Transcrevemos com a devida vênia do jornal PÚBLICO, artigo publicado na edição desta quarta-feira, de 05/06/2024, Ano XXXV, nº 12.452, coluna Cultura, p. 30.
Alberto Vilas e João Paulo Esteves da Silva trazem para o piano solo canções tradicionais galegas e portuguesas. Dois discos, com um editor a uni-los: António Miguel Guimarães.
Da esq. p/ dir.: os pianistas: o português João Paulo Esteves da Silva e o galego Alberto Vilas |
Esta história começa na Argentina, passa pela Galiza e acaba por estender-se a Portugal, que na verdade esteve sempre presente. Dois grandes pianistas, um galego e outro português, Alberto Vilas e João Paulo Esteves da Silva, estão a lançar em simultâneo discos com versões para piano solo de canções tradicionais dos respectivos cancioneiros: Once Cancións e Unha Danza, de Alberto Vilas; e Farnel, 15 Canções Portuguesas, de João Paulo Esteves da Silva. A editora é a mesma, a AMG Music, de António Miguel Guimarães.
Alberto Vilas já começara a trabalhar os temas agora editados antes de conhecer António Miguel Guimarães, mas foi o contacto com ele que acabou por conduzir a esta edição dupla. “Gravámos um disco do Vitorino, Tango [2009], na Argentina. Quando conseguimos reunir as condições para fazer um concerto a partir desse disco, o Ramón Maschio, que era o director musical, convidou o Alberto Vilas como pianista”, conta o editor.
O elo reforçou-se depois com uma visita à Galiza. “Mostrou-me, em casa, um conjunto de peças em que estava a trabalhar e eu disse que teria o maior prazer em editá-lo.” E as conversas com Alberto Vilas deram-lhe ainda outra ideia: “Fazer um convite ao João Paulo [Esteves da Silva], também ele grande admirador da música tradicional e popular, com muitas colaborações com a Brigada Victor Jara, uma das minhas referências.” No fundo, diz, “alinharam-se as estrelas” para esta edição dupla que o satisfaz especialmente. “As fronteiras na música são uma coisa muito ténue, e mais ainda na música tradicional europeia. Há músicas que têm expressões nestes dois países, as letras é que mudam e às vezes só numa parte.”
Alberto Vilas, a partir da Galiza, explica ao PÚBLICO o que o atraiu neste cancioneiro: “Foi uma necessidade pessoal. Cresci com ele e comecei a ver a possibilidade de trabalhar sobre a música popular galega.”
Por sua vez, João Paulo Esteves da Silva diz que este trabalho deu corpo único, em forma de disco, a algo que já faz há 30 anos: “Nos meus concertos a solo eu não prevejo nada e deixo que as canções apareçam. E costumam aparecer, duas ou três por concerto.” O desafio do editor trouxe-lhe “descobertas como O pregão das lagostas”, que incluiu no “ramalhete” agora lançado.
António Miguel Guimarães quer agora unir os dois pianistas em palco, numa apresentação conjunta destas obras. “Estamos a apresentar o espectáculo a directores de teatros e vamos conseguir.”
NOTA do Gerente do Blog: O áudio de algumas amostras das peças dos dois discos pode ser apreciado no seguinte link: https://artenotes.blogs.sapo.pt/dois-novos-discos-de-alberto-vilas-e-738831
2 comentários:
Prezad@,
O que dois pianistas e compositores, um galego - Alberto Vilas - e outro português - João Paulo Esteves da Silva -, poderão ter em comum? Além do piano, talvez o traço comum mais importante entre eles seja o enorme respeito que têm pela música tradicional dos seus países, o fato de revisitarem, ao longo dos tempos e das suas carreiras, as melodias com que sempre sonharam e as memórias ancestrais e imagens que aquelas lhes trazem.
O projeto que pretende uni-los com dois CDs é do editor António Miguel Guimarães da AMG Music Portugal.
O CD do pianista português nos apresenta rezas, embalos, aboios, pregões, romances e até canções, sob a forma de peças para piano solo.
O CD do pianista galego, com onze canções e uma dança, nos levará a uma viagem pelas memórias mais antigas da música tradicional galega numa vestimenta livre e contemporânea.
Link: https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2024/06/musicas-tradicionais-portuguesas-e.html 👈
Cordial abraço,
Francisco Braga
Gerente do Blog de São João del-Rei
Que interessante Francisco! Fiquei curiosa.
Obrigada,
Suely
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