domingo, 25 de dezembro de 2022

O NATAL NA VISÃO DOS POETAS


Por Francisco José dos Santos Braga
 

 
I. INTRODUÇÃO 
 
 
O Natal é uma das datas mais importantes para os cristãos. Ao lado da Páscoa, a celebração tem Jesus como ponto central. Se na Páscoa celebra-se a ressurreição de Cristo, no Natal a memória é em relação ao seu nascimento. "Do ponto de vista bíblico o nascimento de Jesus significa a entrada de Deus na essência humana. A expressão clássica é: 'o verbo se fez carne'. Ao manifestar-se em carne humana para que os homens o compreendessem melhor, Jesus não abdicou de sua condição divina, mas a expandiu orientando-a para a sua criação, assumindo a condição humana em toda a sua plenitude. 
 
Portanto, o Natal não é a celebração do aniversário de Jesus, mas onde os cristãos são chamados a refletir sobre a encarnação de Jesus e a importância disso para cada homem e cada mulher em particular. 
 
Lê-se na homilia de Natal de São Josemaría Escrivá de Balaguer: “Deus humilha-se para que possamos aproximar-nos d’Ele, para que possamos corresponder ao seu amor com o nosso amor, para que a nossa liberdade se renda, não só ante o espetáculo do seu poder, como também ante a maravilha da sua humildade”, porque “Jesus continua ainda hoje a buscar pousada no nosso coração. Temos que lhe pedir perdão pela nossa cegueira pessoal, pela nossa ingratidão. Temos que lhe pedir a graça de nunca mais lhe fecharmos a porta de nossas almas”. 
 
Na véspera de Natal e durante o período natalino, crianças gregas, principalmente meninos, costumam sair cantando 'kálanda' (canções de natal) pelas ruas.

 
 
II. POEMAS SELECIONADOS PARA COMEMORAR O NATAL 
 
 
1) DAVID MOURÃO-FERREIRA 
 
De seu "Cancioneiro de Natal" (1971), seleciono dois: o de nº 18 e o de nº 4, respectivamente. Com Cancioneiro do Natal (1971) David Mourão-Ferreira recebeu o Prêmio Nacional de Poesia. 
 
VOTO DE NATAL 
Por David Mourão-Ferreira 
 
Acenda-se de novo o Presépio no Mundo! 
Acenda-se Jesus nos olhos dos meninos! 
Como quem na corrida entrega o testemunho, 
passo agora o Natal para as mãos dos meus filhos. 
 
E a corrida que siga, o facho não se apague! 
Eu aperto no peito uma rosa de cinza. 
Dai-me o brando calor da vossa ingenuidade, 
para sentir no peito a rosa reflorida! 
 
Filhos, as vossas mãos! E a solidão estremece, 
como a casca do ovo ao latejar-lhe vida... 
Mas a noite infinita enfrenta a vida breve: 
dentro de mim não sei qual é que se eterniza. 
 
Extinga-se o rumor, dissipem-se os fantasmas! 
O calor destas mãos nos meus dedos tão frios? 
Acende-se de novo o Presépio nas almas. 
Acende-se Jesus nos olhos dos meus filhos.  
 
Link: https://www.youtube.com/watch?v=_AQHKfBWKbc (vídeo - Crédito pela narração: Mundo Dos Poemas) 
 
Meu comentário: A época natalina propicia diferentes motivos a serem apreciados por quantos se impressionam com a perpetuação dos festejos no imaginário popular. Um desses motivos é a tradição passada de geração a geração e traz à tona a importância da família na transmissão oral e gestual do rito e o emprego de diferentes materiais que nos remetem aos primórdios do Cristianismo. Mas o elemento mais importante mesmo é a fé, insubstituível conditio sine qua non para a perpetuação de um rito ao longo do tempo. 
O poeta português David Mourão-Ferreira aqui nos fala claramente sobre a manutenção do Presépio como símbolo natalino a unir as famílias em volta da lareira durante as comemorações no ciclo natalino, que se inicia em 24 de dezembro e se estende até o 6 de janeiro, com a Festa de Reis. Claro que ele utiliza o símbolo natalino do presépio como referência universal do espírito natalino, não se restringindo ao presépio tradicional português em si, onde, ali, naquele cenário doméstico, o presépio costuma ser montado geralmente aos pés da árvore de Natal no início do Advento sem a figura do Menino Jesus que só é colocada na noite de Natal depois da Missa do Galo e desmontado no dia seguinte ao Dia dos Reis, e onde é retratado o nascimento de Jesus Cristo, o salvador da humanidade, segundo a crença cristã. 
Consta que se deve a São Francisco de Assis, lá pelo ano de 1223, a idealização do primeiro presépio da história. Na época, o frade da Igreja queria celebrar o nascimento de Jesus de uma maneira diferente e inovadora. 
Folcloristas brasileiros sempre condenaram as encenações natalinas nas quais o Papai Noel aparece com trajes muito diferentes do Brasil rural. Para eles, o verdadeiro Natal é uma festa da família, onde se comemora o nascimento de Cristo, com a Sua presença como Menino Jesus na manjedoura, com burrinho, vaquinha, ovelha, pastores e anjos anunciando a boa nova com cânticos fundamentados em mensagens de um Cristianismo puro e singelo, prenunciando a chegada dos Reis Magos.
No Brasil, por ter sua cultura miscigenada de elementos indígenas, africanos e portugueses, há, além do símbolo natalino do presépio, muitas outras manifestações, principalmente nas regiões afastadas dos grandes centros, possibilitando um Natal mais adequado à nossa cultura popular e às condições brasileiras. Nessas regiões mais distantes dos grandes centros, observa-se que as populações ficam mais imunes à parafernália dos símbolos natalinos europeus (neve, Papai Noel vestido com grossas roupas de lã, capuz e todo respingado de neve, de botas, descendo de uma chaminé ou sentado em um trenó, rena e pinheiro). Geralmente, o nosso homem do campo desconhece as comemorações do Natal à maneira como hoje são usuais nas cidades grandes, enfeitadas com o fetiche de gigantescas árvores de neve e de presentes ansiosamente aguardados, mais envolvidas pelas fantasias de luzes e cores (principalmente a vermelha) e pela ambição do comércio, sedento de grandes lucros. No caso brasileiro mais autóctone, essas cerimônias rituais e manifestações coletivas, também conhecidas como folguedos da cultura popular brasileira, ainda são encenadas por todo o país, sempre com peculiaridades locais, podendo-se citar as seguintes: reisado, guerreiro, bumba-meu-boi (típico folguedo da região Nordeste), pastorinhas ¹, folia de reis ou santos reis (os "ternos de reis" para os gaúchos). 
 
¹ Sob influência portuguesa, o auto do pastoril (ou pastorinhas) proliferou por todo o Brasil, mas de modo especial no Nordeste. 
 
LADAINHA DOS PÓSTUMOS NATAIS 
Por David Mourão-Ferreira 
 
Há-de vir um Natal e será o primeiro 
em que se veja à mesa o meu lugar vazio 
 
Há-de vir um Natal e será o primeiro 
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido 
 
Há-de vir um Natal e será o primeiro 
em que só uma voz me evoque a sós consigo 
 
Há-de vir um Natal e será o primeiro 
em que não viva já ninguém meu conhecido 
 
Há-de vir um Natal e será o primeiro 
em que nem vivo esteja um verso deste livro 
 
Há-de vir um Natal e será o primeiro 
em que terei de novo o Nada a sós comigo 
 
Há-de vir um Natal e será o primeiro 
em que nem o Natal terá qualquer sentido 
 
Há-de vir um Natal e será o primeiro 
em que o Nada retome a cor do Infinito 
 
 
Comentário por Catarina Costa Augusto do Blog Espalha-Factos: "David Mourão-Ferreira reflete, neste poema, sobre a passagem do tempo. O poeta afirma que chegará o dia em que ele morrerá e deixará de estar presente no Natal, em que todos os seus conhecidos desaparecerão e tudo cairá no esquecimento. Numa época em que todas as famílias se reúnem, à volta de uma mesa e ao redor de uma lareira, a ausência dos que já partiram é recordada. Para o poeta, o Natal perde o seu sentido, quando já não existem memórias vivas para recordar alguém que por cá passou."
 
2) JOSÉ CARLOS GENTILI 
 
NATAL
Por José Carlos Gentili
 
Deixe-me pensar 
Num presente diferente 
De outros natais. 
Darei uma nuvem? 
Darei uma pluma? 
Uma pluma de éter? 
Não! Os natais passam, 
As idades aumentam, 
As ideias mudam 
No Natal os presentes. 
Ah! Farei um poema, 
Um poema de letras. 
De letras simétricas 
Como são os natais. 
Um poema com neve, 
Pinheiros e sinos. 
Sinos que tangem 
Na neve que cai, 
Que cai nas folhas 
Dos pinheiros do Céu. 
 
Meu comentário: O eu poético se imagina ofertando "um presente diferente de outros natais", já que faz a constatação de que tudo muda, inclusive nós mesmos e o Natal. 
Em Soneto de Natal, Machado de Assis nos narra que um poeta, desejoso de transpor para a noite de Natal "as sensações de sua idade antiga", mas achando-se pouco inspirado na ânsia de produzir um soneto sobre o Natal, só consegue concluir um verso do soneto planejado: "Mudaria o Natal ou mudei eu?" 
Deonísio da Silva, em concordância com Gentili, cravou: "mudamos todos nós e mudou o Natal também". 
Na estrutura da composição, o poeta observa portanto duas partes bastante distintas no plano do poema, compondo-se de 10 versos cada parte. Na primeira parte do poema, Gentili constata a impossibilidade de atinar com o presente ideal diante da situação conflituosa de que tudo passa. Na segunda parte, devido a essa inconstância, propõe uma saída: o seu presente será um poema com determinadas características típicas de sua fantasia do que seja um Natal: mais permanente, mas nem por isso, estático. 
 
 
III. BIBLIOGRAFIA 
 
 
AUGUSTO, Catarina Costa: O Natal aos olhos dos poetas (2018) 
 
BALAGUER, São Josemaría Escrivá: É Cristo que passa - Homilias, pp. 18-19. 
 
BRAGA, F. J. Santos: A Porfia das Flores, opereta de Antônio Américo da Costa
 
PEREIRA, Moacir: Quem mudou? Ou Natal ou nós? (2020) 
 
PERES, Paulo: O maravilhoso Natal no folclore brasileiro (2013) 
 
WIKIPÉDIA, no verbete Presépio e, em especial, o presépio tradicional português 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

ODE À MÚSICA


Por DAVID MOURÃO-FERREIRA
 
O gerente do Blog de São João del-Rei dedica o presente trabalho ao empreendedor EDÉCIO OLÍVIO DO VALE, proprietário da loja MANIA DE CULTURA, localizada no centro histórico de São Paulo, à Rua Rodrigo Silva, 34, onde se encontra o livro abaixo com a Ode à Música, acompanhada do texto Quanto a esta Ode, ambos de David Mourão-Ferreira. A Mania de Cultura é referência em todas as áreas do conhecimento, inclusive com itens esgotados e raros, merecendo destaque especial seu acervo de obras jurídicas. 


 

I. ODE À MÚSICA 

Por David Mourão-Ferreira 

 


É como se tivesses mãos ou garras 
milhões de dedos braços infinitos 
É como se tivesses também asas 
libertas do minério dos sentidos 
É como se nos píncaros pairasses 
quando nas nossas veias é que vives 
É como se te abrisses ó terraço 
rodeado de abutres e raízes
sobre o perene pânico dos astros 
sobre a constante insónia dos abismos 
E é como se te abrisses e fechasses 
sobre a antepalavra do Espírito 
É como se morresses quando nasces 
É como se nascesses quando expiras 
 
II 
 
Ó claridade Ó vaga Ó luz Ó vento 
que no sangue desvendas labirintos 
Ó varanda no mar sempre Setembro 
Ó dourada manhã sempre Domingo 
Ó sereia nas dunas irrompendo 
com as dunas e o mar se confundindo 
Ó corpo de desperta adolescente 
já no centro de incógnitos caminhos 
que por fora te aceitas e por dentro 
pões em dúvida o sol do teu fascínio 
Ó dúvida que avanças mas por entre 
volutas de pavor que vais cingindo 
Ó altas labaredas Ó incêndio 
Ó Musa a renascer das próprias cinzas 
 
III 
 
Só tu a cada instante nos declaras 
que renegas a voz de quem divide 
Que a única verdade é haver almas
terrível impostura haver países 
Que tanto tens das aves o desgarre 
como o expectante frémito do tigre 
tanto o céu indiviso que há nas águas 
quanto o múltiplo fogo que há no trigo 
Que és igual e diversa em toda a parte 
Que és do próprio Universo o que o sublima 
Que nasces que te apagas que renasces 
em procura da límpida medida 
Que reges o mais puro e o mais alto 
do que Deus concedeu às nossas vidas 
 
(Crédito pela narração: Mundo dos Poemas) 
 
II. QUANTO A ESTA ODE
 
 
Convidado, pelo meu velho amigo o Maestro Filipe de Sousa, a escrever um texto para as celebrações portuguesas do Dia Mundial da Música de 1980, longe estava eu de prever, quando o convite me foi feito, que esse texto viria a ser em verso e, muito menos ainda, como é óbvio, que ele iria a tomar a forma desta Ode à Música

De entre várias circunstâncias que para isso terão concorrido, nomearei sobretudo a de certo reencontro comigo mesmo, depois de já o "restabelecido" de um período funesto em que por demais me "emprestara" a actividades de carácter público. E nomearei ainda a crescente náusea que me ia despertando, no auge de um belíssimo Verão bem merecedor de melhor sorte, o repugnante espectáculo da utilizaçao da língua portuguesa para os mais baixos fins de insulto pessoal e de comicieira demagogia. 

Donner un sens plus pur aux mots de la tribu? Sem que tão-pouco fosse consciente este propósito, decerto terá sido ele que me orientou em procura da límpida medida para uma tentativa de expressão quanto possível rigorosa e quanto possível alheia à babugem das contingências. 

Deve ter também a ver com isto a reiterada associação, que na Ode se observa, entre o tema da música e os temas da água e do fogo. Já depois de escrita praticamente de um jacto, praticamente na forma como hoje se se apresenta , esses últimos temas continuaram ainda a exigir uma expressão mais desenvolvida. Assim, no dia seguinte àquele em que o poema fora escrito, eis que me surgiu, como desenvolvimento ao tema da água em conexão com o da música, mais esta possível "secção" da Ode (que só a título de curiosidade aqui transcrevo): 

Atlântico Adriático Pacífico 
Volga Guadalquivir Danúbio Reno 
Não há mar não há fonte não há rio 
que não tenhas bebido longamente 
Por isso é todo de água o teu domínio 
todo névoas o teu ensinamento 
E o melhor que deixamos erigido 
(isto ao menos contigo o aprendemos) 
só na água e no vento o construímos 
para de nós ficar ou água ou vento 
Mas com que inexorável disciplina 
buscas os fundamentos disso mesmo 
ó Musa dentre todas a mais fria 
ó Musa todavia a mais ardente 
 
Convenci-me então de que um novo "sector" do poema esse de desenvolvimento ao tema do fogo haveria ainda de fatalmente aparecer. Mas logo a seguir me apercebi de que o trecho acima transcrito já constituía uma excrescência; que ele não apresentava sequer a contenção dos outros; que eu estava, enfim, a laborar num equívoco. 
Boa ou má, a Ode encontrava-se efectivamente completa. Os temas podem "enganar-se" a respeito destas coisas. As formas, não. 
Lisboa, 4 de Outubro de 1980 
Ass. David Mourão-Ferreira
 
  

III. AGRADECIMENTO
 
O gerente do Blog de São João del-Rei agradece à sua amada esposa Rute Pardini Braga a formatação e edição das fotos utilizadas neste ensaio.
 

IV. BIBLIOGRAFIA

 
 
MOURÃO-FERREIRA, David: ODE À MÚSICA, Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1980, 23 p.

Colaborador: DAVID MOURÃO-FERREIRA


Por Francisco José dos Santos Braga 
 
DAVID MOURÃO-FERREIRA é um escritor português, jornalista, poeta, tradutor, romancista, crítico literário, ensaísta, dramaturgo, tendo nascido em Lisboa, em 1927 e falecido, também na mesma cidade, em 1996. Licenciou-se em Filologia Românica em Lisboa em 1951, onde mais tarde em 1957 chegou a ser professor catedrático, organizando e ministrando, dentre outras, a cadeira de Teoria da Literatura. 
Embora os seus primeiros poemas datem de meados dos anos 40, a sua atividade poética começou a ganhar relevo quando foi co-diretor, juntamente com António Manuel Couto Viana e Luís de Macedo, da revista Távola Redonda (1950-1954), que, sem apresentar programa ou manifesto, se orientava para uma alternativa poética à poesia social, baseada na "revalorização do lirismo", exigindo do poeta "autenticidade e um mínimo de consciência técnica, a criação em liberdade e, também, a diligência e capacidade de admirar, criticamente, os grandes poetas portugueses de gerações anteriores a 1950. Sem reservas ideológicas ou preconceitos de ordem estética", atributos a que acresciam como exigências a reação contra a "imediatez da inspiração e contra o impuro aproveitamento da poesia para fins sociais", através do equilíbrio "entre os motivos e a técnica, entre os temas e as formas". 
Sua poética constituiu um importante contributo para o surgimento do Novo Fado de Amália Rodrigues, nos anos 60 e 70 do século XX. 
Foi secretário de Estado da Cultura, entre 1976 a janeiro de 1978, e em 1979. 
Para a RTP, foi autor de alguns programas de televisão, cabendo destacar "Imagens da Poesia Europeia". 
Além disso, foi diretor do diário A Capital; diretor do Boletim Cultural do Serviço de Bibliotecas Itinerantes e Fixas da Fundação Calouste Gulbenkian, entre 1984 e 1996; diretor da revista Colóquio/Letras; presidente da Associação Portuguesa de Escritores (1984-86) e vice-Presidente da Association Internationale des Critiques Littéraires. 
Da sua obra poética, cuja poesia se distingue pelo lirismo culto, depurado e sutil, destacam-se os seguintes livros: A Secreta Viagem, Do Tempo ao Coração, Cancioneiro do Natal, Matura Idade e Ode à Música
A obra de David Mourão-Ferreira foi várias vezes reconhecida com prêmios literários, como, por exemplo: Prêmio de Poesia Delfim Guimarães, 1954, por Tempestade de Verão; Prêmio Ricardo Malheiros, 1960, por Gaivotas em Terra; Prêmio Nacional de Poesia, 1971, por Cancioneiro de Natal; Prêmio da Crítica da Associação Internacional dos Críticos Literários por As Quatro Estações; e, por Um Amor Feliz, os prêmios de Narrativa do Pen Clube Português, D. Dinis, de Ficção do Município de Lisboa e o Grande Prêmio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores. Ao autor foi ainda atribuído, em 1996, o Prêmio de Consagração de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores. 
A ABL-Academia Brasileira de Letras escolheu para ocupar, na categoria de Sócio- Correspondente, a Cadeira número 5, que tem por Patrono Dom Francisco de Sousa (1628-1713). Sua eleição para ocupar como 5º ocupante deu-se em 1981. O atual 6º ocupante é o moçambicano Mia Couto.