segunda-feira, 27 de outubro de 2014

ACADEMIA SÃOJOANENSE DE LETRAS EM 1970-1971


Por Francisco José dos Santos Braga


I.  INTRODUÇÃO 


O texto intitulado "Academia Sãojoanense de Letras" que se lerá neste post pertence à prestação de contas que o saudoso prefeito Dr. Milton de Resende Viegas fez do seu mandato de quatro anos (quatriênio de 31/01/1967 a 31/01/1971), à frente do Executivo municipal, em janeiro de 1971, através do órgão da Prefeitura Municipal intitulado "A COMUNIDADE", edição nº 30. Portanto, a fim de me reportar aos primórdios da Academia, vou transcrever aqui duas matérias que foram publicadas por esse periódico de curta existência (apenas 30 edições).

Um mês antes, mais exatamente em 8 de dezembro de 1970, Dr. Milton Viegas criara a "Academia Sanjoanense de Letras", verbis:

"ACADEMIA SANJOANENSE DE LETRAS"

DECRETO Nº 620, de 8 de dezembro de 1970

Cria a Academia Sanjoanense de Letras

O Prefeito Municipal de São João del-Rei, usando de suas atribuições legais e

Considerando que São João del-Rei é uma cidade essencialmente intelectual, berço de inúmeros escritores, poetas, músicos e historiadores, que cultivam com acendrado amor as letras e as artes;

Considerando que outras cidades idênticas à nossa já possuem a sua Academia de Letras, numa homenagem àqueles que muito fizeram no terreno da intelectualidade;

Considerando que no século em que vivemos maior predomínio devemos dar àqueles que laboram na esfera das letras e artes, torna-se imprescindível que São João del-Rei também possua a sua Academia Sanjoanense de Letras, com o fim de cultuar as figuras exponenciais do passado, como: Bárbara Eliodora, Alvarenga Peixoto, Modesto de Paiva, Gastão da Cunha, Severiano de Resende, Bento Ernesto Júnior, Franklin Magalhães, Basílio de Magalhães, Adenor Simões Coelho – e no presente, inúmeros cidadãos ilustres que têm inegàvelmente elevado o nome de nossa cidade no cenário intelectual da vida brasileira,

DECRETA:
Art. 1º – Fica criada em São João del-Rei a Academia Sanjoanense de Letras.

Art. 2º – A Academia criada no artigo 1º se constituirá de 30 (trinta) cadeiras de Patronos ilustres, que nasceram ou residiram nesta cidade.

Art. 3º – Fica o Prefeito Municipal autorizado a nomear, dentro de 8 (oito) dias, uma comissão encarregada de elaborar os estatutos e tomar as demais providências concernentes à aludida academia.

Art. 4º – Êste Decreto entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Mando, portanto, a tôdas as autoridades a quem o conhecimento e execução dêste Decreto pertencer, que o cumpram e façam cumprir tão inteiramente como nêle se contém.
Prefeitura Municipal de São João del-Rei, 8 de dezembro de 1970
  
Milton de Resende Viegas
Prefeito Municipal

Lauro Novaes
Chefe de Gabinete

Fonte: A COMUNIDADE, São João del-Rei, Ano IV, janeiro de 1971, nº 30, p. 3. 

A instalação desse sodalício se deu em 21 de janeiro de 1971. Foi reconhecido como instituição de utilidade pública municipal através da Lei nº 1.683, de 25 de junho de 1979, bem como instituição de utilidade pública estadual através da Lei nº 7.611, de 11 de dezembro de 1979.

Vamos então ao texto a que me referi, observando que será respeitada a grafia da época.


II.  "ACADEMIA SÃOJOANENSE DE LETRAS" ¹

O Executivo Municipal não teve a sua atenção, única e exclusivamente, voltada para ângulo material, e nem poderia deixar de ser, tendo em vista que a nossa comuna tem raízes profundas na cultura do seu povo, no passado e no presente.

As letras, as artes, nos seus mais variados ramos, receberam desta Administração o testemunho do seu carinho, procurando, assim, o que constitui um dever de todos nós, perpetuar no tempo e na memória dos são-joanenses, nas nossas mais caras e legítimas conquistas, no que tange a nossa cultura intelectual.

E foi com êsse pensamento e com êsse bom propósito que, por Decreto Nº 621, de 8 de dezembro do ano próximo passado, justamente no aniversário de nossa elevação à categoria de Vila, deliberamos fundar neste cidade a ACADEMIA SÃOJOANENSE DE LETRAS, com os patronos e seus acadêmicos.

Não quer dizer com isso, tendo em vista a indicação dos atuais PATRONOS e ACADÊMICOS, que outros nomes ilustres não sejam consignados no âmbito da Academia, razão porque, pela PORTARIA Nº 757, de 30 de dezembro do ano expirante, êste Executivo cria a Comissão encarregada de rever o assunto, ampliando-se os QUADROS DA ACADEMIA com a representação de outras personalidades da nossa cultura intelectual, já como PATRONOS, já como membros do Sodalício ora criado. À referida Comissão cabe, outrossim, apresentar sugestões e planos conclusivos para uma perfeita organização da nova Entidade Cultural que, ao lado de nosso Instituto Histórico e Geográfico, terá a missão elevada e nobre de preservar a nossa cultura, herança do passado desta gloriosa cidade, cognominada a ATENAS MINEIRA, daí a preocupação do Executivo criando a nossa ACADEMIA.

A referida Comissão está assim designada: Professor José Américo da Costa, poeta, tribuno Mozart Novaes, Tenente Gentil Palhares, Professor Fábio Nelson Guimarães, Dr. Altivo de Lemos Sette, Cônego Sebastião Paiva e Luiz de Melo Alvarenga.

O parecer da Comissão em aprêço será apresentado até o dia 10 do corrente.

São João del-Rei, nesga de terra engastada neste Brasil imenso e glorioso, retalhado pelos Estados que constituem a sua configuração geométrica, não poderia deixar de ter a sua ACADEMIA DE LETRAS, a exemplo de cidades outras que, pôsto não sejam aquinhoadas de tantos e tamanhos vultos que se notabilizaram nas ciências e nas artes mineiras, possuem, hoje, as suas Academias. E temos, para exemplo, as cidades de Divinópolis, Uberaba, Formiga, entre outras com suas representações acadêmicas.

Aqui nestas plagas sempre queridas, nasceram ou viveram vultos insignes, personalidades que, pelo brilho da inteligência e da cultura, não podem e não devem ficar olvidadas, porque teceram êles a teia das nossas mais caras e indeléveis tradições, para que, hoje, desfrutássemos do título de São João del-Rei, a Atenas Brasileira.

Êste Executivo, por isso, ao passar os seus encargos ao seu substituto ora eleito, o faz de consciência tranquila, serena, porque não procurou, apenas, "plantar" no chão o paralelepípedo de nossas ruas, senão que também semear no seio dos hodiernos e sobretudo da nossa juventude esperançosa, a semente que espera seja lançada em terreno fértil e abençoado, para as flôres e os frutos do porvir: a ACADEMIA SÃOJOANENSE DE LETRAS.

Os QUADROS DE PATRONOS E ACADÊMICOS, que serão apreciados pela Comissão ora nomeada, estão assim constituídos:

PATRONOS  ²

1 – Severiano Nunes Cardoso de Rezende – Professor, jornalista, orador e poeta.
2 – Modesto de Paiva – Jornalista e poeta.
3 – José Antônio Rodrigues – Jornalista, escritor.
4 – Franklin de Almeida Magalhães – Jornalista, professor, poeta.
5 – José Álvares de Oliveira – Escritor.
6 – Inácio José de Alvarenga Peixoto – Poeta, escritor e magistrado.
7 – Antônio Rodrigues de Melo – Latinista, professor e teatrólogo.
8 – Aureliano Corrêa Pereira Pimentel – Latinista, professor, escritor e beletrista.
9 – Basílio de Magalhães – Escritor, jornalista e professor.
10 – Alexina Magalhães Pinto – Professôra, folclorista.
11 – Bárbara Eliodora Guilhermina da Silveira – Poetisa.
12 – Bento Ernesto Júnior – Poeta, professor.
13 – Dr. Antônio Ribeiro da Silva - Jornalista, cronista e poeta.
14 – Dr. Gastão da Cunha – Professor, jurisconsulto, escritor, orador, diplomata.
15 – Desembargador Lourenço José Ribeiro – Professor, jurisconsulto, orador e fundador e 1º Diretor da Escola de Direito do Recife.
16 – Maria Eugênia Celso – Escritora.
17 – Cônego Antônio José Machado – Professor, orador e escritor.
18 – Monsenhor Antônio Caetano de Almeida Vilas Boas – Poeta, escritor, vigário de S. João.
19 – Dr. Domiciano Leite Ribeiro, Visconde de Araxá – Escritor, jornalista e orador.
20 – Inácio da Silva Alvarenga – Poeta.
21 – Sebastião Rodrigues de Sette Câmara – Jornalista, professor.
22 – Pe. José Antônio Marinho – Escritor, professor.
23 – Batista Caetano de Almeida – Jornalista, fundador da Biblioteca Municipal.
24 – Dr. Francisco I. Carvalho Resende – Orador, escritor.
25 – Pe. João Batista do Sacramento – Professor, orador.
26 – Domingos Horta – Professor, escritor e jornalista.
27 – Lincoln de Souza – Poeta, jornalista e escritor.
28 – Farm. Antônio Augusto Campos da Cunha – Professor, escritor, jornalista.
29 – Pe. José Severiano de Rezende – Poeta, escritor e jornalista.
30 – Iago Pimentel – Médico e psicólogo.
31 – Herculano Veloso – Jornalista e escritor.
32 – Hildebrando de Magalhães – Poeta.
33 – João Vasques de Miranda Júnior – Poeta e professor.
34 – Asterack Germano de Lima – Poeta e jornalista.
35 – Adenor Simões Coelho – Poeta e jornalista.
36 – Dr. Odilon Barros Martins de Andrade – Advogado e escritor.   

ACADÊMICOS  ³               

1 – Dr. Augusto das Chagas Viegas – escritor, homem de letras e orador.
2 – Prof. José Américo da Costa – poeta e professor.
3 – Mozart Novaes – jornalista e escritor.
4 – Dr. Elpídio Antônio Ramalho – professor e orador.
5 – Tte. Gentil Palhares – escritor e jornalista.
6 – Gal. Carlos de Oliveira Ribeiro Campos – escritor e orador.
7 – Farm. Sebastião Alves do Banho – poeta e jornalista.
8 – Prof. Fábio Nelson Guimarães – professor, historiador e escritor.
9 – Dr. Altivo de Lemos Sette Câmara – poeta e jornalista.
10 – Prof. Sebastião de Oliveira Cintra – escritor e jornalista.
11 – Dr. Luis Dângelo Pugliese – teatrólogo.
12 – Dr. Adenor Simões Coelho Filho – jornalista.
13 – Dr. Tancredo de Almeida Neves – orador e jornalista.
14 – Prof. Esaú de Assis Republicano – jornalista e professor.
15 – Monsenhor José Maria Fernandez – escritor e jornalista.
16 – Cônego Sebastião Paiva – escritor.
17 – Dr. Aderbal Malta – agrônomo, poeta e escritor.
18 – Antônio Elias Cecílio – professor e jornalista.
19 – Luiz de Melo Alvarenga – historiador.
20 – Antônio Guerra – escritor.
21 – Dr. Álvaro Viana Filho – jornalista e escritor. 

SÃO-JOANENSES MORADORES FORA DA CIDADE

– Dom Antônio de Almeida Lustosa – escritor e professor (Recife).
– Dom Lucas Moreira Neves – escritor (S. Paulo).
– Dr. Cândido Martins de Oliveira – escritor e poeta.
– Dr. Otto Lara Resende – escritor e jornalista (Lisboa).
– Gilberto Mansur – teatrólogo e jornalista (S. Paulo).
– Monsenhor Almir de Resende Aquino – escritor e orador (Carmópolis).
– Dr. José Dângelo – teatrólogo e professor (Belo Horizonte).
– Prof. José Terra – poeta e escritor (Barroso).
– Dr. Belisário Leite de Andrade Neto – advogado, escritor e orador (Guanabara).
– Oranice Franco – escritor e jornalista (Guanabara).
– Cristóvão Teixeira – jornalista e escritor (Guanabara).
– Antônio de Lara Resende – professor e escritor (Belo Horizonte).
– Antônio Ribeiro de Avelar – professor e escritor (Belo Horizonte).
– Venâncio Castanheira Filho – poeta (Bonsucesso-MG)
– Dr. Luiz Martins de Andrade – advogado e escritor.
– Gil Pereira Coelho – jornalista e escritor (Guanabara).
– Antônio Pereira Coelho Filho – escritor.
– Antônio Rocha – professor e jornalista (Belo Horizonte).
– Benoni Guimarães – professor. 

Outros nomes lembrados e dignos de ser revividos: Custódio Batista de Castro, Tancredo Braga, Fausto Gonzaga, Manuel Jacinto Nogueira da Gama, Dr. Garcia de Lima, Dr. José Vitor Barbosa, Francisco Pinheiro e João Viegas.

Fonte: A COMUNIDADE, São João del-Rei, Ano IV, janeiro de 1971, nº 30, p. 18.
               

III.  COMENTÁRIOS E NOTAS EXPLICATIVAS 


¹  Possivelmente o autor desse texto tenha sido o próprio Prefeito Dr. Milton Viegas, porque por diversas vezes se referiu a si mesmo como Executivo Municipal.

²  É possível que a Comissão criada pela PORTARIA Nº 757, de 30 de dezembro de 1970, encarregada de rever o assunto, decidiu ampliar ou modificar os QUADROS DA ACADEMIA no que se refere aos patronos. [PALHARES, 1974, 153-155] menciona outras personalidades como PATRONOS da Academia nos anos de 1977 e 1978 durante mandato do 4º presidente Cônego Henrique Neves Júnior: "Dr. Augusto das Chagas Viegas, Asterack Germano de Lima, Aureliano Pereira Corrêa Pimentel, Herculano Veloso, Severiano Cardoso Nunes de Resende, Antônio Augusto Ribeiro Campos e Olívia Ribeiro Campos, Basílio de Magalhães, Cônego José da Costa Machado, Bárbara Eliodora, Sebastião Sette, Modesto de Paiva, Adenor Simões Coelho, Antônio Rodrigues de Melo, Franklin Magalhães, Maria Eugênia Celso, Alexina de Magalhães Pinto, Dr. Euclides Garcia de Lima, Custódio Batista de Castro, Sebastião Alves do Banho, Inácio José de Alvarenga Peixoto, Professor Domingos Horta, Dr. Cristóvão de Abreu Braga, jornalista Lincoln de Souza, Gilberto de Alencar, Inácio da Silva Alvarenga, Dr. Antônio de Andrade Reis." (Cf. http://saojoaodel-rei.blogspot.com.br/2014/05/os-imortais-sao-joanenses-por-gentil.html neste mesmo Blog de São João del-Rei)

³  O que foi dito para os Patronos vale também para os Acadêmicos. É possível que a Comissão criada pela PORTARIA Nº 757, de 30 de dezembro de 1970, encarregada de rever o assunto, decidiu ampliar ou modificar os QUADROS DA ACADEMIA no que se refere aos ACADÊMICOS. É possível afirmar isso porque [CINTRA, 1982, 41], na efeméride do dia 21 de janeiro de 1971, registra as seguintes informações: "Instalação da Academia de Letras de S. João del-Rei, cuja 1ª Diretoria teve a constituição seguinte: Pres. – José Américo da Costa; Vice-Pres. – Elpídio Antônio Ramalho. Secretários – Gentil Palhares e Antônio Elias Cecílio; tesoureiros – Adherbal Malta e Sebastião de Oliveira Cintra; bibliotecário – Beatriz Alves Horta Barbosa. Orador Oficial – Mozart Novaes e Pres. de Honra – Augusto das Chagas Viegas. Sócios fundadores da Academia, que foi criada pelo Decreto nº 620, de 8-12-1970, do Prefeito Municipal Milton de Resende Viegas: Augusto das Chagas Viegas, José Américo da Costa, Elpídio Antônio Ramalho, Gentil Palhares, Carlos de Oliveira Ribeiro Campos, Sebastião Alves do Banho, Fábio Nelson Guimarães, Sebastião de Oliveira Cintra, Adenor Simões Coelho Filho, Tancredo de Almeida Neves, Esaú de Assis Republicano, Beatriz Alves Horta Barbosa, Adherbal Malta, Antônio Elias Cecílio, Luiz de Melo Alvarenga, Antônio Guerra, Álvaro Viana Filho e José das Chagas Viegas."



IV.  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



A COMUNIDADE: São João del-Rei, Ano IV, janeiro de 1971, nº 30, 20 p.

CINTRA, Sebastião de Oliveira: Efemérides de São João del-Rei, Belo Horizonte: Imprensa Oficial de Minas Gerais, 622 p.

PALHARES, Gentil: São João del-Rei na Crônica, Juiz de Fora: Esdeva Gráfica S.A., 1974, 180 p.



V.  AGRADECIMENTO


Registro aqui meu agradecimento sincero à Sra. Maria Auxiliadora Ferreira pela cessão d' A COMUNIDADE, edição nº 30, de seu arquivo particular, para fins desta pesquisa.






* Francisco José dos Santos Braga, cidadão são-joanense, tem Bacharelado em Letras (Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras, atual UFSJ) e Composição Musical (UnB), bem como Mestrado em Administração (EAESP-FGV). Além de escrever artigos para revistas e jornais, é autor de dois livros e traduziu vários livros na área de Administração Financeira. Participa ativamente de instituições no País e no exterior, como Membro, cabendo destacar as seguintes: Académie Internationale de Lutèce (Paris), Familia Sancti Hieronymi (Clearwater, Flórida), SBME-Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica (2º Tesoureiro), CBG-Colégio Brasileiro de Genealogia (Rio de Janeiro), Academia de Letras e Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei-MG, Instituto Histórico e Geográfico de Campanha-MG, Academia Valenciana de Letras e Instituto Cultural Visconde do Rio Preto de Valença-RJ, Academia Divinopolitana de Letras, Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal, Academia Taguatinguense de Letras, Academia Barbacenense de Letras e Academia Formiguense de Letras. Possui o Blog do Braga (www.bragamusician.blogspot.com), um locus de abordagem de temas musicais, literários, literomusicais, históricos e genealógicos, dedicado, entre outras coisas, ao resgate da memória e à defesa do nosso patrimônio histórico.Mais...

domingo, 19 de outubro de 2014

AMOSTRA DA PRODUÇÃO POÉTICA DE DR. RIBEIRO DA SILVA COM COMENTÁRIOS DE FRANCISCO JOSÉ DOS SANTOS BRAGA



Por Dr. Ribeiro da Silva

Presidente do "Clube Artur Azevedo" em 1918 
e feliz autor das revistas VER PARA CRER e 
MEU BOI FUGIU [GUERRA, 1968: 153]

I.  INTRODUÇÃO POR FRANCISCO JOSÉ DOS SANTOS BRAGA

No post anterior deste Blog de São João del-Rei ¹, mencionei que a produção poética de Dr. Ribeiro da Silva se encontrava esparsa por periódicos nacionais e nunca fora transformada em livro. Apesar disso, adiantei que já possuía em mão poemas maravilhosos coletados no periódico são-joanense A TRIBUNA e em outras fontes de pesquisa, compostos por ele e ainda desconhecidos de muitos. Citei dois deles ("Jerusalém" e "Civilização Latina"), cuja declamação constituíam pontos altos de suas revistas teatrais intituladas "MEU BOI FUGIU" e "VER PARA CRER", respectivamente. Venho então cumprir a promessa de publicar alguns poemas de sua autoria. De sua imensa produção poética coletei apenas cinco, que – tenho certeza – vão dar ao leitor a exata noção da genialidade de Dr. Ribeiro da Silva. 

Para não retirar os poemas do contexto em que foram produzidos, achei por bem conservar tudo o que lhe foi aderente, quando de seu aparecimento no referido periódico são-joanense ou em qualquer outra fonte que consultei para esse fim. Assim sendo, aqui se lerá, além do poema em si, tudo o que possa estar relacionado com a sua publicação.

Observam-se, nesses poemas (quer em prosa, quer em verso) de Dr. Ribeiro da Silva, características marcantes do seu trato com a poesia: a riqueza vocabular de seu autor, a sua enorme erudição englobando mitologia, história e geografia, a sua capacidade de criar neologismos, o que pode fazer que as ditas características soem estranhas para as modernas audiências, mas que, na realidade, constituem os rasgos mais distintivos desse poeta.

Em todos os textos aqui publicados é respeitada a grafia da época em que foram produzidos. 


II.  CINCO ESPÉCIMES DA RICA PRODUÇÃO POÉTICA DE DR. RIBEIRO DA SILVA


1) "Dr. Ribeiro da Silva


Transcorreu a 31 do passado, a data anniversaria do sr. Dr. Antonio Ferreira Ribeiro da Silva.
Na pessoa do anniversariante rutilam, de uma maneira admiravel, as mais peregrinas qualidades de espirito e coração. Talento omnimodo, servido por vastissima erudição, que elle, dia a dia, mais avolumada faz pelo estudo pertinaz e inteligente, é o Dr. Ribeiro da Silva, alem do medico insigne, cujo elogio não está mais por se fazer, tão incontrastavel se revela sua competencia, sobredoirada pela dedicação e caridade, com que o provecto clínico exerce seu nobre ministerio, é o typo do verdadeiro intelectual, assistindo nelle os mais lidimos predicados de orador, poéta e publicista do mais inconfundivel valor.
Cavalheiro de linha impeccavel, como cidadão, profissional e chefe de familia, para bem e fulgor desta, tendo em acção todo seu empenho e carinho, o Dr. Ribeiro da Silva conta o mais amplo circulo de amizades e admirações, para seus amigos e admiradores, em cujo numero todos os desta Casa com prazer se vêm alistados — a data de seu anniversario foi um dia festivo.
Registrando-a aqui, com summo prazer, emitimos votos ardentes pela felicidade do excellente amigo e distinctissimo confrade.


CIVILISAÇÃO  LATINA

Dr. Ribeiro da Silva

Sou de origem celeste e de estirpe divina,
Sou a civilisação, sou a cultura latina.

Na liberdade vejo uma sagrada herança,
Amo a paz, a concordia, a fraternal aliança

Aos homens prego o amor, detesto o despotismo
E vivo sempre absorta em nobre liberalismo

Quero o respeito ao velho, à mulher como ao infante
Quero ver em todo o orbe a justiça triumphante

Revolta-me a maldade, a crua tyrannia
Aborreço a doblez da torpe hypocrisia.

Pontifico no immenso altar da Humanidade
Meu rito é a litania austera da piedade.

Não viso escravisar os povos do Universo
Humilhar as nações sob um jugo perverso.

Si alguem me diz haver raças fortes, eleitas
A que devem as demais permanecer sujeitas,

Indignada, conclamo a egualdade das gentes
Às fracas nivelando as ricas e potentes.

Vejo um flagello hediondo, um delicto na guerra
Possa a guerra eu banir para sempre da terra.

E si combato agora é em nome de Justiça
Que não pode ficar a um despota submissa.

Respeito a fé jurada... enxergo no tratado
Que firmo, um compromisso, um pacto consagrado.

Não constituo em lei a só necessidade
E não calco jamais aos pés a dignidade.

Para os vencidos, sou bondosa, compassiva
E o meu peito lhes abro em ancia lenitiva.

Ó vós, que lançais mão do infando bombardeio
De templos e hospitaes. Oh! Como vos odeio!

Submarinos fataes! Traidores aeroplanos!
De instrumentos servis a monstros deshumanos.

Maldições sobre vós, ó gazes asphyxiantes
De armas vis não passais, bombas lacrimejantes.

Vós, ladrões, que fingis apostolar a sciencia
Mas que aspirais somente o eclypse da consciencia,

Jamais conseguireis com processos infames
Do homem a cerviz dobrar a ultrajantes vexames.

Vós sois da humana especie a lepra, o cancro, o fungus
Tendes a alma dos crueis heroes dos Nibelungos.

Para o jugo abater dos barbaros modernos
Accorrem do Direito os cultores eternos.

Dos bandidos a horda atroz, sanguisedenta,
Que os pregoeiros da paz anniquilar intenta,

Como fera domada, ainda ha de vir, um dia,
Rojar aos pés do Povo e da Democracia.

Sobre ella descerá o Paracleto fulgente
Da lídima Moral, da Justiça Immanente.

Então deixando o gladio, o canhão, a metralha,
O homem ha de profligar o fragor da batalha.

Hão de ser-lhe a esse tempo os prazeres dilectos
Dar-se ao culto da sciencia e aos labores mansuetos

Quando o mundo reger o doce e casto aceno
Da flor do Lacio expansa às auras do Tyrrheno,

Será findo o soffrer, finda a humana odysséa
E exsurgirá da vida a grandiosa epopéa."

Fonte: A TRIBUNA, S. João d' El Rei, Anno V, 4 de agosto de 1918, nº 214, p. 1.

Na efeméride do dia 19 de julho de 1918, [GUERRA, 1968: 154] registra: "Primeira representação da aparatosa revista local VER PARA CRER, escrita pelo Dr. Ribeiro da Silva e Oscar Gamboa, na qual a grande amadora do "Clube Artur Azevedo", Carmen Melo, recitava com geral agrado a linda poesia "Civilização Latina". Reprise da mesma revista em 24 e 28 de julho de 1918. "



2)  Na efeméride do dia 18 de março de 1918, [GUERRA, 1968: 151] registra: "Foi apresentada ao público, pela primeira vez, a revista local MEU BOI FUGIU, de autoria do Sr. Dr. Ribeiro da Silva e do Sr. Oscar Gamboa, a qual foi encenada pelos artistas da Companhia Liana d' Iff e pelos amadores da cidade, e que, como era de esperar, dada principalmente a projeção do autor Dr. Ribeiro da Silva, causou extraordinário sucesso. A montagem foi luxuosa, sendo os autores, com muitos aplausos, chamados inúmeras vêzes ao palco. A linda poesia do Dr. Ribeiro da Silva, "JERUSALÉM" foi magistralmente interpretada pela primeira amadora do "Clube União Popular", Srta. Alcídia Parizzi, que, em tôdas as representações, era sempre alvo de estrondosa salva de palmas. Esta revista foi reprisada a 18 (?) e 22 de março; a 12 e 20 de abril; a 29 de maio, em 6ª representação e em benefício do Hospital N. Sra. do Rosário e, a 7 de junho, em festa artística de Lindinha Melo. A crítica teatral teceu sempre elogiosas referências, não só pela verve e chiste a valer, destacando a cena do "Cigarro", pela delicadeza do número, e "Jerusalém Libertada", quadro patriótico, oferecido à Colônia Síria, pela justiça da atualidade e beleza dos versos.

Fonte: [GUERRA, 1968: 151]



JERUSALÉM

Dr. Ribeiro da Silva

(poesia recitada na revista "O MEU BOI FUGIU", pela senhorita Alcídia Parizzi, representando a colônia síria de S. João del-Rei)

Nos teus muros sagrados resplandece
O fulgurante sol da liberdade;
Vibra de amor, de jubilo estremece
O coração de toda a humanidade.

Por oito longos séculos escrava
Vivêste sob a signa da Crescente;
Tu, o fanal que o Universo iluminava
E a mais valiosa pérola do Oriente.

Nas campinas em flôr da Galiléa,
Do Líbano na fralda esmeraldina,
Nas poéticas devezas da Judéa,
Onde inda ecoar parece a voz, divina,

Em Josafá, no Cedron, onde a arágem
Beija de manso os ramos dos salgueiros,
Como núncia a levar-lhes as homenagens
O tributo dos crentes verdadeiros,

A natureza frême de alegria;
Entôa cada ser uma balada;
Tudo é canção... é tudo sinfonia,
Um "laus perene" a ti de Deus amada. 

Levanta-te, ressurge, ó Sião formosa!
Contempla o ceu, os horizontes fita,
Tu, que tens a beleza donairosa,
E o inefável condôr da Sulamita,

Não mais de Elehim, é terra incomparavel,
Sob o gladio estarás do infiel profano;
Tens liberta a cerviz do abominável
Jugo do fero e abjeto musulmano.

Cidade de profetas e Patriarcas,
Empunha o cetro, veste o régio manto;
Déste ao mundo o monarca dos monarcas,
O Homem-Deus, o Senhor três vezes Santo.

Viste Jesus de Gethsémani no horto, 
O cálice esgotando de amargura,
Depois inanimado, frio, môrto,
Viste-o ser conduzido à sepultura.

Mas tambem viste-o, de terror transida,
Do tumulo emergir de luz radiante,
Viste a morte vencida pela vida
Da Aleluia no excelso e angustiante instante.

É por isso que, em meio dos escolhos,
Dos embates, das lutas da existência, 
É para ti que se convergem os olhos,
És bússola ao amor e à inteligência.

Salve! Jerusalem cristianisada,
Salve! cidade mistica e gloriosa,
Possamos ver-te sempre celebrada,
Possamos ver-te sempre vitoriosa!

 Fonte: [GUERRA, 1968: 152-153]



3) No Album de São João del-Rei, publicado em 1913 por Tancredo Braga em comemoração ao bicentenário da elevação a vila, Dr. Ribeiro da Silva colaborou com artigo intitulado "A São João del-Rei", hino de louvor a esta cidade, em prosa. Antes do artigo, estampa-se o clichê do autor na seguinte formatação: 



A S. JOÃO D'EL-REY

Quando, ó formosa S. João d'El-Rey, pela vez primeira pisei o teu solo ditoso, experimentei a mesma ineffavel emoção que aos touristes proporcionam as velhas cidades do Occidente, que serviram de theatro a scenas grandiosas da Historia da Humanidade.

As verdes serranias que te orlam, as varzeas que te circumdam, o teu firmamento de um azulino diaphano, aquella ribeira marulhosa que, com languidez de odalisca, se espreguiça docemente em teu seio amoravel – tudo apresentava-se-me aos olhos toucado de uma poesia indizivel, despertando-me saudades de cousas jamais vistas, uma como nostalgia de um passado longinquo, remoto, apenas entrevisto nas paginas dos annaes patrios.

Percorrendo as tuas ruas antigas, aquellas de mais accentuada feição colonial, eu me sentia entrado de profundo recolhimento, lembrando-me de que por ellas havia transitado a geração que, primeiro, sonhara a formação da Patria Brazileira, numa epocha em que profligar o despotismo e aspirar a liberdade era o mais hediondo, o mais negregado de todos os delictos.

Parecia-me ainda ouvir, atravez das paredes dos seus templos de rara magnificencia, as derradeiras melodias das preces, que os teus habitantes alçavam ao Deus dos Exercitos, implorando-lhe forças e assistencia para levarem a termo a sacrosanta cruzada da redempção da sua terra.

Como fallaste à minha alma, como fizeste vibrar o meu coração, desde o primeiro instante em que te vi, ó aprazivel, ó encantadora S. João d'El-Rey?

Mas, tambem, quem é que, conhecendo-te, não fica ao mesmo tempo extatico diante das magnificencias de que tão prodiga foi a natureza para contigo?

Do teu ambiente, como do da Hellade divina, pode-se, em verdade, dizer que é tão doce como o leite e o mel.

A feracidade das tuas terras, a excellencia da constituição geologia do teu chão, a vastidão infinda dos teus horizontes, donde se desvendam as mais deliciosas paragens, cuja conquista foi, em luctas cruentas, disputada pelos bandeirantes, avidos de esgotarem os filões de ouro que, em todas as direcções, singram o teu sub-solo, constituem outras tantas galas permanentes de que vives adornada e pelas quaes, em mais de uma circumstancia has sido posta em fóco, como digna de ser erigida em capital de Minas e mesmo dos Estados Unidos do Brasil.

A tua população faz timbre de guardar, de modo estricto, as velhas tradicções de honra, affabilidade e hospitalidade que, em todos os tempos, foram o traço caracteristico do povo mineiro.

E o surto que nos ultimos annos vais tomando e que se traduz no teu rapido progredir material, vale o mais eloquente dos attestados de que é um facto e conceito referente ao resurgir de Minas, exarado pelo inesquecivel João Pinheiro.

Eis porque eu te rendo a homenagem da minha mais enthusiastica admiração, ó princeza grandiosa da Oeste de Minas.

Les lieux ont leur déclin aussi bien que les hommes – disse Delille.

Eu, porém, assim não penso.

Lugares ha que são imperituros, pelo menos tanto quanto o seja a propria Humanidade.

Tenho para mim que entre esses figuras tu, ó S. João d'El-Rey; tu, em cujo porvir tenho a fé mais vivaz; tu, a quem poder algum conseguirá jamais arrancar os primores, que fazem o teu orgulho e que raro se encontram conjugados em qualquer torrão do globo.

E é abundando em taes sentimentos que eu me associo ao coro harmonioso dos teus filhos dilectos, os quaes possuidos do mais nobre e elevado jubilo, entoam a ti um hymno de louvor pela data festiva do teu segundo centenario.

S. João d'El-Rey – 1913.

Dr. Ribeiro da Silva  




4) Dr. Ribeiro da Silva é colaborador do Almanack de S. João del-Rei, organizado em 1924 por Horácio de Carvalho, com um longo poema "As Duas Palmeiras do Bonfim" (segundo ele, local destinado ao enforcamento de condenados por delitos praticados) e o belo soneto intitulado "Médicos São-joanenses".

As Duas Palmeiras do Bomfim

Sergio Guido (Dr. Ribeiro da Silva)

(para o Horacio Carvalho) 




São duas atalaias da cidade,
Firmes no escampo e solitário monte;
Erectas, em perenne mocidade,
A vigilar constantes o horizonte.

Quem as plantou? Ninguém o sabe ao certo...
São irmãs... são inconhas... pois tão perto
Uma da outra fica... 
Quem as plantou? Talvez uma alma rica
Dos affectos mais santos da existencia,
Um cinzelado escrinio de bondade,
Que saiba cultuar, por excellencia,
O sentimento da fraternidade...

Ellas pompeiam no alto da collina;
O casario em baixo se reclina:
É a cidade, onde vivem, lado a lado,
O sacrosanto amor e o odio acirrado,
A sã verdade e a negra fellonia,
A fé vivaz e a torpe hypocrisia,
O iris alviçareiro da esperança,
E a treva dos anhelos de vingança...

Não lhes importa o perpassar dos annos
Nem os destinos varios dos humanos...

Si se desencadeia 
Infrene a rumorosa tempestade;
Si o tufão, como adversa potestade,
Num amplexo a copada lhes ondeia, 
Sacudindo-as até aos fundamentos,
Bracejam aos vortilhões dos elementos,
Como Titans de indomita braveza
Que embalde quer prostrar a natureza,
Pois sempre colhem do triumpho a gloria,
São dellas sempre as honras da victoria,

Si irrompe a primavera sorridente, 
Tressuando esplendor; si o dia é alcyonio
E das bandas do oriente
Chegam as caricias meigas do Favonio,
Então, nas suas comas de rainhas,
As palmeiras abrigam um córo alado:
É que saudais, chilreando, o sol dourado,
Filhas de Progne, ó negras andorinhas.

Quantas vezes, palmeiras, de um baraço
Vistes pendente, a bambolear no espaço,
O arroxeado cadaver de um precito!
Para a forca era a vossa praça a eleita...
Depois, tombava o corpo do maldito...
Justiça fora feita...

E quantas vezes o infeliz escravo,
Num desafogo do almo peito bravo,
À sombra generosa da folhagem,
Que vos empresta um singular encanto,
Verteu, de dôr transido, amargo pranto,
Da liberdade à feerica miragem!

Vistes quarenta e dois... toda a odysséa
Dos rebeldes, a toques de rebate
Chamando a campo os seus irmãos de idéa,
E impavidos lançando-se ao combate.

A festa do Bomfim... Quanta luzerna!
Que ruidosa alegria
A tumultuar na placidez eterna, 
Na doce quietação da serrania...

Porque não soluçais de dor, palmeiras,
Quando testemunhais do homem as fallazes
Juras de amor, promessas vãs, mendazes,
Que o animo conturbam das romeiras,
Taes como os filtros de infernal magia,
Que de prazer mascaram a agonia?

                         ⭐︎
                   ⭐︎        ⭐︎

Nessa vossa perpetua juventude,
A desafiar os vendavaes da sorte, 
Sois as allegorias do ente forte,
Sois lidimos emblemas da virtude.

Alçapremando ao ceu as verdes palmas,
Aos homens dais uma lição sublime:
"Para o alto o olhar! Na terra habita o crime...
Sursum corda!" – bradais às nossas almas.

Ó do Bomfim palmeiras magestosas,
De porte altivo, soberano, augusto,
As de Cades não são mais donairosas,
Nem os cedros de tronco mais vetusto.

Quando a qualquer de vós me acosto um instante,
Bem nitido ouço no amago do caule
Um rythmico pulsar, qual si elle enjaule
O nobre coração de um bandeirante. ²

S. João del-Rey, JANEIRO de 1924.


Medicos sanjoannenses

Dr. Ribeiro da Silva

Esculapio de grande tirocinio
Da Medicina faz o que deseja.
Na clinica tem grande raciocinio
E quando raciocina não graceja.

Conhece tudo referente a egreja,
Si duvida, leitor, pois, examine-o.
Dos estudos entrega-se à peleja
Contra da morte o tetrico exterminio.

Jornalista de força, emfim, se atreve
A tudo... Escreve o que lhe vem à mente
Mas não mente, sou franco, quando escreve.

E si mentisse não diria, então,
– Que o medico receita inutilmente
Para os males de um joven coração... 

                                                X. 

 

III.  NOTAS EXPLICATIVAS POR FRANCISCO JOSÉ DOS SANTOS BRAGA


¹   http://saojoaodel-rei.blogspot.com.br/2014/10/release-e-analise-literaria-do-livro-o.html 

²   Dr. Ático Vilas Boas viu, nesta última estrofe, as marcas da goianidade do poeta.
Cf. in http://saojoaodel-rei.blogspot.com.br/2013/07/prefacio-do-academico-dr-atico-vilas.html 



IV.  BIBLIOGRAFIA CONSULTADA


A TRIBUNA: São João del-Rei, Anno V, 4 de agosto de 1918, nº 214, p. 1

BRAGA, Tancredo: Album de São João d'El-Rey, em comemoração à data de 8 de dezembro de 1913, [S.I.], [s.n.], 1913

CARVALHO, Horácio de: Almanack de S. João del-Rey, [S.I.], [s.n.], 1924

GUERRA, Antônio Manoel de Souza: Pequena História de Teatro, Circo, Música e Variedades em São João del-Rei - 1717 a 1967, Juiz de Fora: Sociedade Propagadora Esdeva-Lar Católico, 1968, 327 p.

GUIDO, Sérgio: O Apóstata (reedição pelo Instituto Histórico e Geográfico de Goiás), Goiânia: Editora Kelps, 2012, 164 p.



V.  AGRADECIMENTOS 


Gostaria de expressar aqui minha gratidão a todos os funcionários da Biblioteca Municipal Baptista Caetano de Almeida, de São João del-Rei, pela colaboração à realização desta pesquisa. 

Também gostaria de mencionar meu agradecimento à minha esposa Rute Pardini, que colaborou para a perfeita postagem das imagens que ornam este post.

Não menos importante foi a colaboração do presidente do IHG de São João del-Rei, Sr. Artur Cláudio da Costa Moreira, que me enviou uma imagem do meu biografado com a maior fidelidade possível e aqui postada, já que obtida através de mídia de última geração. A ele meus agradecimentos.

Last but not least, gostaria de lembrar que só foi graças à colaboração do historiador Silvério Parada, membro do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, que foi possível publicar os poemas de Dr. Ribeiro da Silva constantes do Album e do Almanack de São João del-Rei, os quais ele possui em seu arquivo particular e me permitiu compartilhar com o leitor do Blog de São João del-Rei.





* Francisco José dos Santos Braga, cidadão são-joanense, tem Bacharelado em Letras (Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras, atual UFSJ) e Composição Musical (UnB), bem como Mestrado em Administração (EAESP-FGV). Além de escrever artigos para revistas e jornais, é autor de dois livros e traduziu vários livros na área de Administração Financeira. Participa ativamente de instituições no País e no exterior, como Membro, cabendo destacar as seguintes: Académie Internationale de Lutèce (Paris), Familia Sancti Hieronymi (Clearwater, Flórida), SBME-Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica (2º Tesoureiro), CBG-Colégio Brasileiro de Genealogia (Rio de Janeiro), Academia de Letras e Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei-MG, Instituto Histórico e Geográfico de Campanha-MG, Academia Valenciana de Letras e Instituto Cultural Visconde do Rio Preto de Valença-RJ, Academia Divinopolitana de Letras, Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal, Academia Taguatinguense de Letras e Academia Barbacenense de Letras. Possui o Blog do Braga (www.bragamusician.blogspot.com), um locus de abordagem de temas musicais, literários, literomusicais, históricos e genealógicos, dedicado, entre outras coisas, ao resgate da memória e à defesa do nosso patrimônio histórico.Mais...