quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

OS FRANCISCANOS HOLANDESES EM SÃO JOÃO DEL-REI (de 1904 a 1924)

Por Frei Sabino Staphorst, o.f.m. 
Texto extraído do capítulo VI do livro Vinte e Cinco Anos no Brasil (1899-1924): comemoração do jubileu de prata da presença dos franciscanos holandeses no Brasil, da autoria de Frei Sabino Staphorst, o.f.m., nascido na Holanda em 1878. O autor veio para o Brasil em 1905. Foi missionário, pioneiro, pregador popular, professor universal, jornalista destemido e brilhante escritor. Em 1924 editou este livro intitulado (em holandês) "25 jaar in Brazilië", narrando a seus patrícios as muitas peripécias suas e de seus confrades, de 1899 a 1924, para chamar ao Reino de Deus tantas almas abandonadas em Manaus, Niterói e em diversas regiões de Minas Gerais. Também para nós este livro deve ser interessante por seus dados biográficos, históricos, eclesiásticos, franciscanos e pitorescos, cuja leitura atenciosa nos transportará da gratidão pelo passado à nossa responsabilidade pelo tempo atual, em busca de um futuro mais feliz.
Minha homenagem póstuma a Frei Sabino, meu grande professor de Teologia em Divinópolis (1932-1934); minha gratidão aos meus colegas Frei Celso Márcio Teixeira, Frei Metódio de Haas e seus estudantes de teologia por sua indispensável cooperação.
Ass. O tradutor do holandês para o português, Frei Helano van Koppen, o.f.m.
 
Frei Sabino Staphorst, o. f.m. (✰ 18/08/1878, Heemstede, Holanda ✞ 04/08/1957, Rio de Janeiro)

São João del-Rei, geralmente chamada entre nós "São João", foi fundada no fim do século XVII, quando foram descobertas no Estado de Minas Gerais as primeiras minas de ouro; chegou depressa a grande riqueza e influência. Nos primeiros anos foi cena de lutas sangrentas que ali se travavam entre os exploradores de ouro de Portugal que penetraram nesses distritos de ouro pelo leste e os de São Paulo pelo sul. Essas contendas são chamadas a "Guerra dos Emboabas". 
Belas igrejas, entre as quais a Matriz de N. Sra. do Pilar, a igreja da Venerável Ordem Terceira de S. Francisco de Assis e a da Ordem Terceira do Carmo com seus móveis belíssimos, figuras douradas trabalhadas e muita prataria nos altares, tudo isso atesta tanto a riqueza como o espírito dos moradores daquela época das minas de ouro. Hoje em dia não se faz absolutamente mineração de ouro em São João. 
Durante os 200 anos de sua existência, São João sempre foi uma das mais importantes cidades de Minas e tem sido o berço e a residência de muitos homens célebres. Mormente como centro intelectual e artístico tem tido um grande nome. Quando, pouco tempo depois da Proclamação da República, se resolveu transferir a capital de Minas, São João era uma das cinco cidades que foram apontadas como sede do Governo. Finalmente foi eleita Belo Horizonte com 50 votos contra 48 votos para São João. 
A cidade com seus arredores forma apenas uma paróquia, com aproximadamente 23.000 habitantes, dos quais só 18.000 moram na cidade. Todo o município conta com 45.000 habitantes. Na cidade ainda há, além das três igrejas mencionadas, que são as mais belas e ricas, dez outras igrejas e capelas. 
A cidade possui alguma indústria, entre outras, as oficinas da Estrada de Ferro Oeste de Minas e duas fábricas de tecelagem de algodão. Nos arredores praticam-se a lavoura e agricultura, mas principalmente a pecuária. Gado, leite e laticínios são os principais produtos de exportação. Planta-se também café, mas não em grande escala. 
São João tem sido aplicada no ensino. Além das escolas públicas, existem muitas escolas e escolinhas particulares, uma Escola Normal para formação de professoras, sob a direção das Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo, nosso Ginásio Santo Antônio e mais uma escola de ensino médio. A cidade tem criado bons músicos e até o dia de hoje é fácil organizar-se um concerto. Bel-canto, piano, violino, instrumento de sopro, tudo tem seus praticantes entusiastas. 
São João tem um quartel de mais de mil homens, o que financeiramente é um lucro, mas moralmente um grande dano. 
Há três ramais ferroviários, todos eles da mesma empresa: um para Barbacena, onde se comunica com a Central que faz ligação com o Rio de Janeiro; outro para o interior, e um pequeno ramal para Águas Santas, uma pequena estância de águas minerais. 
 
NOSSA FUNDAÇÃO 
 
Quando em 1904 nos estabelecemos em São João, os franciscanos já eram velhos conhecidos na cidade. Em 1713, já fora fundada ali, como já dissemos, uma residência para missionários franciscanos. Pelo ano de 1740, fundou-se aí uma casa de hospedagem da Terra Santa que só em 1890 foi vendida. A Ordem Terceira ainda existia, mas não era mais autêntica. Em todo caso, a lembrança dos velhos Frades Menores ainda estava viva e nos serviu bem. 
 
Monsenhor Gustavo Ernesto Coelho (1853-1924), vigário da Matriz de N. Sra. do Pilar por 22 anos, de 1902 a 1924
 
O vigário daquele tempo era o Padre Gustavo Ernesto Coelho, um senhor de seus 50 anos, irrepreensível de conduta, devoto, bem preparado nas ciências teológicas e profanas, porém fraco de saúde e não era tão trabalhador assim. Além do vigário, havia ainda diversos outros sacerdotes que tinham a capelania de uma ou outra Irmandade e não tinham muita disposição de ajudar o vigário como coadjutores. O vigário pois, compreendendo que as circunstâncias modernas exigiam trabalho mais intensivo, recorreu aos nossos padres. Primeiro, tinha-se dirigido aos Frades Menores alemães do Rio de Janeiro, cujo Provincial, Frei Herculano Limpinsel, lhe comunicou que os franciscanos holandeses já estavam trabalhando em Minas e que, por conseguinte, seria melhor dirigir-se a eles. Pouco tempo depois, o irmão Frei Gabriel do Comissariado da Terra Santa, chegou, em seu giro peditório, a São João del-Rei e deu ao vigário as informações desejadas sobre o nosso Comissariado. Daí aconteceu que o nosso Padre Comissário, em março de 1904, recebeu uma carta de Padre Gustavo, através da qual começaram os entendimentos a respeito da fundação de um convento dos Frades Menores. 
Um dos padres residentes em Ouro Preto foi mandado para cá para pregar a novena em preparação para a festa do Sagrado Coração, durante a qual ele teria a ocasião de fazer uma minuciosa investigação. O resultado dessa sindicância foi favorável. O frei ainda achou em muita gente de São João fé, amor e respeito pelo sacerdote em geral e em particular pelos filhos de São Francisco. 
A consequência desse relato favorável foi que, no dia 28 de julho de 1904, Frei Patrício foi mandado de Ouro Preto para São João, onde provisoriamente foi morar com o vigário. Quando, no fim de outubro, Frei Cândido veio juntar-se a ele, alugou-se uma casa próxima à casa paroquial. E finalmente em janeiro de 1905 foi comprada uma casa bem maior à Rua da Prata nº 34. Essa casa era de duas irmãs professoras que já tiveram um pensionato, mas agora, já idosas, não precisavam mais desse prédio grande. À casa pertencia um terreno muito grande, de mais de 4 hectares, o qual mais tarde nos serviu bem para a construção do nosso ginásio. A casa com o terreno, que valia bem uns quarenta contos de réis, nos foi cedida pelas senhoras por 13 contos. Daí bem merecem elas que seus nomes fiquem eternamente em grata memória. São elas Augusta (Eliza) e Maria Porcina da Costa (Moreira)
 
Gymnasio Santo Antonio em 1914 / Crédito: Luiz Antônio Ferreira ("in memoriam")
 
Desde então aumentava consideravelmente o número dos nossos Religiosos em São João, não só porque o nosso trabalho sempre aumentava, mas também porque esta cidade, por seu clima fresco e sadio, era ao lado de Ouro Preto eminentemente apropriada à aclimatação dos recém-chegados confrades da Holanda. 
Desde o dia de nossa chegada a São João até o dia de hoje, temos vivido e trabalhado sempre no melhor relacionamento com o vigário, sem que houvesse qualquer esfriamento em nossas relações de amizade. Éramos úteis e indispensáveis ao vigário, pois sem a nossa assistência ele não poderia dirigir à altura a sua populosa paróquia, e do seu lado o vigário, com sua autoridade e influência, nos tem protegido mais de uma vez em circunstâncias difíceis. Ele faleceu em agosto deste mesmo ano de 1924. Descanse em paz! 
 
CATECISMO 
 
Um dos primeiros trabalhos dos nossos padres foi o catecismo, convictos que estavam de que a ignorância religiosa é uma das principais causas de tanta falta de religião no Brasil. Bem depressa estavam matriculadas para o catecismo da matriz umas 300 crianças. A animação dos pequenos, porém, durou pouco e bem depressa teríamos de perder a esperança de dar frutuosamente o ensino religioso, se não inventássemos novos métodos. Graças aa Deus, esse método achamos no Apostolado da Oração. Essa irmandade religiosa em honra do Sagrado Coração de Jesus já existia aqui desde 1884, mas nos últimos anos enfraquecera muito. Em 1905, porém, o vigário nos deu a incumbência de fazer florescer o Apostolado. Os velhos zeladores foram convocados, novos foram nomeados no lugar de alguns que tinham morrido ou mudado. Desde então aumentou o número dos associados e das comunhões mensais. O vigário e um dos nossos padres revezavam-se na pregação da primeira sexta-feira; e a festa do Sagrado Coração, precedida por uma novena de pregações, é todos os anos uma esplêndida manifestação de fé e amor. 
Esse apostolado reformado nos trouxe também a solução da grande questão: como conseguiremos atrair as crianças à Igreja para assistirem ao catecismo? Pois os zeladores se encarregaram de convocar as crianças em seu próprio bairro e levá-las à Igreja. No dia 29 de junho de 1906, pudemos organizar pela primeira vez uma festa de comunhão, na qual mais de 100 crianças fizeram sua primeira comunhão. Na verdade, durou pouco tempo esse sistema de os zeladores e zeladoras conduzirem as crianças ao catecismo, mas foi porque não era mais necessário. Abriu-se o caminho. Nas escolas particulares, e mais tarde também no grande grupo e em diversas igrejas se dava catecismo a inúmeras crianças. Assim, por exemplo, em 1915 o número de crianças matriculadas no catecismo da matriz foi de 257, e nesse mesto tempo no Albergue de Santo Antônio, 338 crianças; ao passo que naquele mesmo ano, 85 crianças fizeram a sua primeira comunhão na matriz e 154 no albergue. Contudo, é muito difícil atingir todas as crianças, porque os pais não cooperam muito e as crianças têm de ir ao catecismo por própria vontade. Hoje em dia, damos catecismo na matriz (cada dia), na capela do Albergue Santo Antônio e em algumas escolas particulares. 
 
A ORDEM TERCEIRA DE SÃO FRANCISCO 
 
Quem lê esse título pensa talvez que se lhe oferece a leitura da história de uma Ordem Terceira florescente, fundada e dirigida por nós. Mas não é assim. Aqui segue o relato das dificuldades que nossos freis tiveram de suportar da parte da Venerável Ordem Terceira de São Francisco. É uma história triste, mas por demais característica para ser omitida, pois ajuda a compreensão de certas situações. As Ordens Terceiras e as Irmandades em geral no Brasil eram no começo animadas por um bom espírito: mais tarde, porém, quando ficaram ricas e possuíam igrejas, tornaram-se uma cruz para os bispos e vigários. Sentiam-se independentes de qualquer autoridade, apelavam contra as decisões dos bispos para os Tribunais Reais, depois Imperiais, o que naquele tempo do cesaropapismo era muito fácil. E quando, em 1889, o Imperador foi expulso e proclamada a República, elas se julgavam independentes tanto do poder civil quanto do eclesiástico. Chegou até ao ponto de um bispo do Rio de Janeiro dizer: "Os inimigos da alma são estes quatro: o demônio, o mundo, a carne... e as Irmandades", inclusive, evidentemente, as Ordens Terceiras. 
Pois bem, com uma tal Ordem Terceira, tivemos de lidar e brigar em São João. Em 1905, compramos uma casa, mas com isso não tínhamos uma igreja própria. A matriz sim, estava à nossa disposição, mas estava muito distante, e porque a igreja da Ordem Terceira, uma bela e ampla igreja, estava encostadinha à nossa casa, desejávamos evidentemente poder fazer nossos exercícios religiosos nessa igreja. Também a Ordem Terceira o desejava, e no dia 29 de janeiro (de 1905) um dos nossos padres foi nomeado Comissário da Ordem Terceira de São Francisco. Durante muito tempo correu tudo muito bem. Mas, antes do fim do ano, acabou o bom relacionamento entre a Ordem Primeira e a Terceira. Em novembro daquele ano, a Ordem Terceira cedeu, sem pedir autorização ao bispo, um pedaço de terreno à Prefeitura para ali fazer um jardim público. O vigário e o Padre Comissário da Ordem Terceira protestaram, pois nenhuma Irmandade pode alienar propriedades sem licença do bispo. Como terminou esse conflito, é de pouca importância para os nossos leitores; certo é, porém, que, daí em diante, a Ordem Terceira começou a chatear os nossos padres. Evidentemente não interessa relatar aqui todos os pormenores. Basta dar somente umas provas para ilustrar. Certo dia, o secretário da Ordem Terceira se queixou de que os nossos padres faziam casamento de pessoas que não pertenciam à Ordem Terceira no altar-mor e exigiu que daí em diante tais casamentos fossem feitos num altar lateral. Uma outra vez, o mesmo potentado protestou contra o toque do sino para pessoas falecidas que não fossem da Ordem Terceira. E assim por diante. Pelo bem da paz e porque ainda não tínhamos igreja própria, suportávamos todas essas chateações até que finalmente, em janeiro de 1908, a Ordem Terceira nomeou ilegalmente um padre secular como seu comissário. Anos mais tarde, quando o número dos padres seculares tinha diminuído muito e a Ordem Terceira não conseguia achar nenhum Comissário, nos ofereceram de novo esse cargo. Mas então já tínhamos a nossa própria capela e, tendo aprendido pela experiência, nos limitamos a celebrar em certos dias uma santa missa com pregação na igreja da Ordem Terceira. Era o único jeito para prevenir novas complicações. 
 
O PATRONATO 
 
Querer provar a utilidade de um patronato é carregar água para o mar. Assim, pode-se compreender porque um dos nossos padres, em 1906, fundou um patronato, i.é, para conservarmos por mais alguns anos sob a nossa influência os meninos que já tinham saído do catecismo. Chamava-se "Juventude". O que pudemos alcançar era distrair agradavelmente os meninos algumas horas por semana e, além disso, fazê-los também rezar um pouco e continuar o ensino religioso. Pertenciam ao patronato uns 50 a 60 meninos. Quando, em 1909, os nossos padres foram tomar conta do Asilo São Francisco,, mudou-se para lá o patronato. Quando, em 1911, nos foi tirada a administração do Asilo, a "Juventude" infelizmente deixou de existir. 
Existe em São João mais uma associação de jovens, chamada "São José". Essa já é de data mais antiga, mas está um pouco levedada pelo fermento das irmandades. Não que os rapazes não sejam bons, pelo contrário, mas gostam de certa independência. Durante algum tempo ficaram sob a direção de um dos nossos padres e nesse mesmo tempo editavam um bom jornalzinho: "O Zuavo". Isso, porém, durou pouco tempo. Os jovens de São José prefeririam ser livres. 
 
O ASILO DE SÃO FRANCISCO 
 
Já desde a nossa chegada a São João, fala-se na possibilidade de entregar a nossos padres a administração do supra-mencionado asilo. Esse era uma fundação de um sacerdote, o Padre João do Sacramento, um homem piedoso e inteligente que, com próprios meios e com esmolas de gente boa, reformara um prédio com grande quintal para a educação de órfãos de pai ou mãe, de crianças abandonadas. Fundara igualmente um ginásio, chamado São Francisco, cujos rendimentos ajudavam na manutenção do asilo. Antes de morrer, destinara tudo à Ordem Terceira. Quando nós chegamos a São João, o fundador já tinha falecido havia algum tempo e a Ordem Terceira não conseguira achar a pessoa certa para fazer florescer as duas instituições. 
Era evidente, por conseguinte, que a Ordem Terceira logo se lembrasse dos nossos padres. No começo não podíamos pensar numa coisa dessas, por falta de pessoal, e quando já dispúnhamos de elementos para isso, nossas relações com a Ordem Terceira tinham muita animosidade. Finalmente, em 1909, foi feito um contrato e, no dia 1º de julho, Frei José de Haas, com mais um padre e dois irmãos leigos estabeleceram-se no asilo. Indescritível era o caos que lá encontramos. Seis meninos, seis empregados, seis cavalos e seis cachorros, uma casa mal conservada, o grande quintal deploravelmente descuidado, tudo em estado de sujeira, assim achamos o asilo. Em curto prazo, porém, ficou tudo melhor. 
Dentro de dois anos, tinha aumentado para 40 o número de meninos, a casa foi reformada, o grande quintal produzia de tudo, os meninos iam aos domingos à igreja tão direitinhos em seu terninhos que dava gosto. Os menores frequentavam a escola e os maiores aprendiam um ofício. Quatro oficinas funcionavam a todo o vapor: uma funilaria, uma encadernação, uma sapataria e uma carpintaria... 
 
                                Nossa carpintaria e marcenaria em São João del-Rei
 
Uma fábrica de sabão já estava quase pronta. No pasto criavam-se umas vacas. Numa palavra, o futuro era promissor, o asilo seria em breve uma bênção para a cidade e para toda a redondeza. Mas... pura ilusão. De repente o Padre Comissário recebeu uma carta da direção da Ordem Terceira, comunicando que o asilo seria mudado para o ginásio e o ginásio para o asilo. E quando se sabe que o prédio do asilo não tinha quintal nem espaço para as oficinas, numa palavra, era totalmente imprestável; então se compreende que tal mudança para nós era inaceitável. Depois de mais umas conversações infrutíferas, abandonamos o asilo com muito sentimento no coração, pensando o que seria dos meninos daí em diante. Nada sobrou. De novo, seis meninos abandonados, que nem sequer aprendem um ofício, são o pobre resto da fundação do Padre João do Sacramento. 
 
ENSINO 
 
Como já foi dito no capitulozinho sobre o asilo, o Padre João do Sacramento fundara também um ginásio que, após sua morte, tinha passado para a Ordem Terceira. Em São João, havia bons elementos para o magistério, mas, porque naquele tempo o curso ginasial tinha de dar também grego, alemão e inglês e não se achavam facilmente professores para essas matérias, solicitaram já, no início de 1905, um dos nossos padres para se encarregar dessas matérias, o que então não era possível aceitar. Em 1906, a pedidos insistentes, um Frei aceitou essa incumbência, mas já depois de um ano viu-se obrigado a deixar de novo, por causa de um discurso ofensivo do diretor do ginásio. Mas como eles, para essas matérias, não pudessem dispensar os nossos padres, temo-nos encarregado, depois diversas vezes, desse magistério. Evidentemente não era a nossa finalidade ensinar exclusivamente essas línguas, mas sim ter alguma influência na orientação do ensino. Assim pusemos a condição de que tivéssemos a liberdade de dar catecismo aos estudantes. No professorado achava-se gente de todo jeito. Ao lado de uns bons católicos havia indiferentes, maçons, ateus e positivistas. 
 
Gymnasio de São Francisco, propriedade da Ordem Terceira / Crédito: Luiz Antônio Ferreira ("in memoriam")
 
Os sucessivos diretores do ginásio não eram exatamente os melhores entre os professores. Assim, compreende-se que para o ensino religioso não recebíamos muita cooperação. Tínhamos também outras formas de atividades no magistério. Em 1907, começamos uma escola para pobres, e já, em 1908, tínhamos duas escolas primárias para crianças pobres, uma em casa e outra num subúrbio, com um total de 100 alunos. Em 1912, esse número cresceu para 200. Aos melhores alunos ensinávamos também um pouco de francês e de outras matérias de ensino médio. Nesse ano o superior de São João propôs ao Padre Comissário começar um ginásio. Bastava desenvolver mais uma pouco a escola existente. A razão era evidentemente que no ginásio São Francisco, propriedade da Ordem Terceira, o ensino religioso era muito insuficiente. O Padre Comissário deu seu consentimento e, aos poucos, mudou-se a escola primária para pobres em ginásio, por enquanto, externato. A escola dos pobres foi transferida para outro ponto da cidade, o bairro das fábricas onde ainda correspondia mais à sua finalidade. 
 
Nosso ginásio em construção

 
Última classe do nosso ginásio com os professores Frei Brás Berten e Frei Lourenço van Veen

Em 1914, foi aberto o internato, porque só o externato não satisfazia. Pois muitos pais de outras cidades exigiam para seus filhos um internato, e na falta de um bom colégio católico, os estudantes eram internados em toda espécie de colégios pouco católicos ou suspeitos e até num colégio declaradamente protestante dos metodistas norte-americanos de Lavras. Com grandes gastos, pois, construíamos os pavilhões necessários para refeitório e dormitório, e isso ainda no tempo da Primeira Guerra Mundial, com a grande alta de preços de material. Mas tivemos assim uma certa satisfação de ver crescendo o número de alunos nossos e diminuindo o número de estudantes de Lavras e de outros colégios menos dignos. O mobiliário do Ginásio São Francisco são usados atualmente em nossas salas. De todos os cantos de Minas, até de Estados mais distantes, vinham estudantes para o nosso colégio. Alguns tinham de viajar 6 semanas. O colégio protestante, que tivera mais de 300 alunos, viu esse número minguar até abaixo de 100, e sem a escola agrícola, que lhe anexaram, certamente teria morrido. 
O número dos estudantes não é, evidentemente, constante, depende de fatores vários, mas é sempre significativo. O número maior foi de 410, dos quais 260 internos e 150 externos. Em 1923, tínhamos 310 alunos, dos quais 100 externos. 
 
Pavilhão com refeitório e dormitório do Ginásio Santo Antônio de São João del-Rei / Crédito pela foto: Luiz Antônio Ferreira ("in memoriam")
 
Nosso ginásio, denominado Ginásio Santo Antônio, pode, quanto às matérias ¹, bem ser comparado com o curso H.B.S. da Holanda, de duração de 5 anos. Ele prepara para os cursos superiores, quer dizer, para faculdades de Medicina, de Direito, Escola Politécnica, Colégio Militar, Escola de Farmácia e de Odontologia. Os professores são os nossos padres e alguns leigos de boa formação católica ². Todos os anos, temos a regalia de as bancas oficiais de examinadores virem aqui presidir os exames, o que é permitido exclusivamente aos colégios mais afamados. Em todas as escolas superiores, o nosso colégio tem uma boa fama. O nosso gabinete de Física e Química é, conforme foi publicamente reconhecido num relatório oficial, um dos melhores gabinetes particulares, em todo o Brasil. Em 1923, foram aprovados 91% dos nossos alunos que se apresentaram aos exames e o fiscal dos exames ficou entusiasmado com o nosso colégio. 
 
Fachada construída / Crédito pela foto: Luiz Antônio Ferreira ("in memoriam")

 
 
Existe também, em nosso colégio, o exame de tiro de guerra, dado por um tenente do exército; assim os estudantes conseguem, depois de passar pelo exame, a sua cadeira de reservista que os dispensa do serviço miliar, o que é muito apreciado pelos rapazes e mais ainda por seus pais. 
 
Frei Leopoldo van Winkel com um grupo de estudantes
Inalculável é a utilidade que desta maneira o nosso ginásio presta, a saber, ele afasta os meninos de más escolas, aumenta a consideração pelo clero, pois uma boa escola é a melhor resposta aos que picham os sacerdotes como ignorantes, e dá aos meninos um ponto de apoio. Existe entre os estudantes a "Guarda de Honra do Sagrado Coração de Jesus" e uma associação, "Pró Honra e Virtude". Falta ainda só uma coisa para tornar duradouros os frutos dessa educação católica, i.é, a nomeação de um padre que possa encarregar-se exclusivamente da direção espiritual dos estudantes e conservar com eles, depois de deixarem nossa escola, um certo contato por correspondência e pela fundação de uma associação de ex-alunos, como alguns outros colégios já têm feito com muito fruto. 
O nome de Frei Florentino Brölmann, o primeiro diretor do internato, que o dirigiu de 1914 a 1918 com grande talento e zelo, continuará sempre ligado inseparavelmente ao Ginásio Santo Antônio. 
Igualmente os demais padres, que como professores ou diretores estiveram ou ainda estão ligados ao ginásio, têm aplicado seus melhores esforços para conservar o alto nível do nosso ensino. 
É editado um jornalzinho estudantil com o qual têm colaborado professores e alunos. Primeiramente era intitulado "O Mosquito", atualmente chama-se "O Porvir". Frei Estêvão compôs um livro muito bom de exercícios de latim; Frei Zacarias começou, em 1922, a edição de uma "Sinopse Analítica da História Natural" que foi por professores de outros colégios comentado muito favoravelmente. Frei Zacarias é também um dos fundadores da Associação Brasileira da Entomologia. 
No dia 8 de julho de 1922, foi celebrado com muita pompa o jubileu de prata de sacerdócio do então diretor Padre Frei Leopoldo van Winkel. No panegírico feito para os estudantes de manhã, durante a missa solene, o Revmo. pároco, Monsenhor Gustavo Ernesto Coelho, apontou a seus jovens patrícios a sublimidade do sacerdócio que exigia, porém, tantos sacrifícios, deplorando que exatamente o medo de sacrifícios impedia os jovens brasileiros de eles mesmos exercerem em número suficiente esse sublime ministério entre os seus patrícios. E ele elogiava os homens que, além dos sacrifícios que deles se exigiam, sua sua vocação religiosa e seu sacerdócio, ainda faziam esse outro grande sacrifícios de deixar sua pátria e tudo que lhes era caro para aqui ocupar os lugares que, de modo natural, deviam estar preenchidos por brasileiros. Também o festejado, em sua alocução na solene e festiva reunião, feita em sua homenagem, ainda tocou no assunto. Não como se pudesse colher logo dessas palavras os frutos em vocações sacerdotais entre os estudantes, mas queria aproveitar a ocasião  aliás toda essa grandiosa festa se destinava a isso  para suscitar entre os estudantes maior estima e apreciação pelo sacerdócio e pelo sacerdote. 
 
Meninas fantasiadas de índias em São João del-Rei
 
Como particularidade, queremos ainda mencionar que o jornalzinho "O Porvir", saiu em número especial festivo com artigos em português, latim, francês, inglês e alemão de professores e alunos. 
 
AS IRMÃS DE CARIDADE 
 
As Irmãs de Caridade de São Vicente de Paulo dirigem em São João um grande hospital, um orfanato de meninas, uma Escola Normal e uma escola primária para meninas. Toda a assistência espiritual tem sido dada a elas desde o começo em grande parte por nossos padres, como sejam: a administração dos santos sacramentos aos doentes, o ensino religioso às escolares e normalistas, a direção da Pia União das Filhas de Maria, à qual pertencem não apenas as alunas da Escola Normal, mas também muitas moças da cidade, e ainda a confissão das irmãs. 
 
Colégio Nossa Senhora das Dores para normalistas / Crédito: Luiz Antônio Ferreira ("in memoriam")
 
 
TRABALHO FORA DA CIDADE 
 
À paróquia de São João pertencem algumas capelas, nas quais, desde o começo, os nossos padres em certos dias iam celebrar a santa missa, para assim dar aos fiéis a ocasião de cumprir suas obrigações religiosas. Essas capelas são a de São Gonçalo e a de Rio das Mortes, a duas léguas de distância, e ainda a colônia italiana José Teodoro, a légua e meia. Até hoje essas capelas têm sido visitadas mensalmente e tem-se dado catecismo também. Numerosas são ali todo o mês as santas comunhões. Na colônia José Teodoro, tem-se esforçado muito meritoriamente o Frei José de Haas, contruindo até uma capela, uma escola e um cemitério. Além desses lugares ainda existe, a légua e meia de distância, mais uma colônia chamada "Marçal", habitada igualmente por italianos e pertencente à vizinha paróquia de Tiradentes e onde os nossos padres, em uma capelinha ali existente, celebram mensalmente a santa missa. Temos também uma capela no lugarejo de Águas Santas, um pequeno balneário a algumas léguas de distância de São João. Essa capelinha fora construída por um senhor rico do Rio que ali fora procurar o restabelecimento de sua saúde. Após sua morte em 1921, a família nos doou a capela e a casa, com a obrigação de celebrarmos um certo número de missas pelo falecido. Mensalmente essa capela é por nós visitada. 
Menção especial merece a capela de Matosinhos, de cuja assistência espiritual os nossos padres desde o começo se têm encarregado. Essa capela, a três km de distância do centro da cidade, num subúrbio, é, por sua localização favorável, eminentemente condicionada a puxar muitos fiéis, também de fora, que do contrário, pela grande distância faltariam facilmente à missa. Em todos os domingos e festas de guarda, são celebradas lá duas missas; nos dois grupos, é dado regularmente catecismo; nas primeiras sextas-feiras, há sempre uma missa com comunhão geral do Apostolado; numa palavra, é uma paróquia em miniatura. Pelos bons cuidados de Frei Zacarias, a igreja foi, por dentro e por fora, totalmente reformada e provida de todos os paramentos necessários. 
A isso tudo, porém, não se limita o nosso trabalho fora da cidade. Em muitas das paróquias circunvizinhas temos prestado, muitas vezes, auxílio em ocasiões especiais a pedido dos vigários. Assim, por exemplo, em Entre Rios, a 12 léguas de distância, durante mais ou menos um ano, um frei deu assistência a um vigário idoso; em Lavras os nossos padres, durante meses, tomaram conta da paróquia. Durante muito tempo fomos encarregados das paróquias de Piedade, Madre de Deus e Onça, quando estavam sem vigário. E ainda em inúmeras outras paróquias, demais para enumerá-las; até à grande distância temos dado assistência aos vigários. 
 
NOSSA PRÓPRIA IGREJA 
 
 
Desde 1906, temos arrumado uma das salas da nossa casa para capela, acessível também aos fiéis e onde era guardado o Santíssimo. Mas ela era pequena demais, principalmente porque não dispúnhamos mais do templo de São Francisco. Por isso, resolvemos construir uma igreja própria encostadinha ao nosso convento. No dia 4 de outubro de 1911, foi lançada solenemente a primeira pedra dessa capela, dedicada à N. Sra. de Lourdes. A planta da capela foi projetada por um irmão da Província do Rio de Janeiro, Frei Feliciano. Já no dia 4 de outubro de 1912, foi celebrada uma santa missa solene no terreno da igreja, mesmo que as paredes só estivessem a quatro metros de altura. Em outubro de 1913, a igreja já estava na fase final de conclusão. Até a sacristia já podia ser usada para a celebração da santa missa. Nessa ocasião, foi bento solenemente o sepulcro que o Padre Comissário mandou abrir para os confrades falecidos no Brasil. Os ossos de Frei Crisógono, dos irmãos Frei Benevenuto e Frei Boaventura, que tinham sido sepultados no cemitério comum de Niterói, foram ali depositados.
 
Capela de Nossa Sra. de Lourdes

 
Finalmente no dia 6 de fevereiro de 1916, foi inaugurada a nova igreja, festejando-se nessa ocasião o jubileu dos 25 anos de vida franciscana do Padre Comissário Frei Júlio Berten, que tinha adiado essa solene celebração por alguns meses, para que pudesse ser realizada na nova igreja. O pároco, Monsenhor Gustavo, fez a pregação festiva durante a missa. 
Quatro anos e meio durou a construção, não porque a igreja fosse tão grande, isso não, pois as dimensões são bastante modestas; é uma igrejinha simples, porém, bem bonitinha, na qual, quando muito, cabem umas 500 pessoas. Mas o atraso da construção deveu-se a diversas dificuldades de terreno e material e de falta de dinheiro. 
 
JOÃO BATISTA E HERODÍADES 
 
Os nossos padres granjearam, por seu zeloso trabalho, o amor e respeito do povo. Isso patenteia-se, não só pelos pequenos porém significativos acontecimentos do dia-a-dia, mas também pelas amostras mais solenes e públicas que o povo nos tem dado em certas ocasiões. Assim, por exemplo, a festiva recepção que foi dada a Frei Cândido, em 1913, quando de sua volta da Holanda, como conta a Crônica da casa, a cidade em peso foi à estação para dar boas vindas ao padre querido. Assim também a pomposa recepção, com banda de música e discurso do Prefeito, quando o Padre Comissário em 1916, depois de sua viagem à Holanda, regressou a São João. Contudo continuamos sendo sempre estrangeiros, e assim não é nada difícil para certos maus elementos, que se encontram aqui como alhures, suscitar arruaças contra nós, de maneira que nestes momentos a nossa situação parece intolerável e que não nos resta outra coisa senão sacudir o pó das nossas sandálias, e procurar outra terra para ali, como diz a Regra Franciscana, fazer penitência com a bênção de Deus. 
Tal caso ocorreu em São João em 1909: Uma atriz escandalosa de nome Nina Sanzi, nascida em Minas, de pais italianos, fazia nessa época uma 'tournée' por Minas. Todo mundo sabe como é a critica de teatro nos tais jornais neutros. Nina Sanzi, mesmo não sendo uma estrela de primeira grandeza, e apesar da sua falta de moralidade, era exaltada como "melhor artista nacional". Quando ela chegou a São João, o teatro ficou superlotado. Um dos nossos padres viu-se obrigado a chamar a atenção dos fiéis na missa dominical contra essas apresentações inconvenientes. O Sermão pegou, o assunto foi comentado. Os entusiasmados fãs da artista alteraram as expressões do pregador. 
Todos esses tais jornais neutros, não só de São João, mas também de Minas e do Rio de Janeiro, escreveram que era uma vergonha. Foram impressos e espalhados folhetos volantes, nos quais se comentava que o padre vituperara como escandalosas, não a atriz, mas as senhoras e moças que foram ao teatro; convocava-se o povo para uma reunião de protesto no teatro. Após alguns discursos inflamados, "o povo", um bando de arruaceiros, foi para a rua, dirigindo-se ao convento para exigir o afastamento do "culpado" para fora da cidade. Nossos verdadeiros amigos ficaram atemorizados, mas nesse momento ninguém se arriscava a declarar-se a nosso favor. O Padre Comissário, vendo-se abandonado por todos, julgava mais prudente concordar e prometeu que o referido padre deixaria a cidade no dia seguinte. Nisso, "o povo" se afastou. No dia seguinte, o padre deixou mesmo a cidade e dirigiu-se a Tiradentes, a duas léguas de distância. 
Então o verdadeiro "povo" começou a se envergonhar de que eles se tinham apavorado por um bando de amotinadores. Na casa do pároco, reuniram-se os mais notáveis da cidade, um contra-protesto foi impresso e espalhado e o padre foi convidado para voltar. Então foi a vez de os gritadores se esconderem e o padre, durante muitos dias, recebeu visitas das melhores famílias. 
Um dos agitadores faleceu, pouco depois num desastre de trem. A artista sumiu para outros cantos, onde se apresentava para teatros vazios, de maneira que sua "troupe" se desmembrou. 
 
MOTINS DE GUERRA 
 
No dia 26 de outubro de 1917, o Brasil declarava guerra à Alemanha. Era uma boa ocasião para os nossos inimigos de São João nos fazerem passar por alemães ou germanófilos e atiçar o povo contra nós. Esses inimigos eram, em primeiro lugar, os maçons que viviam contrariados com as nossas associações católicas; também alguns amigos do extinto Ginásio São Francisco, o qual exatamente no começo daquele ano de 1917  por falta de forças  desfalecera; eles não suportavam que o nosso Ginásio Santo Antônio estivesse tão florescente. A pedido do nosso Padre Comissário, que previa motins, o Cônsul holandês do Rio de Janeiro, o Senhor H. Palm, insistiu perante o delegado de polícia de São Paulo que nos protegesse, ao que o delegado, no dia 22 de novembro, respondeu que ele tomaria debaixo de sua proteção as pessoas e os bens dos Frades Menores holandeses. Foram avisados também o Prefeito e o Comandante do quartel e prometeram-nos toda proteção. Soldados com fuzis carregados ficaram umas noites de prontidão diante de nossa casa. Diversos amigos, até umas senhoras, andavam armados nas proximidades da nossa casa. 
Ainda assim os amotinadores tentaram atacar-nos. Fizeram umas reuniões ao ar livre, gritando contra os alemães e os amigos dos alemães. Nas casas de alguns alemães, estabelecidos na cidade, houve quebra-quebra. Mas ao nosso colégio não ousavam chegar. Uma só vez chegaram gritando perto de nossa casa. Mas o comandante da patrulha, em redor da nossa casa, reuniu seus homens que avançavam de baioneta erguida na direção deles. Aí os turbulentos, medrosos correram. 
Os que mais deploravam que não se chegasse à briga eram os nossos estudantes, que ardiam de vontade de nos defender de arma em punho. Graças a Deus não foi preciso. 
Pouco tempo depois, o nosso Padre Comissário ofereceu ao Ministro da Guerra nossos padres como capelães militares, caso o exército brasileiro chegasse a tomar parte ativa na guerra. Felizmente, porém não chegou a isso. O Brasil limitou-se a patrulhar seus mares e ao auxílio econômico aos aliados. 
 
AÇÃO SOCIAL 
 
A gente na Holanda vive nestes tempos modernos e por isso esquece também logo. Mas mesmo assim acho que nas redondezas de Megen ainda se encontram pessoas que se lembram de Frei Cândido Vroomans e dos artigos que publicava mais de 20 anos atrás no jornal "Maas en Waalsche Courant" sobre os interesses dos lavradores. 
 
Frei Cândido Vroomans, vigário interino da Matriz de N. Sra. do Pilar em 1924-1925.

 
Frei Cândido residiu no Brasil mais de 20 anos e quase todo esse tempo em São João; além de ser um zeloso auxiliar do pároco, é também o que foi em Megen, um incansável assistente social. Por isso seja dedicado um artigo especial a Frei Cândido e a seu trabalho para mostrar do que é capaz o zelo e força de vontade de uma pessoa, mesmo num ambiente ingrato. Sim, não é fácil por aqui no Brasil a tal de assistência social. O brasileiro não sente nada para agremiações de caráter social. Uma das razões disso é uma muito feliz: é que naquele tempo não existia por aqui a questão social em sua forma aguda. O clima quente, a fertilidade da terra, a pouca densidade populacional e sua índole hospitaleira são as causas de que os homens têm poucas necessidades, às quais podem satisfazer com certa facilidade. 
A outra razão baseia-se no caráter do povo. As personalidades fortes entre os brasileiros preferem fazer fortuna do modo norte-americano e nisso não são muito delicados na escolha dos meios. E o resto do povo aguarda tudo do governo: "a união faz a força" é um ditado muito falado, mas pouco praticado. 
Contudo o trabalho social é necessário. Muito tem de ser feito para a elevação de nível intelectual, moral, religioso e técnico do operariado. Muitos deles não conhecem seus direitos e tampouco seus deveres. Além disso, a alta indústria está crescendo e muitos estrangeiros trazem suas ideias socialistas e anarquistas. Daí tem-se dedicado Frei Cândido desde o começo de sua estada em São João ao trabalho social. 
Seu primeiro trabalho foi um patronato, "Juventude", de que já falamos. Mais ou menos no mesmo tempo, ele fundou uma associação de soldados, com a finalidade de melhorar um pouco a triste situação moral entre os militares. Naquele tempo, o exército era só de voluntários, de maneira que, quanto à moral, não tinham nada de sobra. Desde que se introduziu o sorteio, subiu o nível da moralidade. 
Em 1907, foi fundada a Liga Católica Operária, constituída principalmente por ferroviários da Ferrovia Oeste. A essa liga foi anexada, em 1908, uma biblioteca. Desde 1909, tem-se pregado anualmente um tríduo para os operários, ao qual têm sido convidados os demais homens católicos, em preparação à comunhão geral na festa de São José, padroeiro da Liga. Dessa comunhão participavam sempre muitos homens; assim, por exemplo em 1915, mais de 150. Faça-se uma comparação com a situação quando chegamos aqui, quando nem uma dúzia de homens fazia sua páscoa. Dessa Liga Operária originou-se, no fim de 1918, o "Clube Dramático" que se destinava a melhorar a moralidade do teatro. Em fevereiro de 1909, aprontou-se em nosso convento uma sala para as reuniões das diversas associações católicas. Assistiram a essa solenidade o Arcebispo de Mariana e o nosso Padre Comissário que nessa oportunidade proferiu uma conferência sobre São Francisco e o trabalho. 
Em 1910, foi fundada uma cooperativa de consumo que, no entanto, sobreviveu por pouco tempo. Em 1912, a Liga Operária criou uma caixa beneficente; no ano seguinte, uma caixa econômica. Mais tarde, a Liga Operária fundou quatro sindicatos profissionais. 
Frei Cândido, o assistente espiritual, zelava sempre mais pelo florescimento de sua Liga e fez diversas conferências nas reuniões para a instrução dos seus associados. Mas florescimento mesmo nunca conheceu, pelas razões indicadas. Em 1920, ela tinha 75 associados, distribuídos pelos quatro sindicatos profissionais. 
Nos anos de 1908 a 1912, vieram à tona no Brasil sinais alarmantes de Anticlericalismo. Isso acordou os católicos e na capital do país criou-se a União Popular Católica, idêntica ao "Volksverein" da Alemanha e à K.S.A. (Ação Social Católica, da Holanda), pois ela seria o centro da Ação Católica em todos os setores. A alma do movimento era Frei Inocêncio, franciscano da Província alemã, e o nosso Pai São Francisco foi escolhido como padroeiro. Os bispos de Minas desejavam que aqui também fosse fundada a U.P.C. Frei Cândido logo obedeceu a essa orientação e, no dia 20 de dezembro de 1908, após um discurso de Frei Cândido, foi instalada solenemente a U.P.C. e logo lhe aderiram todas as associações católicas de São João, menos algumas Irmandades e Ordens Terceiras. No último dia, daquele ano, Frei Cândido foi honrado com a carta pessoal do Arcebispo de Mariana, na qual Sua Excelência lhe agradecia pelos grandes benefícios prestados à boa causa da arquidiocese. 
A U.P.C. de São João foi filiada ao Centro da U.P.C. de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais; em 1910, Frei Cândido foi nomeado pelo arcebispo assistente eclesiástico daquele Centro, função que exerceu durante seis anos com grande zelo e muita dedicação. Pela grande distância de São João e Belo Horizonte, porém, era um cargo penoso e, como em Belo Horizonte houvesse diversos sacerdotes que pudessem e quisessem aceitar essa função, Frei Cândido pediu sua demissão, continuando, porém, como simples assistente da repartição local de São João. Como assistente do Centro foi substituído por um dos Redentoristas holandeses de Belo Horizonte. A U.P.C. de São João tem feito muita coisa boa. 
Em 1909, foi apresentada na Câmara dos Deputados  já não era pela primeira vez  um projeto de lei para introduzir o divórcio. Como os chefes católicos considerassem desta vez excessivamente grande o perigo da decretação da lei, foi organizado um movimento de protesto geral pela imprensa católica e pela U.P.C. Igualmente em São João, foi organizada uma reunião, na qual Frei Cândido e outros católicos de peso usaram da palavra. Ainda durante a reunião foi assinado o protesto por 110 pessoas, cujas assinaturas foram reconhecidas pelo tabelião; mais tarde foram conseguidas mais 1.084 assinaturas. Assim se fez em São João, e assim foi feito em toda parte, principalmente em Minas Gerais, com o resultado de que muitos deputados, antes inclinados a dar seu voto a favor, agora o deram contra; e o projeto caiu. 
Quando, no mesmo ano, ocorreu o incidente "Nina Sanzi", a U.P.C. organizou na cidade e em diversos lugares da redondeza, onde havia suas repartições, reuniões de protesto contra os insultos feitos ao padre. Os manifestos de protesto recebiam em toda parte muitas assinaturas. 
Em 1910, Frei Cândido tomou parte no 1º Congresso Católico de Minas, que se realizou em Juiz de Fora, na grande Academia de Comércio dos padres do Verbo Divino. 
No mesmo ano foi organizada, em São João, uma Assembleia Geral da U.P.C. da cidade e dos diversos lugarejos da vizinhança. A essa assembleia estava anexa uma exposição de material agrícola e Frei Cândido e outros dirigentes do movimento católico proferiram conferências. Nessa assembleia, foi lançada a base para a fundação da Caixa Raiffeisen, que no ano seguinte se tornou realidade com um discurso do Dr. Lúcio dos Santos, um dos melhores oradores católicos da época. 
Em 1911, a U.P.C. teve de novo boa ocasião de mostrar a sua força. Dois padres jesuítas, expulsos de Portugal pela revolução de 1910, embarcaram para o Brasil. Aqui era Presidente o Dr. Nilo Peçanha, um dos grãos-mestres da maçonaria. Contra todo o direito e contra o texto claro da Constituição ele proibiu o desembarque dos padres. Mas levantou-se no Brasil uma tempestade de protestos. O episcopado católico, a imprensa católica, os católicos da Câmara dos Deputados e do Senado, as mulheres católicas do Rio de Janeiro, todo mundo protestou. A U.P.C. organizou novamente o movimento pelo país inteiro e mandou para todo canto manifestos impressos de protesto que todo mundo assinava. O Presidente Nilo "sumiu", não tinha esperado tanta resistência. Na calada da noite mandou buscar os padres no navio. O caso foi quase motivo de complicações internacionais, pois não só o Governador do Rio Grande do Sul, embora ele próprio fosse um positivista, afrontou o Presidente com seu telegrama aos jornais do Rio de Janeiro  "Que os padres venham para cá; aqui no Rio Grande gozarão da plena liberdade" , mas até o Presidente dos Estados Unidos da América do Norte deu ao seu colega do Brasil uma boa lição, mandando publicar que a América do Norte sentir-se-ia honrada em receber os dois jesuítas. 
 
Festa da Primeira Comunhão em São João del-Rei
 
Em agosto daquele ano, realizou-se em Belo Horizonte o 2º Congresso Católico de Minas. Frei Cândido ali fez um discurso. 
Em 1912, a U.P.C. comprou um prédio com grande quintal no bairro industrial da cidade e criou ali o Albergue de Santo Antônio. A finalidade dessa fundação era combater a mendicância pública. Desempregados pobres achavam ali abrigo e alguma ocupação útil. Os mendigos que podiam trabalhar, mas não queriam, eram levados para lá pela polícia, sob ameaça de cadeia, se voltassem a pedir esmolas. Gente pobre de fora achava ali abrigo gratuito para uma noite. Algum tempo depois foi reservada uma sala para o ensino do catecismo para as crianças dos operários do bairro das fábricas. Dessas crianças, 70 fizeram sua primeira comunhão em 1914 e 85 em 1915. Nesse mesmo ano de 1915, foram matriculadas no catecismo 338 crianças. 
Em 1919, foi comprado próximo ao albergue mais um grande prédio e aparelhado para Escola Profissional. A média de matrículas nessa escola é de 20 alunos. Existe mais uma escola de mais ou menos 100 crianças e uma escola noturna para adultos com mais de 150 alunos. Há também uma igrejinha, na qual os operários têm todos os domingos sua missa com pregação. Desde a fundação até o dia de hoje há constantemente 16 a 24 pobres no albergue e tem dado um auxilio financeiro semanal a uns 150 a 250 pobres. 
No dia 7 de março de 1915, saiu o 1º número de um semanário católico "Ação Social", editado pela U.P.C. O pároco da cidade, com sua autoridade e com seu nome de redator-chefe, garante o conteúdo do jornal e a redação é feita pelo pároco e por nossos padres. A tipografia está montada em uma das salas do convento. A "Ação Católica" faz muita propaganda para a leitura católica e tem uma livraria anexa. 
Em agosto de 1915, a U.P.C. criou uma bela obra, a saber, a Adoração Noturna do Santíssimo Sacramento, exclusivamente para homens. Uma vez por mês o Santíssimo fica exposto na matriz das 6 horas da tarde às 6 da manhã e os irmãos dessa devoção vêm fazer sua adoração, cada qual na sua hora. Em fevereiro de 1916, foi fundada a Adoração Diurna, para mulheres. Como existem ambas as devoções em muitos lugares, efetua-se assim uma adoração perpétua do Santíssimo Sacramento. 
Na noite de 16 e 17 de janeiro de 1917, a cidade foi abalada por uma enchente que destruiu muitas casas e deu um prejuízo de 1.000 contos de réis (600.000 florins). A U.P.C. fez todo o possível para ajudar os desabrigados e pôs à disposição das vítimas seu albergue, mantimentos, camas e roupas. 
Em 1918, realizou-se em Belo Horizonte, o 4º Congresso Católico de Minas. Frei Cândido pronunciou ali uma conferência sobre a organização dos católicos; o que agradou muito. 
No dia 1º de novembro de 1918, alastrou-se em São João uma epidemia geral: a gripe espanhola. De acordo com o pároco, o Prefeito e outros senhores, Frei Cândido organizou toda a assistência aos doentes. Os vicentinos, as Damas de Caridade (vicentinas) e as Irmãs do Sagrado Coração, como os sócios de outras organizações católicas coligadas à U.P.C., foram mobilizados; foram recolhidas esmolas em dinheiro e em natura; os doentes foram visitados para que não lhes faltasse nada nem quanto ao corpo nem quanto à alma. 
Para realçar a importância da U.P.C., sirva de exemplo o seguinte: num só ano, em 1920, suas receitas importavam em mais de 22 contos de réis e as despesas em mais de 21 contos, excluindo as receitas e despesas da tipografia e do jornal e os auxílios em mantimentos, roupas, remédios, etc., que a U.P.C. distribuiu. Em 1922, as despesas foram aproximadamente de 26 contos. ³
 

 

 
II. NOTAS EXPLICATIVAS

¹  Não é dada aula de grego, e de latim, muito pouco. Das línguas modernas, além do português, o francês é obrigatório. Pode-se escolher entre o inglês e o alemão. Na prática estuda-se somente o inglês. As outras matérias são as mesmas do curso H.B.S. de 5 anos da Holanda. 
 
²  Até agora não foi obrigatório concluir inteiramente o programa do ginásio para todos os que desejavam fazer cursos superiores, mas, por exemplo, quem desejava estudar Farmacologia, podia concluir o ginásio com bem menos preparo. No momento, o Governo planeja um projeto de reforma dos estudos ginasiais e universitários: o que a gente espera é um curso ginasial obrigatório para todos como preparação para todos os estudos superiores. O latim seria assim mais valorizado. 
 
³ N. do Trad.: Desde a saída de Frei Cândido, em 1925, os franciscanos se concentraram mais no seu célebre Colégio Santo Antônio, o qual, em 1968, passou para o Estado de Minas Gerais e desde 1969 é uma Faculdade Municipal. Em 1967 os freis pediram e ganharam uma paróquia urbana, a paróquia de São Francisco de Assis. A comunidade atual (1985) é de 6 franciscanos, com atividades na pastoral e no ensino. Em 1985, criou-se uma nova comunidade, uma casa de formação para os Postulantes da Província de Santa Cruz.

III. AGRADECIMENTO

 
O gerente do Blog de São João del-Rei agradece à sua amada esposa Rute Pardini Braga a formatação e edição das fotos utilizadas neste texto.

 
IV. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
 
AZZI, Riolando: História dos franciscanos da Província Santa Cruz: da chegada dos primeiros missionários holandeses em 1899 até 1948
 
 _____________: História dos franciscanos da Província Santa Cruz: da criação da Província em 1949 até o seu centenário em 1999
 
BAIONETA, Lúcio Flávio: Tempos felizes no GINÁSIO SANTO ANTÔNIO de São João del-Rei, post publicado no Blog de São João del-Rei em 16/05/2015
Link: https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2015/05/tempos-felizes-no-ginasio-santo-antonio.html  👈
 
BRAGA, Francisco José dos Santos Braga: 105 Anos da Presença Franciscana em São João del-Rei e o centenário Ginásio Santo Antônio > > > Parte 1, post publicado no Blog do Braga em 18/12/2009
Link: https://bragamusician.blogspot.com/2009/12/105-anos-da-presenca-franciscana-em-sao.html  👈

______________________________: Idem > > > Parte 2, post publicado no Blog do Braga em 18/12/2009
Link: https://bragamusician.blogspot.com/2009/12/105-anos-da-presenca-franciscana-em-sao_18.html 👈

______________________________: Idem > > > Parte 3, post publicado no Blog do Braga em 18/12/2009
Link: https://bragamusician.blogspot.com/2009/12/105-anos-da-presenca-franciscana-em-sao_2258.html  👈

______________________________: Idem > > > Parte 4, post publicado em 18/12/2009
Link: https://bragamusician.blogspot.com/2009/12/105-anos-da-presenca-franciscana-em-sao_9760.html  👈

______________________________: Associação dos Ex-alunos do Ginásio Santo Antônio de São João del-Rei, post publicado no Blog do Braga em 06/01/2010 
Link: https://bragamusician.blogspot.com/2010/01/associacao-dos-ex-alunos-do-ginasio.html  👈
 
______________________________: 1ª edição do jornal "MOSQUITO", órgão oficial do Clube Literário "Pe. João Gualberto" do Ginásio Santo Antônio de São João del-Rei, post publicado pelo Blog de São João del-Rei em 12/07/2015
 
______________________________: Frei Orlando em "O PORVIR", jornal dos alunos do Ginásio Santo Antônio, post publicado pelo Blog de São João del-Rei em 13/02/2017
 
FILIPPO, Francisco de: O Curso Clássico do Colégio Santo Antônio de São João del-Rei em 1944-1946, post publicado no Blog de São João del-Rei em 18/03/2014
Link: https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2014/03/o-curso-classico-do-colegio-santo.html  👈
 
SATLER, Fabiano Aguilar: Fr. Sabino Staphorst, OFM (Franciscus Jacobus Staphorst). Rede Internacional de Estudos Franciscanos no Brasil. Disponível em: https://riefbr.net.br/pt-br/content/fr-sabino-staphorst-ofm-franciscus-jacobus-staphorst. Fonte: Revista dos Franciscanos da Província Santa Cruz, 1957, pp. 107-111. Acessado em: 19/12/2023. 
 
STAPHORST, Frei Sabino: Vinte e Cinco Anos no Brasil (1899-1924): comemoração do jubileu de prata da presença dos franciscanos holandeses no Brasil, traduzido do holandês para o português por Frei Helano van Koppen, o.f.m. e editado com o "Imprimatur por Frei Patrício Moura Fonseca-Ministro Provincial", datado de 08/12/1985, 203 p.

8 comentários:

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...

Prezad@,
O livro de FREI SABINO STAPHORST, o.f.m. conta a epopeia dos Frades franciscanos holandeses que desembarcaram em Terra Brasileira, em Manaus no dia 18/12/1899 com o objetivo de aqui fundarem uma Província. Segundo o preâmbulo do livro, "desde então, em número sempre crescente, têm eles sofrido e trabalhado o melhor possível pelo Reino de Deus no Brasil: sofrido principalmente no começo, porque as obras de Deus têm de ser construídas com sangue e lágrimas que são a argamassa mais consistente; e trabalhado muito, até hoje."
Como se aproximava a comemoração do jubileu de prata do seu Comissariado, o então Pe. Comissário, o Mui Reverendo Pe. Frei Paulo Stein, "pediu a Frei Sabino para escrever o livro comemorativo, não para os freis se orgulharem - só a Deus toda a honra e toda a glória -, mas para agradecerem ao Doador de todos os bens a Sua bênção sobre o seu trabalho." Além disso, pretendia que o livro "fosse uma contribuição para a História e uma prova de gratidão aos seus benfeitores, que deste modo poderiam verificar que suas orações e esmolas não ficaram infrutíferas, esperando ainda que a narração do que esses Frades no Brasil têm feito e sofrido pudesse animar outros jovens franciscanos a virem ajudá-los, pois no Brasil ainda vale a palavra do Divino Redentor: "A messe é grande, mas poucos os operários". (Mt, 7,39)"
Bem, selecionei o capítulo VI do livro que se refere à presença franciscana holandesa em São João del-Rei para dar ao leitor uma ideia real do que foi essa epopeia. Outros 16 capítulos do livro tratam de outras localidades servidas pela presença franciscana holandesa. Certamente que hoje são muito mais as cidades atendidas por esses servos fiéis do Senhor.
Minhas observações sobre o texto do capítulo VI do livro ficam para uma próxima oportunidade, devido à extensão da matéria, grande demais para um blog.

Link: https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2023/12/os-franciscanos-em-sao-joao-del-rei-de.html 👈

Cordial abraço,
Francisco Braga
Gerente do Blog de São João del-Rei

Luiz Solano (jornalista paraense, conhecido por "repórter do Planalto", membro da Academia de Letras e Artes do Planalto e do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal) disse...

Obrigado pela postagem e um Feliz Natal. Abraços do Jornalista Luiz Solano.

Mario Pellegrini Cupello, Arquiteto, Diplomado em Direito, Escritor, Presidente do Instituto Cultural Visconde do Rio Preto, Membro Correspondente do IHG de Minas Gerais, entre outras importantes instituições culturais de Minas. Membro Efetivo da Academia Valencia de Letras, onde participou da diretoria por mais de 12 anos sucessivos. Disse: disse...

Caro amigo Braga
Agradecemos pelo envio do excelente artigo “Os Franciscanos Holandeses em São João Del-Rei”, de autoria do Frei Sabino Staphorst, um excelente e refinado trabalho memorialista que guardaremos em nossos melhores arquivos.
Ao ensejo, desejamos a você e à toda a sua Família, um Santo e Feliz Natal e um Ano Novo repleto de Saúde, Paz, Alegrias e grandes realizações pessoais, literárias e profissionais.
Agraços meus e de Beth.
Mario.

Geraldo Reis (poeta, membro da Academia Marianense de Letras e gerente do Blog O Ser Sensível) disse...

Obrigado, Braga. Estamos empenhados em conhecer e divulgar. Pode crer.
Nosso melhor abraço poético.

Prof. Cupertino Santos (professor aposentado da rede paulistana de ensino fundamental) disse...

Caro professor Braga

Desinformado como sou, é admirável a dimensão do trabalho realizado por esses franciscanos nessa cidade. É de ressaltar também a qualidade dessa obra e seu caráter aberto e universalista do ponto de vista educacional !
Excelente o registro extraído.
Congratulações,
Cupertino

Lúcio Flávio Baioneta (autor do livro "De banqueiro a carvoeiro", conferencista e proprietário da Análise Comercial Ltda em Belo Horizonte) disse...

Meu prezado amigo, FJSBraga, foi com uma imensa curiosidade que li o seu excelente artigo sobre a presença da Ordem dos Franciscanos Menores, no Brasil. Como já lhe escrevi anteriormente, devo aos freis ou frades desta O.F.M. toda a minha formação intelectual e de caráter. Que artigo bem escrito você elaborou, um vastíssimo acervo para quem, como eu, ama São João Del Rey!
Parabéns também a sua esposa Rute pela ilustração e pela diagramação do artigo no Blog de São João Del Rey.
Aproveito para lhes desejar um Feliz Natal e Boas Festas. Abs e muito obrigado.
Lúcio Flávio Baioneta

João Alvécio Sossai (escritor, autor de "Um homem chamado Ângelo e outras histórias, ex-salesiano da Faculdade Dom Bosco e ex-professor da UFES (1986-1996)) disse...

Texto muito interessante. Veio-me a vontade de visitar os prédios daquela época ainda existentes. Seria interessante também que alguém escrevesse a história dos salesianos em SJDR. Certamente, já deve existir alguma versão.

Dr. Rogério Medeiros Garcia de Lima (professor universitário, desembargador, ex-presidente do TRE/MG, escritor e membro do IHG e da Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

Maravilha!
Arquivei.
Abs