Por Scheilla Lobato *
Lamento de um Rio
Em homenagem e solidariedade ao povo do Rio Grande do Sul.
Me perdoem por toda esta "bagunça"... Eu só queria passar.
Eu não fui feito pra Destruir... Eu só queria passar.
Já fui Esperança para os Navegantes...
Rede cheia para Pescadores...
Refresco para os banhistas em dias de intenso calor.
Hoje sou sinônimo de Medo e Dor...
Mas, eu só queria passar...
Me perdoem por suas casas
Por seus móveis e imóveis
Por seus animais
Por suas plantações... Eu só queria passar.
Não sou seu inimigo
Não sou um vilão
Não nasci pra destruição...
Eu só queria passar.
Era o meu curso natural
Só estava seguindo meu destino
Mas, me violentaram,
Sufocaram minhas nascentes
Desmataram meu leito... Quando eu só queria passar.
Encontrei tanta coisa estranha pelo caminho... Que me fizeram
[transbordar...
Muros
Casas
Entulhos
Garrafas
Lixo
Pontes
Pedras
Paus...
Tentei desviar ... Porque eu só queria passar.
Me perdoem por inundar sua história,
Me perdoem por manchar esta história...
Eu só estava passando...
Seguindo o meu trajeto
Cumprindo o meu destino:
Passar....
* Natural de Cachoeiro de Itapemirim-ES. É esposa, professora, pedagoga, preletora, escritora com dois livros publicados e algumas participações em antologias poéticas.
Áudio de voz: Pr. Delandi Machado
11 comentários:
Obrigado!
Dr. Francisco,
paz, saúde e alegria!
Obrigada pelos seus esclarecimentos sobre a autoria dessa bela poesia.
Eu sempre desejei saber de quem era a essa autoria.
Merania Oliveira
Grato pelo envio da bela peça literária. Abraço.
Caro professor Braga
O rio ainda pede perdão dado que quem deveria pedi-lo não o faz.
Saudações,
Cupertino
Este poema é a mais pura realidade.
Estamos invadindo rios, florestas e até o mar.
No entanto, a calma natureza um dia reage e nos mostra sua força.
Fraterno abraço.
Paulo Milagre.
Caro amigo Braga
Muito interessante estes lamentos poéticos!
Tema bem apropriado para esta época em que o Rio Grande do Sul passa por uma enorme tragédia, infelizmente: ele “só queria passar”...
Agradecemos pelo envio.
Abraços, meus e de Beth
Mario Cupello
Muito triste e real o poema!
Estamos matando nossos rios, com desmatamento de áreas verdes para agronegócio, poluição, assoreamento das margens... Nas cidades, mudando seus cursos e construindo avenidas sobre eles...
Perdão, rios!
Sem eles não há vida.
Como disse Krenak acerca do Rio Doce, em outra tragédia causada pela ganância há não muito tempo, o rio é parente para o povo indígena. Assim que devíamos tratá-lo.
Prezado mestre,
Boa tarde!
O seu bom gosto afina com minha inspiração.
Deus abençoe a você e sua Rute!
Obrigado!
Boa tarde,
Gostaria de publicar "Lamento de um Rio", de Scheilla Lobato, também no Jornal de Letras. Você poderia nos enviar o texto por e-mail ou o contato da escritora, capixaba como eu?
Desde já, agradeço.
Manoela Ferrari
Oi, Francisco. Gostei muito do poema.
Célia também, minha mulher, que é de Cachoeiro.
Abraço
Anderson
Obrigado.
Postar um comentário