sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Colaborador: PER CHRISTIAN BRAATHEN

“Meu nome é Per Christian Braathen, e nasci na Noruega, no dia 11 de março de 1941. 
Minha família se mudou para o Brasil em 1953, quando eu tinha 12 anos de idade. 
Meu pai Sverre Olavus Braathen, minha mãe Else Braathen (née Else Wagaaness), eu e meus dois irmãos Jan Sverre (irmão do meio) e Ola, o caçula. 
Fomos morar em Niterói, na época capital do Estado do Rio de Janeiro, pois a cidade do Rio de Janeiro era ainda a capital da nação. 
Embora seja apenas um detalhe burocrático, me naturalizei brasileiro apenas em 1982. Apenas um detalhe, pois já me considerava brasileiro, fazia muito tempo. 
Muitos de meus amigos me dizem que sou mais brasileiro que muitos brasileiros natos. Tem certo sentido. Cada vez que ouço (e canto) o hino nacional me vêm lágrimas aos olhos, e os pelos se arrepiam nos meus braços. 
Amo o meu país: Brasil. 
Minha esposa Hermínia (Honey) briga comigo quando num jogo de futebol da Noruega contra o Brasil (raro, mas já aconteceu), eu torço pelo Brasil. Ela acha que, pelo fato de ter nascido na Noruega, eu tinha que torcer por meu país de origem. 
Não, digo eu, sou brasileiro. Torço pelo Brasil. 
Vou mais longe: Qualquer clube de futebol brasileiro jogando contra qualquer time estrangeiro, eu torço pelo clube brasileiro. Seja Flamengo, Corinthians, Cruzeiro, Atlético Mineiro. Qualquer um. 
Tenho muito amigos, cruzeirenses, por exemplo, que jamais torceriam pelo Atlético Mineiro, contra, por exemplo, o Barcelona, num campeonato mundial de clubes. 
Eu sempre falo: Aquele time que está lá em Tóquio representa o Brasil. Qualquer um. 
Tenho até colegas, e amigos, que torcem até contra a seleção brasileira. Para mim isto é inacreditável. É inaceitável. 
Mas, dito isto, eu aqui manifesto o meu protesto:
 
QUERO MEU PAÍS DE VOLTA!!! 
 
Infelizmente, hoje em dia, o nosso país está na mão de bandidos. Dos pequenos aos grandes. 
Balas perdidas morte de inocentes. 
Caixas eletrônicas explodidas com dinamite. 
Bandidos armados com armas de guerra. 
Cargas roubadas com violência e sequestros de motoristas. 
Carros fortes assaltados com armas pesadas de guerra e destruídos com dinamite. 
Pessoas assassinadas, como se a vida não valesse nada. Balas perdidas mortes de inocentes, frequentemente crianças. (...) 
 
Quando escrevo que eu quero meu país de volta, quero dizer com isto que já foi melhor do que hoje? Em termos de criminalidade, sim. Hoje o país é muito mais violento do que, digamos, nas décadas de 50, 60 e 70 do século passado. 
No início dos anos 60 eu morava, por um curto período de tempo, no escritório dos empresários portugueses Eduardo e Adriano, na Lapa, que tinham uma empresa de lavanderia para navios. Também dormia lá um funcionário deles, (esqueço o nome), que era o que tinha a chave. Para entrar, eu tocava a campainha e ele me deixava entrar. 
Mas, às vezes, ele ia para a farra e eu ficava na rua. Eu ia então dormir num banco de praça na Cinelândia. Nunca fui incomodado. 
Tinha bandidos no Rio de Janeiro naquela época? Sem dúvida, mas numa proporção muito menor. Traficantes com armas de guerra e mortes de inocentes por balas perdidas, guerra entre gangues e guerra entre traficantes e polícia, nunca se ouvira falar. 
Um dos motivos, obviamente, era que tinha muito menos comércio e uso de drogas pesadas, como cocaína e crack, que aumentou enormemente nas últimas décadas. 
A violência no Rio de Janeiro, e no país como um todo, cresceu exponencialmente, e hoje está intolerável e, claramente, o poder público não está fazendo uma de suas obrigações constitucionais, que é o de garantir segurança para a sua população. Além de saúde e educação de qualidade. (...)”
 
Quanto ao outro título possível para seu livro, "Como vencer na vida fazendo força", comentou: 
“Ao pensar sobre até onde consegui chegar, em condições muito adversas, às vezes tenho vontade de beliscar o meu braço, para ter certeza de que estou acordado. 
Para dar ao leitor uma ideia preliminar: 
Quando eu casei, aos 22 anos, com minha esposa Hermínia (Honey), minha fiel parceira e escudeira, com quem estou casado faz 55 anos (em 2017), e que sempre me apoiou em tudo, eu tinha uma escolaridade formal equivalente ao que seria, no sistema atual, a 6ª série do ensino fundamental. 
Isto porque, aos 15-16 anos de idade (já muito atrasado nos estudos devido à transferência da Noruega para o Brasil) tive que abandonar a escola e começar a trabalhar. 
Casado, perguntei a mim mesmo que futuro eu teria para oferecer a mim mesmo, minha esposa e filhos (que viriam rapidamente, num total de cinco), a resposta me fez engrenar numa sequência muito intensa de estudos, iniciando com exame supletivo do ensino médio, que completei em 1965, com 24 anos de idade. Logo a seguir, no final do mesmo ano, fiz vestibular para o curso de bacharelado e licenciatura em Química na Universidade do Estado da Guanabara (UEG), hoje Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), entre os anos de 1966 e 1969. Quatro anos depois, mestrado (1973-1976) na Pontifícia Católica do Rio de Janeiro (PUC/TJ), e seis anos depois doutorado (1983-1987), na Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, história esta que será contada nos próximos capítulos. (...) 
 
Desde 1978 moramos em Viçosa (exceto entre 1983 e meados de 1987, quando moramos nos Estados Unidos, onde fiz meu doutorado). 
Por 25 anos fui professor do Departamento de Química da Universidade Federal de Viçosa-UFV, até me aposentar em 2003. 
Mas não parei de trabalhar. Atualmente sou Diretor Acadêmico da União de Ensino Superior de Viçosa UNIVIÇOSA, a maior faculdade particular da região, hoje com aproximadamente 5.000 alunos.
Costumo falar que tenho muito orgulho de ter trabalhado na Universidade Federal de Viçosa, do mesmo modo que tenho muito orgulho de trabalhar na UNIVIÇOSA. Ambas são instituições de excelência. 
Apesar da situação difícil em que se encontra nosso país (espero momentaneamente), afetando principalmente meus filhos, levamos uma vida muito boa aqui em Viçosa, cidade que costumo falar brincando (mas nem tanto) ser o lugar mais próximo do paraíso que existe.”
(Capítulo 1: Um Brasileiro nascido na Noruega

Fonte: BRAATHEN, Per Christian: As Aventuras de um Brasileiro nascido na Noruega, 2017, edição do autor, pp. 11-18

 

Um comentário:

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...

Prezad@,
Tive o prazer de conhecer o Dr. PER CHRISTIAN BRAATHEN, norueguês que teima em ser brasileiro, com muito orgulho, tal o seu grande amor de filho adotivo ao nosso Brasil.
Conheci-o quando me apresentei perante a Assembleia Magna da ABROL-Academia Brasileira Rotária de Letras-MG Leste, em Barbacena, em 20/11/2021.
Após o evento, fui presenteado com dois exemplares de seu livro (um para minha esposa, Rute Pardini) e logo lhe manifestei meu interesse de ler seu livro, dada minha curiosidade de conhecer a experiência de ser imigrante no Brasil.
Além disso, percebi que o autor não precisava de minha apresentação como colaborador do Blog de São João del-Rei, uma vez que seu livro já é uma verdadeira autobiografia. Por isso, seus dados biográficos foram extraídos do Capítulo 1 de seu livro em epígrafe.
Da minha parte, dou ao Dr. Braathen as boas vindas por trazer ao Blog de São João del-Rei seu entusiasmo e amor à nossa Pátria.

Texto: Excertos do Capítulo 2 de "As Aventuras de um Brasileiro nascido na Noruega"
https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2021/11/as-aventuras-de-um-brasileiro-nascido.html

Autobiografia: Capítulo 1 do livro supracitado
https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2021/11/colaborador-per-christian-braathen.html

Cordial abraço,
Francisco Braga
Gerente do Blog de São João del-Rei