quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A Maria Fumaça

Texto: Ricardo Campos
Fotos: Cris Carezzato

Quem visita ou mora em São João del-Rei tem disponível para apreciação um passeio que hoje é uma raridade mundial, trata-se da famosa Maria Fumaça. Por um preço que gira em torno de R$30,00 por pessoa é possível ir e voltar até a cidade de Tiradentes, experimentar graciosos 40 minutos (aproximadamente, o tempo de viagem de trem de uma cidade até a outra a 30 km/h) do agradável balanço dos vagões e uma paisagem magnífica da geografia e vegetação do caminho às margens do Rio das Mortes, com visão privilegiada da serra de Tiradentes. Comecemos por um pouco de história.

"Em 2001, a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) assumiu a operação e administração do complexo ferroviário de São João Del Rei. Desde então, a empresa coloca em prática um programa de recuperação e restauração das características originais da Maria Fumaça (vagões, estrada de ferro e estações) que, além de preservar a história ferroviária do Brasil, proporciona maior conforto e segurança aos turistas. Hoje, ocupando uma área de 35.000 m², encontra-se o maior centro de preservação da memória histórica ferroviária nacional e um dos mais importantes do mundo.

Inaugurada em 1881 por D. Pedro II, a Maria Fumaça é a única locomotiva a vapor que transporta passageiros, com bitola de 76 cm, ainda em atividade no mundo.

O passeio de Maria Fumaça é realizado na antiga Estrada de Ferro Oeste de Minas (EFOM), com extensão de 12 km entre São João Del Rei e Tiradentes. A viagem resgata o contexto histórico, ligando as estações construídas no século XIX, passando por fazendas centenárias, entre rios e montanhas.

Os antigos prédios que serviam de almoxarifado e de armazém ferroviário foram totalmente restaurados e preparados para a instalação de um centro de artesanato, auditório e centro de convenções - uma infra-estrutura, portanto, em condições de oferecer ao visitante e ao turista completo apoio e comodidade" (Texto introdutório do site oficial da FCA).

A locomotiva apresentada acima é uma Baldwin fabricada em 1912, que leva o nº 42, e está em plena atividade - esta foto foi tirada em 2008. A Baldwin Locomotive Works (1825 - 1956) era uma empresa norte-americana, localizada na Pensilvânia, que foi líder mundial na produção de locomotivas a vapor, mas viu a sua decadência na transição para o diesel. Pode parecer um simples detalhe, mas é um acréscimo substancial no valor histórico dinâmico presente neste passeio.

Ainda tem mais, o passageiro acessa livremente o Museu Ferroviário que, entre diversos itens interessantíssimos, apresenta em seu acervo histórico a primeira locomotiva da EFOM com a réplica do vagão que transportou o imperador D. Pedro II, veículos ferroviários e antigos documentos utilizados na ferrovia. Um pouco mais adiante se encontra o prédio da rotunda, belo monumento que abriga outras centenárias locomotivas Baldwin, além de carros e vagões hoje desativados. Dentre eles podemos destacar o vagão fúnebre, cujo próprio nome aponta a finalidade exercida no passado, e uma locomotiva cortada ao meio para uma demonstração clara do seu sistema de funcionamento.

Quando visitar o complexo ferroviário de São João del-Rei não deixe de usufruir de cada uma das maravilhas históricas que ele tem a oferecer, e também passeie pela loja de artesanato presente nas dependências, possivelmente encontrará itens de seu agrado.

Além das fotos aqui apresentadas, outras são encontradas em um álbum exclusivo no Picasa (clique aqui). Inclusive, algumas foram tiradas em uma decoração especial que o complexo ferroviário ganhou no Natal de 2006. Mas isso é assunto para outro post...


Horários e informações (site FCA):

Os famosos trens a vapor de São João del-Rei a Tiradentes, os únicos do mundo de bitola de 0,76 m, correm às sextas-feiras, sábados, domingos e feriados nacionais nos seguintes horários:

Partida de São João: 10h e 15h
Partida de Tiradentes: 13h e 17h

Museu Ferroviário de São João del-Rei
Horário de visita: Fica aberto para visitação de terça a domingo, de 9h às 11h e de 13h às 17h.
Nos meses de janeiro e julho o trem circula de quinta a domingo.

Informações:

Alô Ferrovias: 0800 285 7000
E-mail: bruno.caballero@vale.com

Clique aqui para a localização d
o complexo ferroviário via GoogleMaps. Dica: selecione "satélite", aumente o zoom e tente seguir o trilho do trem até Tiradentes - dá um pouco de trabalho no começo, mas é muito interessante!


Vìdeo: Passeio de trem "MARIA FUMAÇA"



Incorporado do site YouTube, usuário ilairsantana.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Apresentação de slides da cidade



Esta é uma ótima apresentação de slides (em vídeo) que tem como conteúdo vários pontos turísticos da cidade nos períodos diurno e noturno. As fotos foram capturadas em diversas ocasiões entre os anos de 2006 e 2008 e trazem os mais diversos e belos ângulos.

Alguns dos pontos turísticos aqui apresentados são: Catedral Basílica de Nossa Senhora do Pilar, Igrejas de São Francisco, Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora das Mercês e São Gonçalo Garcia, diversos Passinhos, Pontes da Cadeia e do Rosário, Museu Regional, Rua Santo Antonio, Solar dos Neves, Chafariz da Legalidade, Prefeitura Municipal, Teatro Municipal, Complexo Ferroviário, Maria Fumaça, Rotunda, Pontilhão de Matosinhos, Cachoeira do Urubu e Serra do Lenheiro.


Autora do vídeo: Cris Carezzato
Fotos: Cris Carezzato e Ricardo Campos
Trilha sonora: Era - Ameno e Sempire D'Amor

História de São João del-Rei >>> Parte 3

Fundação da cidade

São João del Rei foi fundada em fins do século XVII, por taubateanos liderados por Tomé Portes del Rei, que, por isso, é considerado seu fundador. Em 1709, a cobiça pelo ouro gera discórdia entre portugueses e paulistas, dando causa à Guerra dos Emboabas, acontecendo o triste episódio do "Capão da Traição" quando os paulistas foram emboscados e chacinados pelos portugueses.

Em 08 de dezembro de 1713, arraial alcançou foros de vila, com o nome de São João del Rei, homenagem a D. João V, e também passa a ser sede da Comarca do Rio das Mortes. O ouro, a pecuária e a agricultura foram os fatores de desenvolvimento e progresso da vila e, aos 6 de março de 1838 é elevada à categoria de cidade. São João del Rei participou sempre das decisões mineiras e nacionais.

Em 1833, na Sedição Militar de Ouro Preto, em 1842, na Revolução Liberal e, sendo sede do 11ºBI - Batalhão Tiradentes, participou das revoluções de 1930 e 1964. Combateu na Itália, triunfando em Montese e Castelnuevo. Aqui nasceram is grandes heróis nacionais: Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes - o Mártir da Independência e Patrono Cívico da Nação Brasileira; Bárbara Heliodora Guilhermina da Silva - a heroína da Inconfidência São João del Rei é conhecida como um entroncamento de caminhos, desde a expedição de Fernão Dias, que em 1674 abriu a trilha mais tarede conhecida como o Caminho Velho (de São Paulo à Minas). Nos últimos anos do século XVII, o taubateano Tomé Fortes del Rei estabeleceu-se na beira deste caminho, cobrando pedágio na passagem do Rio das Mortes, cultivando roças e criando gado.

Posteriormente o chamado Caminho Novo, que vinha do Rio de Janeiro, também passava pela atual São João del Rei, palco de fatos históricos nacionais, como a Guerra dos Emboabas e Inconfidência Mineira. Em 1730, a famosa Picada, partia justamente de São João del Rei, atingindo a divisa goiana em Paracatu.

Depois, em 1872, foi criada a Estrada de Ferro Oeste de Minas, para complementar a Estrada de Ferro Leopoldina, que vinha do Rio de Janeiro e chegando à São João del Rei seguia para as lonjuras de Pitangui e Paracatu, rastreando a velha Picada de Goiás.

Mas São João del Rei não vive só de passado. Sabe invoca-lo, orgulhando-se dele, encontrando nele a força do ideal e de amor à liberdade e à justiça, como seus filhos Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes e o Presidente Tancredo Neves.


* Ima
gem principal: Av. Presidente Tancredo Neves (Silvério Parada)

Fonte: Portal Oficial do Governo Municipal de São João del-Rei

domingo, 19 de outubro de 2008

História de São João del-Rei >>> Parte 2

Graças à vocação comercial de São João del-Rei, a sua feição colonial não é a mesma das demais vilas mineradoras da época. Já em princípios do Século XIX, ela se mostra amadurecida comercialmente: lojas instaladas em elegantes casarões oferecem todo tipo de mercadoria, desde as produzidas na comarca até as importadas. O movimento de passantes, caixeiros-viajantes, mulheres e crianças circulando pelas ruas confere-lhe um aspecto alegre e colorido. Também é precoce o surgimento da imprensa, assinalado pela fundação, em 1827, do 'Astro de Minas', o segundo jornal de Minas Gerais na época.

Em 1838 a progressista Vila de São João del-Rei torna-se cidade. Nessa época, possuía cerca de 1.600 casas, distribuídas em 24 ruas e 10 praças. Ainda no Século XIX, contava com casa bancária, hospital, biblioteca, teatro, cemitério público construído fora do núcleo urbano, além de serviços de correio e iluminação pública a querosene.

Desenvolve-se, ainda mais, com a inauguração em 1881 da primeira seção da Estrada de Ferro Oeste-Minas, que liga as cidades da região a outros importantes ramais da Estrada de Ferro Central do Brasil. Em 1893 a instalação da Companhia Industrial São Joanense de Fiação e Tecelagem traz novo impulso à economia local, a tal ponto que a cidade é novamente indicada para sediar a capital de Minas Gerais. Em junho do mesmo ano, o Congresso Mineiro Constituinte aprova, em primeira discussão, a mudança da capital para a região da Várzea do Marçal, subúrbio de São João del-Rei. Mas, numa segunda discussão, o projeto inclui Barbacena e também Belo Horizonte, um planalto localizado no Vale do Rio das Velhas, onde existia o antigo Arraial do Curral del-Rei.

Com a escolha da região do Curral del-Rei em dezembro de 1893, a importância econômica de São João del-Rei diminui gradativamente. Mas a cidade não perde seu charme colonial, sendo motivo de atenção dos modernistas brasileiros, que a visitam em 1924. Ela é registrada na obra de algumas das figuras mais representativas do movimento, como a pintora Tarsila do Amaral e o escritor Oswald de Andrade. Em 1943 seu acervo arquitetônico e artístico, composto por importantes edificações civis e religiosas, é tombado pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Shan.

A formação peculiar da cidade, que evoluiu de arraial minerador para importante pólo comercial da região do Campo das Vertentes, é responsável por sua característica mais interessante: uma mescla de estilos arquitetônicos que tem origem na arte barroca, passa pelo ecletismo e alcança o moderno. Em São João del-Rei, é possível apreciar a evolução urbana de uma vila colonial mineira, cujo núcleo histórico permanece bastante preservado em harmonia com as construções ecléticas do Século XIX e as mudanças ocorridas no Século XX.

Continua...

* Imagem: Vista parcial da cidade de São João del-Rei (Arquivo Maria Pereira da Silveira)

Fonte: Portal Oficial do Governo Municipal de São João del-Rei

História de São João del-Rei >>> Parte 1

A cidade de São João del-Rei originou-se do antigo Arraial Novo do Rio das Mortes. A ocupação do arraial remonta a 1704, quando um paulista chamado Lourenço Costa descobriu ouro no ribeirão de São Francisco Xavier.

A descoberta fez com que as fossem distribuídas a várias pessoas que começam a explorar as margens do ribeirão. Algum tempo depois, o português Manoel José de Barcelos encontrou mais ouro na encosta sul da Serra do Lenheiro, num local chamado Tijuco. Naquele local estabeleceu-se o primeiro núcleo de povoamento que daria origem ao Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar, mais tarde Arraial Novo do Rio das Mortes.

Já bastante próspera, em 1713 a localidade é elevada a vila e recebe o nome de São João del-Rei em homenagem a Dom João V, rei de Portugal. No ano seguinte, é nomeada sede da Comarca do Rio das Mortes. Desde os tempos de sua formação, desenvolve-se aí uma vasta produção mercantil e de gêneros alimentícios, resultantes tanto da atividade agrícola, quanto da pecuária. Essa faceta vai possibilitar o contínuo crescimento da localidade, que não sofre grandes perdas com o declínio da atividade aurífera, verificado em toda a Capitania das Minas Gerais a partir de 1750.

Nessa época a crise do sistema colonial agrava-se. A exploração do ouro entra em franca decadência, e a Coroa Portuguesa continua a exigir pesados impostos da população. Essa situação conflitante faz crescer o nível de consciência de setores intermediários da sociedade, levando padres, militares, estudantes, intelectuais e funcionários das principais vilas mineiras, como São João del-Rei, Tiradentes e Vila Rica, a conspirar contra a metrópole.

Em poucos anos, o movimento conhecido como Inconfidência Mineira toma corpo e ganha adeptos em cada arraial e vila da Capitania das Minas Gerais. Grandes planos são traçados tendo em vista a produção de bens de consumo aliada à liberdade comercial, o que descartaria a política monopolizadora da metrópole. A Vila de São João del-Rei é escolhida para abrigar a nova capital. Porém, em 1789 o movimento é frustrado pela denúncia do coronel Joaquim Silvério dos Reis, devedor de somas altíssimas à Fazenda Real.

Continua...

* Imagem: Primeiro registro de São João del Rei. Expedição Langsdorff ao Brasil - 1824

Fonte: Portal Oficial do Governo Municipal de São João del-Rei

sábado, 18 de outubro de 2008

Apresentação

Seja bem-vindo ao blog de São João del-Rei! Nesta página você encontrará história, tradições, informações, fotos, vídeos e curiosidades desta que é uma das mais importantes cidades históricas brasileiras.

Queremos fazer deste blog um referencial para quem reside, visitou ou planeja uma viagem para esta jóia do Brasil colonial. Engana-se quem pensa que São João Del-Rei possa ser resumida a um valioso centro histórico e belas Igrejas, e traremos aqui uma visão para todo o aspecto histórico e cultural da cidade, sem deixar de lado sua extensa fauna, flora e geografia. Buscaremos detalhes e dicas turísticas desconhecidas até mesmo por uma maioria de cidadãos são-joanenses e ofereceremos a maior riqueza possível no conteúdo.

Ao longo da Internet é possível achar muitas informações sobre todos os aspectos aqui descritos, mas queremos ir mais fundo em detalhes específicos e para isso contaremos com uma equipe de colaboradores formada por ilustres cidadãos sanjoanenses que nos oferecerão crônicas dos mais variados assuntos que têm como especialidades. São eles Doutores, Professores, Músicos, Filósofos e Jornalistas que serão apresentados devidamente no momento em que os textos forem publicados.

O funcionamento do conteúdo nesta página ocorrerá de forma simples e organizada, sendo que cada postagem trará uma descrição clara e objetiva no título, além de marcadores (ou "tags") referentes ao tema focal. Por exemplo, quando escrevermos sobre turismo, os marcadores trarão a palavra "TURISMO", além de outras do assunto abordado, que podem ser gastronomia, passeios, ecoturismo, dicas etc. O mesmo acontecerá com "CULTURA", "HISTÓRIA", "TRADIÇÕES" e diversos outros temas focais que forem abordados.

Para começar, daremos uma rápida e abrangente visão da História de São João del-Rei em três partes, segundo texto oficial publicado no Portal Oficial do Governo Municipal de São João del-Rei.

Agradecemos ao visitante pela atenção e nos colocamos à inteira disposição para dúvidas, críticas e sugestões acerca do conteúdo aqui desenvolvido.

Cordialmente,

Ricardo Campos e equipe São João del-Rei Blog
E-mail: info@saojoaodel-rei.com

* Imagem: Vista da cidade capturada na Rua Frei Estevão (Arquivo Cris Carezzato)