Por José Eduardo Franco *
“A minha língua é pena de hábil escriba”. (Salmo 44)
“Ler o Padre António Vieira é talvez fazer um dos exercícios mais estremecedores de introspeção. Lendo Vieira vemo-nos ao espelho enquanto povo português, que formou um povo imensamente maior, o povo brasileiro. Mas também vemo-nos ao espelho enquanto pessoas. Os textos de Vieira são de um fino psicólogo que nos obriga a um exercício de auto(conhecimento) e reconhecimento das grandezas e misérias de que cada um de nós é capaz enquanto ser humano”. (Andreas Farmhouse)
Obra completa de Padre António Vieira em 30 volumes publicados pelas Edições Loyola (2015) |
Quando os textos brotam da ação
A Obra Completa do Padre António Vieira em fase de edição pelo Círculo de Leitores reúne nos primeiros três tomos a Epistolografia (5 volumes), a Parenética (15 volumes) e a Profética (6 volumes) daquele que ficou conhecido como o Pregador do Rei D. João IV, o Rei Restaurador. No entanto, há uma variedade de textos de Vieira, alguns difíceis de classificar e certificar, que chegaram até nós dispersos por diferentes bibliotecas e arquivos, escritos para diversos fins e em vários registos e géneros literários. Esta variedade de escritos foram integrados no último tomo da Obra Completa, sob a titulação abrangente de Varia. O tomo IV alberga, assim, um conjunto diverso de textos deste extraordinário pregador, escritos num arco temporal que envolve boa parte da sua vida ativa, ou seja, desde a primeira fase da ação como professor no Brasil durante os anos 30 de Seiscentos, e com especial intensidade a partir da segunda fase da sua vida ativa, já em Portugal. Esta etapa começa com o seu empenhamento religioso e político no primeiro reinado da Restauração ao serviço do rei restaurador D. João IV na década de 40 do século XVII, desdobrando-se por outras fases balizadas pelos seus périplos de diplomata, missionário e viajante-peregrino entre a Europa e as terras de missão do Brasil até praticamente ao fim da sua vida.
A diversidade tipológica e a complexidade dos textos deste tomo são uma boa expressão da figura multímoda de Vieira, que desempenhou variados papéis nas estruturas da sua Ordem, da Igreja e do Reino e, ao mesmo tempo, são a resposta a assuntos, negócios, problemas e medidas que foi confecionando em reação a circunstâncias e a conjunturas específicas.
Encontraremos, assim, neste conjunto diverso de textos o legado escrito da sua intervenção como professor, como poeta, como pregador e conselheiro régio, como diplomata, como “advogado” dos cristãos-novos, como arguido e crítico do Tribunal do Santo Ofício ¹, mas também como censor, como missionário e visitador das missões, como viajante e como defensor dos Índios.
De algum modo, Vieira insere-se e destaca-se naquela genealogia de intelectuais multímodos da cultura portuguesa, em que o tempo do Humanismo e do Renascimento tinha sido profícuo. Vieira conforma, com efeito, este modelo de intelectual ou de sábio exaltado no século anterior ². O perfil da sua personalidade permitiu o desenvolvimento de competências multifacetadas que o habilitaram a desempenhar os diversos papéis, alguns deles aparentemente paradoxais e contraditórios com a sua condição social e com a expressão das suas ideias e valores firmemente defendidos.
Se o modelo de sábio consagrado pela escola do Renascimento era aquele que devia possuir conhecimentos interdisciplinares e desenvolver multi-especializações tendo em horizonte o domínio de um saber abrangente e universalizante, no tempo do Barroco, o Padre António Vieira, ao lado de outros confrades da Companhia de Jesus (que neste domínio replicou, em determinados aspetos do seu tirocínio formativo, o modelo renascentista onde se gerou), é uma notável expressão da herança dos tipos multiformes de intelectual. Mas, ao mesmo tempo, a sua expressão vivencial como mestre da palavra e pensador crítico evidencia a exuberância, o desejo de totalidade e ao mesmo tempo os paradoxos existenciais do barroco ³.
Os textos deste tomo são muito importantes para o conhecimento não só da dimensão mais interventiva de Vieira nas grandes questões do seu século, como são fundamentais para a compreensão da história luso-brasileira, em particular daquela segunda metade de Seiscentos, na relação com a história europeia. Os diferentes palcos e papéis desempenhados por Vieira suscitaram nos seus estudiosos a preocupação de encontrar a melhor forma de classificar este Pregador, do que resultou uma variedade considerável de caracterizações. Ronaldo Vainfas, num ensaio biográfico recente sobre este jesuíta, unifica as classificações conhecidas numa única que nos parece muito englobante e minimamente consensual: “António Vieira: personagem tão multifacetada que diversos historiadores não resistem em fragmentá-lo [...]. A par dessa plêiade de perfis, muitos se animaram a discutir se Vieira, enquanto patriota, era português ou brasileiro, prevalecendo o consenso, mais ou menos óbvio, de que ele era luso-brasileiro” ⁴.
Especialmente, neste período, a compreensão da importância e o significado dos escritos aqui reunidos devem ser articulados, de modo íntimo, com os textos epistolográficos constantes no primeiro tomo desta obra completa e que se podem considerar o elo de ligação entre todas as produções escritas de Vieira; inclusivamente com referências à sua concepção e publicação, designadamente dos Sermoens e d’ A Chave dos Profetas. No caso específico em análise, Epistolografia e Varia, dão-nos a perspetiva mais existencial, mais interventiva e mais pragmática de Vieira, fundamental para a compreensão da sua trajetória biográfica e não menos importante ainda para conhecer melhor aquela que poderíamos chamar uma “biografia” portuguesa do século XVII na sua relação com a Europa e com o Mundo⁵.
De algum modo, o grande pregador pode ser tomado, tendo em conta os devidos limites que devemos considerar no uso deste recurso estilístico, uma figura metonímica do século XVII português e barroco. Merece ser recordada aqui a caracterização lapidar de Aníbal Pinto de Castro, que atribuiu a Vieira esse estatuto de representar como ninguém o seu século, pois “converteu-se num verdadeiro símbolo do seu tempo” ⁶. Este incontornável especialista coimbrão, na sua obra António Vieira: uma síntese do barroco luso-brasileiro, explica que o Padre António Vieira experimentou no corpo e na mente a dilaceração de “um tempo dividido e divisor”, de um tempo de fim de uma longa caminhada de consumação de um dado paradigma de cultura e de civilização e a gestação de um tempo novo, que só a partir do século seguinte iria começar a desabrochar claramente: “Vivia a sociedade portuguesa dessa mesma época num permanente conflito entre a autoridade e a liberdade, a contenção e a exuberância, o pecado e a graça; conflito de indivíduos, de classes, de consciências, de interesses e de credos” ⁷.
O Padre António Vieira experimentou dramaticamente este conflito profundo e as fraturas sociais que se adensavam e, também, as que dividiam a sua consciência, vivendo entre a utopia que sonhava e a realidade que tinha de cuidar. Ele, de facto, encarnou, na teoria e na prática, como poucos, o espírito, a missão e o ideal de que estavam grávidos os discursos proféticos da cultura portuguesa desde o século XV. A corrente profético-nacionalizante, ganhou, no século XVII, o nome próprio de “sebastianismo” ⁸, que fazia de Portugal um “país bíblico”, no dizer de Manuel Clemente ⁹, um novo Israel, o povo eleito da Nova Aliança, o povo-líder da Cristandade investido de uma missão universalizante a que não poderia renunciar ¹⁰.
No entanto, contrariamente ao que análises superficiais concluíram a partir dos seus escritos proféticos, Vieira não era um pensador com os pés pouco assentes na terra, desatento à realidade, ou mesmo pouco comprometido com os dramas dos homens e das mulheres do seu tempo, nomeadamente a corrupção, a exploração do homem pelo homem através do trabalho escravo, as desigualdades sociais, as guerras no seio da cristandade europeia e outras formas de violência, o esbanjamento e luxo das elite frente à pobreza de uma larga maioria da população, a incompetência no exercício de cargos políticos, as tibiezas de bispos e padres. Antes pelo contrário, enquanto pensador utópico, o Padre António recorreu à “estratégia da utopia” para melhor intervir e transformar a realidade presente percepcionada de forma dramática e em crise aguda. Neste sentido, é bem esclarecedora esta observação de Luís Machado de Abreu: “A mundividência dominada pelo sentido profético e pelo sobressalto apocalíptico nada tem de escapismo alimentado pelo conforto de futuros triunfantes e gloriosos. É, acima de tudo, uma leitura luminosa e inquieta leitura das realidades e urgências da situação presente” ¹¹.
Se nos seus sermões Vieira se revela como mestre maior da palavra falada refletida com todo o seu esplendor e poder persuasivo, até mesmo encantatório, também o é na palavra escrita. Se nos seus textos proféticos se mostrou preocupado com o futuro de Portugal, da Europa e do Mundo e se confirma como um construtor exímio de uma utopia universalista, na sua obra epistolográfica, que reunimos nos 5 volumes do tomo I e também na Varia, o grande orador deixou-nos o testemunho escrito de um extraordinário homem com intenso espírito de iniciativa e até de liderança, que não quis deixar os seus ideais, propostas de reforma política, social e religiosa em mãos alheias. Nos textos deste tomo IV, Vieira manifesta um dos aspetos mais distintivos da sua personalidade: um homem vário na ação, multifacetado, omnímodo quer em termos de papéis sociais desempenhados, quer em termos da expressão dos seus afetos e desafetos humanos, mas firme na fidelidade ao seu ideal de vida fundamental, que se expressa em dois amores: o amor espiritual a Cristo e à sua Igreja, e o amor patriótico ao reino de Portugal e ao projeto globalizante deste país que faz coincidir com o projeto de universalização do Cristianismo a que ele, como jesuíta professo, tinha devotado a vida. Deste modo, unifica os seus dois amores num só, resolvendo e legitimando a aparente duplicidade, de que não deixou de ser acusado pelos seus detratores. Aliás, a estes dois horizontes afetivos alimentados desde a primeira juventude manteve-se fortemente ligado até ao fim da vida ¹² .
Mesmo quando se desiludiu com as ingratidões, desatenções e até perseguições de líderes máximos de algumas instituições portuguesas (maxime Coroa, Inquisição e até a Companhia de Jesus), Vieira, apesar dos regressos “estratégicos” ao Brasil e das queixas e abatimentos manifestados nas suas cartas, acaba sempre por deixar a sua fé, o seu ideal e o seu grande afeto pátrio falarem mais alto. E a cada sinal (nomeadamente do céu, ou seja, astronómico-astrológico interpretado profeticamente), a cada sucesso novo, a cada nova conquista política portuguesa na cena internacional (como aconteceu na última década da sua vida), Vieira reanima-se, refaz a sua esperança e re-projeta a sua utopia.
Não esqueçamos que se pode confirmar plenamente em Vieira uma fé inabalável em Deus e nas profecias divinas para Portugal e para o mundo. De Deus Vieira não poderia duvidar. Por que razão, então, revê as datas, reinterpreta os acontecimentos e revê as estimativas de concretização das profecias da sua utopia quinto-imperialista? É porque admite que ele, como homem, poderia ter errado, admitindo essa falha como resultante da imperfeição do juízo humano, para nunca pôr em causa o juízo transcendente e a Providência divina.
À luz desta atitude espiritual, deste contínuo exame de consciência, prática corrente e obrigatória no quotidiano de padre jesuíta que era, podem entender-se as revisões de teses, de pareceres, a confissão de erros e de enganos. Não esqueçamos que Vieira era em primeiro lugar um jesuíta formado nas fileiras da Companhia, Ordem que recusou sempre abandonar, mesmo quando um sector importante de confrades tentaram que tal acontecesse. Como acentua Ronaldo Vainfas: “Na verdade, Vieira foi quase tudo o que dele se disse enquanto personagem multifacetado, com a diferença de que o foi simultaneamente, mesmo que em certas circunstâncias se tenha concentrado em tal ou qual papel. Jesuíta ele sempre foi, desde que ingressou na Companhia, ou quando se viu ameaçado de expulsão e jurou que ficaria à porta de alguma casa inaciana até ser admitido, mesmo que como serviçal... Foi também missionário desde jovem [...]. Vieira foi missionário até aos últimos dias. Repassou os direitos autorais dos primeiros tomos dos Sermões para a Missão dos Cariris e insurgiu-se, já octogenário, contra as novidades introduzidas pelos colonos, em São Paulo, no tocante ao uso e abuso do trabalho indígena” ¹³.
Não esqueçamos que Vieira apareceu na cena social portuguesa e surpreendeu de forma estrondosa, baralhando aquilo que podemos chamar o horizonte de expectativas em relação a um jesuíta recém-chegado do Brasil. De um padre da Companhia de Jesus, de um missionário dos sertões brasileiros, mesmo de um pregador real ¹⁴, esperar-se-ia, à partida, que se ativesse às suas funções religiosas e espirituais. Contudo, a irreprimível personalidade empreendedora, apesar de ter sido formada no exigente tirocínio disciplinador da ordem inaciana, extravasou largamente o papel que lhe era pedido e afirmou-se como fundamental no complexo período da pós-restauração na metrópole. Tornou-se rapidamente uma figura-chave para pensar uma estratégia vencedora para Portugal, numa fase de grande incerteza em que, além de estratégia política, militar, económico-financeira e diplomática, havia que investir fortemente no capital simbólico para fortalecer o empenho das elites, o ânimo dos exércitos portugueses e a esperança do povo. Só com o reforço do capital simbólico seria possível fazer acreditar que iria vingar o projeto de recuperação da independência em relação à poderosa Espanha, independência proclamada pelo arriscado grito restaurador bradado a 1º de dezembro de 1640 no Terreiro do Paço, em Lisboa.
Com efeito, Vieira ganhou fama como grande pregador que manejou bem o arsenal simbólico da herança cultural portuguesa para potenciar a esperança coletiva no projeto restaurador. Sermões políticos diversos foram pregados e escritos com esse fim, nos quais Portugal era assemelhado a um novo Israel e elevado à categoria de nação superior, de povo eleito da nova Aliança, agora saído de 60 anos de cativeiro para uma nova etapa que se esperava vir a ser a mais gloriosa da sua história, forçando as profecias de Isaías a confirmar esta assunção de um povo que, sendo pequeno como o povo hebreu, teria vencido o grande e imperial Golias. Melhor dizendo, tinha arriscado separar-se do Golias espanhol, mas este, como outros novos Golias europeus, nomeadamente o holandês, continuavam a cobiçar as suas posses, não só do pequeno e matricial retângulo europeu, mas especialmente as apetecíveis fatias territoriais do império ultramarino. Importava, pois, confirmar na prática, com uma determinação constante de defesa militar e arte diplomática, a proteção divina de que o país estaria investido, segundo Vieira, reafirmando o pensamento profético nacionalizante da tradição lusitana.
O Rei D. João IV, impressionado com a habilidade política de Vieira e com a pertinência das suas propostas reformistas no plano político, económico, institucional e religioso, encarregou-o de missões diplomáticas importantes no centro da Europa: Países Baixos, França e Itália. O pregador régio da restauração portuguesa conhece então a Europa a palpitar de ideias novas, de progressos impressionantes, de novos impérios emergentes e poderosos. O pregador da Baía de Todos os Santos, o paladino da evangelização dos sertões nordestinos do Brasil, europeíza-se e abre-se, vindo do Novo Mundo, ao mundo velho cheio de tradição, mas também de debates que estavam a inaugurar uma revolução de mundividências e antropovidências no coração de uma Europa em ebulição.
Vieira experimenta as agruras do exercício exigente de viajar em missão diplomática e até, em certos momentos, de espionagem e pressão política. Com base na sua vida experimentada de viajante, compreende e dá a compreender, de forma consequente, o extraordinário valor acrescentado, em termos de abertura de horizontes e de conhecimento crítico mais abrangente, que as viagens por diferentes países, povos e culturas possibilita. De tal modo, que chega a afirmar que não deveria em Portugal deter cargos de governo quem não viajou, quem não conheceu mundo ¹⁵. De alguma maneira, concede, na linha dos clássicos, ao exercício da viagem o papel de oferecer um “saber universitário”, conferindo-lhe, em certa medida, uma dimensão iniciática, fundamental para quem governa ¹⁶. E, na verdade, chega a observar criticamente que as elites portuguesas estavam muito acomodadas no seu canto, muito limitadas nos seus horizontes, padecendo de muita “falta de mundo”, com fraca experiência internacional, diríamos nós hoje. Diagnosticava este atavismo em boa parte das lideranças portuguesas, mormente quando reagiam mal às suas propostas reformistas, quando o criticavam e boicotavam as suas medidas apresentadas ao Rei e ao seu Conselho.
Quando os textos iluminam a ação
Na Obra varia de Vieira reúnem-se os textos desse pregador empenhado como diplomata, como negociador de causas políticas portuguesas. Aqui são dados a conhecer escritos diversos, desde as suas propostas e documentos de pensamento estratégico enquanto conselheiro político e reformador socioeconómico, até aos textos comprometidos com a causa missionária. Encontramos, pois, refletido nestes escritos, com toda a sua complexidade, tanto o Vieira idealista, pregador, desejoso de converter e elevar os homens a um ideal de vida superior, como o Vieira realista, com grande sentido prático e estratégico, a sujar as mãos na vida do mundo, a intrometer-se nas questões temporais.
Publicam-se, pois, neste tomo quatro volumes ¹⁷, quatro facetas, quatro grandes áreas de intervenção intensa de Vieira: ação diplomático-política; defesa da causa de judeus e cristãos-novos; evangelização e proteção da liberdade e dignidade dos ameríndios; exercitação pedagógica e poética em louvor dos afectos.
Podemos ficar surpreendidos nos três primeiros volumes deste tomo pelo estilo diverso do discurso utilizado nos grandes textos mais conhecidos de Vieira. Estamos perante uma moldura de discurso mais enxuto de ornamentos barrocos, objetivo, pragmático, explanativo, adequado ao escopo da sua composição para fins muito pragmáticos: relatórios, propostas para nova legislação, discursos, defesas, votos, petição, censuras/licenças para impressão, pareceres. Também publicamos no terceiro volume um relato de viagem extraordinário da autoria de Vieira, a “Relação da missão de Ibiapaba”, um texto que pode ser considerado uma pequena obra prima da literatura de viagens ¹⁸ e pelo qual poderemos antever uma outra obra perdida do autor (que está dada extraviada, sem ter sido possível encontrar o seu rasto até ao momento), que se constituiria um relato ou tratado sobre naufrágios e tempestades, seguramente baseado nas suas próprias experiências de viagem ¹⁹.
Além dos textos que sabemos hoje serem da pena de Vieira, neste tomo, mais do que em qualquer um dos anteriores, serão editadas em secção anexa a cada um dos volumes um número significativo de escritos apócrifos ou de autoria duvidosa atribuídos a Vieira. Não quisemos deixar de publicar na obra completa estes numerosos textos gerados no tempo do autor e/ou forjados na sequência da sua morte, pois consideramos que são importantes para completar o conhecimento do círculo largo do prestígio da sua figura e a influência da sua obra e ideias.
O reconhecimento e a edição criticamente anotada destes textos apresentam várias utilidades e vantagens para o estudo e mapeamento dos escritos de Vieira. Primeiro, permitem estabelecer um novo corpus do legado escrito deste pregador jesuíta, onde de incluem um assinalável conjunto de textos até hoje desconhecidos e/ou não reconhecidos como sendo do Padre António Vieira. Com este trabalho de levantamento, classificação, fixação e edição torna-se possível configurar um mapa com fronteiras certificadas entre o universo de escritos que hoje se sabe, de ciência segura, serem mesmo do próprio Vieira e aqueles textos sobre os quais pairam sérias dúvidas quanto à verdadeira autoria, e ainda aqueles escritos vieirinos que já estão plenamente certificados como sendo contrafações grosseiras.
Segundo, estes textos ilustram bem o prestígio da autoridade e a força intelectual das ideias e propostas de Vieira, que muitos quiseram desenvolver, reorientar, consignar por escrito a partir de versões ouvidas presencialmente ou transmitidas por tradição oral. Estes textos, com ideais que poderiam ser de Vieira ou de quem pensava como ele e queria usar o suporte escrito autorizado pela sua assinatura falsa para dar mais força à mensagem, permitem de algum modo entrever a emergência de um Vieira coletivo, de uma comunidade de ideias de que o jesuíta era ícone e símbolo concitador. Aqui se enquadra o conhecido texto “Notícias recônditas do modo de proceder da Inquisição com os seus presos” que por deixar transparecer críticas, ideias e argumentos muito semelhantes aos de Vieira foi-lhe erroneamente atribuído durante vários anos. Na realidade este texto, na sua caracterização da Inquisição enquanto instituição, apresenta um estilo mais duro, acusatório e obstinado do que outros, tal como a “Proposta que se fez ao sereníssimo rei dom João IV a favor da gente de nação, pelo padre António Vieira sobre a mudança dos estilos do santo ofício e do fisco”. Assinalamos, pois, um crescendo nos juízos de Vieira, pois esta proposta, escrita num período anterior, finais da década de quarenta, é mais moderada embora registando críticas essenciais como a condenação de inocentes e a ineficácia para concretizar uma conversão verdadeira. O agravamento da linguagem pode dever-se à sua própria experiência enquanto réu, preso e condenado pela Inquisição.
Terceiro, também alguns destes textos, pelo contrário, são contrafações claramente montadas com posições e perspetivas críticas que não poderiam ser de Vieira ou que estão em clara oposição aos valores e interesses sempre defendidos pelo pregador. Estes escritos são aqui publicados como uma espécie de apócrifos negativos que devem ser tomados acima de tudo como falsificações que, certificadas e denunciadas, aqui ficam como reduto do que se deve saber como nunca podendo ser do nosso autor. Destacamos a coletânea “Maquinações de António Vieira jesuíta”, realizada por ordem do Marquês de Pombal e que se guarda em sete volumes manuscritos na Biblioteca Nacional de Portugal; nela coligem-se textos de e sobre Vieira com o objetivo de desmerecer este famoso jesuíta e incluem-se um número significativo de apócrifos, alguns dos quais testemunhos únicos.
O primeiro volume deste tomo deixa-nos o legado escrito da sua intervenção política com as suas ideias de reforma socioeconómica. É aqui especialmente que se surpreende, de forma mais explícita, o pregador jesuíta do Rei Restaurador extravasar o seu papel de orador sacro. Vieira recusou, de facto, limitar-se ao seu papel espiritual, a ser um teórico, um genial manejador da palavra, usando da sua prerrogativa cómoda de membro da velha ordem social orante (ordo orante), de padre, e ainda mais de padre regular, para não intervir no mundo dos homens e limitar-se a tratar dos assuntos não materiais. Mas não. Vieira, dando azo ao seu carácter interventor, entendeu que a urgência do momento e a responsabilidade da alta mensagem que tinha o dever de transmitir exigiam intervenção na esfera secular, a fim de forçar uma transformação que não passava apenas pela palavra dita, mas exigia a palavra encarnada, tornada ação.
Com grande intensidade, imediatez e desejo de atender à urgência dos problemas do momento, sugeriu, escreveu, forçou. Muitas vezes acertou, antecipando soluções que acabaram por não vingar no seu tempo, mas a que o tempo longo haveria de dar razão ²⁰. Algumas vezes também se enganou e foi vencido pelas circunstâncias, como quando, perante a consciência aguda das fragilidades dos recursos económicos e militares portugueses para garantir a permanência de toda a imensa extensão da colónia brasileira em mãos portuguesas, sugeriu a entrega de Pernambuco aos Holandeses, o que lhe valeu a alcunha de “Judas do Brasil” ou a acusação que muitos lhe desferiram de ter sido maquiavélico no plano da sua ação política ²¹.
É através desta ação na ordem política – que constitui a parte mais complexa da sua vida, – que Vieira, “esse povo de palavras” ²², revela a sua dimensão mais humana e o seu pensamento e as suas soluções são testados pelas circunstâncias, obrigando-o a rever teses e até a abalar princípios. De algum modo, como afirmou o Presidente da República Jorge Sampaio em 1997, na sessão solene de homenagem na Assembleia da República por ocasião da passagem do III centenário da sua morte, Vieira “foi grande até nas suas contradições” ²³. Contudo, as mudanças de opinião e a revisão de estratégias obedeciam sempre à fidelidade férrea da sua palavra aos dois amores que se conjugavam e uniam perfeitamente na sua vida, o amor a Portugal e o amor a Cristo, para cuja grandeza sempre trabalhou de modo estrénuo. Vale a pena citar aqui a passagem eloquente do discurso avocado: “Em Vieira, no princípio, era o verbo e, no fim, será ainda o verbo. Ele habitará sempre esse povo de palavras com as quais confundiu a vida e fez a obra. É nelas – e não na ordem do político, como alguns pensam – que as suas palavras se cumprem. Esse império discursivo, essa catedral verbal, esse teatro de eloquência, esse prodígio de ‘engenharia sintática’, essa ‘grande certeza sinfónica’, como disse Fernando Pessoa/Bernardo Soares, permanecerá como um monumento de palavras que desafiará o tempo e a passagem dos homens. A obra de António Vieira é, e será sempre, por isso, a confirmação da grandeza de Portugal” ²⁴.
De algum modo, Vieira, pela sua palavra poderosa respaldada na vida, afirma uma ontologia da ação consubstanciada no seu ideário que pode ser sintetizado nesta máxima: nós somos o que fazemos. Como pregou no sermão das exéquias do seu padrinho de batismo, o Conde de Unhão, “[...] nem todos os anos, que se passam, se vivem: uma coisa é contar os anos, outra vivê-los; uma coisa viver, outra durar. Também os cadáveres debaixo da terra; também os ossos nas sepulturas acompanham os cursos dos tempos, e ninguém dirá que vivem. As nossas ações são os nossos dias: por elas se contam os anos, por eles se mede a vida: enquanto obramos racionalmente, vivemos; o demais tempo duramos” ²⁵. Acaba por cumprir o ideário inaciano, ou seja, da sua Ordem fundada por Inácio de Loiola que se pauta por um moderno otimismo antropológico, equilibrando a fé na graça divina com a confiança nas capacidades humanas para mudar a ordem da história. Conforme o Padre Manuel Antunes caracterizou “A Companhia de Jesus e o seu Humanismo”, “é nesta proliferação de formas, de atividades, de iniciativas de toda a ordem que se tem revelado o humanismo da Companhia de Jesus. Um humanismo histórico que recusa limitar-se a um campo exclusivo de ação; um humanismo de inserção no mundo, para a transformação desse mesmo mundo, com todos os riscos que tal atividade comporta” ²⁶. Este ideário aplicado para o bem e para o mal pelos Jesuítas é bem problematizado por Eduardo Lourenço na reflexão que faz sobre a relação desta Ordem com Portugal: “No princípio e no fim, Portugal, nação, história e cultura, marcadas como nenhumas outras pela presença e ação da ‘primeira ordem’ religiosa da modernidade. Sua versão paradoxal, na medida em que a modernidade inculca afastamento histórico de um mundo que gira em volta de Deus, e a Companhia a expressão e a consciência desse afastamento, acompanhada da vontade de o compreender para melhor restituir a Deus o seu lugar perdido” ²⁷.
O segundo volume deste tomo IV apresenta o significativo testemunho escrito de uma das grandes causas de Vieira: a defesa dos judeus e dos cristãos-novos; quer ao nível da sua participação ativa no projeto do Portugal Restaurado desempenhando um papel fundamental na consolidação económica e, por isso, política do reino recém independente, quer das perseguições efetuadas pela Inquisição, enquanto suspeitos, réus e condenados. Esta defesa, que teve tanto de convicção como de estratégia e que tantas análises tem suscitado, leva-nos a considerar um dos traços mais marcantes e mais complexos da personalidade de Vieira: o casamento nem sempre pacífico entre estratégia e ideal. Contudo, Vieira não era nem um idealista desenraizado, desatento á realidade, nem um estratega calculista e interesseiro. Era um pensador utópico que entendeu a importância do sonho, do ideal, da utopia para regenerar a sociedade; mas foi também um homem de ação que entendeu a necessidade de utilizar estratégias eficazes racionalmente ponderadas para concretizar os seus projetos e reforma social, política e religiosa. Todavia, apesar do seu realismo arguto, nunca traiu as suas convicções, nem os amigos e menos ainda aqueles de quem assumiu ser defensor. Assim aconteceu com os Índios, como aconteceu com os descendentes de Judeus. Como bem relembra Ana Novinsky: “Nada atemorizou Vieira nem o tirou de seus ideais. Enfrentou todos os ódios, mas não abdicou da sua luta pela igualdade dos judeus [...]. Travou uma batalha inglória pelos cristãos-novos indefesos, o que coloca o padre António Vieira como pioneiro na luta pela tolerância e pelos direitos humanos” ²⁸.
Vieira intui a importância decisiva dos fatores de sobrecompensação psicológica enquanto pano de fundo motivador e horizonte onírico mobilizador em ordem à superação das dificuldades extremas verificadas no tempo presente. Aliás, a sua utopia resulta de uma perceção muito realista das condições sociopolíticas do reino de Portugal. Daí que se entregue a essa loucura necessária, no dizer lapidar de Pedro Calafate, e aposte na utopia como estratégia psicopolítica ²⁹. Adequa-se perfeitamente a figuras da estirpe de Vieira aquele trecho poético de José Régio que proclama no seu “Cântico Negro”: “Eu amo o Longe e a Miragem, Amo os abismos, as torrentes, os desertos... / Ide! Tendes estradas, / Tendes jardins, tendes canteiros, / Tendes pátria, tendes tetos, / E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios... / Eu tenho a minha Loucura! / Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura, / E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...” ³⁰.
Como argutamente analisa Leonel Ribeiro dos Santos, “Vieira estava ciente da importância daquilo a que hoje chamamos os fatores psicossociológicos e ideológicos na política e na vida coletiva dos povos. E, assim, o milenarismo universalista e o nacionalismo messiânico que se entrelaçam na sua ideia de Quinto Império e que, à primeira vista, poderiam parecer como ingredientes entre si contraditórios e como manifestações exacerbadas do seu idealismo utópico podem bem antes ser lidas como a prova do seu lúcido e subtil realismo” ³¹.
A dificuldade de destrinçar a esfera da convicção e dos valores em que acreditava e o sentido da procura de uma estratégia vencedora para Portugal é um dos problemas que estes documentos levantaram e continuam a levantar. Todavia, o percurso de vida do Padre António Vieira demonstra que foi persistentemente fiel às suas ideias e aos princípios fundamentais que defendia. Por isso, como lembra Anita Novinsky, “pagou um preço alto pela sua coragem e independência intelectual, seja na Companhia de Jesus, seja no temerário foro da Inquisição portuguesa.” Com efeito, “o pensamento religioso de Vieira foi muito original comparado ao dos seus colegas inacianos, pela valorização do judaísmo, pelo esforço em aproximá-lo do cristianismo, frisando o tronco comum das duas confissões religiosas [...]” ³².
Este tomo também disponibiliza, no seu terceiro volume, um conjunto riquíssimo de documentação produzida por Vieira na sua luta pela causa dos ameríndios, as suas propostas de reordenação da sociedade e da administração colonial em função do lugar próprio dos habitantes indígenas do Brasil, a sua crítica ao processo e aos métodos escravagistas dos colonos, assim como as dúvidas que experimentou e as disputas que assumiu, ora convergindo ora divergindo das soluções advenientes da crítica dos intelectuais ibéricos modernos às práticas escravistas ³³.
Gravura de Charles Legrand (1839). Biblioteca Nacional de Portugal, Lisboa. (e-278-p). |
O último volume deste tomo e da Obra Completa revela facetas e produções intelectuais menos conhecidas de Vieira. Falamos daquele Vieira que quase ninguém estudou. Este volume final surpreende-nos pela novidade que representa a reunião da poesia e textos pedagógico-dramatúrgicos de Vieira, os quais, reunidos da sua grande dispersão, ganham agora outra espessura e uma expressão literária mais significativa. O Vieira pedagogo, o Vieira poeta, o Vieira afetivo, o Vieira familiar e o Vieira amigo podem ser aqui apreciados.
Por ter chegado até nós de forma dispersa, fragmentária e, em boa parte manuscrita e em várias línguas (português, castelhano e latim), a criação poética de Vieira, quer em forma de sonetos, elegias e odes, ou ainda em forma de epigramas, sempre foi tida como pouco significativa. Praticamente ignorados eram os seus textos dramatúrgicos com fins pedagógicos elaborados nos anos de juventude em que foi professor nos colégios dos Jesuítas do Brasil, nomeadamente no de Pernambuco e de Olinda, e deixados praticamente esquecidos. Como era prática nos colégios da Companhia regidos pela Ratio Studiorum ³⁷, o recurso a estratégias que implicavam o teatro e a música não foram indiferentes a Vieira ³⁸. Aqui se recolhe um testemunho dessas criações, em que o inaciano constrói diálogos teatrais para consolidar conhecimentos de gramática.
Reunidos num volume único de dimensão não despicienda, a poesia e teatro de Vieira parecem-nos, assim organizados, mais significativos do que se poderia pensar à primeira vista. Acreditamos que a criação poética que chegou até nós é certamente um testemunho eloquente de um conjunto maior de textos que se perdeu, em boa parte por terem sido produzidos com a marca da circunstancialidade para homenagear amigos e figuras notáveis, para agradecer dádivas, para celebrar efemérides, para louvar a Deus ou para lamentar o mundo. Se é verdade que a maior parte dos textos de Vieira foram produzidos muitos deles por convite, por necessidades ou por apelo das circunstâncias, a criação poética destinou-se a atender à esfera do sentimento, onde o profano e o religioso se entrelaçam ³⁹ ao sabor de uma inspiração trabalhada. De algum modo, com este último volume se completa o arco inteiro das suas obras que “nasceram em carne e sangue” ⁴⁰, como diria o próprio Vieira, que fez transbordar na escrita uma vida intensa, inconformada com as vicissitudes do tempo e da história, em que o discurso falado e escrito serve para afrontar, transformar e, desejavelmente, redimir.
Vieira: um homem do século XVII que sobrepujou o seu tempo
A vida de quase noventa anos, o impacto da sua intervenção e a dimensão da obra legada à posteridade foi de tal ordem que Vieira como que tomou o século XVII no seu todo, como escreveu Álvaro Dória na Revista Ocidente ⁴¹, na linha de outros estudiosos que centram a visão daquele século neste pregador, que envolveu o seu tempo e, com o seu poderoso dinamismo e a fama alcançada, como que secundarizou e ofuscou todo o resto à sua volta. Evidenciou esta hegemonia um dos mais importantes estudiosos franceses de Vieira, Raymond Cantel: “La figure du Jésuite António Vieira domine tout le XVII.e
siècle portugais. Que l'on s'intéresse à l' histoire, à la religion ou à la littérature, partout on est sûr de le rencontrer au premier plan, suscitant tour à tour la louange ou la contradiction, mais ne laissant jamais indifférent” ⁴².
Contudo, importa que esta obra imensa aqui editada e a identificação dos múltiplos atores com quem o Padre António Vieira lidou no seu século permitam não tanto tomar ainda mais o espaço de um século importante e rico como foi o século XVII, deixando pouco a ver para além dele, mas alargar o perímetro de luz de conhecimento sobre este grande século luso-brasileiro. Pretendemos, com efeito, que a obra de Vieira desperte um renovado interesse por este século tão decisivo para a afirmação da identidade e da cultura luso-brasileira, onde figuras de grande valor em muitos planos, com muitas das quais Vieira se relacionou, sejam destacadas e mereçam igualmente estudo, recordação e fama.
Importa, pois, nos estudos do século XVII colocarmos Vieira numa comunidade vasta de talentos, de relações e de interesses. Muitos outros além dele tiveram papéis decisivos em diferentes momentos do século de seiscentos, século que uma determinada tradição hermenêutica da nossa história muito desmereceu e, até mesmo, desqualificou como século negro e de muito pouco interesse ⁴³. Nada mais erróneo e injusto. Na verdade, não há séculos apenas negros, nem séculos apenas luminosos, mesmo que se chamem das Luzes. São tão redutoras as representações estereotipadas que engrandecem determinadas idades da história como aquelas que produzem os mitos das idades negras.
O século XVII foi tão rico e tão decisivo como muitos outros séculos da nossa história, com o seu cortejo variável de alegrias e tristezas, de derrotas e de sucessos, de vergonha e de grandeza ⁴⁴. Vieira dá-nos conta, na sua obra escrita, de como a perceção desse seu século e da sua experiência dos acontecimentos é traduzida de forma intensa, dramática, por vezes, mesmo contraditória. Na contradição do seu século nasce uma obra imensa, genial, de visão larga, que resistiu, todavia, para além de muita contradição, falando ainda hoje ao coração e à mente das mulheres e homens do nosso tempo hipermoderno.
* CLEPUL-Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras / Universidade de Lisboa (Portugal)
Fonte: Estudos da AIL-Associação Internacional de Lusitanistas em Literatura, História e Cultura Portuguesas, 2ª edição revista e ampliada, 2016.
II. NOTAS EXPLICATIVAS
¹ Sobre a complexa história e impacto desta poderosa instituição judicial ver Giuseppe Marcoci e José Pedro Paiva, História da Inquisição portuguesa (1536-1821), Lisboa, Esfera dos Livros, 2013.
² Sobre este assunto ver J. Bronowski e Bruce Maslisch, A tradição intelectual do Ocidente, Lisboa, Edições 70, 1988, p. 23 e ss.
³ Não podemos deixar de encontrar em Vieira homologias com figuras do Renascimento como é o caso de Fernão Oliveira e de Damião de Góis. Cf. Luís Filipe Barreto, Caminhos do saber no Renascimento português: estudos de história e teoria da cultura, Lisboa, INCM, 1986. Rosario Villari (dir.), O homem barroco, Lisboa, Presença, 1995. José Eduardo Franco, O mito de Portugal: a primeira História de Portugal e a sua função política, Lisboa, Roma Editora, 2000.
⁴ Ronaldo Vainfas, Antônio Vieira, jesuíta do Rei, São Paulo, Companhia das Letras, 2011, p. 283.
⁵ Ver Diogo Ramada Curto, Cultura política no tempo dos Filipes (1580-1640), Lisboa, Edições 70, 2011.
⁶ Aníbal Pinto de Castro, António Vieira, uma síntese do barroco luso-brasileiro, Lisboa, CTT-Correios de Portugal, 1997, p. 201.
⁷ Ibidem, pp. 201-202. Note-se: atualizámos todas as citações de obras em língua portuguesa em conformidade com a norma atualmente em vigor.
⁸ Sobre a problemática do profetismo e da sua versão sebastianista ortodoxa e heterodoxa ver José Eduardo Franco, “Messianismo, profetismo e construção da ideia de nacionalidade na cultura portuguesa”, in Communio, nº 1, janeiro-março de 2009, pp. 69-80; o texto introdutório à obra de Sebastião de Paiva, O Tratado da Quinta Monarquia, coord. José Eduardo Franco, pref. Arnaldo Espírito Santo, introd. José Eduardo Franco e Bruno Cardoso Reis, transcr. e anot. José Eduardo Franco, Bruno Cardoso Reis, Manuel Gandra, Cristina Costa Gomes, Lisboa, INCM, 2006.
⁹ Manuel Clemente, Portugal e os portugueses, Lisboa, Assírio e Alvim 2008, p. 10.
¹⁰ Cf. Pedro Calafate, Portugal como problema (séculos XVII-XVIII), vol. II, Lisboa, Público/FLAD, 2006, p. 61. Ver também
José Eduardo Franco e José Augusto Mourão, Influência de Joaquim de Flora em Portugal e na Europa. Escritos de Natália Correia sobre a Utopia da Idade Feminina do Espírito Santo, Lisboa, Roma Editora, 2004.
¹¹ Luís Machado de Abreu, “O(s) rosto(s) da Europa: apontamentos sobre imagens da Europa na obra de Padre António Vieira”, Revista da Universidade de Aveiro – Letras, n.o 1, 2012, p. 24.
¹² Ver sobre este assunto Miguel Real, O Padre António Vieira e a cultura portuguesa, Matosinhos, Quidnovi, 2008.
¹³ Ronaldo Vainfas, op. cit., p. 284.
¹⁴ A sociedade portuguesa do tempo de Vieira era fortemente marcada pelo religioso, que se entrelaçava, como irmão gémeo, a
esfera política. Como analisa João Francisco Marques: “Acresce, ainda, que o controlo de Lisboa seiscentista pelo mundo eclesiástico, quer através do serviço religioso quer da omnipresença no poder político, era sobretudo relevante pela atividade de três personagens vitais para o funcionamento da monarquia católica ibérica: o secretário de estado, o confessor régio e o inquisidor-geral”. Cf. João Francisco Marques, Obra selecta, t. II: Religião, política e sociedade, vol. I, Lisboa, Roma Editora, 2013, p. 195.
¹⁵ Cf. Miguel Real e Pedro Calafate, “Século XVII”, in José Eduardo Franco e Pedro Calafate (coord.), A Europa segundo Portugal: ideias de Europa na cultura portuguesa século a século, pref. Maria Manuela Tavares Ribeiro, Lisboa, Gradiva, 2012, p. 80 e ss.
¹⁶ Sobre as viagens como meio de ampliar conhecimentos e horizontes experienciais, Séneca reflete numa das cartas ao seu amigo Lucílio: “Estas viagens que me forçam a sacudir a minha indolência são óptimas, acho eu, quer para a minha saúde, quer para os meus estudos [...]. E porquê para o estudo? Já te digo: porque não interrompi as minhas leituras. A leitura, é de facto, em meu entender, imprescindível: primeiro, para me não dar por satisfeito só com as minhas obras, segundo, para, ao informar-me dos problemas investigados pelos outros, poder ajuizar das descobertas já feitas e conjecturar as que ainda há por fazer. A leitura alimenta a inteligência e retempera-a das fadigas do estudo, sem, contudo, por de lado o estudo. Não devemos nos limitar não só à escrita, nem só à leitura: uma diminui-nos as forças, esgota-nos (estou-me referindo ao trabalho da escrita), a outra amolece-nos e embota-nos a energia. Devemos alternar ambas as atividades, equilibrá-las, para que venham a dar forma às ideias coligidas das leituras. Como soe dizer-se, devemos imitar as abelhas que deambulam pelas flores, escolhendo as mais apropriadas ao fabrico do mel e depois trabalham o material recolhido, distribuem-no pelos favos [...]”. Séneca, Cartas a Lucílio, Lisboa, FCG, 1991, pp. 379-380.
¹⁷ O vol. I reúne os escritos políticos; o II, os escritos sobre os judeus e Inquisição; o III, os escritos sobre os índios; e o IV junta a poesia e o teatro, complementado com importantes instrumentos de conhecimento da obra vieirina: cronologia da vida e obra do Padre António Vieira, quadro cronológico-contextual (síncrese diacrónico-sincrónica de eventos e contextos do século XVII), elucidário vocabular, tábuas toponímica e de autores, índices gerais.
¹⁸ Sobre este grande género da literatura ver Fernando Cristóvão, “Para uma teoria da literatura de viagens”, in Fernando Cristóvão (coord.), Condicionamentos culturais da literatura de viagens, Coimbra, Almedina, 2002, p. 50 e ss.
¹⁹ Cf. “Carta do Padre Reitor do Colégio da Baía, em que dá conta ao Padre Geral da morte do Padre António Vieira, e refere as principais ações de sua vida”, publica nos Sermões e Vários Discursos do P. António Vieira da Companhia de Jesus, Tomo XIV, Lisboa, Valentim da Costa Deslandes, 1710, pp. 293-303.
²⁰ Cf. José Eduardo Franco, “Padre António Vieira, precursor do Marquês de Pombal. O Marquês de Pombal, detrator do Padre António Vieira”, in Padre António Vieira: o tempo e os seus hemisférios. Actas do Congresso Internacional Vieira... (Universidade Nova de Lisboa, 2008), org. Maria do Rosário Monteiro e Maria do Rosário Pimentel, Lisboa, Colibri, 2010, pp. 377-397.
²¹ Atas da reunião plenária de 18 de julho de 1997, “Sessão solene evocativa dos 300 anos da morte do Padre António Vieira”, in Diário da Assembleia da República, 2.a Sessão Legislativa, 19 de julho de 1997, p. 3555. Sobre a questão complexa da receção das ideias de Maquiavel em Portugal na relação entre afirmação de princípios cristãos e a defesa da Razão de Estado neste período, ver Martim de Albuquerque, Maquiavel e Portugal: estudos de história das ideias políticas, Lisboa, Alethéia Editores, 2007, p. 54 e ss.
²² Expressão muito feliz utilizada pelo Presidente da República Portuguesa, Dr. Jorge Sampaio, no discurso de homenagem a Vieira aquando das comemorações do III centenário da morte do jesuíta promovidas pela Assembleia da República Portuguesa.
²³ Sobre as muito problematizadas contradições de Vieira ver v.g. José Moreira, As contradições do Padre António Vieira e outros escritos, Rio de Janeiro, Alba, 1943; Francisco Rodrigues, “O P. António Vieira. Contradições e aplausos à luz de documentação inédita”, Revista de História, Vol. XI, 1922, pp. 81-115. Para uma análise da complexa receção de Vieira ver José Eduardo Franco e Bruno Cardoso Reis, Vieira na literatura anti-jesuítica, Lisboa, Roma Editora e Fundação Maria Manuela e Vasco Albuquerque D ́Orey, 1997. Sobre a problemática da receção literária ver Lorna Hardwick, Reception studies, Oxford, Classical Association by Oxford University Press, 2003.
²⁴ Atas da reunião plenária de 18 de julho de 1997, “Sessão solene evocativa dos 300 anos da morte do Padre António Vieira”, op. cit., p. 3555.
²⁵ “Sermão das exéquias do Conde de Unhão Dom Fernão Teles de Meneses de feliz memória” (t. II, vol. XIV, da presente edição).
²⁶ Padre Manuel Antunes sj, Obra completa, t. IV: Religião, teologia e espiritualidade, ed. crítica e coord. geral José Eduardo Franco e coord. científica Hermínio Rico, Lisboa, FCG, 2007, p. 204.
²⁷ Eduardo Lourenço, “Portugal e os jesuítas”, Oceanos, Lisboa, Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses, n.o 12. 1992 p. 47.
²⁸ Anita Waingort Novinsky, “Uma luta pioneira pela justiça dos Judeus: Padre António Vieira”, in org. Sílvia Maria Azevedo e Vanessa Costa Ribeiro, Vieira: vida e palavra, São Paulo, Edições Loyola, 2008, p. 79.
²⁹ Cf. Pedro Calafate, Portugal como problema (séculos XVII-XVIII), op. cit., pp. 62-63.
³⁰ José Régio, Poemas de Deus e do Diabo.
³¹ Leonel Ribeiro dos Santos, Melancolia e apocalipse: estudos sobre o pensamento português e brasileiro, Lisboa, INCM, 2008, p.
47. Tenha-se em conta a obra clássica de Ernst Bloch, Le Principe Espérance (t. II, Paris, Galimard, 1983, p. 38 e ss) que perspetiva o discurso utópico neste sentido.
³² Ronaldo Vainfas, op. cit., p. 284-285.
³³ Sobre este debate ver Carlos Alberto de Moura Ribeiro Zeron, A Companhia de Jesus no processo de formação da sociedade
colonial (Brasil, séculos XVI e XVII), São Paulo, Edusp, 2011.
³⁴ Pedro Calafate, “A escolástica peninsular no pensamento antropológico de António Vieira”, in José Eduardo Franco (coord.),
Entre a selva e a corte. Novos olhares sobre Vieira, Lisboa, Esfera do Caos, 2008, p. 127.
³⁵ Ibidem. Ver este estudo mais desenvolvido na obra recente de Pedro Calafate, que inaugura um projeto mais vasto de edição das fontes peninsulares fundadoras deste pensamento: Da origem popular do Poder ao Direito de Resistência: doutrinas políticas no século XVII em Portugal, Lisboa, Esfera do Caos, 2012, p. 208 e ss.
³⁶ Paulo de Assunção, A trama e o drama: o pensamento económico do Padre António Vieira, Lisboa, Esfera do Caos, 2013, p. 337.
³⁷ Cf. José Manuel Martins Lopes sj, “Ratio Studiorum. Um Modelo Pedagógico”, in Código pedagógico dos Jesuítas: Ratio
Studiorum da Companhia de Jesus, org. Margarida Miranda, Lisboa, Esfera do Caos, 2009. Ver também João Adolfo Hansen, “A civilização pela palavra”, in org. Eliane Marta Teixeira Lopes, Luciano Mendes de Faria Filho e Cybthia Greive Veiga, 500 Anos de educação no Brasil, Belo Horizonte, Autêntica, 2000; João Adolfo Hansen, “Ratio Studiorum e política católica ibérica no século XVII”, in org. Diana Gonçalves Vidal e Maria Lúcia Spedo Hilsdorf, Tópicas em história da educação, São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 2001; e Norberto Dallabrida, “Moldar a alma plástica da juventude: a Ratio Studiorum e a manufactura de sujeitos letrados e católicos”, Brotéria, vol. 155, dezembro 2002, pp. 451-466.
³⁸ Cf. Margarida Miranda, Teatro nos Colégios dos Jesuítas. A tragédia de Acab de Miguel Venegas S.I. e o início de um género dramático (séc. XVI), Lisboa, FCG/FCT, 2006.
³⁹ Sobre a problemática imbricada de razão e sentimento na Modernidade não podemos deixar de recomendar a obra clássica de J. S. da Silva Dias, Correntes de Sentimento Religioso em Portugal (séculos XVI a XVIII), t. I, Coimbra, Universidade de Coimbra, 1960.
⁴⁰ Esta muito conhecida máxima de Vieira sobre a dificuldade dos historiadores observarem o dever da imparcialidade é exarada no Livro anteprimeiro da História do Futuro (t. III, vol. I, da presente edição), cujo trecho mais longo de onde foi extraída vale a pena aqui reproduzir: “Que historiador há ou pode haver, por mais diligente investigador que seja dos sucessos presentes ou passados, que não escreva por informações? E que informações hão de haver que não vão envoltas em muitos erros, ou da ignorância, ou da malícia? Que historiador houve de tão limpo coração e tão inteiro amador da verdade, que o não inclinasse o respeito, a lisonja, a vingança, o ódio, o amor, ou da sua ou da alheia nação, ou do seu ou do estranho príncipe? Todas as penas nasceram em carne e sangue, e todos na tinta de escrever misturam as cores do seu afeto”.
⁴¹ Vieira representaria por antonomásia o conturbado e ao mesmo tempo fascinante século XVII: “Quando penetramos no estudo da história do século XVII português, tão contraditoriamente considerado por historiadores e pensadores, uma figura há que avulta imediatamente aos nossos olhos, majestosa e absorvente: o Padre António Vieira. Efetivamente ele encheu aquele século; podemos aventar que ele é o seu século, e também que este se encontra inteiro no grande Jesuíta”. A. Álvaro Dória, “António Vieira no seu Tempo”, Revista Ocidente, 1961, vol. LXI, p. 101.
⁴² Raymond Cantel, Prophétisme et messianisme dans l'oeuvre d'António Vieira, Paris, Ediciones Hispano-Americanas, 1960, p. 11. “A figura do jesuíta António Vieira domina todo o século XVII português. Tudo aquilo que nos possa interessar no campo da história, da religião e da literatura pode certamente ser encontrado em Vieira, em primeiro plano, suscitando ora o louvor ora a contradição, mas nunca nos deixando indiferentes”. (tradução nossa)
⁴³ Sobre a problemática representação e receção do legado intelectual do século XVII na cultura portuguesa ver Pedro Calafate, Conhecimento e método: a crise das filosofias da história e as imagens do “Seiscentismo” em Portugal [texto policopiado], tese de mestrado em Filosofia apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 1985.
⁴⁴ Cf. Ana Leal de Faria, A neutralidade portuguesa, Lisboa, Esfera do Caos, 2013.
7 comentários:
Prezad@,
Em 2015, o Círculo de Leitores de Portugal bancou a publicação da Obra completa de PADRE ANTÓNIO VIEIRA (1608-1697), em 30 volumes divididos em 4 tomos, num total de 15.000 páginas: o tomo I reúne os escritos políticos; o II, os escritos sobre os judeus e Inquisição; o III, os escritos sobre os índios; e o IV (4 volumes que compõem a "Obra varia" de Vieira), o qual desperta maior interesse do público leitor e portanto mereceu uma atenção mais detida por parte do ensaísta sobre cada um dos 4 volumes, juntando a poesia e o teatro, complementado com importantes instrumentos de conhecimento da obra vieirina.
Os 30 volumes contaram com a colaboração de 51 investigadores de Portugal e do Brasil.
Segundo o ensaísta, historiador JOSÉ EDUARDO FRANCO, que coordenou a edição da obra completa de Vieira com Pedro Calafate, "das 15.000 páginas, cerca de um quarto são de inéditos ou textos parcialmente inéditos, nomeadamente teatro e poesia, da autoria de Vieira, que até os investigadores desconheciam".
O texto mostra a metodologia utilizada pelos coordenadores e editores da obra, bem como traz novas luzes sobre o Vieira pedagogo, o Vieira poeta, o Vieira afetivo, o Vieira familiar e o Vieira amigo.
Link: https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2023/03/a-pluriformidade-dos-escritos-e-dos.html 👈
Cordial abraço,
Francisco Braga
Gerente do Blog de São João del-Rei
Excelente, Confrade!
Muito obrigado pelo informe.
Abraços
Que bela iniciativa!
Abraços,
Ivan.
Caro Braga
Adoramos Vieira.
Gênio, sem dúvida.
Essa coleção com textos inéditos deve ser insuperável.
Gentili
Caro professor Braga
Fenomenal aquele lançamento do Círculo de Leitores! Admirável resenha da obra imorredoura do visionário, íntegro e genial padre Antônio Vieira, "grande até nas suas contradições" !
Sua atualidade após 400 anos é ainda uma luz e inspiração para as Letras e, feliz ou infelizmente, para consciência do nosso mundo lusobrasileiro.
Saudações!
Cupertino
Meu caro, Francisco!
Não é nenhuma surpresa o seu devotado espírito de pesquisador e divulgador de cultura, raro pela seriedade e pelo tratamento dispensado a tudo o que você traz à luz.
Confesso que desconhecia essa façanha bancada pelo CÍRCULO DE LEITORES DE PORTUGAL. Vamos conhecer e aplaudir os pesquisadores, coordenadores JOSÉ EDUARDO FRANCO e PEDRO CALAFATE e o Círculo.
A obra, que deve custar uma fortuna, provavelmente está "fora de comércio", afinal, desde 2015 já se passaram alguns anos. Ainda assim, vou ver se encontro numa biblioteca pública. Quero ter nos meus arquivos ou na minha estante, pelo menos uma foto. Quem sabe, a imagem do folder ou do convite do lançamento? Por que não?
Um abraço poético de
Geraldo Reis
BH, 06 de março de 2023.
(Se não lhe for incômodo, acuse o recebimento).
Meu caro, Francisco!
Não é nenhuma surpresa o seu devotado espírito de pesquisador e divulgador de cultura, raro pela seriedade e pelo tratamento dispensado a tudo o que você traz à luz.
Confesso que desconhecia essa façanha que, bancada pelo CÍRCULO DE LEITORES DE PORTUGAL. Vamos conhecer e aplaudir os pesquisadores, coordenadores JOSÉ EDUARDO FRANCO e PEDRO CALAFATE e o Círculo.
A obra, que deve custar uma fortuna, provavelmente está "fora de comércio", afinal, desde 2015 já se passaram alguns anos. Ainda assim, vou ver se encontro numa biblioteca pública. Quero ter nos meus arquivos ou na minha estante, pelo menos uma foto. Quem sabe, a imagem do folder ou do convite do lançamento? Por que não?
Um abraço poético de
Geraldo Reis
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