quinta-feira, 11 de novembro de 2021

O LIVRO DAS REVELAÇÕES, POR DR. DIÓGENES DA CUNHA LIMA


Por Francisco José dos Santos Braga
 
O Livro das Revelações: matrizes do afeto - o pensamento vivo de escritores, 2013, 357 p.

 
I. INTRODUÇÃO 
 
 
O escritor potiguar Dr. Diógenes da Cunha Lima descobriu um jeito criativo de apresentar uma pesquisa excelentemente conduzida com padrões científicos, o que o torna autor de uma obra sui generis. Refiro-me a "O Livro das Revelações: matrizes do afeto - o pensamento vivo de escritores", obra lançada em 2013. O que seu trabalho tem de inovador, despertando permanente interesse da parte do seu leitor? 
Inicialmente, o Prefácio da obra impressiona pelo seu ineditismo no campo literário entre nós, ao anunciar a utilização de um antigo jogo de salão (parlor game), um questionário à guisa de teste de personalidade, através do qual podemos avaliar as aptidões, o caráter e as aspirações de alguém. 
 
 
II. PREFÁCIO 
 
Marcel Proust, um dos maiores escritores da história da literatura, ficou célebre por sua obra Em busca do tempo perdido, publicada em sete volumes, três deles após sua morte, em 1922. Quando ainda era um adolescente, o jovem escritor estava na festa de uma prima, Antoinette, e foi convidado a preencher um questionário bastante popular à época, principalmente entre as famílias da Inglaterra vitoriana, onde surgiu com o nome "Confessions" ("Confissões"). Era uma modinha, como se diz, uma brincadeira, típica dos jogos de salão da refinada Belle Époque, servindo para criar assuntos e animar as festas. As respostas do gênio da literatura francesa tornaram o modelo de questionário tão famoso que foi rebatizado com o seu nome e virou uma espécie de padrão para muitas entrevistas jornalísticas até os dias de hoje. 
Além do aspecto intelectual, o Questionário Proust é, antes de mais nada, uma divertida brincadeira. São 18 perguntas que devem ser respondidas espontaneamente, sem muito pensar, como um passatempo, permitindo que as respostas sejam reveladoras e, até, surpreendentes. Poetas como Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira e muitos outros escritores de todo o planeta também já responderam a esse questionário. 
Inspirando-me em Proust, criei novas perguntas e convidei escritores amigos para respondê-las. É a chamada "hora da verdade". Mas também a hora da amizade, de compartilhar com eles e agora com vocês, leitores a variedade das respostas, as coincidências, o que temos em comum, mesmo nas infinitas diferenças de como enxergamos o mundo.
Diógenes da Cunha Lima
 
A sua amostragem para aplicar o questionário foi outro tópico curioso de ser mencionado. A população consistiu apenas de escritores e a amostra cobriu 23 "amigos" escritores entre os milhares de escritores brasileiros conhecidos. Ao invés das 18 perguntas do Questionário Proust, Dr. Diógenes, expandiu o teste para 70 quesitos, possibilitando uma maior abrangência do "jogo".
Foi assim que convidou para o seu estudo os seguintes participantes do "jogo": Anna Maria Cascudo Barreto, Antonio da Cunha Pessoa, Antonio Nahud Junior, Ático Vilas-Boas da Mota, Constância Lima Duarte, Cyro de Mattos, Edson Nery da Fonseca, Ivan Lira de Carvalho, Ives Gandra, Ivo Barroso, José Inácio Vieira de Melo, José Paulo Cavalcanti Filho, Kerubino Procópio, Manoel Onofre Junior, Marco Lucchesi, Murilo Melo Filho, Nadia Costa, Nei Leandro de Castro, Nilson Patriota, Paulo de Tarso Correia de Melo, Pedro Vicente Sobrinho, Sílvio Caldas e Sônia Maria Fernandes Ferreira.
 
Devo dizer inicialmente que tomei conhecimento do Livro das Revelações, ao procurar na Internet informações sobre um amigo comum, Dr. Ático Vilas-Boas da Mota, sobre quem estava escrevendo um artigo intitulado “Brasil e Romênia: pontes culturais”, tomando-lhe o título de um de seus livros, de 2010. Dr. Ático, como sabemos, era diplomado em Letras Neolatinas, com doutorado em Filologia Românica. De seu currículo retiro suas principais ocupações: ilustre linguista, professor universitário, folclorista, tradutor e historiador. Tive a sorte de localizar o livro de Dr. Diógenes da Cunha Lima, em que Dr. Ático teve importante participação como entrevistado. Com a autorização do autor Dr. Diógenes da Cunha Lima, tomei apenas o texto do grande estudioso do romeno entre nós respondendo às perguntas do entrevistador, o que possibilitará ao leitor conhecer um pouco mais das preferências, da elegância, do bom gosto e das qualidades do caráter do estimado e saudoso Dr. Ático. 
 
Tanto o autor do questionário e do livro, quanto eu, modesto admirador do Dr. Diógenes e do saudoso Dr. Ático, esperamos, com esse gesto generoso por parte do autor, divulgar as benemerências, filantropia e virtudes cívicas do grande estudioso do romeno e do folclore em nosso País e na Romênia.
 
 
III. SOBRE A PESQUISA DE DR. DIÓGENES DA CUNHA LIMA 
 
Os pesquisadores podem usar uma variedade de técnicas para coleta de dados. Claro que a pesquisa em questão exigiu que o pesquisador Dr. Diógenes tivesse que contar em alto grau com sua coleta de dados qualitativos.
O método utilizado foi o da entrevista semi-estruturada, ou seja, aquela que consiste em um modelo de entrevista flexível, que possui um roteiro prévio, mas abre espaço para que o entrevistado responda eventualmente fora do que havia sido planejado. 
In casu, o entrevistador habilmente utiliza perguntas abertas, que estimulam a reflexão, resultam em respostas completas e, por isso, exigem do entrevistado um pouco do seu tempo para responder a elas. O entrevistador hábil, como é o caso aqui, neste tipo de entrevista, estimula o entrevistado a refletir sobre o assunto, expor e explicar quais são os problemas que enfrenta, levando-o quase a se esquecer de estar respondendo a um questionário. 
É óbvio que o entrevistador, com suas perguntas abertas e utilizando o método da entrevista semi-estruturada, não pretendeu obter respostas definitivas; antes, essas se originaram de um genuíno interesse do entrevistador em entender a experiência dos entrevistados e qual significado tinha para estes aquela sua experiência acumulada. Neste caso, pode-se dizer que "a entrevista é a melhor linha de pesquisa" [SEIDMAN, 1998, p. 3-5] Além disso, essa noção também coincide com a visão de [FERRAROTTI, 1981, p. 19-27]: para melhor entender assuntos educacionais e abstrações sociais, os pesquisadores têm que inquirir quais são as experiências dos indivíduos que constróem o abstrato. Dito de outra forma, é possível compreender abstrações sociais através das experiências dos indivíduos que trabalham ou vivem de algo em que as abstrações são construídas.
 
IV. A ENTREVISTA COM DR. ÁTICO VILAS-BOAS DA MOTA
 
Acadêmico Ático Vilas-Boas da Mota (ex-ocupante da Cadeira VII da Academia de Letras de Brasília) - Crédito: livro "Academia de Letras de Brasília - 30 anos de fundação (1982-2012)" (pp. 38-41)

 
Diógenes da Cunha Lima (DCL): Escrever é ventura ou aventura?  
Ático Vilas-Boas (AVB): Depende do estado de espírito de cada escritor. 
 
DCL: A poesia é útil? 
AVB: Não é apenas útil, mas absolutamente necessária. Ela é catarse, expurgação mental, inefável lazer, sublime arte de fortalecer o nosso mundo interior e fazer de conta que o exterior é sempre bom, bonito ou, pelo menos, digno de ser olhado. 
 
DCL: Fronteira entre poesia e prosa.  
AVB: Pouca diferença entre elas, sobretudo se levarmos em conta que existem poesia e poesia, prosa e prosa. Se ambas forem boas, elas se aproximarão uma da outra, em vez de se afastarem de maneira irreconhecível. 
 
DCL: Livros que ajudaram a sua formação. 
AVB: Bíblia, Dom Quixote, obras de Monteiro Lobato, Imitação de Cristo, O homem medíocre (José Ingenieros), O homem acabado (Papini). 
 
DCL: Autores canônicos favoritos (prosa). 
AVB: Cervantes, Machado de Assis, Humberto de Campos, L. C. Cascudo (Canto de Muro), Alexandre Herculano, Selma Lagerlöf, Panait... 
 
DCL: Autores canônicos favoritos (poesia). 
AVB: Fernando Pessoa, Hermes Fontes, Drummond de Andrade, Guilherme de Almeida, Mário Quintana, Mihai Eminescu, César Vallejo, Vicente Huidobro, Gabriela Mistral, Jacques Prévert, Garcia Lorca, Tudor Arghezi. 
 
DCL: Na ficção, personagens masculinos de sua estima.  
AVB: Brás Cubas, Macunaíma, Lazarillo de Tormes, Raskólnikov (de Crime e Castigo, de Dostoiévski), Dom Quixote. 
 
DCL: Na ficção, personagens femininas de sua estima. 
AVB: Beatriz, Dulcinea del Toboso, Capitu. 
 
DCL: Três palavras bonitas. 
AVB: Amor, saudade e perdão. 
 
DCL: Um verso. 
AVB: “Só os que têm amado e têm sofrido,/ e, quanto mais sofre, mais amado,/ podem mostrar no coração ferido/ o seu altar... o seu apostolado.” (Hermes Fontes) 
 
DCL: Uma canção. 
AVB: “Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel” (canção natalina) 
 
DCL: Um ditado popular. 
AVB: Quem espera por sapato de defunto, morre descalço. 
 
DCL: Um aforismo. 
AVB: “A gratidão é a memória do coração.”
 
DCL: Um filme. 
AVB: A Dama das camélias (George Cukor, 1936) ou Salário do medo (Henri-Georges Clouzot, 1953). 
 
DCL: Compositores favoritos (eruditos e populares). 
AVB: Eruditos: Bach, Enescu, Chopin, Beethoven, Tchaikovsky. Populares: Noel Rosa, Dorival Caymmi. 
 
DCL: Pintores preferidos. 
AVB: Leonardo da Vinci, Brueghel, Renoir, Portinari, Corot. 
 
DCL: O computador mudou sua vida? 
AVB: Não saberia dizer... Sou analfabeto convicto em cibernética e seu derivado: a informática. 
 
DCL: A Internet é também extensão de sua vida? 
AVB: Qual nada! De jeito nenhum, pois sou EXTERNET: trabalho com fichários, livros, catálogos, enciclopédias, etc., como sempre o fiz. Não cultivo a lei do menor esforço, porque ela “emburrece” as pessoas. Além disso, confio mais na constante criatividade humana, tomando como melhor lição a do bicho da seda que sempre soube tirar tudo de si mesmo. Espero muito pouco das apregoadas facilidades digitais. 
 
DCL: Heróis (na vida real). 
AVB: Carlos Chagas, Juscelino Kubitschek, Albert Schweitzer. 
 
DCL: Heroínas (na vida real). 
AVB: Irmã Dulce, Maria Augusta (esposa de Rui Barbosa), Dona Dahlia (esposa de L. C. Cascudo), Madre Teresa de Calcutá, Aida (minha mãe, porque fez tudo para eu estudasse), Alzira (minha esposa, porque me vem aturando há 48 anos). 
 
DCL: Heróis históricos. 
AVB: Decebal (último rei dos geto-dácios, povo trácio que não adotava a escravidão), Antônio Vieira (que defendeu os índios), Santos Dumont (que desafiou a lei da gravidade), Byron (que morreu na Grécia lutando pela libertação desta em relação à dominação turca). 
 
DCL: Destestáveis homens da história. 
AVB: Nero, Herodes, Gengis Khan, Dionísio I (o Antigo), Pizarro, Torquemada, Robespierre, Hitler, Stalin, Idi Amin, Truman (aquele que tomou posse como presidente, colocando a mão sobre a Bíblia, mas foi aquela mesma mão que ordenou o lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima e Nagasaki. A fraqueza e a contradição humanas não têm limites!). 
 
DCL: Três cidades encantadoras. 
AVB: Difícil responder, pois, para mim são 33: Macaúbas, Rio de Janeiro, Natal, Buenos Aires, Bucareste, Paris, Goiânia, Petrópolis e Porto Alegre. 
 
DCL: De que país o Brasil poderia auferir qualidades? 
AVB: França e/ou Romênia. 
 
DCL: Árvore admirável. 
AVB: Mangueira. 
 
DCL: Flor preferida. 
AVB: Rosa. 
 
DCL: Pássaro admirado. 
AVB: Sofrê (ou pássaro preto). 
 
DCL: Cor favorita. 
AVB: Azul-celeste. 
 
DCL: Três prenomes favoritos. 
AVB: José, Aida, Ângelo. 
 
DCL: O seu rio. 
AVB: S. Francisco. 
 
DCL: O seu mar a sua praia. 
AVB: Mar Negro, Mamaia. 
 
DCL: Bebida favorita. 
AVB: Água de coco. 
 
DCL: Comida favorita. 
AVB: Moqueca de camarão ou qualquer outra iguaria preparada com esse crustáceo. 
 
DCL: O que mais salienta em um caráter humano? 
AVB: A lealdade em quaisquer circunstâncias. 
 
DCL: Qualidade superior em um homem. 
AVB: Dignidade absoluta. 
 
DCL: Qualidade superior em uma mulher. 
AVB: Ternura sem limites. 
 
DCL: O que mais aprecia em um amigo. 
AVB: Fidelidade. 
 
DCL: O que mais lamenta em um amigo. 
AVB: Deslealdade. 
 
DCL: Melhor a fantasia ou a realidade? 
AVB: A doce fantasia, às vezes, ajuda-nos a suportar ou amenizar amarguras da vida humana. 
 
DCL: Medo a que serve? 
AVB: Apenas para valorizar a coragem. 
 
DCL: Dúvida a que serve? 
AVB: Quando nos sugere uma cadeia de perguntas que nos leva à certeza. 
 
DCL: A morte é vírgula ou ponto final? 
AVB: Nada disso! Apenas dois pontos, pois nos apontam outra encarnação. Aliás, três terços da humanidade são reencarnacionistas. Eu bem sei que nem sempre a maioria está com a razão, mas, neste caso, prefiro acompanhá-la, pois ela me consola muito mais e coloca-me mais próximo da infinita misericórdia divina. 
 
DCL: Solidão é conquista ou derrota? 
AVB: Nem conquista nem derrota. Trata-se de um desafio, simples estado de espírito para saber até que ponto cada pessoa é capaz de suportar a si mesma. 
 
DCL: Somos sós no universo? 
AVB: De maneira alguma! Quem assim pensa já se esqueceu da passagem bíblica. “Na casa de meu pai, há muitas moradas.” No universo, existem milhões de galáxias e Deus não iria criá-las para que fossem simples legiões de desertos cósmicos! Deus não brinca com as peras! 
 
DCL: Deus é patrimônio de cada ser humano? 
AVB: Deus é pai de todas as criaturas. Ele se manifesta em cada um de nós, de maneira muito especial. Infelizmente, existem religiões que acham que Ele é patrimônio exclusivo delas. Ledo engano! Tal posicionamento só serve ou serviu para as terríveis guerras religiosas. 
 
DCL: Jesus é um amigo? 
AVB: Sim, inflacionado: amigo, amicíssimo, amigão, amigo do peito, bússola generosa. Por tudo isso. Ele inaugurou uma era, embora tenha sido esta bastante contraditória, por exclusiva culpa nossa. Não nos esqueçamos de que as duas Grandes Guerras Mundiais foram conduzidas por nações que se diziam cristãs (com exceção do Japão)!!! 
 
DCL: O diabo tem credibilidade? 
AVB: Ele não passa de um mito indesejável. É apenas o avesso de Deus! Representante do mal traduzido por várias formas. Existe, simbolicamente, para realçar apenas o bem e convidar-nos à prática deste. 
 
DCL: Que outro dom Deus poderia ter dado a você?
AVB: O de persuadir a todos que estão em volta de mim à prática do bem. 
 
DCL: Daria indulgência a que falhas humanas? 
AVB: Àquelas de natureza kármica. 
 
DCL: Personalidades bíblicas masculinas. 
AVB: 3 J: Jesus, João Batista, Jó. 
 
DCL: Exerce a sua fé? 
AVB: Na medida do possível e, quando o faço, é sem titubear. 
 
DCL: Exerce a sua esperança? 
AVB: Sim, sem ela, eu me sentiria velho, inútil, acabado. 
 
DCL: Exerce a sua caridade? 
AVB: Na medida do possível. Gostaria de praticá-la muito mais, mediante o exercício da paciência. 
 
DCL: Seu defeito principal. 
AVB: No plural: gula e impaciência. Aliás, a impaciência faz com que, às vezes, não tenha paciência em relação ao próximo, criando condições para o distanciamento da prática da caridade, valor indispensável para aquele que pretenda purificar-se. 
 
DCL: Sua ocupação preferida. 
AVB: Leitura. Que bom se o dia fosse de 48 horas! 
 
DCL: Como você sonha a felicidade? 
AVB: Um permanente estado de espírito, apoiado na serenidade e total ausência do remorso! 
 
DCL: Você não consegue tolerar... 
AVB: Tapeação, desonestidade, conversa vazia, maledicência, mentira. 
 
DCL: O que mais importa a você como profissional? 
AVB: Repartir o pouco que aprendi ao longo da vida, sobretudo incentivando os jovens a fim de que eles realizem os seus sonhos. Promover os demais! 
 
DCL: O que mais importa a você como amador? 
AVB: Divulgar os valores humanos e culturais considerados obscuros. Tirar Macaúbas do anonimato. Praticar a guerrilha cultural. 
 
DCL: O que o tornaria infeliz? 
AVB: Se não tivesse a oportunidade de me arrepender ou pedir desculpa. 
 
DCL: Quem você gostaria de ter sido? 
AVB: Eu mesmo, mas sem a gula e a impaciência. 
 
DCL: Seu estado de ânimo atualmente. 
AVB: Tranquilo, muito tranquilo! Com as malas prontas para a grande viagem em direção à quarta ou quinta dimensão... 
 
DCL: Quem tem um sol no coração? 
AVB: Não precisa de acender nenhuma vela do mundo. 
 
DCL: Quem tem um deserto no coração? 
AVB: É órfão de pai e mãe, não passa de um pobre desamparado. 
 
DCL: Ser criança é... 
AVB: Ser transparente sem se dar por isso. 
 
DCL: Ser jovem é... 
AVB: É ter a capacidade de sonhar 25 horas por dia. 
 
DCL: Ser maduro é... 
AVB: Cultivar a serenidade e a prudência, em todos os momentos da vida. 
 
DCL: Ser velho é... 
AVB: Quando não se cultiva mais a esperança ou quando se perde o prazer de ajudar o próximo, quando já não se fazem projetos e só se contenta com o dia presente. 
 
DCL: Epifanias. 
AVB: Inúmeras! Inúmeras! A maior manifestação divina em mim mesmo: o fato de ainda estar vivo, quando muitos companheiros de minha jornada já são cidadãos da eternidade. 
 
DCL: Seu lema. 
AVB:                                   O máximo de canto, 
no mínimo de corpo. 
 
V.  OS AMIGOS
 
 
O último capítulo do Livro das Revelações traz o título Os Amigos, que trata dos 23 participantes do jogo. Claro que aqui veremos apenas o trecho que se refere ao nosso amigo comum Ático Vilas-Boas da Mota. Aqui está o que Dr. Diógenes da Cunha Lima escreveu sobre o saudoso Ático, de Macaúbas-BA, com chave de ouro:  
 
ÁTICO VILAS-BOAS DA MOTA 
 
“Tão louvado como escritor, poeta e linguista, vive bem e afirma: “Não tenho biografia. Todos os meus dias eu os devorei gulosamente, com unhas e dentes.” A sua correspondência e visão cascudiana nos aproxima. Ático Costa Vilas-Boas da Mota nasceu em Livramento do Brumado na Bahia, em 13 de outubro de 1928. É pesquisador, historiador, professor, folclorista, tradutor e linguista, especializado na história e cultura da Romênia, onde morou e ensinou Português em Bucareste. Doutor em Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, foi lente fundador da cátedra da Literatura Oral na Universidade Federal de Goiás. Parte de sua obra é dedicada à cultura e história daquele Estado. Além de reunir, como folclorista, um importante acervo de manifestações culturais brasileiras, publicou diversos livros sobre os povos ciganos, dando início ao que denominou ciganologia.
 
 

VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

 

 
FERRAROTTI, F. (1981): “On the autonomy of the biographical method”, in Bertaux, D. (Ed.), Biography and Society: The Life History Approach in the Social Sciences, Sage Publications, Beverly Hills, CA, pp. 19-27. 
 
LIMA, Diógenes da Cunha (coord.): O livro de Revelações: Matrizes do afeto - o pensamento vivo de escritores, Natal: Unigráfica, 2013, 357 p. 
 
SEIDMAN, I. (1998), Interviewing as Qualitative Research, Teachers College Press, New York, NY. 
 
 

11 comentários:

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...
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Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...

Quando estava fazendo uma pesquisa exploratória para escrever "Brasil e Romênia: pontes culturais", em que o protagonista foi o linguista, folclorista e grande estudioso do romeno entre nós, Dr. Ático Vilas-Boas da Mota, tive a sorte de encontrar informações na Internet escritas pelo Dr. DIÓGENES DA CUNHA LIMA, como autor de famoso livro intitulado O LIVRO DAS REVELAÇÕES: matrizes do afeto - o pensamento vivo de escritores, obra lançada em 2013.
Na época, tive a sorte de localizar o referido livro, em que Dr. Ático teve importante participação como entrevistado. Com a autorização do autor Dr. Diógenes da Cunha Lima, tomei apenas o texto do grande estudioso do romeno entre nós respondendo às perguntas do entrevistador, o que possibilitará ao leitor conhecer um pouco mais das preferências, da elegância, do bom gosto e das qualidades do caráter do estimado Dr. Ático.

Link: https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2021/11/o-livro-das-revelacoes-por-dr-diogenes.html

Cordial abraço,
Francisco Braga
Gerente do Blog de São João del-Rei

Gilberto Mendonça Teles (autor de O terra a terra da linguagem e Hora Aberta-Poemas Reunidos e é membro da Academia Goiana de Letras) disse...

Meu caro Francisco Braga,

Ambos, Àtico e Diógenes, tiveram ligação comigo: Ático, trabalho comigo na direção do Centro de Estudos Brasileiros, da UFG, foi meu diretor de Pesquisa; Diógenes, quando estive em Natal para conferência, me mandou de automóvel a conhecer Caicó, a 200 km de Natal, depois me pediu um prefácio para um de seus livros. De poemas. É só. Abraço do Gilberto Mendonça Teles

Prof. Cupertino Santos (professor aposentado da rede paulistana de ensino fundamental) disse...

Caro professor Braga.

Valiosa publicação ! Ainda que não necessariamente se possa concordar com ele em tudo, não há entretanto como não se identificar com as qualidades pessoais expressas na forma e no conteúdo pelo Dr. Ático, aqui bem destacadas. O método das perguntas - e não são aliás quaisquer perguntas - é sem dúvida fabuloso.
Cumprimentos.
Cupertino

Mario Pellegrini Cupello - Arquiteto, Diplomado em Direito, Escritor, Pres. do Instituto Cultural Visconde do Rio Preto, Membro da Academia Valenciana de Letras disse...
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Mario Pellegrini Cupello (Arquiteto, Diplomado em Direito, Escritor, Pres. do Instituto Cultural Visconde do Rio Preto e Membro da Academia Valenciana de Letras) disse...

Caro amigo Braga
Agradecemos pelo envio deste interessante questionário, em que o Dr. Ático Vilas-Boas da Mota, através de sua sensibilidade pessoal e grande cultura, dá uma “lição de vida” em muitas de suas respostas, demonstrando não só sua robusta intelectualidade, como sua refinada personalidade.
Pessoas como ele, de pensamentos e sonhos tão elevados, são raras em nossos dias.
Abraços, meus e de Beth.
Mario Cupello

Augusto Barbosa Coura Neto (natural de Ponte Nova, poeta consagrado, autor de livros, tais como "Alvorecer de um sonho" e "Sonho Realizado") disse...


Muito agradeço ao amigo pelas mensagens enviadas. Um grande abraço.

Unknown disse...

Caro amigo Braga,
fiquei feliz por você apresentar esta matéria sobre Ático Villas-Boas, um sábio. Tenho orgulho de haver sido seu confrade na Academia de Letras de Brasília (sou coautor do livro comemorativo do seu trigésimo ano, no qual você conseguiu a foto de Ático com a veste acadêmica). E por ser grande admirador da cultura dele, mantivemos sempre boas conversações por telefone. Um dia ele me disse que quando estava em Goiânia conheceu o Arcebispo, Dom Fernando Gomes, paraibano de Patos; informei-lhe que era natural dessa cidade, onde, aliás, fora batizado pelo então pároco, Padre Fernando Gomes, padrinho, depois, do meu irmão caçula. Esta troca de informação aumentou o nosso relacionamento.
Um abraço.
Tarcízio Dinoá Medeiros

Raquel Naveira (membro da Academia Matogrossense de Letras e, como poetisa publicou, entre outras obras, Jardim Fechado, antologia poética em comemoração aos seus 30 anos dedicados à poesia) disse...

Gostei muito da entrevista do Dr. Ático Vilas-Boas da Mota para Diógenes da Cunha Lima.
Parabéns sempre, caro Francisco.
Abraço fraterno,
Raquel Naveira

anne disse...
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Pe. Sílvio Firmo do Nascimento (professor, escritor e editor da Revista Saberes Interdisciplinares da UNIPTAN e membro da Academia de Letras de SJDR) disse...

Gratidão, Francisco.
Abraço,
Pe. Sílvio