Por Francisco José dos Santos Braga *
Djalma Tarcísio de Assis (☆ São João del-Rei, 14/01/1910 ✞ 21/08/1993) |
Este artigo saiu originalmente na Revista EM VOGA publicada em São João del-Rei, MG, edição nº 4, Ano II, março de 2016, p. 4.
Djalma Tarcísio de Assis era filho de
José de Assis Sobrinho e de Isaura Augusta de Assis, esta, neta do entalhador,
cinzelador, escultor, pintor e ourives Joaquim Francisco de Assis Pereira
(24/02/1813-15/10/1893) e de sua mulher Maria Vicência do Carmo. O patriarca
Joaquim Francisco de Assis Pereira, de quem Djalma muito se orgulhava de ser
bisneto, deixou obras delicadas e primorosas nas igrejas de São Gonçalo, Nossa
Senhora do Rosário, Nossa Senhora do Carmo, Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar e Senhor Bom
Jesus de Matosinhos.
Djalma nasceu em 14/01/1910 em São João
del-Rei, onde também se casou, e faleceu em 21/08/1993. Foi casado com Cecília
Ferreira de Assis, tendo deixado os seguintes filhos: Maria Cecília, Maria
Carmen, Maria Auxiliadora, Maria Dolores, Maria Teresa, José Otávio, Djalma
Tarcísio, Domingos Sávio, Luiz Afonso e Maria Inês. Tinha uma forte ligação com
os salesianos, bastando lembrar que, entre seus muitos filhos, dois deles
levaram a “marca” da salesianidade: uma de suas filhas recebeu o nome de Maria
Auxiliadora e deu a um de seus filhos o nome de Domingos Sávio.
Inicialmente, tinha enorme motivação de
trabalhar, como leigo, a favor da Igreja. Vamos encontrá-lo na função de
festeiro na Novena de São Judas Tadeu (de 1977 em diante), na igreja de São
Gonçalo. Inesquecível também era a sua habilidade de organizar festas juninas
no Largo Tamandaré (Praça Severiano de Rezende) e nos bairros da cidade, o que
realizou durante anos. Também digno de registro foi o seu pioneirismo na
confecção de tapetes de rua com areia, serragem, sementes e pétalas durante a
Semana Santa.
Djalma foi o grande parceiro dos
dirigentes de escolas de samba e de blocos no Carnaval de rua são-joanense,
incentivando e promovendo a sua participação. Passado o Carnaval, Djalma seguia
para o Rio de Janeiro com o objetivo de conseguir gratuitamente alegorias,
adornos e fantasias que foram usados lá, para trazê-los a São João del-Rei para
seu aproveitamento no próximo Carnaval são-joanense. Foi, portanto, merecida a
homenagem que prestou o Bloco Sem Compromisso, de Roberto Carvalho, ao primeiro
secretário de Turismo da cidade de São João del-Rei, no Carnaval de 2015.
Djalma mantinha excelente parceria com
os comerciantes locais, que o apoiavam em todas as suas iniciativas sob a forma
de patrocínio cultural. Por exemplo, para publicar anualmente o seu Calendário
Turístico, contava com o apoio dos comerciantes locais.
Também desenvolveu uma enorme
capacidade de atuar como responsável por relações públicas dos Executivos
municipais, recepcionando prefeitos, governadores e até Presidentes da República
em visita a São João del-Rei. Convidado a ocupar a posição de Diretor de
Turismo e Recreação pelo prefeito Nelson José Lombardi (31/0l/1963-12/09/66), manteve-se
nesse cargo ao longo de várias administrações municipais, oferecendo seus
préstimos para a concretização dos objetivos de sua Pasta, independente de
partido político e do ocupante da cadeira do Executivo Municipal. Assim,
colaborou com outras administrações que seguiram, como a de Fábio Nelson
Guimarães, Gen. Antônio Carlos Mourão Ratton, Dr. Milton Rezende Viegas e Mário
Lombardi, até que foi eleito Lourival Gonçalves de Andrade ("Zé
Menino"), quando então Djalma se retirou da arena política.
Mas merece especial
destaque o fato de Djalma ter sido a figura central de um movimento cultural,
focado na música, cujo centro catalisador era o dia de Santa Cecília, padroeira
dos músicos, comemorado no dia 22 de novembro. Por sua importância no cenário
musical são-joanense, Sebastião de Oliveira Cintra descreveu detalhadamente a
programação dos 3 Festivais (de 1966 a 1968 inclusive). Participavam das
apresentações as bandas de música de São João e das cidades circunvizinhas, e
até a Banda de Música do 1º Batalhão de Guardas da Cidade do Rio de Janeiro e a
Banda da Força Pública Mineira, de Belo Horizonte. Entre as orquestras,
destacavam-se não só as são-joanenses Lira Sanjoanense, Ribeiro Bastos e
Sociedade de Concertos Sinfônicos, mas também a Orquestra Sinfônica da Força
Pública Mineira, de Belo Horizonte. Entre os corais, destacavam-se o Coral da “Sinfônica”
e o Coral da pianista são-joanense Mercês Bini Couto, mas também outros corais
de outras localidades, como o da Associação de Canto Coral, do Rio de Janeiro;
o da Escola Preparatória de Cadetes de Barbacena; o Madrigal Renascentista de
Belo Horizonte; o Coral de Clérigos Salesianos e dos Pequenos Cantores do
Colégio S. João; o Coral da Universidade Federal de Juiz de Fora; o coro (e
banda) da Lira Ceciliana de Prados; e o Coro e Orquestra Sinfônica de Belo
Horizonte. Participavam também o corpo de balé do Teatro Francisco Nunes de
Belo Horizonte e o Grupo Aruanda (do Colégio Clemente de Faria, de Belo
Horizonte) com espetáculo folclórico. Havia ainda apresentações locais de
alunos do Conservatório de Música Pe. José Maria Xavier e dos estabelecimentos
de ensino são-joanenses (Colégio Tiradentes, Colégio Estadual, Escola Padre
Sacramento e Colégio Santo Antônio). Costumava-se encerrar a edição de cada
Festival com algo grandioso: uma opereta encenada pelo elenco teatral da
“Sinfônica” (Princesa das Czardas em 1966) ou um concerto de gala a cargo do
coro e orquestra da “Sinfônica” em 1967 e 1968. Sempre marcante era também um
concerto para piano, durante o evento, com a apresentação da consagrada
pianista são-joanense Mercês Bini Couto, que tocou o Concerto de Grieg no II
Festival e o Concerto de Varsóvia no III Festival.
Por último mas não
menos importante: Djalma tinha compromisso com o avanço social e a melhoria das
condições da comunidade são-joanense, tendo participado ativamente dos
principais movimentos em prol da cultura local. Além de ser um dos sócios
fundadores do C.A.C.-Centro Artístico e Cultural no dia 8 de março de 1959,
também o foi quando da criação e instalação do Instituto Histórico e Geográfico
em 1º de março de 1970.
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O autor tem Bacharelado em Letras (Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras, atual UFSJ) e Composição
Musical (UnB), bem como Mestrado em Administração (EAESP-FGV). Participa ativamente como membro
de diversas instituições de cultura no País e no exterior, cabendo destacar as seguintes: Académie Internationale de Lutèce (Paris), Familia Sancti Hieronymi (Clearwater, Flórida), SBME-Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica (2º Tesoureiro), CBG-Colégio Brasileiro de Genealogia (Rio de Janeiro), Academia de Letras e Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei-MG, Instituto Histórico e Geográfico de Campanha-MG, Academia Valenciana de Letras e Instituto Cultural Visconde do Rio Preto de Valença-RJ, Academia Divinopolitana de Letras, Instituto Histórico e Geográfico do DF, Academia Taguatinguense de Letras, Academia Barbacenense de Letras, Academia Formiguense de Letras e Academia Lavrense de Letras. Possui ainda o Blog do
Braga (www.bragamusician.blogspot.com.br) e é um dos colaboradores e gerente do Blog de São João del-Rei. Escreve
artigos e ensaios para revistas, sites, portais e periódicos.
9 comentários:
Tenho o prazer de enviar-lhe link de minha crônica intitulada "DJALMA TARCÍSIO DE ASSIS, 1º Secretário de Turismo de São João del-Rei".
Nesse trabalho, dei destaque ao desempenho de meu homenageado à frente do Serviço de Recreação e Turismo (atualmente, Secretaria da Cultura, Esportes e Turismo) da Prefeitura de São João del-Rei durante cerca de 9 anos consecutivos, pois foi aí que ele conseguiu suas maiores realizações.
Prezado amigo, parabéns belo belíssimo trabalho. Falar sobre o Sr. Djalma Assis é sentir uma grande saudade, pessoa ímpar, cativante, alegre, sensível e comprometida com os valores morais e sociais.
Ruth Viegas
Li, com atenção, sua crônica. Como sempre, muito boa. Parabéns.
Abraços,
Geraldo Ananias
Grazie e un abbraccio
Katia
Prezado amigo Braga,
Agradeço a gentileza do envio de seus artigos, que merecem aplausos pelo conteúdo. Parabéns pela dedicação á nossa história, principalmente pelos vultos que foram exemplos.
Um forte e fraterno abraço,
Passos de Carvalho, Sócio Correspondente do IHG/SJDR
Lavras, MG.
É salutar lembrar os que fazem algo pelo bem público.
Abraço do Fenando Teixeira
Torna-se mais importante ainda essa sua exposição num país onde a cultura ainda se engatinha para conquistar seu valor!
Parabéns pelo documento.
Um abraço!
Francisco, bom dia. Li a revista.Muito bem feita e com justa homenagem ao pai da Ignes Assis, a Rute e a vc, companheiro de caminhadas, a quem considero amigo e, agora, confrade. Obrigado pela sua confiança do voto para minha aceitação.
Abraços,
Paulo
Caro amigo Braga
Agradecemos pelo envio e o felicitamos pelo texto.
Abraços, Mario.
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