quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Colaborador: ÁLVARO LINS

Crédito: Wikipedia
ÁLVARO de Barros LINS
foi um advogado, jornalista, professor e crítico literário brasileiro, membro da Academia Brasileira de Letras. 
Nasceu em 14 de dezembro de 1912 em Caruaru-PE. 
Fez o curso primário em sua cidade natal, mudando-se para cursar o secundário no Colégio Salesiano e no Ginásio Padre Félix, ambos no Recife. 
Interessado por política desde cedo, fez campanha pela Aliança Liberal e conheceu João Neves da Fontoura, um dos mais eloquentes oradores da caravana da aliança pelo Nordeste. 
Entusiasmou-se com a revolução de 1930 que instalou um governo provisório chefiado por Getúlio Vargas, porém, já no ano seguinte acompanhou o início da conspiração paulista contra a perpetuação de uma ameaça de governo discricionário. Ainda em 1931, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade do Recife e no ano seguinte assinou manifesto de solidariedade em apoio ao movimento em prol da constitucionalização do país iniciado por João Neves da Fontoura, que teve suas últimas consequências na eclosão da revolução em São Paulo em julho do mesmo ano. 
Também em 1932, a convite do padre Félix Barreto, professor de letras, passou a lecionar História da Civilização no Ginásio do Recife. 
Em novembro do mesmo ano, foi um dos signatários do Manifesto integralista de Recife. 
Nessa época, como representante do Diretório de Estudantes, escreveu sua primeira obra, intitulada A universidade como escola de homens públicos, lida na cerimônia de abertura do ano letivo de 1933. 
Bacharelou-se em 1935. No período de 1932 a 1940, foi também professor de geografia geral e de história da civilização em várias escolas da cidade. 
Em outubro de 1934, convidado pelo então interventor e, mais tarde, governador de Pernambuco, Carlos de Lima Cavalcanti, assumiu o cargo de Secretário do Governo Estadual. 
Fez parte, em 1936, da chapa do Partido Social Democrático (PSD) de Pernambuco, para concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados. Contudo, o golpe que instaurou o Estado Novo interrompeu as eleições e Álvaro Lins deixou a Secretaria do Estado em novembro de 1937 e esqueceu seus planos políticos. 
Firmou-se, a partir daí, no jornalismo, exercendo-o no Diário da Manhã de Pernambuco, no período de 1937 a 1940, onde foi redator e diretor. Transferindo-se para o Rio de Janeiro, iniciou a fazer crítica literária, gênero que lhe deu fama nacional. Ali, foi jornalista do Diário de Notícias, Diários Associados, entre 1939 e 1940, e redator-chefe do Correio da Manhã, de 1940 a 1956. 
Em 1952 partiu para Portugal para lecionar a disciplina Estudos Brasileiros na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Lisboa. Também se encontra colaboração da sua autoria na revista luso-brasileira Atlântico
Regressando ao Brasil em agosto de 1954, por causa da crise desencadeada pelo suicídio de Getúlio Vargas, reassumiu o jornalismo e a cátedra de Literatura Brasileira no Colégio Pedro II. 
Em 5 de abril de 1955, aos 42 anos, foi eleito por unanimidade para se tornar o quarto ocupante da cadeira 17 da Academia Brasileira de Letras, vaga após a morte de Edgar Roquette-Pinto, sendo recebido pelo acadêmico João Neves da Fontoura em 7 de julho de 1956. 
 
Juscelino Kubtschek cumprimenta Álvaro Lins na sua posse na ABL
 
Como jornalista, participou ativamente da luta para garantir a posse de Juscelino Kubitschek na presidência da República, em 1956. Nessa época, trabalhando ainda no Correio da Manhã, deixou de lado a crítica literária para assumir a direção política do jornal. Convidado por Juscelino, chefiou a Casa Civil do presidente entre janeiro e novembro de 1956, saindo do cargo para se tornar embaixador do Brasil em Portugal. Ainda nesse ano, recebeu a maior condecoração brasileira: a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito. Em 1957, recebeu a maior condecoração portuguesa, a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, e conduzido a se tornar membro da Academia das Ciências de Lisboa. 
Em decorrência de impasse insustentável entre ele e o presidente JK em 1959, enviou uma carta rompendo política e pessoalmente com o presidente JK, acusando-o de "cumplicidade com as ditaduras, de maneira particular com a de Portugal, a do Paraguai e a da República Dominicana" e repudiando seu "compromisso com a ditadura salazarista". Em outubro de 1959, Álvaro Lins exonerou-se da embaixada de Portugal. 
Em 1960, foi uma das personalidades brasileiras que mais apoiaram a realização, em S. Paulo, da I Conferência Interamericana de Anistia para os Exilados e Presos Políticos da Espanha e de Portugal.
Durante quatro anos dedicou-se ao jornalismo cultural: de 1961 a 1964, já aposentado, dirigiu o então influente suplemento literário do carioca Diário de Notícias.
 
Álvaro Lins recebeu o Prêmio Centenário de Antero de Quental, pelo ensaio Poesia e personalidade de Antero de Quental (1942); Prêmio Felipe de Oliveira, da Sociedade Felipe de Oliveira, e Prêmio Pandiá Calógeras, da Associação Brasileira de Escritores, pela obra Rio Branco (1945); Prêmio Jabuti Personalidade do Ano, da Câmara Brasileira do Livro, pela sua obra Missão em Portugal (1960), e o Prêmio Luíza Cláudio de Sousa, pelas obras Os mortos de sobrecasaca e sete volumes de seu Jornal de Crítica (1941-1963), editados pela José Olympio (6) e o último (7º) pela  O Cruzeiro (1963). 
Álvaro Lins faleceu no Rio de Janeiro-GB, em 4 de junho de 1970.
 
 
 

Um comentário:

Francisco José dos Santos Braga disse...

Prezad@,
Tenho o prazer de enviar-lhe a transcrição de um capítulo do livro "A GLÓRIA DE CÉSAR E O PUNHAL DE BRUTUS" (1962) de ÁLVARO LINS, onde esse ensaísta defende a opinião de que tanto César como Brutus se tornaram figuras simbólicas: o primeiro como o representante dos partidários dos sistemas totalitários e fascistas por suas inegáveis grandezas, guerras e façanhas militares, enquanto o segundo representa os partidários dos sistemas liberais e democráticos, defensores da paz, independência e liberdade. O ensaísta manifesta estranheza com a posição de historiadores que condenam Brutus e perfilam ao lado de César, cuja figura exaltam.
Serve-se dos artistas Miguel Ângelo e Shakespeare para mostrar como a Renascença privilegiou Brutus, em contraposição a César.
Valendo-se da tragédia "Júlio César" de Shakespeare, mostra como Brutus avulta e se imortaliza, naturalmente por efeito da inteligência e da consciência do dramaturgo.

TEXTO DO ENSAIO
Link: https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2024/11/a-gloria-de-cesar-e-o-punhal-de-brutus.html

BREVE BIOGRAFIA DE SEU AUTOR
Link: https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2024/11/colaborador-alvaro-lins.html

Cordial abraço,
Francisco Braga
Gerente do Blog de São João del-Rei