quarta-feira, 7 de agosto de 2019

GRANDE ÓPERA BRASILEIRA NA EUROPA


Por Jorge Antunes


Carlos Gomes foi o último compositor brasileiro a ter grandes óperas encenadas na Europa. A expressão “grande ópera” se origina do francês “grand-opéra”. O gênero surgiu no século XIX na França, e designa a ópera de proporções monumentais, com solistas, coro, grande orquestra sinfônica, bailado e de longa duração. A ópera "Condor", de Carlos Gomes, foi estreada na Itália em 1891. Três de suas óperas voltaram a ser apresentadas na Europa em 1996 e 1997: na Bulgária foram encenadas as óperas "Maria Tudor", "Fosca" e "Il Guarany". 

Em 2019 uma superprodução do repertório operístico brasileiro será levada a um palco europeu: “Olga”, ópera de minha autoria, abrirá a temporada do Teatro da Ópera Baltycka Gdansk, na Polônia, no próximo dia 11 de outubro. 

Compositores brasileiros, tais como Marcos Lucas, João Guilherme Ripper, Mario Ferraro, Jocy de Oliveira, e eu próprio, já tivemos óperas apresentadas no exterior, mas sempre óperas de câmara, com pequenos efetivos. O gênero ópera, sempre com alto custo de produção, tem encontrado, em todo o mundo, dificuldades de apoio financeiro. 

É auspicioso, portanto, o fato de “Olga”, “grand-opéra” de minha autoria, ganhar palcos europeus após os sucessos das grandes óperas de Carlos Gomes. 

 “Olga” foi montada no Brasil em duas temporadas: no Theatro Municipal de São Paulo, com cinco récitas em 2006, e no Teatro Nacional de Brasília, com quatro récitas em 2013. 

A ópera é escrita para grande orquestra, grande coro, cantores solistas e sons eletrônicos. A superprodução, com quase três horas de duração, obteve estrondoso sucesso nas apresentações no Brasil. 

O libreto, escrito pelo poeta carioca Gerson Valle, narra a vida de luta política e o martírio de Olga Benário, a mulher do líder comunista brasileiro Luis Carlos Prestes. Ela era alemã e judia. Apesar de estar grávida, foi deportada do Brasil, em 1936, pelo governo de Getúlio Vargas, sendo entregue à Gestapo e passando a ser prisioneira dos nazistas com transferências sucessivas por três campos de concentração. Sua filha, Anita, nasceu na prisão de mulheres de Berlim. Olga veio a ser assassinada em 23 de abril de 1942 na câmara de gás do campo de concentração de Bernburg. 

No Teatro de Ópera da cidade de Gdansk, na Polônia, “Olga” terá oito récitas entre outubro de 2019 e março de 2020. O único brasileiro a participar do espetáculo é o maestro brasileiro José Maria Florêncio, que é o diretor musical da Opera Baltycka em Gdansk. Todo o elenco é formado de cantores poloneses que cantarão em português, sendo que durante o espetáculo serão projetadas legendas com as traduções para o polonês. 

Em outubro de 2018, no concerto de abertura da temporada da Opera Baltycka, a orquestra do teatro apresentou a “Abertura” da ópera Olga. A peça sinfônica teve grande sucesso, despertando grande interesse do público e da crítica musical polonesa. Esse fato motivou a direção do teatro a programar a ópera para a temporada 2019-2020. 

As oito récitas serão realizadas nas seguintes datas: 11 *, 12 e 13 de outubro de 2019; 22 e 23 de novembro de 2019; 27, 28 e 29 de março de 2020. 

A equipe técnica da montagem polonesa de Olga já foi anunciada: direção musical - José Maria Florêncio; direção de cena - Romuald Wicza-Pokojski; cenários e figurinos - Hanna Szymczak; coreografia - Izabela Sokolowska-Boulton. 

O papel de Olga, que no Brasil foi interpretado pela soprano Martha Herr, falecida em 2015, será interpretado alternadamente pelas polonesas Anna Mikolajczyk e Katarzyna Wietrzny. Os demais papéis estão assim distribuídos: Prestes - Jacek Laszczkowski (tenor); Filinto Müller - Mariusz Godlewski e Macin Bronikowski (barítonos); Arthur Ewert - Remigiusz Lukomski e Daniel Borowski (baixos); Elise Ewert - Julia Jarmoszewicz (mezzo-soprano); Rodolfo Ghioldi - Lukasz Motkowicz e Jan Zadlo (barítonos); Victor Barron - Leszek Skrla (barítono); Carmen Ghioldi - Katarzyna Nowosad (mezzo-soprano); Manuilsky - Piotr Nowacki (baixo); cantador I e policial - Dionizy Plackowski (tenor); cantador II, policial e Sobral Pinto - Jan Zadlo (barítono-baixo); cantador III e policial - Leszek Holec (barítono).


* Confira repertório no dia 11/10/2019 ("premiera"=estreia) na Opera Baltycka em Gdansk:
https://operabaltycka.pl/pl/repertuar/dzien/2019-10-11

6 comentários:

Francisco José dos Santos Braga (compositor, pianista, escritor, tradutor, gerente do Blog do Braga e do Blog de São João del-Rei) disse...

O Blog de São João del-Rei tem a satisfação de trazer aos seus leitores a alvissareira notícia de que a ópera “OLGA” de autoria do compositor JORGE ANTUNES abrirá a temporada do Teatro Opera Baltycka Gdansk, na Polônia, no próximo dia 11 de outubro. No mesmo teatro terá 8 récitas entre outubro de 2019 e março de 2020. O maestro brasileiro José Maria Florêncio é encarregado da direção musical; a direção de cena, os cenários e figurinos e a coreografia ficarão a cargo de poloneses.
“Olga” já tinha sido montada no Brasil em duas temporadas: no Theatro Municipal de São Paulo, com cinco récitas em 2006, e no Teatro Nacional de Brasília, com quatro récitas em 2013.
É auspicioso, portanto, o fato de “Olga” ganhar palcos europeus após os sucessos das grandes óperas de Carlos Gomes.
O libreto, escrito pelo poeta carioca Gerson Valle, narra a vida de luta política e o martírio de Olga Benário, a mulher do líder comunista brasileiro Luis Carlos Prestes. Ela era alemã e judia. Apesar de estar grávida, foi deportada do Brasil, em 1936, pelo governo de Getúlio Vargas, sendo entregue à Gestapo e passando a ser prisioneira dos nazistas com transferências sucessivas por três campos de concentração. Sua filha, Anita, nasceu na prisão de mulheres de Berlim. Olga veio a ser assassinada em 23 de abril de 1942 na câmara de gás do campo de concentração de Bernburg.

TEXTO-CONVITE DO MAESTRO JORGE ANTUNES
https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2019/08/grande-opera-brasileira-na-europa.html

BIOGRAFIA DO MAESTRO JORGE ANTUNES
https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2019/08/colaborador-jorge-antunes.html

Cordial abraço,
Francisco Braga
Gerente do Blog de São João del-Rei

Edésio de Lara Melo (professor do Departamento de Música da UFOP, presidente da Associação dos Amigos da Cultura de Resende Costa/MG - AMIRCO e presidente do Conselho Municipal de Patrimônio e Cultura de Resende Costa/MG) disse...

Que notícia boa! Espero que sejam feitas gravações da encenação e disponibilização dos trabalhos. Parabéns aos idealizadores deste trabalho!

Dr. Mário Pellegrini Cupello (escritor, pesquisador, presidente do Instituto Cultural Visconde do Rio Preto de Valença-RJ, e sócio correspondente do IHG e Academia de Letras de São João del-Rei) disse...

Caro amigo Braga

Agradecemos pelo envio.

Abraços, Mario

Miguel Jorge (poeta, teatrólogo, romancista, contista brasileiro e membro da Academia Goiana de Letras) disse...

Grato, meu amigo, pela auspiciosa notícia da ópera Olga. Convido-os também para a estréia da ópera "A Décima Quarta Estação", libreto meu, música do Maestro Estercio Marques, cuja estréia se dará no dia 13 de
setembro, no Teatro Basileu França, em Goiânia, com a deferência de que será a primeira ópera goiana a ser levada aos palcos em Goiás.
Grande abraço,
Miguel Jorge

Paulo Roberto Sousa Lima (escritor, gestor cultural e presidente eleito do IHG de São João del-Rei para o triênio 2018-2020) disse...

Parabéns, confrade Francisco Braga, por mais este serviço informativo prestado a comunidade artística são-joanense, mineira e brasileira. A homenagem musical a Olga Benário vem fazer justiça a uma lutadora pela democracia que, ao lado de Luiz Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança, sofreu a clava forte e o chicote do autoritarismo Varguista. Esta matéria engrandece o Blog que o confrade, competentemente, gerencia.
Abraços fraternos,
Paulo Sousa Lima

Prof. Fernando de Oliveira Teixeira (professor universitário, escritor, poeta e membro da Academia Divinopolitana de Letras) disse...

Grato pelo envio da matéria, caro Braga.
Fernando Teixeira