingo de Páscoa, do centenário do seu nascimento. 
Nasceu em São João del-Rei, a 12 de abril de 1898, último filho de Antonio Bernardino das Neves e de sua segunda esposa, Eugênia Malachias da Cunha Neves. 
Pelo lado paterno, entrava, ao nascer, em uma família já então numerosa e portadora de uma história. Descendia de José Antonio das Neves, açoriano, da Ilha Terceira, natural da localidade de Santa Bárbara, naquela Praia da Vitória que visitei, emocionado, há cinco anos, depois de presidir, na ilha vizinha, a incomparável festa do Bom Jesus dos Milagres. 
Não sei que bons ventos levaram o alferes denominado, em várias fontes, o comendador, a emigrar da sua ilha natal para o Campo das Vertentes. Sei que pôs os pés na acolhedora São João del-Rei nos inícios do século XIX, pelos anos 20. Sei que aí se casou com uma moça da terra (mais exatamente de Bom Jardim do Rio Grande) de nome Ana Luíza de Lacerda Chaves. Do casal, nasceram sete filhos e uma filha, todos batizados com nomes duplos, incomuns, sonoros, impostos não se sabe se pelo açoriano ou pela mineira. Tibério Justiniano, Galdino Emiliano, Juvêncio Martiniano, Galiano Emílio, Joviniano Firmino, Arcádio Bernardino, Belisandra Jesuína e Gustavo Baldoíno. Juvêncio Martiniano será pai de José Juvêncio, pai de Francisco de Paula, pai de Tancredo e de seus doze irmãos. Arcádio Bernardino, por sua vez, será o pai de Antonio Bernardino, pai de Telêmaco Victor, meu pai. 
A adolescência encontra este último já bastante prático no ofício de sapateiro exercido na Casa Dilascio. No mesmo ofício permanecerá até os 40 anos sob as ordens do sr. Nicolau. Italiano de Lauria, na Basilicata, vindo com os pais para o Brasil, casado, em São João del-Rei, com a doce Zulmira, com el teve uma honrada família, que conta com dois padres e uma freira; para o empregado, foi mais amigo do que patrão. Adolescente, ao que me consta, inicia-se Telêmaco na arte musical, primeiro com o pai e depois na prestigiosa e eficiente escola do professor Martiniano Ribeiro Bastos. A música será sua vida. A música aprendida com uma perfeição que surpreendia os contemporâneos, quer na teoria, quer no manejo de vários instrumentos de corda e de sopro. 
A música ensinada com paixão, com grande sacrifício, pois ensinava ao voltar da sapataria ou, nos últimos dez anos, da Biblioteca Municipal da qual se tornou um diretor inteligente e prestimoso. A música praticada na quase bicentenária Orquestra Ribeiro Bastos, por ele dirigida por pouco mais de dez anos, e na Orquestra Sinfônica de São João del-Rei. Quando, aos cinquenta e dois anos, cai-lhe dos dedos a batuta, recolhem-na e a detêm até hoje os filhos Maria Stella Neves Valle e José Maria Neves. 
A direção da "Ribeiro Bastos" em três missas semanais, nas famosas novenas e, de modo especial, na belíssima Semana Santa de São João del-Rei, permitiu ao maestro formar inúmeros músicos para tocar ou cantar na orquestra. Permitiu-lhe também pesquisar, descobrir, valorizar e, em alguns casos, salvar um precioso acervo de música barroca mineira dos séculos XVIII e XIX. 
Revejo com emoção centenas de partituras por ele recopiadas, noites a dentro, com um capricho inimitável. Nesse sentido, Telêmaco Victor Neves prestou inestimável serviço à cultura da sua cidade natal, do seu estado e do seu país. 
Casado, em 1924, com aquela que ele chamava, em versos, a sua meiga Margarida, junto com ela, transmitiu a dez filhos inapreciáveis valores humanos, morais e religiosos, especialmente da profunda fé católica que viveram. No que concerne ao maestro, foi essa fé a inspiradora da sua música. 
Recordo-me tê-lo ouvido replicar a esposa, temerosa de que, na regência da orquestra, ele não seguisse bastante o ritual da missa: "Bis ora qui cantat Quem canta (toca ou rege a orquestra) reza duas vezes". Algum dos eruditos sacerdotes diocesanos ou franciscanos de São João del-Rei lhe terá ensinado a irresponsável frase de Santo Agostinho, como antídoto aos escrúpulos de Dona Margarida... Volto a dizer que a fé viva, o senso de Deus, a prática religiosa, o amor à igreja demonstrados pelo casal na vida diária foram, sem dúvida, a íntima raiz da vocação sacerdotal do primogênito. Não queria deixar de proclamá-lo nesta Quinta-feira Santa. 
E aos leitores, será que devo pedir compreensão e desculpas por lhes trazer, nesta coluna de jornal, esse olhar de relance do filho padre sobre o maestro centenário? 
 
* Dom Lucas Moreira Neves é cardeal-primaz do Brasil
 e presidente da CNBB
 
 
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O SR. LEUR LOMANTO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Hélio Rosas) - Tem V.Exa. a palavra. 
O SR. LEUR LOMANTO (PFL-BA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, também me associo ao pronunciamento do nobre Líder do PSDB, Deputado Aécio Neves, que homenageia o grande maestro, o grande músico Telêmaco Neves, que, no próximo dia 12 de abril, estaria comemorando o centenário do seu nascimento. 
Este grande músico brasileiro, mineiro, que participou da Orquestra Sinfônica de São João del-Rei, aquela cidade histórica, é pai do nosso Cardeal Primaz do Brasil, Dom Lucas Moreira Neves. 
Então, é com muita satisfação e alegria que me associo, em nome de nossa bancada, pois também já se pronunciou no mesmo sentido o Deputado Manoel Castro, às homenagens prestadas nesta manhã pelo Deputado Aécio Neves a esse grande maestro brasileiro, Telêmaco Neves.
 
 
III.  CONCERTO IN MEMORIAM DO MAESTRO TELÊMACO VICTOR NEVES
 
 
Enquanto isso, em São João del-Rei, realizava a Sociedade de Concertos Sinfônicos, sob a regência de Aluízio José Viegas, o seu Concerto nº 377 comemorativo do centenário de nascimento do Maestro Telêmaco Victor Neves (12/04/1898-24/06/1950), conforme imagem abaixo:

Crédito pela imagem: São João del-Rei Transparente

 
 
IV. AGRADECIMENTOS
 
 
Agradeço carinhosamente à minha amada esposa Rute Pardini Braga pelo trabalho fotográfico, edição e formatação das fotos. 
Em segundo lugar, sou grato à D. Elza Rosa Neves Lombello, filha do Maestro Telêmaco Victor Neves, por disponibilizar a este autor o opúsculo impresso pela Câmara dos Deputados para prestar uma digna homenagem ao Maestro são-joanense, bem como as duas fotografias de seus pais. 
Finalmente, manifesto também minha gratidão ao Sr. Sandro Silva, responsável pelo Memorial Dom Lucas Moreira Neves, em São João del-Rei, que envidou todos os esforços para atender meus insistentes pedidos.
 
 
 
V.  BIBLIOGRAFIA
 
 
CÂMARA DOS DEPUTADOSHOMENAGEM AO CENTENÁRIO DO MAESTRO TELÊMACO VICTOR NEVES, Série Separatas de Discursos, Pareceres e Projeto nº 29/98, 50ª Legislatura - 4ª Sessão Legislativa, 14 p.

12 comentários:

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...

Tenho o prazer de trazer ao conhecimento do leitor algumas homenagens prestadas por ocasião do transcurso do centenário de nascimento do MAESTRO TELÊMACO VICTOR NEVES (1898-1998), com o objetivo de possibilitar que o leitor possa conhecer um pouco mais sobre a vida e arte do Maestro "diligente e prestimoso" que regeu a Orquestra Ribeiro Bastos durante pouco mais de 10 anos, mas que deixou enorme legado, salvando, através de cópias feitas por ele, partituras que, do contrário, teriam sido perdidas. Esse capricho do Maestro Telêmaco Neves salvou um precioso acervo de música barroca mineira dos séculos XVIII e XIX. Deixou para seus filhos José Maria Neves e Maria Stella Neves Valle, mais tarde regentes da Orquestra Ribeiro Bastos a chama de sua fé católica e de sua sublime interpretação da música sacra.
Com igual diligência, foi professor de música e regente da Sociedade de Concertos Sinfônicos de São João del-Rei.

Link: https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2021/10/maestro-sao-joanense-telemaco-victor.html

Cordial abraço,
Francisco Braga
Gerente do Blog de São João del-Rei

Ana Boccucci (maestrina do Coral Alegria, muito atuante no Distrito Federal) disse...

Maravilhoso! AMEI! Obrigada!

Mario Pellegrini Cupello - Arquiteto, Diplomado em Direito, Escritor, Pres. do Instituto Cultural Visconde do Rio Preto, Membro da Academia Valenciana de Letras disse...

Caro amigo Braga
Unimo-nos a esta sua bela homenagem pelo transcurso do centenário de nascimento do Maestro São-Joanense Telêmaco Victor Neves.
Queremos felicitar ao Maestro Braga por esta importante publicação e agradecer-lhe pela oportunidade que nos concedeu de conhecer melhor a vida e a obra do Maestro Telêmaco Victor Neves.
Receba o cordial e fraterno abraço,
Dos amigos Mario e Beth.

Anselmo de Paula Camargo - Chapecó SC disse...

Muito interessante! Eu amo música barroca.
Uma ótima semana para o sr.

Marília Ibanez disse...

Parabéns pelo excelente trabalho sobre o Maestro Telêmaco.��������

Aylê-Salassié F. Quintão (nascido em Piraúba-MG, é jornalista e professor da UCB-Universidade Católica de Brasília, mestre em Comunicação e doutor em História Cultural pela UnB, onde foi professor. Graduou-se em Jornalismo, Política e História.) disse...

Que beleza de registro!
A memória, meu caro... é, na verdade, de onde saem as grandes obras.
Os antepassados, os nossos espaços vivenciais e os ex-companheiros
de trajetória existencial nos acompanham e estão sempre nos lançando
nos espaços da reinvenção criativa do mundo.
Parabéns a você (s) e à família do maestro.

Aylê-Salassié

Elza Zarur (jornalista formada pela UnB e, atualmente, aposentada do Itamaraty, tendo servido nas Embaixadas de Washington e Buenos Aires, onde exerceu a função de vice-cônsul) disse...


Boa tarde e espero que todos estejam bem.

Muito obrigada por me possibilitar conhecer o Maestro Telêmaco Neves.

Abc
Elza Maria

Prof. Cupertino Santos (professor aposentado da rede paulistana de ensino fundamental) disse...

Caro professor Braga
Importantes notas para aquele centenário do prestigiado maestro, pesquisador e curador Telêmaco Neves.
Cumprimentos
Cupertino

Padre Sáulo José Alves (escritor, pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em Conceição da Barra de Minas e membro da Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

Prezado Confrade Francisco Braga!

Brilhante trabalho do nobre Confrade sobre o centenário do Maestro Telêmaco Víctor Neves, sobretudo considerando suas origens e sua descendência.
Com meus aplausos.
Pe. Sáulo José Alves

Suely Campos Franco disse...

Caro amigo Francisco Braga! é sempre um prazer ler suas postagens no Blog de São João del-Rei. Agradeço a oportunidade de conhecer com mais detalhes a vida do MAESTRO TELÊMACO VICTOR NEVES (1898-1998). Excelente recolha a propósito do seu centenário de nascimento. Abraços Suely (Escola de Música da UFRJ)

Bernardo Diniz (professor da rede de ensino fundamental do Governo do Distrito Federal) disse...

Abraços, amigo.
Bom dia!

anne disse...

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