segunda-feira, 12 de maio de 2014

NASCIMENTO TEIXEIRA, segundo crônica de Gentil Palhares, acrescida de notas biográficas da autoria de Sebastião de Oliveira Cintra e Augusto Viegas




À saudosa memória 
do grande amigo e benfeitor 
de 
São João del-Rei 
JOSÉ DO NASCIMENTO TEIXEIRA. 
A Associação Comercial, 
os sanjoanenses e amigos 
reconhecidos.














































NASCIMENTO  TEIXEIRA

Por Gentil Palhares

O coração de José do Nascimento Teixeira formava um contraste acentuado com a sua fisionomia austera, sisuda e grave. Era mister, todavia, privar com ele para, só assim, aquilatarmos a grandeza da sua alma. Sua vida, aqui na Terra, se exornara de um rosário de benemerências, derramando a mancheias as messes do seu coração largamente generoso e todo voltado para o bem. Repartia sempre, com os pobres, os benefícios que de Deus recebera, para fazer de sua vida um manancial dos mais sublimes em prol dos que lhe batiam à porta.

Ao falarmos de José do Nascimento Teixeira, queremos abster-nos de evocar o político, o industrial, o cidadão de alta visão administrativa, prerrogativas que recebera de Deus no setor da sua atividade material. Mas, devemos afirmar, tanto se engrandecera ele nesses dois ângulos da vida terrena, a espiritual e a material, que se tornara uma criatura de todos admirada e querida. À frente da administração pública — como Prefeito que fora — ou dos negócios particulares de que se fizera gestor, primara Nascimento Teixeira pela honradez, de par com o trabalho fecundo, o interesse e o devotamento à causa pública, ao bem-comum.

A vida desse varão ímpar eclipsou-se aqui justamente quando o Mundo se encontrava sacudido pela convulsão da SEGUNDA GRANDE GUERRA MUNDIAL. Deixara-nos, pois, numa época em que a vida parecia não mais ter expressão, guiada pelos sentimentos negativos dos homens e quando campeava pelos países mais longínquos do Mundo a idéia do domínio e das invasões territoriais. E o tufão, que varria sobretudo a Europa, chegara até nós. São João del-Rei, sede de uma UNIDADE MILITAR, o 11º RI, sofreu mais de perto o impacto com a mobilização de seus filhos e os de outras cidades mineiras aqui aquartelados. Mesmo assim, nesse atordoamento dos espíritos, o são-joanense soube prantear o seu grande amigo que aos 68 anos nos deixava para habitar a Mansão de Deus, depois de LHE colocar aos pés todas as dádivas conquistadas com o oceano do seu incomensurável coração.

Nessa altura da vida, quando impera no seio dos homens como que uma incompreensível degenerescência em todos os ângulos do cenário humano, urge exaltemos essas figuras que se notabilizaram em nosso meio e que se ornaram de predicados tão elevados e sublimes aos nossos olhos.

Ostenta São João del-Rei, em suas praças, quatro hermas de filhos seus ou de terras outras, os quais, em aqui militando no seio da nossa comunidade, construíram, edificaram, legando-nos os frutos de um labor fecundo e exemplar. O são-joanense, ou por uma força de hábito, ou porque rotina de sua vida, passa por esses bronzes, por essas hermas como que descuidado, displicentemente. O mesmo, todavia, não se verifica com o nosso visitante, o nosso turista, o qual, ávido de tudo ver e conhecer, vai indagando e procura sempre identificar os nossos bustos, que a gratidão do povo faz ostentar em nossas praças. E o são-joanense, na sua proverbial solicitude, vai mostrando com orgulho incontido e dizendo do valor de cada um. E é assim que, depois de passar pela herma de Tiradentes, da estátua de Getúlio Vargas, do bronze erigido à memória de Franklin de Magalhães, ou do busto do gênio da nossa música — Padre José Maria Xavier, o turista queda-se defronte ao Templo Franciscano, enquanto um filho da gleba são-joanense vai informando , dedo em riste:
"Este é Nascimento Teixeira, SÍMBOLO DA CARIDADE."



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NASCIMENTO TEIXEIRA faleceu nesta cidade no dia 6 de agosto de 1943.  
Foi grande industrial, Prefeito Municipal, Presidente da Câmara Legislativa, da Associação Comercial e grande benfeitor da obra salesiana em nossa cidade, conforme ressalta o nosso caro historiador e acadêmico Sebastião de Oliveira Cintra. 
Do "Diário do Comércio", órgão da nossa imprensa, foi um de seus incorporadores, sendo que o referido jornal teve 25 anos de circulação. 
Sua herma foi inaugurada na Praça Frei Orlando no dia 25 de agosto de 1946, com a presença de várias autoridades e sob o patrocínio da Associação Comercial.                            ---------------------------------------------------------------------------------------------------

Fonte: PALHARES, Gentil: São João del-Rei na Crônica, p. 30-31.

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[CINTRA, 1994, 192-202] escreveu notas biográficas, sob o título "Prefeito JOSÉ DO NASCIMENTO TEIXEIRA", capítulo do seu livro infracitado, verbis:  
"José do Nascimento Teixeira nasceu a 25/12/1875 em Lagoa Santa (MG), filho de Francisco Nery Teixeira e de Ângela Maria de Jesus. Eram seus irmãos (1943): Cândido Nery Teixeira, Luiz Teixeira, Dª Amarilis da Conceição Teixeira e Maria do Espírito Santo Junqueira, casada com Desidério Junqueira.

Estudou no Seminário de Mariana, donde saiu, aos 17 anos de idade, para exercer o cargo de guarda-livros de uma fábrica de tecidos em Paraopeba (MG). Em 1906 assumiu a gerência da Companhia Industrial Sanjoanense. Seguiu em 1912 para Oliveira, onde foi um dos fundadores da Companhia Oliveira Industrial, que tomou depois o nome de Cia. Têxtil de Oliveira Industrial S/A. Foram seus sócios no empreendimento Carlos Guedes (1873-1948) e Antônio Gonçalves Coelho (1864-1933).

A 06/01/1912 tomou posse do cargo de vereador, sendo presidente da Câmara Municipal o Dr. Odilon Barros Martins de Andrade, que exerceu a Presidência da Ordem dos Advogados do Brasil. Em 1925 fixou novamente residência em São João del-Rei, assumindo a direção da Fábrica Brasil, próspera indústria têxtil, anos mais tarde adquirida por João Lombardi e outros. A referida indústria mantinha um excelente restaurante, que cobrava dos operários preços simbólicos pelas refeições servidas, da melhor qualidade. Tratava-se de notável pioneirismo no campo da assistência social, até hoje não suplantado em nossa cidade.

Em decorrência de acordo político para a pacificação política de São João del-Rei, foi eleito a 17/04/1927 para integrar a Câmara Municipal, sob a presidência do Dr. Antônio de Andrade Reis.

Depois exerceu a vice-presidência da Câmara e os cargos de Prefeito e Vereador, atividade político-administrativa que se encerrou a 10/11/1937, quando se implantou no Brasil a ditadura getuliana.

A 26/01/1930, fundou-se a Sociedade de Concertos Sinfônicos de São João del-Rei, da qual foi o 1º Presidente. O importante acontecimento cultural surgiu e frutificou dadivosamente, graças, inegavelmente, ao valioso apoio que recebeu do Prefeito José do Nascimento Teixeira.

Por ocasião da Revolução de 1930, com risco da própria vida tomou acertadas providências, coadjuvado por Dom Helvécio Gomes de Oliveira, Arcebispo de Mariana, para possibilitar honrosa rendição do 11º R.I., sediado em São João del-Rei, evitando-se inútil derramamento de sangue de militares e da população civil.

Como administrador revelou-se o que sempre o distinguiu: amante da justiça e do trabalho, tudo lastreado pelo seu profundo sentimento religioso. Como homem público, sua honestidade jamais foi ultrapassada na história de São João del-Rei. Exerceu funções de grande responsabilidade sem o mínimo interesse de vantagens materiais. Cidadão simples, educado e caridoso, detestava sentimento de vanglória.

Dentro das exíguas possibilidades do erário municipal realizou meritória administração, construindo estradas, promovendo calçamento de ruas e realizando várias obras de urbanização e saneamento.

Quando nossa terra debatia-se em terrível racionamento de luz e força, que, além de tornar insuportável a vida dos sanjoanenses, estrangulava a ânsia progressista de nosso povo, o Prefeito José do Nascimento Teixeira, num exato descortino da gravidade do problema, deliberou construir a Usina Hidroelétrica do Carandaí.

A 26/01/1936 inaugurou-se a Usina, que prestou grandes benefícios a São João del-Rei.

Dr. Antônio Fernandes Pinto Coelho, Juiz de Direito da Comarca, a 19/12/1930 empossou Nascimento Teixeira no cargo de Prefeito Municipal de São João del-Rei. A 30/01/1931 o Prefeito citado assinou o Decreto nº 1, nomeando Carlos Luiz Guedes, Alfredo Luiz Ratton, José de Assis Sobrinho, Dr. Eloi Reis e Silva e Geraldo Ribeiro de Resende para constituírem o Conselho Administrativo da Prefeitura de São João del-Rei.

José do Nascimento Teixeira faleceu nesta cidade a 06/08/1943. Ao seu sepultamento compareceram grande massa popular, membros de associações artísticas, pias e religiosas, alunos do Ginásio São João e da Escola Padre Sacramento, padres franciscanos, salesianos e do clero secular e a Banda de Música do 11º R.I., que executou músicas fúnebres. A missa de corpo presente foi oficiada na igreja de São Francisco de Assis por Dom Helvécio Gomes de Oliveira, Arcebispo de Mariana, acolitado por diversos sacerdotes. Junto ao túmulo discursaram Dr. Augusto Viegas, padre Orlando Chaves, Inspetor Salesiano, e o Prefeito Municipal Dr. Antônio Viegas.

Nascimento Teixeira realizou notável administração no exercício do cargo de presidente da Associação Comercial de São João del-Rei, o que motivou a iniciativa de o referido órgão classista de erigir na praça pública, a herma do grande benemérito, com o apoio da população e da Prefeitura Municipal.

O monumento, de autoria do escultor professor Modestino Kanto, natural de Campos (RJ), foi inaugurado a 25/08/1946, presentes autoridades, admiradores e parentes do extinto. Discursaram, na ocasião, Carlos Alberto Alves, padre Orlando Chaves, Inspetor Salesiano, Dr. Tancredo Neves, Prefeito Dr. Antônio Viegas, Dr. Augusto Viegas, Manoel Ferreira Guimarães e Nereu do Nascimento Teixeira que falou em nome da família. Na visita, no cemitério de São Francisco de Assis, ao túmulo de nosso homenageado, falou com eloquência Dom José Medeiros Leite, Bispo de Oliveira (MG), que exaltou as excelsas virtudes do amigo desaparecido.

Consideramos como um dos efeitos mais extraordinários de José do Nascimento Teixeira o seu fecundo e pertinaz trabalho no sentido de amparar em São João del-Rei os revmos. padres salesianos, que encontraram na pessoa do nosso biografado o primeiro e mais importante cooperador, belo exemplo que seguiram vários membros da benemérita família, entre os quais cito o meu saudoso amigo Aristóteles do Nascimento Teixeira ("Tóte").

Na magnífica biografia que escreveu do Santo e querido padre Francisco Gonçalves (SDB), intitulada Amor... Alegria... Sacrifício... — 1951 —, o padre Ralfy Mendes (SDB) salientou que Nascimento Teixeira "foi o verdadeiro amparo do Ginásio São João. Foi um pai para os Salesianos." Informa ainda o padre Ralfy: "o Padre Francisco venerava aquela figura de verdadeiro amigo e sofreu um grande abalo por ocasião de sua morte a 06 de agosto de 1943. Alguns meses depois quis colocar na sala de visitas do novo edifício o retrato do seu inesquecível amigo e cooperador, com a presença da família do extinto e diante de todos os alunos Salesianos da casa. Começou a dizer algumas palavras apropriadas ao momento mas teve de fazer uma longa pausa pois que a emoção lhe embargava a voz." Ressaltou o padre Ralfy que o nosso conterrâneo adotivo, incentivador do progresso desta cidade, "ajudou grandemente na construção do Ginásio São João, no Santuário São João Bosco, na Escola Padre Sacramento e ainda em outras obras salesianas."

Também deixou seu nome ligado à imprensa de São João del-Rei. Ao lado de Carlos Alberto Alves, Manoel de Almeida Neto e de Fidelis Guimarães, foi um dos fundadores do Diário do Comércio — que circulou nesta cidade de 06/03/1938 a 06/06/1964.

Na revista nº 1 (1973) ¹ do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei publiquei trabalho de pesquisa sobre o "Bairro do Segredo", que numa de suas ruas ostenta o nome do Prefeito Nascimento Teixeira. Extraímos do mesmo alguns trechos. A Chácara do Segredo, quando de propriedade do ex-prefeito José do Nascimento Teixeira (1875-1943), foi entregue aos cuidados do engenheiro-agrônomo José Vitor Barbosa, que passou a residir no antigo sobrado, ainda existente. Cultivou com êxito milho, feijão, algodão, trigo, batata, morangos, flores, frutas cítricas, cana e mandioca. Mais tarde loteou a chácara, encarregando-se, também, da venda dos primeiros terrenos. *

O cel. Nascimento Teixeira adquiriu a Chácara em 1933, pela importância de "vinte cinco contos de réis", à vista. A casa de morada, à antiga rua dos Pinheiros nº 4, assoalhada e forrada, tendo ao lado uma porta de entrada, com 4 janelas de frente envidraçadas, contendo um terreno medindo 7 alqueires e confrontado por seus diferentes lados com propriedades de herdeiros de Frederico Tolentino, viúvo, de Manoel Coimbra, José Rios do Amaral, herdeiro de Laurindo Reis, João Batista do Carmo, com o logradouro público, com a Santa Casa da Misericórdia e Alberto Custódio de Almeida Magalhães (1875-1962).

Nosso homenageado também foi proprietário da antiga chácara de São Caetano, transformada num dos mais valorizados bairros de São João del-Rei; José do Nascimento Teixeira, em seu testamento, deixou para a Congregação Salesiana a citada chácara.

Como administrador de duas das mais antigas indústrias de tecido de São João del-Rei, cooperou, generosamente, para amenizar o problema habitacional dos operários do Bairro das Fábricas. 

Torna-se oportuno relembrar que o Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, em concorrida sessão ordinária do mês de maio de 1975, prestou justa homenagem ao nosso biografado, pelo transcurso do centenário de seu nascimento. O agradecimento, em nome da família, foi pronunciado pelo professor João Bosco de Castro Teixeira, que, bastante emocionado, revelou importantes passagens da vida de seu avô paterno.

Pelo Decreto-Lei Municipal nº 106, de 30/03/1964, tomou o nome de Rua Prefeito Nascimento Teixeira a ex-rua do Segredo, merecida homenagem a um grande benfeitor da cidade e da pobreza de São João del-Rei.

José do Nascimento Teixeira era casado com Dª Maria da Conceição Teixeira, nascida a 06/03/1875 em Lagoa Santa (MG), então pertencente à cidade de Santa Luzia, filha de Antônio Maurício de Oliveira e de Afra Ricardina dos Santos. Dª Mariquinhas faleceu em São João del-Rei a 09/12/1958, cercada de profunda estima do povo sanjoanense, mercê de sua bondade.

Do matrimônio cristão do querido casal nasceram 15 filhos (...)."

Fonte: CINTRA, Sebastião de Oliveira: Galeria das personalidades Notáveis de S. João del-Rei, [S.l. : s.n.]-FAPEC, 1994, p. 192-202.

                                                         


[VIEGAS, 1969, 210-211] escreveu notas biográficas, sob o título "Galeria de são-joanenses de nascimento e de coração, que aqui exerceram funções públicas, já falecidos" (capítulo IX do seu livro infracitado), verbis:
"JOSÉ DO NASCIMENTO TEIXEIRA, natural de Lagoa Santa, onde nasceu a 25 de dezembro de 1875, aí fêz o curso primário e no seminário de Mariana, com destaque, o secundário. Dotado de excepcional capacidade de trabalho e de decidido pendor para as atividades da indústria e do comércio, a elas vantajosamente se dedicou. Depois de haver trabalhado como guarda-livros em Carmo da Cachoeira, veio para esta cidade em 1906 e aqui assumiu a gerência da Cia. Industrial São-Joanense.
Em 1912, com Antônio Gonçalves Coelho e Carlos Guerra, funda a 'Fábrica Industrial de Oliveira', que em 1925 foi adquirida pela firma Ferreira Guimarães.
Havendo Olímpio Reis e Afonso Dale, em 1912, montado a Fábrica Brasil que, em 1913, passaram a Simões, Baeta & Cia., firma esta que, em 1926, vendeu a Ferreira Guimarães & Cia., passando então à gerência de Nascimento Teixeira.
Vereador à Câmara Municipal em 1923, em 1927 seu vice-presidente, e, pouco depois, seu presidente, prestando em todos êsses postos a esta cidade grandes serviços, justamente reconhecidos pela opinião pública, que, tendo à frente a Associação Comercial, a 25 de agôsto de 1946, lhe erigiu o busto em bronze na Praça Frei Orlando. Na qualidade de Presidente da Câmara, Nascimento Teixeira com Dom Helvécio Gomes de Oliveira em patrióticos esforços muito serviram a esta cidade, nos tormentosos dias da revolução de 1930."

Fonte: VIEGAS, Augusto: Notícia de São João del-Rei, Belo Horizonte: s.n., 1969, p. 210-211.


COMENTÁRIOS DO GERENTE DO BLOG, FRANCISCO JOSÉ DOS SANTOS BRAGA


¹ Na revista de nº VI (e não de nº I) do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, [CINTRA, 1988, 5-24] deu informações mais detalhadas sobre a Rua Prefeito Nascimento Teixeira, em artigo intitulado "Nomenclatura de Ruas de São João del-Rei", a saber: "Relembra o industrial José do Nascimento Teixeira (1875-1943), que foi Prefeito de São João del-Rei. Exerceu a presidência da Câmara Municipal, da Associação Comercial e da Sociedade de Concertos Sinfônicos (1º presidente). Nomes antigos — Chácara do Segredo, Córrego do Segredo e Rua do Segredo. O nome passou a denominar a todo o bairro, dos mais prósperos e valorizados desta cidade. Existe a lenda de que foi praticado ali crime de morte, cujo autor intelectual, poderoso, determinou que os seus escravos guardassem segredo da ocorrência. Daí, teria surgido o nome. O córrego do Segredo, que corta a chácara do mesmo nome, foi canalizado e soterrado, até o córrego do Lenheiro. A chácara do Segredo, que era situada por detrás da Igreja de São Gonçalo Garcia, foi adquirida em 1821 pelo padre José Mendes dos Santos, irmão do Alferes Tomaz Mendes dos Santos. O Pe. José ingressou 13-11-1814 na Irmandade do SS. Sacramento da Matriz do Pilar. A Chácara depois passou a pertencer, sucessivamente, a diversos proprietários, conforme documentamos na Revista nº 1 do Instituto Histórico e Geográfico de São João del-Rei, de 1973. Em 1933 o Cel. José do Nascimento Teixeira adquiriu a chácara pela importância de "vinte contos de réis" (sic), à vista. A chácara foi entregue aos cuidados do engenheiro-agrônomo José Vitor Barbosa, que passou a residir no antigo sobrado. Cultivou com êxito milho, feijão, algodão, trigo, batata, morangos, flores, frutas cítricas, cana e mandioca. Mais tarde, Dr. Vitor loteou a Chácara, encarregando-se, também, da venda dos primeiros terrenos. O Prefeito Padre Oswaldo da Fonseca Torga abriu a Avenida Nossa Senhora do Pilar, propiciando o desenvolvimento do bairro."


BIBLIOGRAFIA


CINTRA, Sebastião de Oliveira: Galeria das Personalidades Notáveis de S. João del-Rei, [S.l. : s.n.]-FAPEC, 1994, 270 p.

CINTRA, S. O.: Nomenclatura das Ruas de São João del-Rei. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE SÃO JOÃO DEL-REI. São João del-Rei: 1988, vol. VI,  129 p.

PALHARES, Gentil: São João del-Rei na Crônica, Juiz de Fora: Esdeva Gráfica S.A., 1974, 180 p.

VIEGAS, Augusto: Notícia de São João del-Rei, Belo Horizonte: s.n., 1969, 273 p.

sábado, 3 de maio de 2014

OS "IMORTAIS" SÃO-JOANENSES, por Gentil Palhares


Por Gentil Palhares


Cônego Dr. Henrique Neves Júnior - 
Presidente da Academia
Sebastião de Oliveira Cintra - Vice-Presidente












































"A ACADEMIA DE LETRAS DE SÃO JOÃO DEL-REI  ¹ está feliz, porque marchando para o quinto ano de suas atividades culturais, atualmente sob a presidência do Cônego Dr. Henrique Neves Jr. E tudo tem feito este Sodalício para manter bem viva a chama que herdamos do passado, a cultura dos nossos vultos das letras são-joanenses, os quais nos legaram os mais sublimes incentivos. Várias têm sido as sessões solenes realizadas com os acadêmicos efetivos e correspondentes, encontrando sempre a máxima compreensão de toda São João del-Rei, que tem sabido prestigiar a nossa CASA, fundação do Prefeito Milton de Resende Viegas.

As mais destacadas figuras representativas do nosso parque intelectual integram os QUADROS SOCIAIS da ARCÁDIA dirigida pelo Cônego Dr. Henrique Neves. E podemos afirmar que, em assim procedendo, estaremos empenhados no trabalho de perpetuar em nossa lembrança e nos nossos corações, transmitindo aos porvindouros, os vultos desta legendária e histórica cidade, os quais, em épocas recuadas, plantaram a semente dos conhecimentos, do saber, da cultura, da instrução nos seus vários ângulos, clareando as consciências e iluminando os espíritos que se voltam para as letras no seu esplendor e na sua beleza. Assim é que, transformados em PATRONOS, esses vultos do passado jamais serão esquecidos, mas aflorados para sempre e carinhosamente no seio da ACADEMIA DE LETRAS DE SÃO JOÃO DEL-REI, instituição cultural que o espírito engrandecido de um VIEGAS, o Dr. Milton, houve por bem fundar nesta cidade que se ufana de suas tradições nas ciências, nas artes, no setor político e nas letras.

Sobre ser auspiciosa a vida do SODALÍCIO SÃO-JOANENSE, conservando e disseminando cultura, punge-nos lembrar, todavia, que apenas com 4 anos de atividade, já os seus QUADROS se ressentem com a perda dos acadêmicos José Belini dos Santos, Asterack Germano de Lima, Sebastião Alves do Banho e Alberto Lima, pois que a VONTADE COMPULSÓRIA DE DEUS, na SUA infinita sabedoria, assim determinou, chamando estes companheiros ao plano espiritual. E quando evocamos tão queridos confrades, queremos tributar-lhes, nestas linhas, a nossa profunda e imorredoura gratidão pelo que eles nos deram nas emanações das letras, das quais foram cultores admiráveis.

Atualmente a ACADEMIA DE LETRAS DE SÃO-JOÃO DEL-REI possui o seguinte QUADRO DE ACADÊMICOS EFETIVOS, na ordem subseqüente de 30 CADEIRAS: Dr. Milton de Resende Viegas, acadêmico de HONRA, Maria do Carmo Hilário, José Américo da Costa, Luiz de Melo Alvarenga, Mozart Novaes, José das Chagas Viegas, Carlos de Oliveira Ribeiro Campos, Fábio Nelson Guimarães, Sebastião de Oliveira Cintra, Elpídio-Antônio Ramalho, Adenor Simões Coelho Filho, Álvaro Vianna Filho, Antônio Guerra, Esaú de Assis Republicano, Luiz Zver, Gentil Palhares, Antônio Elias Cecílio, Beatriz Alves Horta Barbosa, Adherbal Malta, Jorge Chala Sade, Euclides Garcia de Lima Filho, Carmélia de Assis Pereira, Delfim Ribeiro Guedes, Cyro do Espírito Santo Cardoso, Zuleika Fonseca Botelho Braga, Abgar Antônio Campos Tirado, Álvaro Barreto de Faria, Luiza Teixeira Carvalho, Henrique Neves Jr. (atual Presidente), Maria Aparecida Paiva Gonzaga, Cid de Souza Rangel. ²

São Patronos da Academia as seguintes personalidades: Dr. Augusto das Chagas Viegas, Asterack Germano de Lima, Aureliano Pereira Corrêa Pimentel, Herculano Veloso, Severiano Cardoso Nunes de Resende, Antônio Augusto Ribeiro Campos e Olívia Ribeiro Campos, Basílio de Magalhães, Cônego José da Costa Machado, Bárbara Eliodora, Sebastião Sette, Modesto de Paiva, Adenor Simões Coelho, Antônio Rodrigues de Melo, Franklin Magalhães, Maria Eugênia Celso, Alexina de Magalhães Pinto, Dr. Euclides Garcia de Lima, Custódio Batista de Castro, Sebastião Alves do Banho, Inácio José de Alvarenga Peixoto, Professor Domingos Horta, Dr. Cristóvão de Abreu Braga, jornalista Lincoln de Souza, Gilberto de Alencar, Inácio da Silva Alvarenga, Dr. Antônio de Andrade Reis. Os PATRONOS mencionados são detentores das CADEIRAS de Números 1 a 30, ocupadas pelos acadêmicos efetivos acima especificados.

MEMBROS-CORRESPONDENTES: Mal. Antônio José Coelho dos Reis, Professor Antônio Campos Tirado, Dr. Belisário Leite de Andrade Neto, Prof. Christóvão Teixeira, General Delmiro Pereira de Andrade, Dr. José Guilherme Viegas, Dr. Marcelo Santiago Costa, Dr. Tancredo de Almeida Neves, Prof. Antônio de Lara Resende, poeta Oranice Franco, Prof. Antônio Rocha, Dr. Cândido Martins de Oliveira, Edmundo Dantés Passos, Dr. José Dângelo, Cel. José Maury de Araújo Silva, Dr. Nelson de Figueiredo, Dom Antônio de Almeida Lustosa, prof. Gilberto Mansur, Dom Lucas Moreira Neves, Dom José Dângelo Neto, Edith Silva, Dr. Leopoldo Corrêa, Monsenhor Almir de Resende Aquino, poeta Paulo Terra, Monsenhor Solindo José da Cunha, poeta Sidnei Cunha, poeta Venâncio Castanheira Filho, Dr. Wilson Ad-Vincula Veado, Dra. Celina de Resende Viegas, Otávio Leal Pacheco, Osny Silva, Maria Luiza Ventura Veado, Dr. Altair José Savassi ³, Gilda Amora de Assis Republicano, Cel. Vítor Felicetti, Dom Geraldo M. M. Penido e Mônica Alves Ribeiro."


COMENTÁRIOS DO GERENTE DO BLOG,  FRANCISCO JOSÉ DOS SANTOS BRAGA


¹  Trata-se de importante registro do historiador Gentil Palhares nesta sua memorável crônica, constante do seu livro "São João del-Rei na Crônica", p. 153-155. 
O Cônego Henrique Neves Júnior (✞ 11/01/1995) foi o 4º Presidente da nossa Academia, tendo o seu mandato durado dois anos (1977-1978).

²  Cabe aqui um preito de gratidão e louvor aos saudosos Acadêmicos que nos precederam na condição de  Membros Efetivos dessa Casa de Cultura, ressalvando que três continuam entre nós, ainda Membros atuantes e produzindo trabalhos intelectuais e artísticos: Dr. Euclides Garcia de Lima Filho, "Maestro" Abgar Antônio Campos Tirado e Profª Maria Aparecida Paiva Gonzaga.

A Profª Luiza Teixeira Carvalho não frequenta mais nossas reuniões, mas continua ativa no campo de sua especialidade (teatro). Seu irmão, o jornalista Lúcio Teixeira Carvalho, jornalista, criador e promotor do FELIT - Festival de Literatura de São João del-Rei, que já teve 7 edições realizadas com enorme sucesso, é o mais novo membro correspondente da Academia, tendo sido empossado na categoria de Sócio Correspondente em 27 de abril de 2014.

³  Barbacena comemora neste ano de 2014 o centenário  do seu filho ilustre, Prof. Altair José Savassi (1914-2003), autor de muitos livros, dentre os quais cabe destacar "Barbacena - 200 anos" (1991), em dois volumes. Foi homenageado pela sua "urbs", a qual deu ao Arquivo Histórico Municipal, inaugurado em 15 de agosto de 2003, o nome do grande intelectual, que, além dos grandes serviços prestados, ainda chefiou o Executivo Municipal por duas vezes. Por unanimidade foi eleito membro de diversas academias de letras e de institutos históricos e geográficos de Minas Gerais: além de Barbacena e São João del-Rei, foi membro atuante em Belo Horizonte e Sete Lagoas. Em sua terra natal, foi membro efetivo da ABL-Academia Barbacenense de Letras, que em sua homenagem comemorou o seu centenário em 25 de abril de 2014, evento a que compareci na condição de membro correspondente da ABL e Secretário Especial de Relações Institucionais do IHG de São João del-Rei. Proximamente este evento será coberto pelo Blog de São João del-Rei, "ad perpetuam rei memoriam".