Por Francisco José dos Santos Braga
I. INTRODUÇÃO
Sob o título geral "O Centenário da Inauguração da E.F.O.M.-Estrada de Ferro Oeste de Minas", extremamente sugestivo, será dada a conhecer a transcrição de 4 trabalhos de eméritos e saudosos conterrâneos, publicados em 28/08/1981 pelo JORNAL DO COMÉRCIO, órgão oficial da Associação Comercial de São João del-Rei, em histórica Edição Especial: Sebastião de Oliveira Cintra, Prefeito Octávio de Almeida Neves, Fábio Nelson Guimarães e um cronista sob o pseudônimo "Astro" ¹.
As notas explicativas são de minha autoria.
As notas explicativas são de minha autoria.
II. ALGUNS VULTOS DA ESTRADA DE FERRO OESTE DE MINAS
Crônica de Sebastião Oliveira Cintra
Quando
se comemora um século da inauguração do trecho pioneiro da Oeste de Minas ²,
torna-se oportuna a recordação de alguns vultos notáveis da ferrovia que nasceu
em São João del-Rei, fornecendo ao leitor sucintos dados biográficos dos
homenageados. Ressaltamos que a premência do tempo não nos permitiu melhor
concatenação do assunto.
Comecemos
pelo Dr. Paulo Freitas de Sá, que nasceu a 25/01/1846 na Fazenda Panorama, município
de Itaocara, no Estado do Rio de Janeiro, filho de João de Sá e D. Júlia Bernarda
Vieira Freitas de Sá ³. Formou-se em Engenharia civil pela Antiga Escola
Central. Exerceu sua profissão em vários Estados, revelando grandes
conhecimentos técnicos. Exerceu o cargo de 1º Engenheiro nos serviços de
reconhecimento, exploração e construção da Estrada de Ferro Oeste de Minas,
trecho pioneiro de São João del-Rei a Sítio, atual Antônio Carlos. Como
inspetor de tráfego prestou valiosa cooperação no encaminhamento e solução de
vários problemas da citada ferrovia, onde, mais tarde, dignificou o cargo de
Diretor. Exercia a Presidência da Câmara Municipal de São João quando se deram
a abolição da Escravatura e a Proclamação da República. Cooperou nas obras para
o primeiro abastecimento d’água potável desta cidade. Faleceu no Rio de Janeiro
a 14 de agosto de 1940 deixando distinta geração. Seu nome foi dado a uma das
ruas de S. João del-Rei.
Outro
Engenheiro do mais alto gabarito profissional merece ser cultuado com
entusiasmo: Dr. Hermílio Cândido da Costa Alves, que nasceu em S. Salvador,
Estado da Bahia, filho de Manoel Joaquim Alves e de Sofia Joaquina das Costa
Alves. Formou-se em 1867, na Antiga Escola Central, da cidade do Rio de
Janeiro. Também executou trabalhos ferroviários em vários Estados. Autor do
traçado da linha férrea da Serra da Mantiqueira; integrou a Comissão
Construtora da nova capital de Minas. Presidiu o Conselho Distrital de S. João,
prestando bons serviços à coletividade sanjoanense. Enalteceu com sua
inteligência e com a sua louvada competência profissional os quadros da
E.F.O.M. Faleceu em Cruzeiro, São Paulo a 13/01/1906. Seu nome é cultuado na
Av. Hermílio Alves: homenagem justa a um grande benfeitor de São João del-Rei.
Nossa
querência também reverencia numa de suas ruas o nome de Antônio Francisco da
Rocha, português de nascimento, um dos maiores acionistas da E.F.O.M., da qual
foi um dos Diretores. Foi o primeiro Presidente da Câmara Municipal constituída
após a Proclamação da República. Custeou o estudo de vários sanjoanenses
pobres. Faleceu a 20/01/1909 deixando seis filhos. Foi cidadão prestante, que
pautou toda a sua vida com exemplar probidade. Lê-se no Trabalho Histórico da
E.F.O.M., publicado em 1922: “... Antônio Francisco da Rocha, um dos tipos mais
completos de lutadores e de homem de trabalho inteligente que Portugal tem
enviado ao Brasil, empreiteiro da Construção do prolongamento de S. João
del-Rei a Oliveira (Ferrovia) e de outras obras importantes, e mais tarde um
dos Diretores da Companhia”. A rua Antônio Rocha recorda o seu nome. Seu busto
foi inaugurado em S. João del-Rei a 28 de agosto de 1931, por ocasião dos
festejos comemorativos de cinquentenário da Oeste de Minas ⁴.
Dr.
Joaquim Domingues Leite de Castro, que deu nome à Av. Leite de Castro,
conquistou posição de relevo na história de São João del-Rei. Formou-se em
Engenharia nos E.U.A. e era filho do Comendador Joaquim Leite de Castro e Maria
Inácia Leite de Castro. Casou-se com Clotilde, filha de Antônio Francisco da
Rocha. Nasceram em S. J. del-Rei vários filhos do casal. Chefiou em S. João o
Partido Republicano Mineiro, exercendo a vereança e presidência da Câmara
Municipal (1898-1912). Foi Deputado Estadual de 1903 a 1906: Federal, nos
períodos de 1906-1908 e 1909-1911. Foi Senador Estadual de 1915 a 1918. Dirigiu
a E.F.O.M. Como Agente executivo municipal e como Diretor da E.F.O.M. comprovou
qualidades de administrador probo e eficiente, merecendo, portanto, a homenagem
consubstanciada na placa com o seu nome, numa das mais belas Avenidas de S. J.
del-Rei.
Outro
nome de valor da E.F.O.M. foi o meu parente Dr. Aureliano Martins de Carvalho
Mourão, nascido em S. J. del-Rei a 25/07/ 1846, filho do Comendador João
Antônio da Silva Mourão (2ªs núpcias) e de Ana Teresa de Jesus. A 30/01/1869
casou com Ana Maria de Castro, nascida a 01/09/1848 e falecida a 09/11/1893.
Dentre os seus filhos, citamos o Dr. João Martins de Carvalho Mourão, que
presidiu o Supremo Tribunal Federal. Formou-se em 1867 pela Fac. de Direito de
São Paulo. Até 1890 exerceu a Advocacia em São João del-Rei, onde chefiou o
Partido Liberal. Exerceu os mandatos de deputado provincial e de deputado
geral. Foi o organizador e primeiro Presidente da Estrada de Ferro Oeste de
Minas, obra genuinamente sanjoanense. D. Pedro II condecorou-o com a comenda da
Ordem da Rosa. Relembra o seu nome para a posteridade a rua Aureliano Mourão.
Outro
nome de valor da E.F.O.M. foi o Engenheiro Dr. Fernando Dias Paes Leme, que
nasceu no Rio de Janeiro a 04/08/1875, filho do Dr. Pedro Dias Gordilho Paes
Leme, antigo senador, e de D. Maria José de Melo Paes Leme. Cursou o Caraça e o
Colégio Pedro II. Formou-se em Engenharia Civil em 1900, pela Escola
Politécnica do Rio de Janeiro. Frequentou cursos de especialização na Europa e
nos E.U.A. Dignificou o cargo de chefe de locomoção da E.F.O.M. O traço
marcante de sua personalidade, além da alta competência profissional, era a
bondade, aliada à sua finíssima educação. Sabia mandar com mansidão e boas
maneiras. Faleceu a 12/02/1960, deixando grande e nobre descendência. Desde
1963 figura seu nome numa das ruas de S. J. del-Rei. Dr. Paes Leme honrou a
Engenharia brasileira.
A
exiguidade de espaço deste jornal impede o nosso pronunciamento, mesmo sucinto,
sobre outros obreiros do progresso da antiga Estrada de Ferro Oeste de Minas.
III. CONVITE
AO POVO
Por
efeito da Lei nº 2.398, da Província de Minas Gerais de 05 de novembro de 1877,
foi autorizada a construção de ramal de Sítio a São João del-Rei e a criação da
Companhia que deveria realizá-lo.
Em
02 de fevereiro de 1878, reuniram os acionistas que subscreveram mais da metade
do capital, aprovaram os estatutos da companhia e elegeram a primeira
diretoria: Presidente – Dr. Aureliano Martins Carvalho Mourão; Secretário – José
da Costa Rodrigues e Tesoureiro – Antônio José Dias Bastos.
Em
fins de outubro de 1878, foram iniciados os trabalhos para exploração do
traçado.
Esta
realização, fruto da iniciativa do povo sanjoanense e de tão grande valor na
época, dado as características da obra, com 93 quilômetros em setor montanhoso
e custeada por recursos fornecidos pelo povo, partiu de todas as camadas
sociais, inclusive de lavadeiras e carroceiros que se cotizaram para a compra
de uma ação de 200$000 (duzentos mil réis).
Este
movimento, ímpar na história do Brasil, de cunho eminentemente popular, merece
ser louvado, enaltecido e comentado para que fique patenteado e marcado como
exemplo às gerações atual e futuras, da capacidade de realização de uma
comunidade.
Essa
epopéia teve sua meta concluída com a inauguração do trecho aprovado, Sítio-São
João del-Rei, em 28 de agosto de 1881, com a presença de S. M. Imperial D.
Pedro II e a Imperatriz e parte de seu Ministério.
Vamos
fazer esta comemoração em 28 de agosto próximo, com festividades à altura do
acontecimento.
Para
esse evento, convidamos todos os que se sentem ligados a ele por sentimentos
vários, como sejam, antigos servidores; servidores atuais; parentes ligados por
afeto aos que já se foram e que contribuíram ou trabalharam; os setores
municipais do Oeste de Minas onde esta estrada penetrou, levando o progresso e
a convivência de irmãos cujos objetivos foram e são os de trabalho e
desenvolvimento, enfim, a todo o povo, para homenagear os pioneiros e dedicados
servidores desses 100 anos.
Prefeitura
Municipal de S. João del-Rei, 6 de agosto de 1981
-
Octávio de Almeida Neves – Prefeito Municipal -
IV. OBSERVAÇÕES
SOBRE A E.F.O.M.
Fábio
N. Guimarães
Salvo
melhor juízo, a iniciativa da construção da Estrada de Ferro Oeste de Minas coube
ao Ten. Cel. José de Resende Teixeira Guimarães, porquanto ele e o dr. Luiz
Augusto de Oliveira, em 01 de abril de 1877, convidaram os sanjoanenses para
uma reunião preparatória, no Paço Municipal. Guimarães leu os termos de um contrato
já firmado com o Governo Provincial, o qual concedia privilégio, por 50 anos,
para a empresa que fosse organizada nos termos da lei nº 1.914, de 19 de julho
de 1872 e propondo que a cidade ficasse sendo a sede definitiva da futura
companhia. Pelo estabelecimento de uma estrada de bitola estreita, partindo da
então Estrada de Ferro D. Pedro II, atingir-se-ia um ponto navegável do rio
Grande, alcançando, daí, as divisas de Goiás.
No
dia 30 de julho de 1881, a Câmara de Vereadores local, a convite, percorreu
parte do trecho dessa estrada, acontecimento, sem dúvida, de grande repercussão
e euforia.
Segundo
pude concluir, um fator da existência da E.F.O.M. foi o propiciar a penetração,
para outras localidades, de muitas famílias de colonos italianos que, de
início, pretendiam se fixar em São João del-Rei.
O
busto de Antônio Francisco da Rocha foi oferecido à cidade pelos próprios
ferroviários, cuja inauguração se procedeu às 14 horas do dia 28 de agosto de
1931, ao ensejo do cinquentenário. Ao que parece, o monumento foi descerrado
por Emília Rocha, em solenidade que contou com a presença de componentes das
famílias Rocha, Leite de Castro e Isaacson, sobretudo. Era prefeito o Sr. José
do Nascimento Teixeira.
V. A
E.F.O.M. E O ESPORTE EM S. J. DEL-REI
ASTRO ¹
Não
sei se isso é ingerência, mas, como a finalidade é de atender a uma solicitação
amiga, a de falar algo sobre a Estrada de Ferro Oeste de Minas e o Esporte em
São João del-Rei, não fiz objeção em atender a solicitação. Quando falo que não
sei se é intromissão, é porque não possuo nenhuma credencial para falar em nome
do esporte de São João del-Rei, ainda mais pela responsabilidade quando tem
esta a principalidade de prestar homenagem a uma signicante data.
Antecedendo
com as minhas escusas, muito superficial, ou relatar, que em São João del-Rei,
seja ela Estrada de Ferro Oeste de Minas ⁵, Rêde Mineira de Viação ⁶, Rêde
Ferroviária Federal Sociedade Anônima ⁷ ou até mesmo Estrada de Ferro de São João
del-Rei, sempre houve cooperação de forma resplandecente com o esporte
sanjoanense. Em nossa cidade a propagação do esporte em termos ligados a
E.F.O.M. teve início em 1912, pois o Athletic Club, publicando um folheto
historiando a sua primeira partida de futebol e bem assim, a sua primeira
viagem, conta que o Repórter, órgão semanal que se publicava na cidade, em seu
número 365, de 10 de novembro de 1912, assim se expressou: “A VIAGEM” –
Partimos de São João del-Rei às seis horas da manhã em especial ligado à cauda
do expresso, gentilmente cedido pelo digno diretor da Oeste Dr. Carlos Euler.
Depois de ouvirmos a tradicional missa de almas, seguimos para a estação
debaixo de forte carga d’água. Em todas as estações em que parávamos, sentíamos
a alegria da rapaziada, que não se cansava de dar vivas ao Dr. Carlos Euler e
ao Athletic. A viagem foi agradabilíssima. Chegamos a Sítio às 10 horas e meia.
Depois de esperarmos algum tempo, seguimos para Barbacena, em franca
hilaridade, apesar das más condições da Central." ⁸ Eis aí o início do
entrelaçamento e cooperação dos dirigentes da Estrada com o Esporte em São João
del-Rei.
Em
1918 era o diretor da Estrada o dr. Agostinho Porto e por solicitação do
Athletic, foi conseguida a construção de uma rústica arquibancada no campo de
futebol em Matosinhos, sendo o superintendente da obra o funcionário Sr. Adolfo
Sbampato. Na mesma época o Athletic tinha à sua disposição uma máquina e um
carro para levar seus jogadores para os treinos de futebol em Matosinhos. A
partir desta data era pouco vulgar o domingo, que não tivesse num clube
sanjoanense, lotando um carro especial da Oeste ligado ao expresso em demanda a
uma cidade vizinha, como Barbacena, Santos Dumont, Lavras, Perdões, Oliveira,
Divinópolis e mesmo Belo Horizonte. Entre os clubes sanjoanenses que mais se
beneficiaram da liberalidade da Estrada de Ferro, foi o Athletic Club por ter o
seu Estádio no subúrbio de Matosinhos (Chagas Dória), e todos os jogos que ali
foram realizados, por antecedência já se fazia constar do programa: “horários
dos trens – Ida às 14 horas; Volta pelo especial após o jogo”. E corriam os
trens conduzindo grande número de frenéticos torcedores, que muitas vezes até
dificultava de certo modo o bom desempenho dos funcionários da Estrada.
Em
1928 era o presidente do Athletic Club o Sr. Luiz Augusto de Lima e Cirne –
chefe de divisão da E.F.O.M. e também outros funcionários da referida Estrada,
sempre participaram de forma ativa nos esportes sanjoanenses, inclusive a
fundação de uma sociedade esportiva ferroviária, que até chegou a participar de
campeonatos de futebol integrado na Liga Municipal de Desportos de São João
del-Rei. A afetividade entre a E.F.O.M. e o Esporte em São João del-Rei era
recíproca, pois nos festejos dos cinquenta nos de fundação da Estrada, o
Athletic participou das homenagens realizando um jogo amistoso de futebol e
todos os clubes enviaram ao dr. José Bretas Bhering – Diretor da Estrada,
telegramas de felicitações. Pelo centenário da E.F.O.M. – Hurra! Hurra! Hurra!
VI. NOTAS EXPLICATIVAS
³ No título SÁ in Genealogia Fluminense - Região Serrana - Genealogias, pode-se ler:
VI. NOTAS EXPLICATIVAS
¹ Astrogildo Assis assinava suas crônicas com o pseudônimo de "Athleticano" e "Astro", como no presente caso. Foi sócio-fundador do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, sendo também membro do Instituto Brasileiro de Estudos Sociais de São Paulo. Deixou dois livros sobre o Athletic Club: Historiando o Esquadrão de Aço (1985) e Historiando o Esquadrão de Aço (volume II). Publicava suas crônicas no Jornal do Poste e nos Informativos do seu Clube dileto. Foi, além disso, colaborador da Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei.
² Refere-se
ao trecho entre Sítio (atual Antônio Carlos) e São João del-Rei,
correspondendo a aproximadamente 93 quilômetros de extensão.
Deve ser remontado a uma data muito anterior (1872) o início propriamente dito das condições para o estabelecimento de uma estrada de bitola estreita que, partindo do entroncamento da Estrada de Ferro D. Pedro II, ligasse Sítio (atual Antônio Carlos) a São João del-Rei. Nesta data, a lei provincial nº 1.914, de 19 de julho de 1872, autorizou o Governo a conceder garantia de juros até 7% sobre capital não inferior a 4 mil contos de réis, ou subvenção de 9 contos de réis por quilômetro de estrada construída. A lei nº 1.982, de 11 de novembro de 1873, em virtude de contrato firmado em 30 de abril do mesmo ano, concedeu privilégio por 50 anos à empresa de que eram concessionários José de Rezende Teixeira Guimarães e Luiz Augusto de Oliveira, para o estabelecimento de uma estrada de bitola estreita que, partindo da Estrada de Ferro D. Pedro II, nas vertentes do Rio das Mortes, se dirigisse a um ponto navegável do Rio Grande e, daí, pelo lado Oeste, fosse ter às divisas da Província.
Em 1877, a lei provincial nº 2.398, de 5 de novembro de 1877 limitou a concessão da ferrovia, introduzindo modificações na concessão (regulamentada pelas leis provinciais nº 1.914 e 1.982, já citadas), no que se refere à construção somente da 1ª seção, até São João del-Rei, tendo fixado em 2.400 contos de réis o capital máximo da companhia que se constituísse. Com essa lei, o capital mínimo de 4 mil contos de réis passava para capital máximo de 2,4 mil contos de réis, sendo portanto um fator de incentivo à concretização da Companhia Estrada de Ferro do Oeste (de Minas).
Em 1878, com a inauguração da Estação Sítio da então E.F. D. Pedro II e com os incentivos postos pela lei nº 2.398 do ano anterior, foi possível iniciar o empreendimento cujos concessionários eram José de Rezende Teixeira Guimarães e Luiz Augusto de Oliveira, os quais, juntamente com diversas pessoas da cidade de São João del-Rei e adjacências que se dispuseram a investir no empreendimento, organizaram uma comissão que iniciou os trabalhos da organização de uma sociedade anônima em 2 de fevereiro de 1878 sob a referida denominação.
Ainda em 1878, os estatutos da Companhia foram aprovados por decreto provincial nº 6.977, de 20 de julho de 1878, sendo logo iniciados os serviços de exploração e organização do projeto. Depois de convenientes estudos, ficou assentado o entroncamento, na estação de Sítio, com a E.F. D. Pedro II sob a base de bitola provisória máxima de um metro, todo o traçado da estrada até São João del-Rei. Atendendo, entretanto, às condições da zona e a razões de ordem econômica, estabeleceu-se, em definitivo, a bitola de 76 cm.
Deve ser remontado a uma data muito anterior (1872) o início propriamente dito das condições para o estabelecimento de uma estrada de bitola estreita que, partindo do entroncamento da Estrada de Ferro D. Pedro II, ligasse Sítio (atual Antônio Carlos) a São João del-Rei. Nesta data, a lei provincial nº 1.914, de 19 de julho de 1872, autorizou o Governo a conceder garantia de juros até 7% sobre capital não inferior a 4 mil contos de réis, ou subvenção de 9 contos de réis por quilômetro de estrada construída. A lei nº 1.982, de 11 de novembro de 1873, em virtude de contrato firmado em 30 de abril do mesmo ano, concedeu privilégio por 50 anos à empresa de que eram concessionários José de Rezende Teixeira Guimarães e Luiz Augusto de Oliveira, para o estabelecimento de uma estrada de bitola estreita que, partindo da Estrada de Ferro D. Pedro II, nas vertentes do Rio das Mortes, se dirigisse a um ponto navegável do Rio Grande e, daí, pelo lado Oeste, fosse ter às divisas da Província.
Em 1877, a lei provincial nº 2.398, de 5 de novembro de 1877 limitou a concessão da ferrovia, introduzindo modificações na concessão (regulamentada pelas leis provinciais nº 1.914 e 1.982, já citadas), no que se refere à construção somente da 1ª seção, até São João del-Rei, tendo fixado em 2.400 contos de réis o capital máximo da companhia que se constituísse. Com essa lei, o capital mínimo de 4 mil contos de réis passava para capital máximo de 2,4 mil contos de réis, sendo portanto um fator de incentivo à concretização da Companhia Estrada de Ferro do Oeste (de Minas).
Em 1878, com a inauguração da Estação Sítio da então E.F. D. Pedro II e com os incentivos postos pela lei nº 2.398 do ano anterior, foi possível iniciar o empreendimento cujos concessionários eram José de Rezende Teixeira Guimarães e Luiz Augusto de Oliveira, os quais, juntamente com diversas pessoas da cidade de São João del-Rei e adjacências que se dispuseram a investir no empreendimento, organizaram uma comissão que iniciou os trabalhos da organização de uma sociedade anônima em 2 de fevereiro de 1878 sob a referida denominação.
Ainda em 1878, os estatutos da Companhia foram aprovados por decreto provincial nº 6.977, de 20 de julho de 1878, sendo logo iniciados os serviços de exploração e organização do projeto. Depois de convenientes estudos, ficou assentado o entroncamento, na estação de Sítio, com a E.F. D. Pedro II sob a base de bitola provisória máxima de um metro, todo o traçado da estrada até São João del-Rei. Atendendo, entretanto, às condições da zona e a razões de ordem econômica, estabeleceu-se, em definitivo, a bitola de 76 cm.
³ No título SÁ in Genealogia Fluminense - Região Serrana - Genealogias, pode-se ler:
"João José de Sá foi casado com Júlia
Bernarda Vieira de Freitas. Pais de:
1.1 - Luís Freitas de Sá, nascido em
Itaocara e ali casado às 4 horas da tarde de 25 de abril de 1891 (CB4, 172) com
Rita Martins Lontra, de Santa Rita do Rio Negro no dia ... , nascida no dia 19
de outubro de 1864, filha do ten. cel. Rafael Augusto da Fonseca Lontra e
Leonor Cândida de Sá.
1.2 - João, batizado na matriz de
Cantagalo em 28 de junho de 1841 (RJ03.A5, 134v).
1.3 - Paulo, batizado na matriz de
Cantagalo a 9 de agosto de 1846 (RJ03.A6, 99).
1.4 - Júlia, batizada em Cantagalo em 1865
(RJ03.A11, 93v)."
⁴ Os festejos comemorativos de cinquentenário da E.F.O.M.-Estrada de Ferro Oeste de Minas foram detalhadamente descritos por Djalma Tarcísio de Assis, ilustre historiador são-joanense, saudoso colaborador do Blog de São João del-Rei.
⁵ Em fins de julho de 1881, terminada a construção de todo o trecho, até São João del-Rei, foi posto em tráfego o seguinte material rodante: 4 locomotivas, 4 carros de 1ª classe, 4 de 2ª classe, 1 de luxo, 2 de bagagens, 2 de animais, 15 vagões fechados, 10 abertos e 1 carro guindaste. Com esse material e a existência de 4 estações (Sítio, Barroso, São José del-Rei – depois Tiradentes – e São João del-Rei) + 2 postos telegráficos (Ilhéus e Capão Redondo), foi feita a inauguração oficial de toda a linha, em 28 de agosto de 1881, com a presença do Imperador D. Pedro II e dois ministros, da Agricultura e Marinha.
Para se ter uma ideia da velocidade da expansão da E.F.O.M., basta dizer que em 1894, com a inauguração da Estação Paraopeba em 10 de fevereiro no quilômetro 601,8 da linha tronco, a Oeste de Minas atinge a extensão total da rede na bitola de 76 cm, ligando a E.F. Central do Brasil às bacias dos rios Grande e São Francisco.
Para se ter uma ideia da velocidade da expansão da E.F.O.M., basta dizer que em 1894, com a inauguração da Estação Paraopeba em 10 de fevereiro no quilômetro 601,8 da linha tronco, a Oeste de Minas atinge a extensão total da rede na bitola de 76 cm, ligando a E.F. Central do Brasil às bacias dos rios Grande e São Francisco.
Em
17 de março de 1923 foi inaugurado o ramal de Barbacena em bitola de 76 cm,
entre Campolide e Barbacena, passando esta cidade a ser um dos pontos iniciais
da EFOM. Com esta inauguração, a linha em bitola de 76 cm, atingiu sua
quilometragem máxima: 747,958 km.
⁶ Em 1931 foi extinta a Estrada de Ferro Oeste de Minas. Toda a sua estrutura e material rodante foram arrendados ao governo de Minas Gerais em janeiro junto com a Rede Sul Mineira (RSM), formando a Rede Mineira de Viação (RMV). Em 1952 a RMV foi devolvida ao Governo Federal.
⁷ O que relato aqui a respeito da RFFSA não passa de um breve resumo da ocorrência anual dos principais fatos que afetaram a companhia.
A Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA) foi criada mediante autorização da Lei nº 3.115, de 16 de março de 1957. A razão da criação da autarquia federal foi a de centralizar a administração das estradas de ferro pertencentes à União, entre elas a RMV.
Nesta
época, começava a decadência e iniciava-se o desmanche paulatino e inexorável.
Em 1960, no dia 25 de maio foi fechado o primeiro trecho em bitola de 76 cm entre Pompéu e Barra do Paraopeba, tendo esse trecho ficado, em grande parte, sob o lago da represa de Três Marias.
Em 1962 foi fechado o trecho entre Pompéu e Martinho Campos, tendo sido a alegação o movimento deficitário. Alegava-se que o que acontecia no norte de Minas era a grande distância entre as estações ferroviárias e os núcleos urbanos.
Em 1965, a RMV sofreu uma fusão com outras duas ferrovias: E.F. Goiás e E.F. Bahia Minas, formando a Viação Férrea Centro-Oeste, ou seja, a RFFSA/VFCO. Neste mesmo ano foi inaugurado o trabalho de alargamento da linha de 76 cm para métrica entre Divinópolis e Engenheiro Bhering (Lavras). Em 1º de dezembro foi fechado o trecho entre Velho do Taipa e Divinópolis, além do ramal de Pitangui.
Em 17 de janeiro de 1967 foram fechados os ramais de Itapecerica e Cláudio. A partir de então, as linhas de bitola de 76 cm remanescentes da antiga EFOM passam a ligar somente Antônio Carlos (ex-Sítio) a Aureliano Mourão, passando por São João del-Rei, sem nenhum ramal.
Em 1960, no dia 25 de maio foi fechado o primeiro trecho em bitola de 76 cm entre Pompéu e Barra do Paraopeba, tendo esse trecho ficado, em grande parte, sob o lago da represa de Três Marias.
Em 1962 foi fechado o trecho entre Pompéu e Martinho Campos, tendo sido a alegação o movimento deficitário. Alegava-se que o que acontecia no norte de Minas era a grande distância entre as estações ferroviárias e os núcleos urbanos.
Em 1965, a RMV sofreu uma fusão com outras duas ferrovias: E.F. Goiás e E.F. Bahia Minas, formando a Viação Férrea Centro-Oeste, ou seja, a RFFSA/VFCO. Neste mesmo ano foi inaugurado o trabalho de alargamento da linha de 76 cm para métrica entre Divinópolis e Engenheiro Bhering (Lavras). Em 1º de dezembro foi fechado o trecho entre Velho do Taipa e Divinópolis, além do ramal de Pitangui.
Em 17 de janeiro de 1967 foram fechados os ramais de Itapecerica e Cláudio. A partir de então, as linhas de bitola de 76 cm remanescentes da antiga EFOM passam a ligar somente Antônio Carlos (ex-Sítio) a Aureliano Mourão, passando por São João del-Rei, sem nenhum ramal.
Em 1981 comemorou-se o centenário da EFOM e foi criado o Museu Ferroviário.
Em 1983 a ABPF-Associação Brasileira de Preservação Ferroviária entrou com o pedido de tombamento junto ao SPHAN dos 200 km de linha ainda existentes, bem como de todo o material fixo e rodante existente (Processo DTC-SPHAN 1.069-T-83). O pedido foi negado.
Em 1984 ocorreu o fechamento definitivo de todo o trecho entre Antônio Carlos e Aureliano Mourão. No momento de sua desativação, a ABPF pressionou mais uma vez, mobilizando a sociedade, despertando o interesse comercial de se manter pelo menos um pequeno trecho, preservando-o como monumento da memória ferroviária brasileira. O trecho entre São João del-Rei e Tiradentes foi o escolhido.
Hoje a ferrovia ainda
conserva 12,8 km (trecho entre São João del-Rei e Tiradentes) e por muito pouco não ficou sem nada.
Com a privatização da malha ferroviária brasileira, a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) ficou com a manutenção provisória do Complexo Ferroviário de São João del-Rei até que se defina seu destino.
⁸ "O Repórter", órgão semanal que se publicava na cidade, neste histórico número relata como foi a primeira partida do Athletic Football Club, ocasião em que o seu quadro principal de futebol se deslocou até a vizinha cidade de Barbacena, a fim de "preliar" com o quadro do "The Soares Ferreira F.C.". A referida partida foi considerada a primeira do nosso "Esquadrão de Aço". A sorte esteve com nossos adversários barbacenenses, resultando o placar de 1 x 0. Para a versão completa desta partida, sugere-se a leitura de:
ASSIS, Astrogildo: Historiando o Esquadrão de Aço, 1985, p. 18-19 (apoio cultural da Golden Cross de São João del-Rei).
VII. AGRADECIMENTO
Gostaria de deixar registrada minha gratidão aos funcionários do Museu Regional de São João del-Rei por sua colaboração no desenvolvimento da presente pesquisa, quando utilizei o seu acervo de livros, periódicos e revistas.
VIII. BIBLIOGRAFIA
Gostaria de deixar registrada minha gratidão aos funcionários do Museu Regional de São João del-Rei por sua colaboração no desenvolvimento da presente pesquisa, quando utilizei o seu acervo de livros, periódicos e revistas.
VIII. BIBLIOGRAFIA
ASSIS, Astrogildo: Historiando o Esquadrão de Aço, 1985, 208 pp. (apoio cultural da Golden Cross de São João del-Rei).
JORNAL DO COMÉRCIO, órgão oficial da Associação Comercial, São João del-Rei, Ano IV, 28/08/1981, Edição Especial, 6 pp.
11 comentários:
Tenho o prazer de postar mais 4 textos valiosos de historiadores são-joanenses, comentados por mim, mostrando os festejos comemorativos do centenário da EFOM (1981) em São João del-Rei, sem o brilho que se verificou por ocasião do cinquentenário (1931), que constituiu a matéria anterior no Blog de São João del-Rei.
O desmonte da estrutura e do material rodante da ferrovia já era uma realidade desde 1960 e a privatização da malha ferroviária brasileira já se avizinhava. A glória da EFOM chegara ao fim.
Ontem ainda estava contemplando peças de um futuro (sempre futuro) MUSEU FERROVIÁRIO DE DIVINÓPOLIS. Uma lástima. A sede da Academia Divinopolitana de Letras fica na velha estação, que não tem dono, pois a União, sua proprietária, não sabe o que faz com ela; a Prefeitura, por sua vez, ocupa seus espaços, cede outros e não a conserva, embora tombada pelo Patrimônio Histórico Municipal; a concessionária do trecho ferroviário, a Vale, não se responsabiliza pelo prédio, pois entende não lhe ser pertinente em termos contratuais. E fica ali, um monumento à incúria. Um abraço e obrigado pelo envio. Fernando Teixeira
Obrigado amigo pelas matérias de primeira qualidade.
Um fraterno abraço.
Passos de Carvalho
Belos e necessários registros memoriais da nossa ferrovia, caro Francisco!
O que dói é saber que uma mera "amostra" do que restou da ferrovia (em São João del-Rei e o trecho até Tiradentes) está sendo muito mal cuidada e a cada dia dilapidada... Temo pelo dia triste em que teremos de criar um slogan que seria mais ou menos assim: "Ferrrovia em SJDR, visite antes que acabe..."!
No ano de 2001 provoquei o tombamento municipal do dito acervo. Confira o pedido em:
http://www.patriamineira.com.br/ver_pdf.php?id_noticia=681&id=3
O processo não caminhava, e, dado as minhas cobranças, no ano de 2009, um relatório de tombamento muito mal feito foi apresentado no Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural. Para o assunto não ficar pior, pedi vistas ao processo e apresentei minhas razões. Confira-as em:
http://www.patriamineira.com.br/ver_pdf.php?id_noticia=682&id=3
De novidade, fiquei sabendo que os relatores do dito processo de tombamento foram até agressivamente impedidos de entrar no recinto da Rede para fazer a checagem dos bens que lá existiam, que por isso chamaram a PM, parece que lavraram ocorrência e também denunciaram o fato ao Ministério Público. Nada mais sei se foi feito depois.
Mas o fato é que o tombamento municipal até hoje, depois de mais de 15 anos de provocado, não foi levado a efeito, não terminou. Inadmissível!
Pessoa que sabe das coisas me disse reservadamente (e pediu para que eu não lhe mencionasse o nome) que o receio é de que o inventário da época do tombamento do IPHAN, ao ser cotejado com o que lá existe atualmente, não bate, não fecha. Então, como muita coisa sumiu, foi surrupiada, foi presenteada por e para diretores da FCA e outros figurões, a "administração" não tem como explicar as baixas, o sumiço e o paradeiro de peças do Museu, das oficinas e das locomotivas, e é por isto que criam dificuldades. Assim, o que se suspeita é que o inventário dos bens de outrora, da data do tombamento, não comportaria um cotejamento sério com uma inventariação dos bens que atualmente sobraram depositados por lá.
Abraço!
Prezado amigo,
Parabéns!
Cordialmente,
Ruth.
Meu caro Francisco, seus textos avivam e brilham a história da nossa querida EFOM, tanto do cinquentenário, como do centenário reverenciando dignos historiadores e cronistas são-joanenses, descrevendo tais eventos maravilhosos e marcantes da nossa Minas Gerais, com uma precisão memorável. No entanto nos traz lembranças doces por um lado e atrozes por outro. As doces são: quando acordávamos nas madrugadas escuras e seguíamos direto para estação com nossas varas de pesca, quando íamos pescar na Caixa D'água da Esperança ou no km 112 , saltávamos no Pombal (Km 110) e caminhávamos até lá com nosso Pai e nosso Avô; noutras ocasiões íamos para a mineração perto da estação de Conceição da Barra com o Papai, ou então íamos para as Águas Santas nadar, e, talvez a mais sensacional foi quando fomos todos os irmãos com o Papai a Barbacena e retornamos no mesmo trem à noite. Lembranças doces e maravilhosas...
Lamentavelmente, as atrozes carecem de palavras e relatos para manifestarem a tristeza quando arrancaram os trilhos, nos arrebatando a história e um pedaço do coração. Parabéns. Fernando
Caríssimo amigo Francisco Braga, uma vez mais você nos traz um pouco
da vida da querida São João del-Rei. Desta vez, luzes sobre ilustres
nomes que amaram nossa São João e labutaram com saber e visão de
futuro na Estrada de Ferro Oeste de Minas. Nomes que, na
maioria, fazem parte da minha memória em face dos logradouros que os
homenageiam. Há, no entanto, um que muito bem dele me lembro:
Astrogildo de Assis. Era nosso vizinho, na então Rua Resende Costa,
atualmente, Tenente Gentil Palhares.
Dele, tenho viva lembrança, de ter visto uma peça de teatro de sua
autoria: "Zé Carioca na Guerra", no palco do Clube Artur Azevedo.
Agradeço-lhe, Braga, sua admirável e profícua atuação no Blog que
desperta em mim, creio que em todos os filhos da Terra Natal de
Tiradentes, inelutavelmente, maior honra e ufania por ser filho de São
João del-Rei.
Parabéns por mais esta contribuição sua nos apresentando o que escreveram nossos historiadores sobre a estrada de ferro.
O pseudônimo Astro trata-se do expedicionário e um dos fundadores do IHG Astrogildo Assis. Abraço. Betânia
Caro amigo Braga
Seus textos são de grande importância memorialista, pelo que o felicitamos.
Agradecemos pelo envio.
Abraços, Mario.
Francisco
Seus trabalhos são sempre fantásticos.
Obrigado por mos mandar sempre.
Prezado Francisco Braga, parabéns pelo sucinto porém soberbo texto sobre a EFOM e suas implicações históricas e sociológicas sobre a constituição deste marco da história ferroviária brasileira.
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