terça-feira, 31 de maio de 2022

ADRIANO MOREIRA: UM JOVEM CENTENÁRIO

 

Por JOSÉ CARLOS GENTILI *

Foto do autor, acompanhado de Adriano Moreira, o homenageado, e Almirante António Carlos Rebelo Duarte (da esq. p/ dir.)

 

O Restelo, em Lisboa, mantém viva a historicidade portuguesa, ao acolher a figura gigantesca de Adriano Moreira em sua invejável senectude centenária, a distribuir conhecimentos aos seus circundantes e amigos, que têm o privilégio e a honra cívica de merecer suas atenções. 

Em 6 de setembro próximo estará a completar 100 anos de vida – um século! 

Ao chegar de Brasília, fomos abraçá-lo em seu recanto de viver, em companhia do Presidente da Academia Internacional da Cultura Portuguesa – Almirante António Carlos Rebelo Duarte. 

A Capital Federal e a sua Academia de Letras de Brasília, várias vezes, o receberam com a fraternidade que une brasileiros e portugueses, verdadeira seiva que alimenta as raízes profundas e históricas de nossos processos civilizatórios. 

Adriano Moreira é um integrador de pessoas e mundos. 

A lucidez, aliada à extraordinária vastidão de seus conhecimentos, permite que este longevo transmontano, em seu recolhimento de vida, continue a espargir ensinamentos a todos aqueles que o circundam, a feitio de um oráculo grego. 

A sua extraordinária capacidade de antevisão geopolítica, aliada a um invejável tirocínio mundial, especialmente neste período em que a ONU está a envelhecer, após a Segunda Guerra Mundial, enquanto que o Projeto da ilha de Ventotene, atualmente, tem o seu curso, estruturado nos ditames do Livro Branco, é algo fantasmagórico. 

Um momento mágico para ouvir sabedoria! 

Há alguns anos, proferiu-se comunicação na Academia de Ciências de Lisboa, à qual pertencemos, abrangendo temática indicada pelo culto Presidente Artur Anselmo, presente Adriano Moreira,  intitulada: “O futuro da União Europeia passará, também, pelo Brasil?”, que mais tarde redundou num livro de idêntica nominação. 

A Europa atual é uma colcha de retalhos de 26 países, fruto lamentável das duas Guerras Mundiais, enfeixada numa só moeda e delimitada pelo Espaço Shengen, que eliminou fronteiras, a gerar distorções migratórias incontornáveis. 

A Inglaterra, todavia, continuou com sua tradicional libra, a coparticipar da União Europeia, até aos limites do Brexit e a manter seu hermetismo grupal da Commonwealth, a reunir 53 países independentes do Império Britânico. 

A velha Albion tem tradição. 

Os processos migratórios no mundo sempre derivaram de tragédias e de movimentações populacionais para centros vivenciais, onde a cultura, o poder temporal e novas oportunidades fixaram grandezas de toda ordem. 

A migração é uma realidade e seus processos civilizacionais, irreversíveis, pois apresenta parâmetros nos limites societários de suas fronteiras. Tem como marco gregário as respectivas órbitas da Segurança Nacional, sob a égide da ideação daquilo que os povos chamam de soberania. 

A Europa, multifária, politicamente, racial e geneticamente multifacetada, vai sofrendo mutações com as migrações diversas, que o orbe movimenta com quase seus 8 bilhões de seres, à procura de melhores condições de vida. 

É pura realidade geopolítica, independente dos avanços da inteligência artificial, que mantém descompassos geográficos, continentais. 

Escreve-se, também, há anos, a demonstrar que a França, por exemplo, brevemente, será uma comunidade árabe. As migrações de seguidores de Alá, reproduzem-se geometricamente, enquanto que os franceses, procriam-se, aritmeticamente. 

A nova geração ocidental dá mais valor aos cães do que a um filho! 

O próprio Papa, lá de seus redutos vaticanos, do saudoso Latrão, promove o proselitismo migratório sob a égide da religiosidade midiática, evangelizadora. Verdadeira festa com o chapéu dos outros, consoante provérbio de antanho, quando os homens, usavam-no. 

Aqueles que vão a Paris e a Veneza, deveriam visitar, também, Marseille, atualmente, verdadeiras realidades árabes, onde as burkas e os véus muçulmanos competem com as máscaras covidianas

É uma simples constatação, nada mais! 

Recentemente, o Fórum Econômico de Davos, que centraliza os poderosos do mundo, examinou a temática dos custos de recuperação econômica da Ucrânia, ainda em fase de aniquilamento nacional, como se as pessoas fossem meros objetos indesejáveis. 

Os centros de poder deveriam examinar, tempestivamente, a questão da migração mundial com a importância devida, sob pena de uma hecatombe famélica. 

A geopolítica da fome é uma realidade inevitável e deve ser tratada, permanentemente. 

Há carência de estadistas. Há falta de líderes mundiais. 

Pensa-se que o mundo está a precisar de mais Adrianos Moreiras com suas reflexões futuristas, visionárias, que somente aos sábios pertencem.

* José Carlos Gentili, jornalista e escritor.

 
II. AGRADECIMENTO
 
O gerente do Blog agradece à sua amada esposa, cantora lírica Rute Pardini Braga, a formatação e edição da foto utilizada neste elogio literário.

quarta-feira, 25 de maio de 2022

POEMAS SELECIONADOS DE FERNANDO TEIXEIRA

 

Por FERNANDO de Oliveira TEIXEIRA

 

1) Poema extraído do livro "ESTAMPAS: EXERCÍCIOS LITERÁRIOS" (2021) 

FELINO 
simplicidade do voo 
 
 (cara
um triângulo 
mera lâmina 
 
(olhos
milagre da noite 
faísca 
 
(bigode
para-raios 
diagnóstico 
 
(garras
apreensão 
liberdade
 
(rabo
timão da nave 
vela
 
(salto
paira no alto 
 
descida
 
 
chão 
 
espaço do caminhar 
Por Fernando Teixeira 
 
 
2) Poema extraído do livro "CANÇONETAS" (2021) 
"Quiero extenderme en el vacío 
Desinteresado del viento"
Pablo Neruda 

 
 CANTILENAS
 
1
 
a mão 
amanhã 
a manhã
 
2
 
no cochilar do dia 
meu coração adormece 
encolhidinho
 
3
 
vejo um corpo 
você na luz 
                                           mediterrânea
 
4
 
o sol acorda tímido 
olha a minha janela 
enrolado no lençol 
de nuvens cinzentas
 
5
 
a chuva chove lá fora 
como se estivesse cantando 
suave canção de ninar
 
6
 
monotonia me envolve 
com afago de chuvisco 
tão ameno neste dia 
tão pesado quanto paina 
e molhado como pranto
 
7
 
o mar tem ruído 
leve leve leve 
 
e leva
 
8
 
no asfalto 
mecha de sangue 
 
no sangue 
mancha de asfalto
 
9
 
passarinho desceu do poste 
para café da manhã 
 
olhou-me 
                                                           e mergulhou no domingo
 
10
 
entre o sol 
                                          e Marataízes 
a sombra que somos 
                                                    na manhã
 
11
 
as vozes louvam mansas 
no mosteiro das pobres
 
o silêncio vem depois 
irmão do eterno e da paz
 
de Clara e de Francisco 
de Jesus e do leproso
 
12
 
o tempo 
o corpo 
encurva 
 
por curva 
do tempo 
o corpo 
 
o tempo 
em terra 
enterra
 
13
 
o tempo 
o sonho 
perduram
 
o rio 
o céu 
duram 
 
o instante 
o viver 
duram 
 
o grito 
o morrer 
perduram
 
14
 
justaposto o rosto 
às traças do tempo 
 
às regras do tempo 
às margens do tempo 
aos rastros do tempo 
 
justaposto o rosto 
às trevas do tempo 
 
justaposto o tempo 
aos traços do rosto 
 
às rugas do rosto 
às marcas do rosto 
às mágoas do rosto 
 
justaposto o tempo 
às noites do rosto
Por Fernando Teixeira

terça-feira, 10 de maio de 2022

MARIA IMACULADA BATISTA SILVA, POETISA E PRIMEIRA MULHER ELEITA PRESIDENTE DA ADL-ACADEMIA DIVINOPOLITANA DE LETRAS


Por Francisco José dos Santos Braga 
 
Maria Imaculada Batista Silva,  a primeira mulher eleita Presidente da ADL-Academia Divinopolitana de Letras (Acadêmica ocupante da Cadeira nº 19/Patrono: poeta J. G. de Araújo Jorge)
 
Enquanto pinto e bordo, ponto por ponto, a minha história, caminho pela vida, sem perder o foco em Jesus Cristo – minha maior paixão. 

 

Venho, por meio deste blog, comunicar aos amigos, admiradores e colegas da ADL-Academia Divinopolitana de Letras que nós, membros do sodalício, na véspera do Dia das Mães de 2022, sufragamos a escritora e poetisa Maria Imaculada Batista Silva, a primeira mulher eleita Presidente para conduzir a nossa querida entidade. 
 
Neste ano em que ainda estamos comemorando o 60º ano da ADL-Academia Divinopolitana de Letras, como dizia, elegemos a nova Diretoria para a Arcádia de Divinópolis, na qual cumpre destacar os nomes de Maria Imaculada Batista Silva e Flávio Ramos, respectivamente presidente e vice-presidente, ambos escritores. A eleição foi presidida pelo atual Presidente da entidade, Flávio Ramos, cujo mandato se destacou pela viabilização da sede própria da Casa de Letras que hoje funciona na Avenida Cel. Júlio Ribeiro Gontijo, no bairro Esplanada, ao lado da Praça dos Ferroviários, fazendo divisa com a Máquina da Rede Ferroviária, ponto turístico da cidade. A nova Diretoria da ADL tomará posse no dia 8 de junho, data em que também se comemorará o 61º aniversário da ADL. 
 
A seguir, darei breve notícia sobre a nova Presidente eleita da Academia Divinopolitana de Letras. 
 
Nascida em 08 de julho de 1947, natural de Martinho Campos, Minas Gerais, é filha do ferroviário Levindo Batista de Araújo e da professora Gilberta da Silva Batista. Aos seis anos, mudou-se para Divinópolis, época em que o pai foi transferido para as oficinas da antiga Rede Mineira de Viação. 
 
Divinopolitana de coração, estudou no Grupo Escolar Miguel Couto, no antigo prédio, que foi demolido; e no Colégio Estadual de Divinópolis, quando funcionou na rua São Paulo – hoje Escola Estadual São Tomás de Aquino funcionando no bairro Porto Velho. 
 
Cursou o magistério no Instituto Nossa Senhora do Sagrado Coração, formando-se em dezembro de 1975. 
 
Trabalhou como professora de educação infantil, durante 10 anos, em unidade escolar da Prefeitura Municipal de Divinópolis. Transferida para a área administrativa, no governo do prefeito Aristides Salgado, trabalhou na Divisão de Documentação e Legislação. 
 
Diplomou-se em Ciências Sociais, pelo Instituto Superior de Ensino e Pesquisa, hoje, UEMG. 
 
Maria Imaculada casou-se com o alfaiate Carlos Nogueira da Silva, o Tatipa. O casal tem três filhos: Denilsom, Fabiana, Carlos Eduardo; cinco netos, Túlio, Tales, Gabriel José, Antônio Vítor e Bernardo. Adotou como filhos do coração o genro Rolando, as noras Flávia Cristina e Maysa Moreira. 
 
Depois da aposentadoria, dedica-se ao trabalho voluntário. Ensina pintura em tecido no Clube da Melhor Idade Vida Nova. Participa das atividades de artesanato no Bazar da Vovó, entidade assistencial ligada à Diocese de Divinópolis, fazendo crochê, tricô e bordado. 
 
Atual Acadêmica, Maria Imaculada Batista Silva tomou posse no dia 12 de junho de 2019, ocupando a Cadeira n° 19 na Academia Divinopolitana de Letras. Sua Cadeira tem como Patrono o poeta J. G. de Araújo Jorge. A Fundadora da Cadeira n° 19 da ADL foi a escritora Ester Lúcia Caldas Milagre e ocupantes anteriores: Antônio Lourenço Xavier e Maria Aparecida Viegas Viana, Cidah Vianna já falecidos. 
 
Minha homenageada, Maria Imaculada Batista Silva, publicou os seguintes livros de poesia: – Alma da Terra (2013); Velha Casa (2015); Lição do Deserto (2020) e Travessia (2022), todos publicados em Divinópolis pelo Grupo Capela.
 
 
O segredo 
 
Eu acreditava em milagres. 
Tinha apenas 13 anos,
quando tomei a decisão de escrever poesias. 
Pequeno desejo que parecia um sonho 
feito de luar e loucura. 
Momento mágico na vida 
de uma menina romântica, sonhadora, 
que passava horas escrevendo um diário. 
Orava, para que um dia pudesse ter nas mãos 
o livro que escrevia em sonhos. 
O que me impelia a escrever 
era o impulso de desabafar. 
Não podia contar meus segredos, 
guardava tudo no coração, a chave escondia. 
O tempo dos segredos passou, 
só a mania de escrever não passa. 
Maria Imaculada Batista Silva, in Travessia.

 

II. AGRADECIMENTO
 
O autor agradece à sua amada esposa, cantora lírica Rute Pardini Braga, a formatação e edição da foto utilizada neste elogio literário.

segunda-feira, 2 de maio de 2022

UMA NOITE NO ZOO COM PUCCINI


Por Evaldo Balbino

Evaldo Balbino, presidente da Academia de Letras de São João del-Rei (2022-2024)

 
Meu sobrinho músico Luís Gustavo convidou-me outro dia para assistir a um belo espetáculo no Jardim Japonês do zoológico de Belo Horizonte. Ele tocaria na Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, a qual faria, juntamente com o Coral Lírico de Minas Gerais, o acompanhamento orquestral da ópera Madame Batterfly de Giacomo Puccini. 
 
O Jardim Japonês da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte transformado em cenário da ópera "Madame Butterfly" de Giacomo Puccini durante o mês de maio de 2013
 
Eu não gosto de zoológicos. Duas vezes em minha vida entrei nesse tipo de ambiente. A primeira foi em Belo Horizonte, há muitos anos, com minha irmã Ediceia e seus dois filhos. Por insistência dela, é claro, que queria dar um domingo de lazer para os pupilos. A segunda vez foi no Jardim Zoológico de Madri, quando na capital espanhola estive por nove meses. Lá eu dividia apartamento com uma senhora cubana. E também por insistência dela tive que fazer a indesejada visita. Somos assim, não é mesmo? Muitas vezes cedemos à vontade dos outros para satisfazê-los. É longo e árduo o caminho que nos leva ao amadurecimento necessário para que possamos aprender a ouvir nossas próprias vontades. Hoje em dia já me dou ao luxo de me ouvir mais, de me seguir melhor. 
 
Por que não gosto de zoos? Porque para mim o lugar de animais selvagens é na selva. E poderão me perguntar como faremos, nesse caso, com os animais em extinção. Ora bolas, como faremos? Todo mal deve ser cortado é pela raiz. E se esse mal está lá nas selvas, é lá mesmo que ele deve ser combatido. Não é enjaulando tigres e elefantes que vamos salvar os animais. Defendo a liberdade plena, incondicional. Nada mais triste, por exemplo, do que ver um pássaro preso numa gaiola ridícula! Eu me canso de falar isso a conhecidos meus, mas não adianta. O ser humano muitas vezes é egoísta. Prefere o estranho e sádico deleite de ver um bicho trinando na prisão a ver asas explorando os ares, os galhos das árvores, as copas supremas da vida livre. Isso de preferir a nossa felicidade à felicidade alheia é terrível. E é mais terrível ainda quando nossa felicidade se constrói sobre o alicerce da prisão do outro. 
 
Na noite da ópera de Puccini, no entanto, o zoológico mostrou-me outra face. A noite estava fria, e o caminho que levava ao Jardim Japonês estava nublado e silencioso entre árvores. Funcionários guiavam-nos com lanternas até o nosso destino. Os animais deveriam estar dormindo, e talvez bem longe desses bulícios humanos que gostamos de fazer. Surpreendi-me com a decoração do jardim que até então eu desconhecia. E fiquei emocionado, pois nada mais perfeito do que uma ópera ao ar livre! E mais perfeito ainda é um jardim com decoração japonesa para ser o cenário de uma história acontecida no Japão na segunda metade do século XIX. Uma história na verdade inventada, mas que recupera o momento histórico da invasão dos Estados Unidos naquele país. Toda invenção é real, eu sempre digo, porque nos fala da própria vida. 
Traje da personagem Cio-Cio-San (Madame Butterfly) por Adolfo Hohenstein

 
Como tragédia da expansão e do domínio norte-americano no mundo, Madame Butterfly singularmente nos conta sobre o estupro dos sentimentos de uma gueixa que, iludida por um tenente americano, Pinkerton, vê apenas no suicídio a única maneira de recuperar sua honra maculada. O marinheiro ama o exotismo e a beleza da gueixa, toma-a por esposa nos rituais japoneses, passa uns tempos com ela, parte do Japão e lhe promete voltar na primavera seguinte. As primaveras, contudo, sucedem-se, e o marido não volta. Ela, grávida, tem um filho de Pinkerton e vai afundando cada vez mais na miséria. A despeito de tudo, ela insiste em acreditar num amor inabalável e espera incondicionalmente pelo marido. Este, quando retorna três anos depois, já vem casado “de verdade” com uma “verdadeira esposa americana”. A paixão volúvel do marujo é atravessada por remorsos, e mesmo assim ele e sua “esposa verdadeira” arrancam o filho da gueixa. Fazem isso porque pensam que somente os dois têm condições de “educar um filho”, e não uma cantora e dançarina a serviço do entretenimento de homens. O drama em construção precipita-se quando a gueixa se mata. A história dessa gueixa, cujo nome é Cio-Cio-San, é a de alguém que se lança de um navio em chamas nas ondas terríveis de um mar impiedoso. 
 
Cio-Cio-San: Con onor muore chi non può serbar vita con onore. 
Trad.: Com honra morre aquela que não pode manter a vida com honra.
 
Apesar de todas essas coisas ásperas da vida, naquela noite no zoo eu pude ter momentos de suavidade e salvação. Um zoológico encarcerando animais selvagens, o frio que como lâmina nos cortava a todos no Jardim Japonês, o desrespeito de diferentes culturas pela mulher e pela gueixa e a volubilidade dos sentimentos humanos – tudo isso não foram elementos suficientes para fazer desabarem meu mundo e minha vontade de amor. Foram três atos de puro sentimento e expressividade. Música de fina orquestração, num requinte que nos levava aos píncaros de sentimentos sublimes. Chorei em diversos momentos da ópera. Apesar de todas as coisas ásperas da vida, eis que a arte entra em cena e nos faz encarar tudo o que é feio com mais discernimento e beleza. 
(BALBINO, Evaldo. Apesar das coisas ásperas. Rio de Janeiro: 7Letras, 2016. p. 65-67) 

 

Capa do livro de crônicas "Apesar das coisas ásperas", por Evaldo Balbino

 

II. AGRADECIMENTO
 
O autor agradece à cantora lírica Rute Pardini Braga a formatação e edição das fotos utilizadas nesta crônica.

Colaborador: EVALDO BALBINO DA SILVA


Por Francisco José dos Santos Braga

 
Professor de Língua Portuguesa do Centro Pedagógico UFMG, EVALDO BALBINO DA SILVA, é poeta e escritor resende-costense e tomou posse como presidente da Academia de Letras de São João del-Rei em 20 de fevereiro de 2022, com mandato vigente para o biênio 2022 – 2024. 
 
Meu agradecimento [...] ao zelo com que todos conduziram esta Casa nesses tempos, com seriedade e competência. Principalmente em meio às dificuldades por que viemos atravessando a partir de 2020 com a eclosão da pandemia de covid-19”, proferiu o docente em seu discurso de posse. 
 
Com 22 premiações literárias e publicações de poemas, contos e crônicas em revistas, jornais e antologias, Evaldo Balbino é autor dos livros Moinho (2006 - poesias), Móbiles de areia (2012 - crônicas), Filhos da pedra (2012 - poesias), Amores oblíquos (2013 - contos), Os fios de Ícaro (2015 - romance), Apesar das coisas ásperas (2016 - crônicas) e Fantasma de Joana d'Arc (2017 - poesias). 
 
Possui graduação em Letras, mestrado em Literatura Brasileira e doutorado em Literatura Comparada, todos pela UFMG. Atualmente é professor efetivo de Língua Portuguesa, com experiência na área de Literatura Brasileira, atuando principalmente nos temas: Adélia Prado, Santa Teresa d'Ávila, poesia mística, literatura brasileira, ensino e literatura infantil. 
 
A crônica é um gênero nascido na efemeridade das páginas dos jornais que eventualmente alcançou a eternidade do livro. Evaldo Balbino o explora com grande talento, aproveitando-se da sua sensibilidade de poeta e do olhar agudo sobre as coisas miúdas (ásperas ou não) ao seu redor. Nas páginas de Apesar das coisas ásperas, o leitor viajará por memórias de infância, questões sociais e muita literatura. Fica aqui a dica de Carlos Drummond de Andrade, que na segunda estrofe do seu poema Acordar, Viver enuncia: 
(...) 
Como repetir, dia seguinte após dia seguinte, 
a fábula inconclusa, 
suportar a semelhança das coisas ásperas 
de amanhã com as coisas ásperas de hoje? 
(...)