Colaborador: MÁRIO ALVES DE OLIVEIRA

Por Francisco José dos Santos Braga

 

Mário Alves de Oliveira (✰ Carmo do Cajuru,  12/06/1947 - ✞ Belo Horizonte, 29/07/2020)

 

 

 

Nascido na zona rural de Carmo do Cajuru-MG, filho de lavradores, MÁRIO ALVES DE OLIVEIRA ficou cego aos 12 anos e, enfrentando todas as adversidades, depois de ter concluído o 1º Grau no Instituto São Rafael de Belo Horizonte, fez o 2º Grau no Colégio Estadual Central (hoje Escola Estadual Milton Campos) e formou-se em Direito pela UFMG, em 1974. 

Casado em 1978 com Margarida Luzia de Paiva, também deficiente visual e professora do Instituto São Rafael, e com dois filhos (Mário Júnior e Marcelo), Mário lutou bravamente por melhores condições de vida, educação e trabalho para os deficientes desde os tempos de estudante, quando foi o primeiro cego a participar de equipes do Projeto Rondon, nos anos 70. 

Dentre os trabalhos desenvolvidos por Mário em prol dos deficientes visuais, destacam-se as seguintes campanhas: 

・inclusão de disciplinas relacionadas à educação de deficientes nos cursos de Magistério e Pedagogia; 

・criação de cursos de habilitação de professores no interior para lecionar para cegos e surdos-mudos;
・criação do Postal Braille, serviço dos Correios para transcrever de e para o braille as correspondências dos deficientes visuais; 

・criação de quiosques para vendas das Loterias oficiais, a serem exploradas por deficientes visuais e entidades assistenciais; 

・criação de programas oficiais de treinamento para cegos no sentido de lhes ensinar a se locomover nas cidades; 

・elaboração de um processo seguro e confiável de identificação de dinheiro (tanto em moeda quanto em cédula) pelo tato. 

Com o avançar da idade, Mário passou a sofrer de um problema cardíaco. Há uns dez anos atrás, seu cardiologista lhe indicou uma operação nas válvulas do coração, recomendando-lhe fazer a intervenção cirúrgica, mas lamentou que não podia garantir a sua sobrevivência, caso se submetesse à operação. Adiou, quanto pôde, essa intervenção. Nos últimos tempos, não tinha mais força para locomover-se e apresentou uma deficiência renal persistente. Foi operado do coração com sucesso, mas seus rins não responderam a tentativas de tratamento proposto pela equipe médica. Finalmente, a uma hora da manhã do dia 28 de julho de 2020, deu seu último suspiro. 

Escreveu os seguintes livros: NEM CLARO, NEM ESCURO (1994) e BRAILLE, UMA JANELA PARA O MUNDO (2001).