sexta-feira, 6 de setembro de 2024

NINFAS E DEUSAS ROMANAS RESSURGEM EM ASHKELON-ISRAEL


Por MINISTÉRIO DO TURISMO DE ISRAEL 
Transcrevemos, com a devida vênia do Ministério do Turismo de Israel, este material informativo com objetivo turístico. 
Dra. Elena Kogan-Zehavi da Autoridade de Antiguidades de Israel, que descobriu um dos túmulos há cerca de 30 anos atrás, de pé dentro de um dos sítios preservados - Foto: Emil Aladjem

O trabalho de conservação e restauração dos conservadores da Autoridade de Antiguidades de Israel - Foto: Emil Aladjem

 
As Ninfas e Deusas Ganham Vida: 
 
Pinturas de murais de beleza deslumbrante do período romano descobertas em Ashkelon são reveladas e disponibilizadas ao público pela primeira vez. 
 
Essas pinturas decorando tumbas antigos de pessoas ricas foram descobertas décadas atrás, mas poucas pessoas as viram. Agora, elas estão preservadas perto da marina da cidade por especialistas em conservação da Autoridade de Antiguidades de Israel, financiadas pela Prefeitura de Ashkelon, como parte do desenvolvimento geral das preciosidades arqueológicas da cidade. 
 
Duas tumbas abobadadas, com mais de 1.700 anos, adornadas com pinturas magníficas de personagens da mitologia grega, figuras humanas, plantas e animais, serão reveladas ao público pela primeira vez. Este trabalho resulta da ampla colaboração entre a Prefeitura de Ashkelon e a Autoridade de Antiguidades de Israel, visando desenvolver e integrar os excepcionais ativos patrimoniais da cidade em suas áreas públicas, beneficiando tanto moradores quanto visitantes. 
 
Essas antigas estruturas estão localizadas próximas à marina de Ashkelon, em uma área pública cercada por torres residenciais. O município decidiu tornar o local acessível ao público, transformando essa área anteriormente negligenciada em um convidativo jardim público que abriga os dois túmulos. Um simples vislumbre do interior dessas tumbas já é suficiente para abrir uma janela para um mundo antigo e fascinante. 
 
O prefeito de Ashkelon, Tomer Glam, diz:
“Ashkelon é uma das cidades mais antigas do mundo e, à medida que moldamos e projetamos o futuro da cidade, garantimos um lugar de honra para seu passado glorioso e rico. Nos últimos anos, fizemos uma verdadeira revolução no reino da preservação de sítios históricos. Tornamos os sítios acessíveis aos moradores da cidade e ao público em geral e, em seguida, organizamos eventos e produzimos programas educacionais, culturais e turísticos com o objetivo de conectar a história da cidade ao seu presente. Este é o momento apropriado para agradecer à vice-prefeita Miri Altit por seu abrangente trabalho profissional neste empreendimento e agradecer à Autoridade de Antiguidades de Israel por esta cooperação de tão imensa importância, ajudando-nos a posicionar Ashkelon como a Cidade das Antiguidades de Israel.” 
O sítio foi descoberto na década de 1930, a cerca de 300 metros da praia, e consistia em uma tumba abobadada preenchida de areia. A estrutura foi escavada por uma expedição britânica e datada do início do século IV d.C. Ela é composta por um salão com quatro cochos funerários adjacentes, e a passagem é ricamente decorada com uma série de pinturas impressionantes tanto pela qualidade quanto pela habilidade. Entre as representações, destaca-se Deméter, a deusa grega da terra e dos grãos. Outras imagens incluem videiras e cachos de uvas, vários tipos de folhas e galhos, e ninfas mitológicas, cujas cabeças são adornadas com coroas de flores de lótus enquanto seguram jarros de onde a água jorra. Também estão retratados diversos pássaros, veados, crianças colhendo uvas e colocando-as em cestos, além de uma figura tocando a flauta de Pã. Um dos destaques é a cabeça de Medusa, a Górgona, cuja expressão monstruosa e cabelos de serpente, segundo a mitologia grega, petrificavam aqueles que a olhavam. 
 
Outra tumba abobadada e decorada, presente no jardim público, foi realocada para o local atual a partir de outro sítio em Ashkelon na década de 1990, para garantir sua preservação. Este túmulo, descoberto durante as escavações conduzidas pela Dra. Elena Kogan-Zehavi da Autoridade de Antiguidades de Israel, data do século II d.C. No centro da estrutura, há um salão cujas paredes são adornadas com pinturas coloridas de figuras humanas, pássaros e outras imagens do mundo animal e vegetal. Ao redor do salão, há loculi abobadados onde foram encontrados caixões de chumbo, também decorados com figuras humanas, animais e vegetais. 
 
Nos últimos meses, essas estruturas e suas decorações foram preservadas por meio de um processo complexo executado por Vladimir Bitman, David Kirakosian, Alexei Ronkin e Yoni Tirosh HaCohen, especialistas do departamento de conservação da Israel Antiquities Authority. De acordo com Mark Abrahami, chefe do ramo de conservação de arte da Israel Antiquities Authority:
"Pinturas murais antigas geralmente não são preservadas no clima úmido de Israel. Como as pinturas estavam em uma estrutura relativamente fechada, ela as protegeu, até certo ponto, por décadas. Naturalmente, a exposição da tinta centenária ao ar e à umidade causou desbotamento e desgaste. Tivemos que conduzir um processo longo e sensível para interromper e reparar os estragos do tempo e do desgaste. Algumas pinturas tiveram que ser removidas das paredes para tratamento completo nos laboratórios de conservação da Autoridade de Antiguidades de Israel, até que fossem devolvidas ao local. As outras paredes da estrutura foram limpas, os pigmentos nas cores das pinturas foram acentuados e todo o edifício foi reforçado e estabilizado para preservá-lo para as gerações futuras." 
 
Nos últimos anos, a Prefeitura de Ashkelon investiu recursos consideráveis no cuidado e desenvolvimento dos sítios antigos da cidade em cooperação com a Autoridade de Antiguidades de Israel. Entre outras obras, um grande parque público foi aberto no novo bairro Wine City, com um antigo sítio industrial em seu coração. Este complexo inclui prensas de vinho e azeite, armazéns, uma casa de banhos e muito mais. Um mosaico na Yekutiel Adam Street também é conservado e preservado bem ao lado de um playground, único por incorporar elementos arqueológicos. O conhecido pátio do sarcófago, uma exibição pública de dezenas de itens impressionantes e raros encontrados por toda a cidade, foi atualizado. Uma exibição de belos artefatos antigos foi montada no Kadesh Boulevard e muito mais. 

Quando o jardim público for aberto para os próximos feriados, moradores de Ashkelon, visitantes israelenses e turistas poderão admirar e apreciar a beleza dessas pinturas raras e, assim, aprender sobre a fascinante história passada desta movimentada cidade portuária moderna. 
 
De acordo com Eli Escusido, Diretor da Autoridade de Antiguidades de Israel,
“A cidade de Ashkelon é uma das primeiras cidades em Israel que está agindo sabiamente para alavancar o enorme potencial em valores e estética incorporados em seus ativos patrimoniais. Ashkelon é um exemplo de como a integração de achados antigos no tecido urbano – em colaboração com a Autoridade de Antiguidades de Israel, de uma maneira que confere valor adicional e provoca interesse em seus espaços públicos. Estou muito satisfeito que finalmente – graças a esta valiosa cooperação com a Prefeitura de Ashkelon e ao trabalho profissional de nossos conservadores, os moradores e visitantes de Ashkelon em breve poderão desfrutar da vista impressionante e extraordinária dessas tumbas decoradas.”
 
De acordo com Mirey Altit, vice-prefeita de Ashkelon e chefe de conservação de sítios históricos no município de Ashkelon:
“Juntamente com o prefeito Tomer Glam, fizemos e continuamos a fazer uma revolução no campo da preservação de sítios históricos em nossa cidade. Juntamente com o trabalho de conservação em colaboração com a Autoridade de Antiguidades, estamos tomando o cuidado de tornar os sítios históricos acessíveis ao público em geral, desenvolver seus arredores e conduzir atividades educacionais e culturais neles. Convidamos você a vir à cidade e aproveitar tudo o que Ashkelon tem a oferecer, inclusive na esfera de antiguidades e arqueologia.
 
 
Fotografia: Emil Aladjem, Autoridade de Antiguidades de Israel 
 
1. Vídeo em hebraico. 
2. Vídeo com legendas em inglês - Link: https://youtu.be/bgHe5UJkzIU 
 
3—6. O trabalho de conservação e restauração dos conservadores da Autoridade de Antiguidades de Israel 
 
7—9. Dra. Elena Kogan-Zehavi, Autoridade de Antiguidades de Israel, que descobriu uma das tumbas há cerca de 30 anos, de pé nas tumbas após sua preservação 
10. Uma figura segurando um pavão, antes da conservação 
11. Uma figura segurando um pavão, após o trabalho de conservação da Autoridade de Antiguidades de Israel 
12. As tumbas decoradas antes do estabelecimento do parque arqueológico de Ashkelon 
13. O novo Parque Arqueológico em Ashkelon 
14. Mirey Altit, vice-prefeita de Ashkelon, no novo jardim arqueológico da cidade 
15. A figura mitológica de Medusa-Górgona na tumba pintada 
16. Figura da deusa da mitologia grega Deméter aparecendo no teto da estrutura, 
17. Filmagem completa – vídeo sem legendas e música
 
Para detalhes adicionais: 
Yoli Schwartz, porta-voz da Autoridade de Antiguidades de Israel 052-5991888 
Dana Greenblatt, porta-voz do Município de Ashkelon, 050-3057642

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

A PANDEMIA DAS CASAS DE APOSTAS ONLINE


Por ALDEMÁRIO ARAÚJO CASTRO *
Transcrevemos, com a devida vênia do autor de OPINIÃO do DIÁRIO DO PODER, matéria publicada no post de 31/08/2024.
São 108 as empresas de jogos e apostas online que desejam licenciamento para operarem no Brasil a partir de janeiro de 2025.
  
Convivemos com pandemias de várias naturezas. Temos, entre outras, pandemias de vírus (coronavírus, por exemplo), de deficiências de magnésio e “vitamina” D, de golpes virtuais, de obscurantismo político e de distúrbios mentais (ansiedade e depressão, entre outros). Recentemente, uma nova pandemia invadiu os lares dos brasileiros. Trata-se da verdadeira invasão de casas de apostas online (as bets). 
 
A intensa propaganda das bets pode ser vista e ouvida em praticamente todos os lugares, com especial ênfase para os espaços eletrônicos nas redes sociais. Tentar identificar quantas e quais são essas casas não é uma tarefa fácil. E uma nova parece surgir a cada dia.
 
O Ministério da Fazenda recebeu 113 pedidos de autorização de 108 empresas de apostas que desejam operar no Brasil a partir de janeiro de 2025, quando começam a valer as regras da chamada “lei das bets. A autorização do governo para que essas empresas operem no país deve sair até 31 de dezembro de 2024. As casas de apostas ainda podem pedir liberação, mas, a partir de agora, a resposta pode levar até cinco meses (150 dias)” (fonte: g1.globo.com). Essa notícia foi veiculada no dia 21 de agosto de 2024.
 
A notícia menciona a chamada “lei das bets”. Trata-se da Lei n. 14.790, de 29 de dezembro de 2023. Esse diploma legal dispõe sobre: a) o regime de exploração; b) o agente operador de apostas; c) o procedimento de autorização; d) a oferta e a realização de apostas; e) as transações de pagamento; f) os apostadores; g) os prêmios; h) a fiscalização e i) o regime sancionador.
 
Em relação aos apostadores, o legislador apontou: a) as pessoas impedidas de apostar (como os menores de 18 anos); b) os direitos básicos (aqueles aplicáveis aos consumidores e informação/orientação sobre regras, riscos de perda e transtorno patológico); c) o direito à orientação e ao atendimento, e d) as condutas vedadas na oferta de apostas.
 
Aparentemente, as cautelas postas na legislação reguladora das bets não conseguiram evitar uma série de consequências negativas decorrentes dessa atividade. 
 
Segundo levantamento do Instituto Locomotiva, o número de apostadores cresce em velocidade espantosa. “Nos últimos seis meses, esses aplicativos ganharam 25 milhões de usuários – quase metade do total de 52 milhões de brasileiros que fazem apostas esportivas” (fonte: uol.com.br). 
 
A pesquisa referida indica que 84% desses apostadores novos integram as classes C, D e E. Apenas 16% deles são das classes A e B. Esse perfil dos apostadores causa preocupação crescente em função da limitada educação financeira e da baixa percepção de que utilizam um serviço voltado para o lucro. Infelizmente, a maioria dos apostadores vê na atividade uma mera possibilidade de renda extra. 
 
Inúmeros especialistas mencionam o risco de redução do poder de compra dos consumidores e até algum comprometimento do faturamento do setor de varejo. A pesquisa do Instituto Locomotiva apurou que 37% dos apostadores reconheceram ter utilizado recursos que originalmente seriam “para coisas importantes”, 45% deles experimentaram prejuízos financeiros significativos e 86% dos usuários de apostas online estão endividados. “Em junho, a SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo) divulgou um estudo que mostrava que 63% das pessoas que usavam as bets ficaram com renda menor. Por causa disso, 23% deixaram de comprar roupas, 19% reduziram as compras no supermercado e o mesmo percentual abriu mão de viajar” (fonte: uol.com.br). 
 
 Os impactos sobre a saúde mental dos apostadores também foi objeto de análise na pesquisa do Instituto Locomotiva. 60% dos usuários de apostas online reconheceram o efeito negativo no plano psicológico. Cerca de 51% apontaram o aumento da ansiedade e 47% relataram usar as apostas como elemento de fuga em relação a problemas pessoais de várias ordens.
 
“O Brasil já é o terceiro maior mercado de apostas online do mundo. Segundo a consultoria PwC, elas movimentaram em 2023 entre R$ 67,1 bilhões e R$ 97,6 bilhões, quase 1% do PIB, e neste ano devem chegar a R$ 130 bilhões. A Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo constatou que a renda de dois em três apostadores foi comprometida. Segundo o Banco Itaú, os jogadores perderam R$ 23,9 bilhões para as casas de apostas – muitas delas sem sede no País, à margem da arrecadação. Pelos cálculos da PwC, as apostas devoraram 1,38% do orçamento das classes D e E; o Santander estimou em 2,7%. Ambas as análises, ainda que sem cifras precisas, dão por certo o prejuízo a outros setores da economia” (fonte: estadao.com.br). 
 
Algumas das consequências deletérias da invasão das casas de apostas online não possuem mensuração, ao menos por enquanto. A utilização da atividade para lavagem de dinheiro é uma grande preocupação. Inúmeros tipos de fraudes podem ser realizadas a partir da imensa facilidade das apostas e das celebridades contratadas para “vender ilusões”. Existem avaliações que ligam as apostas online ao aumento do absenteísmo no trabalho e da violência doméstica. 
 
Esse quadro preocupante indica que é preciso dar uma atenção bem maior ao universo das apostas online. Dois caminhos devem ser trilhados com ênfase e urgência: a) profundas restrições no campo da publicidade e b) fortíssima oneração por intermédio da tributação. O tratamento dado ao fumo pode ser utilizado como importante parâmetro de atuação do Poder Público e dos setores organizados da sociedade civil. 
 
 O exercício da liberdade individual não pode ser apresentado como uma espécie de álibi para a realização de atividades econômicas nitidamente predatórias. Com efeito, a Constituição expressamente define no seu art. 220 que é preciso proteger a pessoa e a família de “produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde”, notadamente por intermédio de restrições à propaganda.
 
Parece fora de dúvida que a sociedade brasileira, em particular seus segmentos mais vulneráveis, está submetida, de forma indevida, a extrema agressividade das casas de apostas online. A busca por ganhos financeiros (enormes, diga-se de passagem) não pode ser efetivada com a realização de todos os malefícios mencionados. Em suma, a atividade econômica no Brasil não pode ser uma espécie de vale tudo por dinheiro. 

Link original: https://diariodopoder.com.br/opiniao/a-pandemia-das-casas-de-apostas-online  👈

* Advogado e Procurador da Fazenda Nacional.