Por Fernando Teixeira
VIAJEIRO
O Presidente da República maquiou o topete para se contemplar, do alto da imensa popularidade, no discurso televisivo. Noutra tela, o outro ungido das urnas exibia esperanças, feitas de baixos salários e moeda forte. Já o governador, de então, prelibava o derradeiro uísque antes de transferir as chaves ornadas de tampinhas de garrafas, ao substituto exsurgido das verbas públicas. Ecoavam vozes dos senadores, deputados federais e estaduais, impolutos ministros, desembargadores, juízes. Afinal, no Natal se fala. Depois, os banquetes ocorrem. Escancaram-se as portas dos clubes sociais.
Com este pano de fundo, o anjo subiu o morro e avistou a favela. O seu olhar abraçou todas as desgraças. Abriram-se as arcas de seu coração para enriquecer de ternura os sem nada. Distribuiu o pão da palavra aos que clamam por justiça. Eram muitos. Não, eram todos os destinatários de sua mensagem. Assim o anjo subiu todos os morros e descortinou todas as favelas.
E disse: — “Bem-aventurados os pobres, porque Ele veio para torna-los ricos de vera riqueza. Bem-aventurados os que choram, porque ele veio para alegrá-los. Bem-aventurados os esfomeados, porque Ele veio tornar-se o seu pão. Bem-aventurados os analfabetos, porque ele veio ensinar-lhes o verbo da prece. Bem-aventurados os que são puros, porque Ele veio confirmar a sua simplicidade. Bem-aventurados os que que nada esperam, porque para estes Ele se fez Natal.”
Longe das vitrines neoliberais iluminadas, numa viela escura, um certo José dava sua mão adulta a um garoto quase sem roupa. E ouviam o anjo.
Mais adiante, Maria contava à menina maltrapilha que existe um reino onde todos têm casa, roupa, comida e um governante chamado Pai. Ressoava, pelo céu, o discurso do anjo.
Estas crianças não viram o presidente popular, nem o presidente magisterial, nem os senadores, deputados e julgadores, mesmo porque não tinham televisão. Depois, para elas, real é a fome, não um dinheiro, e verdadeira é a miséria, jamais teses econômicas. Sequer tinham o direito de devorar lautos banquetes ou divertir-se em clubes elegantes.
Mas, compreendiam, com aquele José e aquela Maria, porque Ele nasceu menino e despido numa estrebaria...
12 comentários:
O Blog de São João del-Rei destaca mais uma vez o escritor e poeta FERNANDO DE OLIVEIRA TEIXEIRA, com alguns textos antigos e recentes.
Grande alegria para nosso velho colaborador é que a homenagem acontece neste Dia de São Francisco de Assis, já que se sabe que ele foi seminarista no Seminário Seráfico Santo Antônio, pertenceu aos Franciscanos da Província de Santa Cruz, tendo chegado ao noviciado no Convento São Boaventura em Daltro Filho, município de Garibaldi, no Rio Grande do Sul.
O Blog está certo de que Fernando Teixeira pautou sua carreira advocatícia, de professor universitário e de homem de letras, bem como constituiu sua família dentro dos princípios franciscanos.
TEXTO
https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2020/10/breve-antologia-de-fernando-teixeira.html
BREVE BIOGRAFIA
https://saojoaodel-rei.blogspot.com/2019/06/colaborador-fernando-de-oliveira.html
Cordial abraço,
Francisco Braga
Gerente do Blog de São João del-Rei
Muitíssimo grato, caro amigo, com mais um excelente trabalho, belo e edificante!
Parabenizo-lhe por seu aniversário onomástico, nesta data: SÃO FRANCISCO!
Lourenço
Grata, cordial abraço,
Eudóxia.
Bom dia meu caro amigo.
muito obrigado
Boa semana
Abraço.
Diamantino
Prezado mestre Braga,
Bom dia!
Fiquei extremamente feliz ao ver publicada a biografia e antologia do ex-presidente da ADL e, certamente, meu segundo mestre.
Tenho por ele imensa admiração e gratidão, confessando sempre que é um amigo próximo e meu confessionário...
Além de amigo e grande intelectual, ele também é um dos raros críticos literários de Divinópolis.
Digo que na pós-modernidade, muita literatura de qualidade duvidosa tem sido produzida e a culpa maior é da ausência da crítica especializada.
O Dr. Fernando de Oliveira Teixeira precisava ter sido descoberto pelo mundo.
Parabéns!
Que doçura, o "Para Isabela"... só podia ser uma conjunção - feliz - dos sentimentos do poeta e do avô, ou, se quiser, do avô que é poeta.
Abraço, amigo
JF
Caro prof. Braga;
Se o nosso ferino franciscano já escarnecia o afamado Neoliberalismo de muitas autoridades há 25 anos atrás, o que estará ele hoje dizendo, quando essa doutrina, vitoriosa e segura de si, escancara de vez seu caráter criminoso comum, chegando ao cúmulo de desprezar suas centenas de milhares de vítimas, orgulhando-se da destruição ambiental e comemorando aos abraços e rega-bofes a degradação das instituições democráticas e republicanas, em nome do próprio Deus ?
Grato.
Cupertino
Olá, Francisco!
Que boa notícia sua, a respeito da atuação de Fernando! É graças a Deus, que o Seminário Seráfico Santo Antônio tem ajudado os alunos a serem bons profissionais, em prol de um mundo mais justo e fraterno.
Só temos que agradecer!!
"Paz e Bem!" f. Joel.
Muito honrado de ser contemporâneo do Braga e do Fernando. mais que isso, ser confrade dos dois na Academia Divinopolitana de Letras. Bom, seguir o Braga, bom, ler o Fernando.
Ernane Reis Gonçalves - cadeira 31 da ADL
Caro amigo Braga
Agradecemos pela gentileza do envio deste interessante artigo: apreciamos muito!
Aceite o abraço fraterno.
Dos amigos, Mario e Beth.
Estive relendo a manifestação do confrade João Carlos à publicação de textos meus e quero dizer-lhe que credite toda ela ao imenso coração do amigo. Ele merece, de minha parte, mais que um obrigado, a certeza de uma grande amizade. Deus abençoe você, Rute e também o João.
Fernando Teixeira
Caro confrade Francisco Braga
ALSJDR,
Graça e paz!
Recebi e agradeço-lhe a remessa da mensagem contida no seu Bog São João del Rei.
Atenciosamente,
Pe. Sílvio
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