SÃO JOÃO

márcio vicente silveira santos



(I)
levo meus passos pelas ruas
     de são joão
e percorro o passado e o presente
com prenhe olhar de futuro
e coração inconfidente

em cada esquina
     um feito nobre se revela
em cada praça
     uma promessa se incendeia
em cada beco
     um mistério se esconde
em cada pedra
     uma história se firma
em cada porta
     um convite se insinua
em cada janela
     um vulto se ilumina
em são joão


(II)
     em são joão
descanso o olhar nostálgico
     na aquarela do casario
faço a oração dos crentes 
     na plangente voz dos sinos
e me embriago ao luar de poesia
da noite plena irrevelada

a brisa traz cheiro de pólvora
     e alarido de sermão libertário
o ouro brota do rio e da montanha
     como ideias conjuradas

homens e mulheres se armam
     de clavinas e levam pão
as mãos se tocam os olhos buscam
     o mesmo norte direção
há cadência pulso ordem e fervor
     na marcha heroica e cívica 
de são joão

   
(III)  
     ontem hoje sempre
     - são joão
historicamente lírica e louçã
atavicamente altar e chão
secularmente cristã
plenamente terra mineira
simplesmente alma universal
     - são joão:

     são joão de tiradentes
           e de tancredo
     são joão do IHG
           e do pombal
     são joão de bárbara bela
           e dos santos barrocos
     são joão dos tempos de glória
           e de dor ancestral

salve são joão del-rei
salve são joão del todos nós


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são joão del-rei
02.XII.17