sábado, 17 de agosto de 2019

CÂMARA LEGISLATIVA DO DF HOMENAGEIA A ACADEMIA TAGUATINGUENSE DE LETRAS PELOS SEUS 33 ANOS DE ATUAÇÃO NO MUNDO CULTURAL DO DF


Por Gustavo Dourado 
Presidente da Academia Taguatinguense de Letras - ATL

Uma das instituições literárias mais tradicionais e atuantes do Distrito Federal, a Academia Taguatinguense de Letras (ATL) será homenageada nesta segunda-feira, 19 de agosto, às 10h, em Sessão Solene no plenário da Câmara Legislativa do DF (CLDF), pelos seus 33 anos de existência. Trata-se de reconhecimento pela consistente contribuição da entidade ao desenvolvimento cultural local, bem como ao seu apoio a projetos sociais de iniciativa da comunidade, justifica a deputada Jaqueline Silva, proponente da sessão. 

O presidente da ATL, o escritor e professor Gustavo Dourado, observa que acadêmicos e convidados receberão com alegria essa importante distinção da Câmara Legislativa em função do trabalho desenvolvido junto à população, aos leitores, jovens estudantes, professores e pesquisadores. Ele lembra que, em 2013, a Academia Taguatinguense de Letras foi tombada pelo poder público como Patrimônio Cultural, Material e Imaterial do Distrito Federal. E, assim, ficou consolidada no Complexo Cultural EIT. “Fomos reconhecidos também pelo Ministério da Cultura, em virtude de nossas atividades em escolas, feiras, bienais de livros, sempre incentivando a leitura por meio de palestras, oficinas, saraus e lançamentos de obras”, destaca Dourado.



Atividades 


Na atual gestão, a entidade foi convidada e participou de três Bienais Brasil do Livro e da Leitura, de cinco Semanas Nacionais de Ciência e Tecnologia, de seis Feiras do Livro, incluindo a Feira Literária do Distrito Federal (Fli/DF), realizada em Taguatinga.

Gustavo Dourado recebe o Troféu Dom Quixote na Feira do Livro 
de Brasília pelo seu trabalho como autor e presidente da ATL

Visita de estudantes no estande da ATL na Feira do Livro de Brasília
Na Feira do Livro de Brasília: escritor homenageado


Participou ainda do Fórum Mundial de Direitos Humanos, do Fórum Mundial da Água, das feiras do livro da Câmara Legislativa, e de centenas de eventos literários em escolas, universidades, faculdades e em instituições culturais. Sempre com o intuito de divulgar as obras e os trabalhos dos acadêmicos e de escritores do Distrito Federal. Em uma dessas ocasiões, a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos adquiriu mais de trezentos livros de autores da ATL. 

Entre os projetos realizados pela academia constam o recital poético-musical Beco das Letras, em sua décima-segunda edição; a Oficina de Cordel para estudantes, já com 60 aulas ministradas envolvendo cerca de 600 alunos; Projeto de Doação de Livros para escolas e instituições como a Secretaria de Educação do DF, a Fundação de Amparo ao Preso e a Casa Azul. Editou também a I Antologia da Academia Taguatinguense de Letras, com mais 140 autores do DF e entorno e oito edições de informativos culturais.

No lançamento da I Antologia da ATL

A ATL foi criada, em 5 de junho de 1986, por 18 professores escritores da Secretaria de Educação do Distrito Federal, atuantes em escolas públicas de Taguatinga. Entre os fundadores destacam-se Hilda Mendonça, Nara Nascimento, Hélio Soares Pereira e Leão Sombra do Norte Fontes (In Memoriam). 

Nesses 33 anos, construiu uma história calcada na luta pela cidadania e na valorização do pensamento que preserva os mais altos valores humanos como o enriquecimento intelectual, a liberdade de expressão, a solidariedade e a promoção do livro e da leitura, do saber, das artes e da cultura de um modo geral. Suas duas bibliotecas guardam um acervo de mais de 7 mil livros, em sua maioria de escritores do Distrito Federal.

Na sala das oficinas de cordel na sede da ATL

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

GRANDE ÓPERA BRASILEIRA NA EUROPA


Por Jorge Antunes


Carlos Gomes foi o último compositor brasileiro a ter grandes óperas encenadas na Europa. A expressão “grande ópera” se origina do francês “grand-opéra”. O gênero surgiu no século XIX na França, e designa a ópera de proporções monumentais, com solistas, coro, grande orquestra sinfônica, bailado e de longa duração. A ópera "Condor", de Carlos Gomes, foi estreada na Itália em 1891. Três de suas óperas voltaram a ser apresentadas na Europa em 1996 e 1997: na Bulgária foram encenadas as óperas "Maria Tudor", "Fosca" e "Il Guarany". 

Em 2019 uma superprodução do repertório operístico brasileiro será levada a um palco europeu: “Olga”, ópera de minha autoria, abrirá a temporada do Teatro da Ópera Baltycka Gdansk, na Polônia, no próximo dia 11 de outubro. 

Compositores brasileiros, tais como Marcos Lucas, João Guilherme Ripper, Mario Ferraro, Jocy de Oliveira, e eu próprio, já tivemos óperas apresentadas no exterior, mas sempre óperas de câmara, com pequenos efetivos. O gênero ópera, sempre com alto custo de produção, tem encontrado, em todo o mundo, dificuldades de apoio financeiro. 

É auspicioso, portanto, o fato de “Olga”, “grand-opéra” de minha autoria, ganhar palcos europeus após os sucessos das grandes óperas de Carlos Gomes. 

 “Olga” foi montada no Brasil em duas temporadas: no Theatro Municipal de São Paulo, com cinco récitas em 2006, e no Teatro Nacional de Brasília, com quatro récitas em 2013. 

A ópera é escrita para grande orquestra, grande coro, cantores solistas e sons eletrônicos. A superprodução, com quase três horas de duração, obteve estrondoso sucesso nas apresentações no Brasil. 

O libreto, escrito pelo poeta carioca Gerson Valle, narra a vida de luta política e o martírio de Olga Benário, a mulher do líder comunista brasileiro Luis Carlos Prestes. Ela era alemã e judia. Apesar de estar grávida, foi deportada do Brasil, em 1936, pelo governo de Getúlio Vargas, sendo entregue à Gestapo e passando a ser prisioneira dos nazistas com transferências sucessivas por três campos de concentração. Sua filha, Anita, nasceu na prisão de mulheres de Berlim. Olga veio a ser assassinada em 23 de abril de 1942 na câmara de gás do campo de concentração de Bernburg. 

No Teatro de Ópera da cidade de Gdansk, na Polônia, “Olga” terá oito récitas entre outubro de 2019 e março de 2020. O único brasileiro a participar do espetáculo é o maestro brasileiro José Maria Florêncio, que é o diretor musical da Opera Baltycka em Gdansk. Todo o elenco é formado de cantores poloneses que cantarão em português, sendo que durante o espetáculo serão projetadas legendas com as traduções para o polonês. 

Em outubro de 2018, no concerto de abertura da temporada da Opera Baltycka, a orquestra do teatro apresentou a “Abertura” da ópera Olga. A peça sinfônica teve grande sucesso, despertando grande interesse do público e da crítica musical polonesa. Esse fato motivou a direção do teatro a programar a ópera para a temporada 2019-2020. 

As oito récitas serão realizadas nas seguintes datas: 11 *, 12 e 13 de outubro de 2019; 22 e 23 de novembro de 2019; 27, 28 e 29 de março de 2020. 

A equipe técnica da montagem polonesa de Olga já foi anunciada: direção musical - José Maria Florêncio; direção de cena - Romuald Wicza-Pokojski; cenários e figurinos - Hanna Szymczak; coreografia - Izabela Sokolowska-Boulton. 

O papel de Olga, que no Brasil foi interpretado pela soprano Martha Herr, falecida em 2015, será interpretado alternadamente pelas polonesas Anna Mikolajczyk e Katarzyna Wietrzny. Os demais papéis estão assim distribuídos: Prestes - Jacek Laszczkowski (tenor); Filinto Müller - Mariusz Godlewski e Macin Bronikowski (barítonos); Arthur Ewert - Remigiusz Lukomski e Daniel Borowski (baixos); Elise Ewert - Julia Jarmoszewicz (mezzo-soprano); Rodolfo Ghioldi - Lukasz Motkowicz e Jan Zadlo (barítonos); Victor Barron - Leszek Skrla (barítono); Carmen Ghioldi - Katarzyna Nowosad (mezzo-soprano); Manuilsky - Piotr Nowacki (baixo); cantador I e policial - Dionizy Plackowski (tenor); cantador II, policial e Sobral Pinto - Jan Zadlo (barítono-baixo); cantador III e policial - Leszek Holec (barítono).


* Confira repertório no dia 11/10/2019 ("premiera"=estreia) na Opera Baltycka em Gdansk:
https://operabaltycka.pl/pl/repertuar/dzien/2019-10-11

Colaborador: JORGE ANTUNES


Por Francisco José dos Santos Braga




JORGE de Freitas ANTUNES (Rio de Janeiro, 23/04/1942) é um compositor e maestro brasileiro, bacharel em Física pela Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi). Tendo estudado ainda jovem Física e Música, fez uso desses conhecimentos na música eletroacústica, da qual é precursor no Brasil desde 1961 e amplamente reconhecido no exterior. Assim foi que ainda em 1961 iniciou pesquisas no domínio da correspondência entre os sons e as cores. Desenvolveu uma técnica de composição, a que dá o nome de Música Cromofônica, e em 1965 começou a produzir obras de multimídia.


Graduou-se em violino, composição e regência pela Escola de Música da Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1968. Fez pós-graduação em composição musical em Buenos Aires, no Centro Latinoamericano de Altos Estudios Musicales (CLAEM), do Instituto Torcuato Di Tella (onde terminou o mestrado em 1970 sob a orientação de Alberto Ginastera e Gerardo Gandini). Fez cursos de aperfeiçoamento em Buenos Aires, Utrecht e Paris, tendo estudado com Alberto Ginastera, Kröpfl, Gandini, Koenig, Bayle, Reibel e Pierre Schaeffer.

Crédito: Flávio Silva.
Em 1977, terminou seu Doutorado na Universidade de Paris VIII, sob a orientação de Daniel Charles.

Desde 1973 até 2011, foi professor do Departamento de Música da Universidade de Brasília, onde lecionou e fundou o Laboratório de Música Eletroacústica, ensinando Composição, Contraponto e Acústica Musical. Apesar da aposentadoria, mantém intensa atividade acadêmica como pesquisador sênior, orientando trabalhos de pós-graduação. Em entrevistas, ele confirma que mesmo compondo músicas, o seu grande amor sempre será lecionar. 

Compôs a ópera "Olga" entre 1987 e 1997, em 3 atos (baseada no drama da vida de Olga Benário Prestes, mulher do líder revolucionário Luís Carlos Prestes), mas apenas em 14 de outubro de 2006 pôde ver sua estreia mundial, que se deu no Teatro Municipal de São Paulo. À frente da Orquestra Sinfônica Municipal, o maestro José Maria Florêncio assinou a direção musical do espetáculo, que contou ainda com a participação do Coral Lírico. O diretor teatral William Pereira é o responsável pela direção cênica e cenografia. Os figurinos foram concebidos por Fábio Namatame.

Em 2014 estreou outra ópera de sua composição, "A Cartomante", baseada no conto de Machado de Assis. A estreia ocorreu em Brasília, com apresentação da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro sob a regência de seu filho, Jorge Lisboa Antunes, nos dias 31 de julho a 3 de agosto.

Apesar de ter citado duas grandes óperas de Antunes, a lista de seus títulos no gênero operístico já atingiu a marca inigualável de doze, compostos durante o período de 1966 a 2019.

Foi agraciado com a Comenda da Liberdade e Cidadania (1ª edição de 2011), na Fazenda do Pombal, sítio onde nasceu o Tiradentes.

Apesar de sempre compor música eletroacústica, possui um catálogo instrumental muito vasto que inclui muitas obras sinfônicas, música de câmara e duas grandes óperas. Suas partituras são editadas por Suvini Zerboni, Billaudot, Breitkopf & Härtel, Salabert e Sistrum. 

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jorge_Antunes (Acesso em 03/08/2019)