segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

EXÉQUIAS FÚNEBRES DE D. JOÃO V EM SÃO JOÃO DEL-REI

           
Por Antônio Gaio Sobrinho


Na reunião do IHG de São João del-Rei, realizada em 06 de dezembro de 2015, li a seguinte efeméride, não referente ao dia, mas relativa ao mês de dezembro:


ACOR 03 p. 70: EM 26 DE DEZEMBRO DE 1750

Aos vinte e seis dias do mês de dezembro de mil setecentos e cincoenta nesta Vila de São João del-Rei, Minas do Rio das Mortes, em os paços do Concelho dela e nas casas da Câmara dela adonde se juntaram os Oficiais da mesma a saber o Juiz Ordinário Caetano da Silva e os Vereadores e Procurador todos neste acórdão assinados e sendo aí todos juntos acordaram o seguinte de que fiz este termo, eu José de Sousa Gonçalves Gonçalves escrivão da Câmara que o assinei (...) Acordaram em abrir uma carta do Senhor General destas Minas em que dá parte que é morto o nosso Rei Dom João o quinto, e ordena se façam as Exéquias que a terra permitir digo que o estado da terra permitir. Acordaram em que se fizesse o funeral de Sua Majestade o nosso Soberano, o nosso Rei Dom João o quinto e, com efeito, acordaram em fazer o funeral em vinte e nove do presente mês de dezembro deste presente ano e para se fazer conforme o estado da terra. Acordaram em se passar mandado da quantia de oitenta oitavas de ouro a Estêvão de Andrade da feitura da eça do oficio de Sua Majestade (...). E, por não haver mais o que deferir houveram os ditos Oficiais da Câmara a vereança por acabada de que fiz este termo em que assinaram. Eu José de Sousa Gonçalves, escrivão da Câmara, que o escrevi. Coimbra, Silva, Nogueira, Silveira, D. Ávares.

Nota do transcritor: Assim que o Senado da Câmara recebia a notícia do falecimento de um rei ou rainha, marcava-se logo o dia da quebra dos escudos. A Câmara incorporada saía pelas ruas da Vila e, em três pontos distintos, uma pessoa de importância procedia à quebra de um dos três escudos, para tal, preparados. Ao final recolhia-se à Matriz da Vila para a função real das Exéquias Fúnebres. Para Dom João V houve, em São João, duas exéquias, as primeiras oficiais mandadas oficiar pelo Senado da Câmara, imediatamente à notícia da morte do Rei, em fins de 1750. As segundas foram de devoção e gratidão filiais do Vigário colado, o Dr. Mathias Antônio Salgado, preparadas com muito capricho e realizadas sessenta dias depois, portanto, em fins de fevereiro e inícios de março de 1751. Delas Manuel José Correa e Alvarenga deu conta detalhadamente em sua Relaçam Fiel *, impressa em Lisboa nesse ano. Muita gente anda confundindo as exéquias soleníssimas do Vigário com as, muito mais simples, da Câmara.


* O título inteiro é "Monumento do agradecimento, tributo da veneraçam, obelisco funeral do obsequio, relaçam fiel das reaes exequias, que á defunta Magestade do fidelissimo e augustissimo rey o senhor D. Joaõ V. : dedicou o doutor Mathias Antonio Salgado  Vigario Collado da Matriz de N. Senhora do Pillar da Villa de S. Joaõ delRey offerecida ao muito alto, e poderoso Rey D. Joseph I. nosso senhor"



NOTAS BIBLIOGRÁFICAS


SOBRINHO, Antônio Gaio: São João del-Rei Através dos Documentos, São João del-Rei: UFSJ, 2010, p. 64-5

5 comentários:

Francisco José dos Santos Braga (escritor, pianista e compositor, gerente do Blog de São João del-Rei e do Blog do Braga) disse...


Como gerente do Blog de São João del-Rei, tenho o prazer de dar as boas vindas ao Prof. Antônio Gaio Sobrinho, professor emérito de História na FDB-Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras e na UFSJ-Universidade Federal de São João del-Rei, o qual muito tem contribuído para a história são-joanense.

Abraço cordial,
Francisco Braga
Gerente do Blog de São João del-Rei

Prof. Fernando Teixeira (professor universitário, escritor e Secretário Geral da Academia Divinopolitana de Letras) disse...


Um texto muito bom. Grato,amigo. Fernando Teixeira

Prof. Fernando Teixeira (professor universitário, escritor e Secretário Geral da Academia Divinopolitana de Letras) disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Prof. José Lourenço Parreira (capitão do Exército, professor de música, violinista, compositor, maestro e escritor) disse...


Caríssimo amigo Braga, li e lhe agradeço o envio de tão importante documento da lavra do Professor Gaio.
Lourenço

José Carlos Hernandez Prieto (tradutor, escritor, articulista, membro do Instituto Histórico e Geográfico e da Academia de Letras de São João del-Rei) disse...


Grande aquisição. Parabéns!