Por Vivaldi Moreira *
Lema da AML-Academia Mineira de Letras: Scribendi nullus finis ou, em tradução do latim, O escrever nunca tem fim. |
Nada acontece por acaso. Há sempre um motivo anterior, um motor oculto acionando os acontecimentos que acabam por ocorrer numa determinada fatia do tempo e daí extrai sua justificativa e encontra seu desenvolvimento.
Quem chegasse a Juiz de Fora, no início do século, veria uma cidade florescente, entusiasta do progresso, repleta de figuras sugestivas em todos os setores produtivos. Na iniciativa privada eram os capitães de indústria, com largo tirocínio nos variados misteres, sustentados pelas atividades agro-pastoris com a predominância do café e, logo após, a pecuária fornecendo matéria-prima para os laticínios. Paralelamente, a inauguração, a manutenção e prosseguimento da indústria têxtil, a primeira do Estado.
Não se deve esquecer, por outro lado, que a primeira hidrelétrica do Brasil foi instalada no município para iluminar a bela cidade com suas largas avenidas, seus luxuosos palacetes, notadamente na Avenida Rio Branco e as sortidas lojas da Rua Halfeld, núcleo urbano, em constante região invadindo e influenciando toda a Zona da Mata, às portas da Capital Federal.
Homens ativos, empreendedores, abrindo fábricas de calçados, meias, sabão, manteiga, roupas, bebidas em geral, numa corrida bem ordenada contra a importação de produtos estrangeiros e implantação do produto nacional bem elaborado, conquistando a confiança do consumidor, tentando a substituição pela qualidade dos manufaturados.
Os educandários, os estabelecimentos de ensino eram de primeira ordem, disciplinados por figuras de alto saber e respeitabilidade, transformando Juiz de Fora na Meca da instrução e preparação da juventude para as exigências do século XX. A imprensa, por sua alta qualificação, pelas penas adamantinas que a dirigiam, rivalizava com a do Rio de Janeiro e homens de reconhecido prestígio nacional emprestavam seu nome, assinando artigos e editoriais nos diários e periódicos da Manchester Mineira.
Foi neste ambiente, neste clima de prosperidade e esperança nos dias vindouros que um grupo de intelectuais, dos mais conspícuos na cidade, plantou a ideia e esta floresceu, de fundar uma Academia de Letras, a fim de sustentar os predicados já em prática nos domínios da pureza da língua e culto das tradições de nossa grei. E tão sábios foram os Fundadores que logo arrebataram o adjetivo abrangente “Mineira”, em vez de se particularizar no menos ambicioso “Juizforana”, como poderia ter sugerido um espírito menor, sem visão panorâmica que coloca nossa Minas Gerais, a anfitriona que estende seus limites por todo o leste do Brasil.
A Academia Brasileira de Letras, fundada há um decênio no Rio de Janeiro, saída, também, do entusiasmo de alguns dos mais evidentes manejadores da pena e entregue logo ao escrupuloso bom gosto e sensibilidade de Machado de Assis, foi a inspiradora do valente grupo de Juiz de Fora. Imediatamente, esse seleto pugilo de escritores recrutou em vários locais de Minas os vexilários das boas letras e das atitudes sem mácula, para avalizar uma iniciativa generosa em prol daquilo que Machado de Assis cognominou “a glória que fica, eleva, honra e consola”.
O Grupo Pioneiro
Aos intelectuais de Juiz de Fora, pioneiros na ideia da fundação da Academia, foi dado o ensejo de convocar os demais componentes do grêmio. Eram eles, em primeiro lugar, Machado Sobrinho, o maior propugnador que a comunicou logo aos companheiros, jornalistas e profissionais liberais, todos compromissados, desta ou daquela forma, com os labores da inteligência, a maioria de homens com menos de cinquenta anos: Albino Esteves, Amanajós de Araújo, Belmiro Braga, Brant Horta, Dilermando Cruz, Francisco Lins, Heitor Guimarães, José Rangel, Lindolfo Gomes, Luís de Oliveira e Eduardo de Menezes, este com cinquenta e dois anos. Reunidos à noite de 24, os doze apóstolos da literatura e cultura mineiras, no dia imediato, 25 de dezembro de 1909, foi oficialmente fundada em Juiz de Fora, na sala de sessões da Câmara Municipal, das 19 às 23 horas, após debates acalorados, a Academia Mineira de Letras. Os doze elegeram mais dezoito, para completar o número de trinta cadeiras, escolhendo nomes de escritores, poetas e jornalistas espalhados por todo o Estado. São eles Estevão de Oliveira, Bento Ernesto Júnior, Mário de Lima, Franklin de Magalhães, Mendes de Oliveira, Aldo Delfino, Diogo de Vasconcellos, Nelson de Senna, Alphonsus de Guimaraens, Joaquim da Costa Senna, Arduíno Bolívar, Carlindo Lellis, Carlos Góis, Mário de Magalhães, José Paixão, Augusto Massena e Mendes Pimentel, que em carta recusou a honra da láurea por não se julgar escritor.
E na sessão de instalação, a 13 de maio de 1910, foram eleitos mais dez nomes, completando, assim, os quarenta que é o número tradicional das Academias, seguindo o modelo clássico da Academia Francesa, adotado, também, pela Academia Brasileira, fundada em 1897. Os nomes foram escrupulosamente recrutados pelos fundadores, tanto na primeira como na segunda fornada, levando em conta não só as obras publicadas, mas o exercício efetivo das letras e seu amor manifesto pela literatura, computando-se, ainda, a envergadura moral de cada ocupante das futuras cadeiras. A escolha dos restantes recaiu sobre Álvaro da Silveira, Avelino Foscolo, Carmo Gama, Dom Joaquim Silvério de Souza, Olympio de Araújo, Pinto de Moura, José Eduardo da Fonseca, Gustavo Penna, que declinou da escolha assim como Aurélio Pires e Carvalho de Britto. As três figuras eleitas representavam, também, o que de melhor havia na inteligência mineira. O número só foi completado, depois, com a eleição de Gilberto de Alencar, com 22 anos, o benjamim da Academia, Navantino Santos, Paulo Brandão e Plínio Motta.
Assumiu a Presidência o mais velho do grupo fundador, Eduardo de Menezes, com 52 anos, médico conceituadíssimo e intelectual dos mais acreditados em Juiz de Fora, havendo proferido sua oração, peça de fino lavor, na instalação da entidade, a 13 de maio de 1910, no Teatro Municipal, com a presença do Presidente da Câmara Municipal e futuro Presidente do Estado, Dr. Antônio Carlos Ribeiro da Andrada, que representava, também, o então Presidente, Dr. Nilo Peçonha e o Presidente do Estado, Dr. Wenceslau Braz Pereira Gomes.
Afirmou então o Presidente Menezes: – “Estranho à vossa bravura, mas simples carneiro deste regimento, acompanhando vossos triunfos, orgulho-me de ter sido agasalhado por vós, como alvo apenas da vossa magnanimidade, mero mito simbólico de vossa esperançosa união.” E o orador oficial, acadêmico Nelson de Senna, forrado de humanismo, sabedor ilustre, proferiu o discurso em nome dos confrades onde se encontram refulgentes jóias literárias e estranhas e certeiras previsões para Minas Gerais: – “Ao delinear o bosquejo deste painel de nosso progresso, eis que vimos de ferir, na sua agudeza torturante, o problema que nos preocupa o espírito, a saber: o excesso da atividade material entorpecerá as produções da inteligência nessa pátria do futuro, que viemos descortinando? O requinte do conforto, a intensa luta industrial, o progresso económico, o triunfo definitivo da era mercantil, no Brasil de amanhã, entibiarão as energias do cérebro nacional e farão apoucada a nossa cultura artística e literária?”
Estas e outras indagações do intelectual vivendo em consonância com as grandes correntes mentais do mundo, enquanto a Primeira Grande Guerra troava na Europa. A verdade é que foi uma noite de gala, de inegável esplendor para a Manchester Mineira, que via realizados e confundidos os dois pólos da atividade humana: o lado material e o lado espiritual de uma comunidade cheia de civismo e de capacidade empreendedora.
Nesse clima de entusiasmo viveu a Academia até o ano de 1915, quando seus membros acordaram, pacificamente, sem nenhum trauma, que a instituição, em face de seu futuro, devia transferir-se para a Capital do Estado, por coincidir o nome com as finalidades sonhadas e postas em execução pelo Grupo Fundador.
De modo que a ablação foi realizada sem dor, todos irmanados no mesmo propósito, qual o de dar maior status à Academia, produto de seu sonho e realização de seu anelo. A Capital seria a sede natural da Instituição que a generosa Juiz de Fora criara num instante feliz de sua reconhecida capacidade empreendedora.
Esse pensamento, transcorridos oitenta e quatro anos, foi ratificado pelo Presidente Itamar Franco, quando da inauguração do Auditório que completou o palacete-sede, a 30 de maio deste ano: – “A Capital de um Estado deve ser mais do que a sede do poder político e administrativo. Deve reunir, também, em assembléias permanentes, o melhor de sua inteligência e de sua arte.”
A 24 de janeiro de 1915, na sessão de instalação, sob a presidência do acadêmico Álvaro Astolfo da Silveira, no Teatro Municipal de Belo Horizonte, com a presença de altas autoridades, afirmou o Presidente: – “No curto período de sua existência, encontrou ela, em seu berço, elementos que, com sobra, lhe asseguravam a existência. Considerações incabíveis neste momento determinam, entretanto, sua mudança para esta Capital, onde, por nímia gentileza que todos agradecemos, ficou entregue aos cuidados da diretoria que hoje se empossa.” Já o orador oficial da Casa, o grande tribuno José Eduardo da Fonseca, com sua eloquência famosa, afirmava: – “A metrópole sertaneja não podia dispensar a oficina literária: uma completa a outra.”
Porque se é certo que a nossa voz ganha aqui uma intensidade, uma vibração, uma ressonância que lhe faltaria ali ou além, é igualmente certo, que a Academia paga para logo a dívida que contrai, entrando a ser um agente, um fator, um órgão do progresso coletivo nos domínios da especialidade a que se vota – a realização da obra artística, que é o melhor tesouro e a maior glória dos povos cultos.
De certo modo, repetia o que foi proferido pelo acadêmico Nelson de Senna, no discurso de inauguração, a 13 de maio de 1910, e que se mantém, até hoje, inalterável como diretriz da Academia Mineira de Letras: – “Aqui, neste terreno neutro da Academia, lidamos todos sem rancores nem prevenções, mesmo aqueles dentre nós que, muitas vezes colocados em campos opostos na política, tenhamos cruzado com azedume o ferro dos combates.”
De 1915 até 1920, Álvaro da Silveira, com seu imenso saber nas ciências da natureza, autor de obras que, se escritas em outra língua, gozariam de fama mundial, foi mantido na presidência da Casa sendo sucedido por Mário de Lima que permaneceu até 1922 e assim, sucessivamente, por Noraldino Lima, Carlos Góis, João Lúcio Brandão, Navantino Santos, até que, passando por vicissitudes indesejáveis até 1930, Aníbal Mattos assume a presidência e tenta reorganizar a entidade e dar-lhe pouso definitivo. E assim veio a nau acadêmica mineira navegando em mar tempestuoso até 1943, quando assume a presidência o grande humanista Mário Casasanta, que dispondo de prestígio em diversas áreas, consegue imprimir certa estabilidade e organização, fazendo ressurgir a antiga importância desfrutada pela Academia.
A Casasanta sucede Heli Menegale, que, através de suas relações amistosas com o prefeito Octacílio Negrão de Lima, consegue enfim sua sede própria no sexto andar do edifício à rua Carijós, 150. Com a sede própria e meios de subsistência razoáveis, acrescidas de subvenções do poder público pôde até distribuir Prêmios literários, pagar jeton de presença aos acadêmicos e editar alguns números da Revista, paralisada desde que o governo estadual suspendeu as edições gratuitas na Imprensa Oficial.
Inicia-se, então, um período de relativa folga financeira, ao sabor, porém, da moeda instável do país.
Os acadêmicos ativos, que dispunham de largo círculo de relações e preparo intelectual tais como Mário Casasanta, Mário Matos e Heli Menegale, revezavam-se na direção da Casa e sua liderança efetiva emprestou fulgor à Academia. Nela ingressei em 1960, sob o patrocínio dos chefes da Casa: Mário Casasanta, Mário Matos e Martins de Oliveira que, pela dedicação às lides acadêmicas, ascendera à liderança ao lado dos outros dois companheiros. Fui recebido na Casa com discurso de Oscar Mendes que, por temperamento, jamais aceitou sua indicação para o posto, mas passou a ser voz considerada no capítulo.
A Martins de Oliveira sucedi em 1975, sendo primeiro secretário desde 1961 até vice-presidente em 1969-1974. Nesse ano, Martins de Oliveira desejou afastar-se e os companheiros me elevaram à presidência, com Paulo Pinheiro Chagas na vice. Em meu discurso de posse, afirmei: – “Não me conformarei com esta honraria enquanto não der a esta Casa uma sede ao rés-do-chão.” É que a Academia, com sede condigna, situava-se num sexto andar de uma rua movimentada, sem estacionamento para automóveis desde aquela época. E aí iniciou-se minha luta que só terminou em 1987. Por doze anos, não foi outra minha preocupação e meu objetivo principal, minha quase obsessão, até que, por vontade divina, tivemos a graça de ver concretizado meu sonho na doação, em comodato, do palacete Borges da Costa com um lote ao lado para ser, futuramente, edificado o Auditório, imprescindível ao bom desempenho das atividades acadêmicas e justificado pelo alto prestígio já conquistado pela Casa de Alphonsus de Guimaraens.
Para restauração e aquisição de alfaias necessárias ao bom uso da bela mansão, obtive do presidente José Sarney, por intermédio do seu Ministro de Planejamento, Aníbal Teixeira, a importância de CR$ 10.000.000,00 e com essa verba pudemos inaugurar as novas instalações em novembro de 1988, com missa solene celebrada pelos acadêmicos D. João Resende Costa e D. Oscar de Oliveira e grande recepção à sociedade da Capital. Da importância concedida pelo Presidente Sarney, restaram, ainda, quatro milhões e quinhentos mil cruzeiros novos que foram empregados na construção do Auditório.
Em 1988, transferi, por doação à Academia, minha biblioteca particular, formada desde 1931, com acervo de mais ou menos 20 mil volumes. Em seguida, meus pares, movidos pelo reconhecimento à minha integral devoção à Academia, modificaram o Estatuto da entidade e me concederam a láurea de Presidente Perpétuo. Hilton Rocha, ilustre figura de Minas, nosso confrade saudoso, foi intérprete dos companheiros, entregando-me uma placa de prata alusiva à data da votação, deixando de me conceder seu sufrágio somente três membros da Casa.
Em 1993, instituímos um curso permanente para difusão, não só dos valores literários, mas de todos os ramos do conhecimento a que demos o nome de Universidade Livre, que vem ministrando, semanalmente, palestras por figuras de reconhecido prestígio em suas especialidades e que vem obtendo sucesso. Foi assim que retomamos a construção do Auditório em primeiro de outubro de 1993, com recursos fornecidos pela Fundação Banco do Brasil, por determinação direta do Presidente da República Itamar Franco, atendendo solicitação nossa de 1992, após a paralisação das obras até àquela data. Os recursos para erguermos as fundações até o concreto e alvenaria foram fornecidas por leis encaminhadas ao Legislativo Mineiro pelo Governador Newton Cardoso que também transformou o comodato primitivo, por vinte anos, em doação dos imóveis da Rua da Bahia.
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Compondo seu brasão, tem por divisa a Academia Mineira de Letras um dístico em latim: Scribendi nulius finis, que significa o escrever nunca tem fim, isto é, escreve-se ininterruptamente, cada geração tem sua mensagem a transmitir através da escrita.
Eis a tarefa primordial das Academias e que a Mineira tem por escopo seguir pontualmente, à risca. Estão os Acadêmicos preocupados com o ato de escrever, cada qual em seu setor, a fim de dar o testemunho de uma vida, de uma vocação, de uma carreira.
O restante, para a Academia, não tem o menor interesse ou só o tem na medida em que serve à missão de escrever, de deixar o rastro de uma existência no papel, para reconhecimento, reflexão, recreio, informação e/ou deleite dos pósteros.
Essa a alta política da Academia Mineira de Letras, em tudo semelhante às Academias tradicionais do mundo, cenáculos do saber, templos da inteligência, santuários da cultura e relicários da beleza. Tudo que enobrece o ser e procura eternizar o pensamento em sua condição de elo entre os homens e bússola para sua atuação é cultuado e engrandecido na Academia Mineira de Letras.
Daí advém seu prestígio na comunidade, pois a Academia é instituição acima das paixões, dos atropelos, dos ódios, das cóleras, das preferências. Ela visa ao eterno e por isso se diz que seus membros são imortais. Imortais no sentido de que a transitoriedade dos julgamentos é matéria falível. O registro sereno dos fatos, a alta reflexão, isenta de impureza, e o sentimento estético decantado são os fins para onde se orienta a atividade acadêmica.
Por isso a Academia é tão infensa às modas, símbolo da transitoriedade e das emoções momentâneas, como equidistante de grupos sejam esses de natureza literária ou política.
Quarenta acadêmicos compõem o sodalício, quando não há Cadeira vaga. O último falecido abre a vaga e o quorum ou colégio eleitoral se compõe de trinta e nove votantes. E, assim, sucessivamente. Só o acadêmico empossado tem direito a voto.
Os candidatos à vaga apresentam seu curriculum vitae e as obras publicadas iniciando assim o processo eleitoral. Na disputa, o candidato que obtiver vinte e um votos será o eleito e comporá o novo quorum. Pela ordem numérica das Cadeiras, os membros atuais da Academia Mineira são os seguintes: l. Vaga; 2.Osvaldo Soares da Cunha; 3. Oscar Dias Corrêa; 4. Alphonsus de Guimaraens Filho; 5. Miguel Gonçalves de Souza; 6. Alaíde Lisboa de Oliveira; 7. Wilson de Lima Bastos; 8. Milton Reis; 9. Márcio Manuel Garcia Vilela; 10. João Etienne Arreguy Filho; 11. D. João Resende Costa; 12. Olavo Drummond; 13. Vaga; 14. João Vale Maurício; 15. Bonifácio José Tamm de Andrada; 16. José Afrânio Moreira Duarte; 17. Abgar Renault; 18. José Henrique Santos; 19. Padre José Carlos Brandi Aleixo; 20. Ariosvaldo de Campos Pires; 21. Caio Mário da Silva Pereira; 22. Fábio Lucas; 23. Raul Machado Horta; 24. Eduardo Almeida Reis; 25. Aureliano Chaves; 26. Lacyr Schettino; 27. D. Oscar de Oliveira; 28. José Bento Teixeira de Sales; 29. Murilo Badaró; 30. Oiliam José; 31. Luís Carlos de Partilho; 32. Almir de Oliveira; 33. Nansen Araújo; 34. Gerson de Britto Mello Boson; 35. Orlando M. Carvalho; 36. Wilton Cardoso de Souza; 37. Edgar Vasconcelos Barros 38. Vivaldi Moreira; 39. Edgar de Godói da Mata Machado; 40. Maria José de Queiróz.
Quando o Governador Hélio Garcia, em 1987, decidiu adquirir o solar da família Borges da Costa para doar o prédio à Academia Mineira de Letras, senti que metade de meu plano estava em vias de concretizar-se. Só metade, porque a doação incluía também o lote, ao lado, na rua da Bahia, 1470.
Palacete Borges da Costa, sede a AML-Academia Mineira de Letras |
Ali, devíamos construir o Auditório, pois o palacete, no número 1466, seria a sede, um relicário, autêntico museu, onde se instalariam as bibliotecas, a presidência, a secretaria e uma espécie de residência, da época art-nouveau, para hospedar personalidades ilustres, convidados da Academia e local de chá dos acadêmicos.
O projeto do arquiteto Gustavo Penna veio logo para a mesa das reuniões da Casa, com a metade representando a antevisão do que seria o conjunto dos dois edifícios, num diálogo expressivo do antigo com o moderno. A solução concebida pelo inspirado artista da prancheta logo despertou a admiração dos membros da Academia e de todos que ali tiveram a oportunidade de contemplá-la.
É que Gustavo Penna, há mais de dez anos, repetia-me sempre: – “Vou traçar, com o maior prazer, as linhas do monumento que será o prédio da Academia Mineira de Letras”. Acontece, porém, que a sede já estava pronta, e é o clássico da vila romana, saído das mãos do saudoso arquiteto Luís Signorelli para a casa do prof. Borges da Costa. Para completá-la, oferecendo-lhe as dimensões de um autêntico centro cultural, espaço necessário à Academia para as grandes recepções e eventos ligados à literatura e à arte, Gustavo Penna buscou interpretar, com sua fina sensibilidade, um modelo nítido das aspirações e finalidades da nossa entidade. A Academia é a continuidade, a preservação, a absorção do antigo no moderno, na dinâmica do tempo. Descendente de acadêmicos que é, dos dois lados paterno e materno, pois o desembargador Gustavo Penna, escritor de raros dotes, convidado a fundar a Academia, em 1909, declinou, por modéstia, e José Oswaldo de Araújo, admirável poeta, antigo presidente da Casa, corre-lhe nas veias a linfa da poesia inata.
Foi guiado por essa prenda natural que Gustavo Penna sintetizou primorosamente as linhas de um edifício destinado a acolher os intelectuais mineiros, para a amena convivência entre gerações que se sucedem naquela Casa, matriz da inteligência do bom gosto, da tradição e da renovação em nosso Estado.
Sede da AML-Academia Mineira de Letras (à direita) e Auditório Vivaldi Moreira (à esquerda) |
São estas as principais informações acerca da Casa de Alphonsus de Guimaraens ou Academia Mineira de Letras.
* Ensaísta mineiro e presidente-perpétuo da Academia Mineira de Letras.
10 comentários:
Prezad@,
Dando continuidade às nossas boas vindas ao ensaísta e presidente-perpétuo da Academia Mineira de Letras, o Blog de São João del-Rei divulga novo texto do Acadêmico VIVALDI MOREIRA, que trata brilhantemente da história da mudança da Academia Mineira de Letras, de Juiz de Fora (de 1909 a 1915) para Belo Horizonte (de 1915 em diante), e de suas inúmeras Diretorias durante o longo período até o final do século passado, inclusive quando atuou como seu Presidente por 25 anos.
TEXTO
Link: https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2023/03/esboco-historico-da-academia-mineira-de.html 👈
BREVE BIOGRAFIA DO AUTOR
Link: https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2023/03/colaborador-vivaldi-wenceslau-moreira.html 👈
Cordial abraço,
Francisco Braga
Gerente do Blog de São João del-Rei
Muito bom!
Muito obrigado.
Forte abraço e saudações afetuosas a partir das terras camonianas, deste seu amigo que muito o estima e considera.
Diamantino Bártolo
Muito interessante. Obrigado.
Preciso e competente o artigo de Vivaldi Moreira sobre o histórico da Academia Mineura de Letras.
Obrigado amigo. É Vivaldi, eu leio com prazer.
Obrigado e Parabéns pelo texto, Maurício
Caro professor Braga,
Ninguém melhor do que Vivaldi Moreira para a edição da história da A.M.L. Empolgante relato!
Saudações !
Cupertino
Meu caro Confrade da Academia de Letras de São João del-Rei, parabéns pelo texto de sua autoria, por sinal muito bem escrito e de grande valia para o conhecimento histórico-cultural sobre a Academia Mineira de Letras. Grande escritor e amigo.
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