domingo, 19 de maio de 2024

LAMENTO DE UM RIO


Por Scheilla Lobato *
 
Lamento de um Rio 
 
Em homenagem e solidariedade ao povo do Rio Grande do Sul.
 


 

Me perdoem por toda esta "bagunça"... Eu só queria passar. 
 
Eu não fui feito pra Destruir... Eu só queria passar. 
 
Já fui Esperança para os Navegantes... 
Rede cheia para Pescadores... 
Refresco para os banhistas em dias de intenso calor. 
Hoje sou sinônimo de Medo e Dor... 
 
Mas, eu só queria passar... 
 
Me perdoem por suas casas 
Por seus móveis e imóveis 
Por seus animais 
Por suas plantações... Eu só queria passar. 
 
Não sou seu inimigo 
Não sou um vilão 
Não nasci pra destruição... 
Eu só queria passar. 
 
Era o meu curso natural 
Só estava seguindo meu destino 
Mas, me violentaram, 
Sufocaram minhas nascentes 
Desmataram meu leito... Quando eu só queria passar. 
 
Encontrei tanta coisa estranha pelo caminho... Que me fizeram 
[transbordar... 
Muros 
Casas 
Entulhos 
Garrafas 
Lixo 
Pontes 
Pedras 
Paus... 
Tentei desviar ... Porque eu só queria passar. 
 
Me perdoem por inundar sua história, 
Me perdoem por manchar esta história... 
Eu só estava passando... 
 
Seguindo o meu trajeto 
Cumprindo o meu destino: 
Passar....  
 
* Natural de Cachoeiro de Itapemirim-ES. É esposa, professora, pedagoga, preletora, escritora com dois livros publicados e algumas participações em antologias poéticas.
 
Áudio de voz: Pr. Delandi Machado

11 comentários:

Heitor Garcia de Carvalho (pós-doutorado em Políticas de Ensino Superior na Faculdade de Psciologia e Ciências da Informação na Universidade do Porto, Portugal (2008) disse...

Obrigado!

Merania Oliveira disse...

Dr. Francisco,
paz, saúde e alegria!

Obrigada pelos seus esclarecimentos sobre a autoria dessa bela poesia.
Eu sempre desejei saber de quem era a essa autoria.
Merania Oliveira

Fernando de Oliveira Teixeira (poeta e professor universitário, decano da Academia Divinopolitana de Letras) disse...

Grato pelo envio da bela peça literária. Abraço.

Prof. Cupertino Santos (professor aposentado da rede paulistana de ensino fundamental) disse...

Caro professor Braga

O rio ainda pede perdão dado que quem deveria pedi-lo não o faz.
Saudações,
Cupertino

Dr. Paulo Milagre (escritor e membro da Academia Divinopolitana de Letras) disse...

Este poema é a mais pura realidade.
Estamos invadindo rios, florestas e até o mar.
No entanto, a calma natureza um dia reage e nos mostra sua força.
Fraterno abraço.
Paulo Milagre.

Mario Pellegrini Cupello, Arquiteto, Diplomado em Direito, Escritor, Presidente do Instituto Cultural Visconde do Rio Preto, Membro Correspondente do IHG de Minas Gerais, entre outras importantes instituições culturais de Minas. Membro Efetivo da Academia Valencia de Letras, onde participou da diretoria por mais de 12 anos sucessivos. disse...

Caro amigo Braga
Muito interessante estes lamentos poéticos!
Tema bem apropriado para esta época em que o Rio Grande do Sul passa por uma enorme tragédia, infelizmente: ele “só queria passar”...
Agradecemos pelo envio.
Abraços, meus e de Beth
Mario Cupello

Elizabeth dos Santos Braga disse...

Muito triste e real o poema!
Estamos matando nossos rios, com desmatamento de áreas verdes para agronegócio, poluição, assoreamento das margens... Nas cidades, mudando seus cursos e construindo avenidas sobre eles...
Perdão, rios!
Sem eles não há vida.
Como disse Krenak acerca do Rio Doce, em outra tragédia causada pela ganância há não muito tempo, o rio é parente para o povo indígena. Assim que devíamos tratá-lo.

João Carlos Ramos (poeta, escritor, membro e ex-presidente da Academia Divinopolitana de Letras e sócio correspondente da Academia de Letras de São João del-Rei e da Academia Lavrense de Letras) disse...

Prezado mestre,
Boa tarde!
O seu bom gosto afina com minha inspiração.
Deus abençoe a você e sua Rute!
Obrigado!

Manoela Ferrari (redatora do Jornal de Letras, no Rio de Janeiro-RJ) disse...

Boa tarde,
Gostaria de publicar "Lamento de um Rio", de Scheilla Lobato, também no Jornal de Letras. Você poderia nos enviar o texto por e-mail ou o contato da escritora, capixaba como eu?

Desde já, agradeço.

Manoela Ferrari

Anderson Braga Horta (poeta, escritor, ex-presidente da ANE-Associação Nacional de Escritores e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal) disse...

Oi, Francisco. Gostei muito do poema.
Célia também, minha mulher, que é de Cachoeiro.
Abraço
Anderson

João Paulo Guimarães (diretor de produção audiovisual e influenciador digital da TV DelRei, cobrindo muitos momentos históricos da cidade de São João del-Rei) disse...

Obrigado.